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Boa noite Isa,

Li na diagonal várias grelhas de outros colegas e acabei por escolher a tua


para realizar a segunda tarefa desta nossa sessão.

Como não nos conhecemos profissionalmente, quero dizer-te que a formação


que tenho é quase nenhuma e que estou nesta função há muito pouco tempo.
Estou a trilhar este caminho da formação em bibliotecas escolares pela
primeira vez, com expectativa acrescida, e fico satisfeito por verificar que as
minhas dificuldades e os meus anseios são vividos e sentidos por muitos dos
colegas que participam nesta formação, com maior ou menor intensidade.

De facto, uma das fraquezas registada por ti é a falta de recursos humanos


num espaço que se quer de porta aberta a toda a comunidade escolar, num
horário contínuo. Não é possível realizar qualquer mudança na melhoria dos
serviços de uma biblioteca sem que os seus actores estejam presentes. Tenho
sentido esta dificuldade a crescer desde de que se fala na rentabilização dos
recursos humanos. Neste momento, temos muitas baixas e a única funcionária
com conhecimento para realizar a catalogação dos livros, está há mais de duas
semanas a substituir colegas dos blocos. Criaram-se as equipas de
professores, mas estes colegas têm um horário de permanência na biblioteca
de um tempo, dois tempos, insuficiente para se desenvolver um trabalho
consistente. Contudo, estaremos no caminho da mudança com a criação da
função de professor bibliotecário a tempo inteiro? Julgo que sim, porque as
nossas energias estão agora concentradas numa área, a da Biblioteca Escolar.

Outra fraqueza que registaste, foi a da ausência de um orçamento próprio para


a biblioteca escolar. Esta situação é, efectivamente, uma carência que deverá
merecer toda a nossa atenção, para iniciarmos a mudança de rumo das
bibliotecas escolares. Tomo como exemplo a minha biblioteca, que apresenta
um fundo documental razoável para utilizadores do 3.º ciclo e do Secundário.
Biblioteca, esta, instalada há alguns anos, cujo fundo documental pouco
oferece de novo aos alunos, a não ser as aquisições das Feiras dos Livros,
porque o reduzido orçamento de escola não permite a aquisição de livros para
a biblioteca escolar. Mas algo está a mudar, porque, no início do ano lectivo, a
direcção avisou-me que havia disponibilidade financeira para a biblioteca.
Tratei logo de pedir aos Departamentos listas bibliográfica. Será este mais um
sinal de mudança para as nossas bibliotecas escolares? Espero que sim.

Por fim, queria realçar mais uma “fraqueza” que registaste no teu trabalho e
que considero de extrema importância, para entender o conceito de biblioteca
escolar no contexto da mudança. Estou a pensar, precisamente, no que nos
move nesta partilha de experiências, “a formação”. Porque sempre defendi que
o verdadeiro mestre é aquele que demonstra humildade, acredito que todos
nós sentimos esta necessidade de saber mais, de aprendermos com os outros,
de construirmos o nosso conhecimento a pensar na melhoria das nossas
práticas. Ora, este raciocínio vem a propósito para dizer que o professor
bibliotecário só poderá gerir a sua biblioteca numa perspectiva de sucesso,
quando tiver adquirido as ferramentas essenciais para promover as boas
práticas, definir estratégias adequadas aos novos contextos de ensino-
aprendizagem e, obviamente, ser ele próprio um formador activo.

Isa, espero não ter errado muito na análise que fiz da tua, da nossa,
experiência. Fico por aqui.

Continuação de um bom trabalho.

José Navarro

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