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Olá Maritza!

Devo confessar que o critério (teria de haver um...) que justificou a minha atenção
sobre o contributo da Maritza foi a curiosidade em saber mais sobre outra realidade,
distante da que acompanho, numa perspectiva geográfica. Os pontos fortes e
fraquezas, vendo a análise de um ponto de vista interno à BE, permitem-me ter uma
perspectiva do “estado da arte” no contexto que a Maritza acompanha. Torna-se, para
mim, interessante, perceber de que forma as ameaças, factores externos à BE,
podem conduzir a oportunidades que se traduzem em desafios a enfrentar e que só
quem está no terreno pode “ler”, desenhando acções a implementar.

Procurando entrar em cada um dos domínios direi, no que concerne ao primeiro,


Competências do professor bibliotecário, que destaco uma das “ameaças”
identificadas: “Desconhecimento/pouca valorização pelos directores das
escolas/agrupamentos do papel da BE no sucesso educativo: predomina a visão de
um espaço de informação, centrado em recursos presenciais (sobretudo impressos)
que deve promover a leitura.”. São apontadas acções a implementar que poderão
ajudar a inverter a visão redutora da BE mas eu diria que a biblioteca, enquanto
estrutura axial no desenvolvimento das aprendizagens, tem de implicar os directores
mediante o conhecimento/valorização do alargado conjunto de competências do
professor bibliotecário, claramente enunciadas na descrição funcional da portaria
756/2009. E nós sabemos que essa implicação se traduz a diferentes níveis quando
falamos do horário do professor bibliotecário, da constituição da equipa, do trabalho
colaborativo que o professor bibliotecário tem de desenvolver com todas as estruturas
do agrupamento, da afectação de um orçamento para a BE, da designação de
assistentes operacionais para as BE’s, da sua inscrição nos documentos norteadores
da vida da escola/agrupamento... A BE não tem de estar só no coração da
escola/agrupamento, eu diria que ela também tem de estar no coração do director.

Em Organização e Gestão da BE, quando aponta, em ameaças, que “A constituição


das equipas que apoiam o Professor Bibliotecário mantém-se nos moldes anteriores o
que perpetua os problemas daí decorrentes”, faz-me ver que as nossas realidades se
aproximam bastante e , mais uma vez, são situações que, previstas atempadamente
(aquando da distribuição de serviço lectivo – também o papel do director...), e
procurando respeitar as orientações definidas no Regulamento Interno do
Agrupamento (se lá constam...), poderiam ser acauteladas.
Quando, no terceiro domínio Gestão da Colecção, é referida a “Fraca cultura
colaborativa das escolas: os docentes não colaboram na gestão da colecção” ,
também estamos em sintonia e penso na pertinência da existência de uma política de
desenvolvimento da colecção, aprovada em Conselho Pedagógico, se possível em
articulação com a biblioteca municipal e outras BE’s do concelho, pois garantindo a
circulação enriquece-se a diversidade de documentos disponibilizados, claro,
catálogos colectivos on-line... utopia nossa?

Quando pensamos na BE como espaço de conhecimento e aprendizagem.


Trabalho colaborativo e articulado com Departamentos e docentes, pensamos na
necessidade de “Integrar no projecto educativo o trabalho colaborativo entre docentes
e o professor bibliotecário como forma de consecução das suas metas”. Se não, como
orientar a nossa acção para que a BE seja aquele espaço informativo, transformativo,
formativo, de acesso ao conhecimento?

Falamos de Formação para a leitura e para as literacias e comungo por inteiro do


desafio de “Desenvolver um papel activo e de liderança enquanto elemento da equipa
PTE: produzir conteúdos/ desenvolver acções que promovam o desenvolvimento de
competências de literacia da informação, o uso ético da informação, a segurança na
utilização da Internet e a criação de espaços virtuais de aprendizagem” Aqui, há um
conjunto de questões que se interligam: há que desenvolver a ideia de que a
existência de um catálogo tem virtualidades educativas que podem aproximar os pais
da aprendizagem dos seus filhos – é uma biblioteca aberta de dia e de noite; há que
reconhecer a necessidade de desenvolver estratégias comuns (adopção de um ou de
outro programa) de pesquisa; saber localizar a informação avaliá-la, usá-la
eficazmente e comunicá-la, nos seus vários formatos, mas salvaguardando que
teremos ainda de falar muito sobre sobre ética da informação e segurança na Net.

E, em estreita ligação, no sexto domínio, BE e os novos ambientes digitais, a


Maritza aponta a “Deficiente exploração das potencialidades da Web 2.0.”. Comungo
em absoluto quando fala da necessidade de “Rentabilizar as potencialidades da WEB
2.0 como forma de partilha e construção colaborativa do conhecimento” já que a
evolução do paradigma tecnológico e das implicações profundas no acesso, uso e
comunicação da informação implica a biblioteca escolar na contribuição para o
sucesso educativo dos estudantes e para o desenvolvimento das literacias
imprescindíveis na nossa sociedade. Infelizmente, também nos concelhos que
acompanho, são poucas as BE’s que divulgam os materiais que produzem através de
sites web, blogs, plataformas de e-learning ou outros instrumentos de difusão.

No último domínio: Gestão de evidências/avaliação é referida uma “Visão pouco


construtiva da autoavaliação: sentida como ameaça, avaliação do professor
bibliotecário e da sua equipa.” Sabendo que teremos de encontrar soluções eficazes
para a correcta aplicação da metodologia das evidências, sob o lema evidence based
practice, parece-me que terá de ser trabalho nosso procurar inverter esta forma
punitiva de sentir a avaliação encarando-a, sim, numa perpectiva de auto-regulação e
de constante melhoria das práticas.

Afinal, terei de concluir que afastadas fisicamente, as nossas realidades tocam-se, o


que apenas significa que é possível discutir soluções e aceitar desafios para
fraquezas comuns, transformando as ameaças em oportunidades.

Até breve, Maritza!

Mª Fátima Dias

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