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ANÁLISE CRÍTICA AO MODELO DE AUTO-AVALIAÇÃO DAS BIBLIOTECAS


ESCOLARES

Após a leitura dos vários documentos, surgiram-me as seguintes questões:

1. Qual o papel/valor da biblioteca escolar?


2.O que é o modelo de Auto-Avaliação?
3.A auto-avaliação tem uma função relevante, pertinente e de melhoria no desenvolvimento
das bibliotecas escolares?
4. O que é o conceito de «Evidence-Based practice»?
5. Como integrar e aplicar este modelo à realidade escolar?
6. Quais as competências do professor bibliotecário?
7.Toda esta nova «filosofia» do conceito de biblioteca escolar é profícuo?

1. A biblioteca escolar surge como um centro de ensino e de aprendizagem activa,


indispensável para a escola e o desenvolvimento cívico, moral e intelectual dos alunos.
Segundo Ross Todd «(…) a biblioteca do séc.XXI é sobre a construção de sentidos e de
novos conhecimentos. Sobre construir uma infra-estrutura de informação e recursos de
informação. Esta é a ideia da biblioteca como espaço de conhecimentos.»(in A
Conferência IASL 2001).
O valor da BE tem a ver com os objectivos da mesma, a sua participação activa no
ensino/ aprendizagem dos alunos e ser «capaz de produzir resultados que contribuam de
forma efectiva para os objectivos da escola em que se insere.»

2. O modelo de Auto-Avaliação é um instrumento pedagógico e de melhoria contínua que


permite aos órgãos directivos e aos coordenadores avaliar o trabalho da BE e o impacto
desse trabalho no funcionamento global da escola e nas aprendizagens dos alunos e
identificar as áreas de sucesso e aquelas que, por apresentarem resultados menores,
requerem maior investimento, determinando, nalguns casos, uma inflexão das práticas.
A Avaliação não constitui um fim, mas sim um processo que irá orientar os objectivos e
prioridades pelos quais se rege a BE.
É através desta Auto-Avaliação, que tem por base a recolha de evidências, que a BE
poderá analisar a sua postura, a sua implementação no meio escolar, os seus resultados
e a sua eficiência e, posteriormente, melhorar o seu desempenho.
A implementação do modelo de Auto-Avaliação contempla os seguintes pontos:
- Gestão das bibliotecas escolares
• Articulação das dinâmicas das bibliotecas com as necessidades da escola, em
particular, e da comunidade educativa;
• Gestão da colecção;
• Alargamento da colecção aos recursos digitais, disponibilizados online.
-Promoção da leitura e das literacias
• Articulação das actividades das BE com as dinâmicas das Escolas e Agrupamentos;
• Trabalho cooperativo das BE com os departamentos curriculares e docentes dos
diferentes ciclos;
• Colaboração com outros organismos;
• Dinamização de eventos.
-Projectos, Parcerias e Actividades Escolares Livres e de Abertura à Comunidade
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• Envolvimento das Bibliotecas Escolares em projectos desenvolvidos em parceria, a


nível local;
• Envolvimento da Associação de Pais e Encarregados de Educação nas actividades
da BE;
• Apoio às actividades de enriquecimento curricular;
• Apoio à aquisição e desenvolvimento de métodos de trabalho e de estudo
autónomos.
-Apoio ao Desenvolvimento Curricular
• Articulação curricular das bibliotecas escolares com as diferentes estruturas
pedagógicas e docentes;
• Parcerias das Bibliotecas escolares com os Docentes das NAC (áreas curriculares
não disciplinares), clubes e projectos;
• Promoção das literacias da informação e da comunicação.

3. A Auto-Avaliação tem, de facto, uma função relevante, pertinente e de melhoria no


desenvolvimento das bibliotecas escolares, pois permite aferir e rectificar as estratégias
usadas e adequá-las às necessidades do meio escolar. Esta surge como um instrumento
orientador das políticas pedagógico-educativas, as quais poderão ser reestruturadoras,
de acordo com as evidências recolhidas.
É através da avaliação destas evidências que podemos identificar as áreas fortes ou
fracas da nossa biblioteca escolar e assim torná-la mais eficiente como centro de ensino
e aprendizagem activa.

4. O conceito de «Evidence-Based practice», segundo Ross Todd, « is an approach that


systematically engages research-derived evidence, school librarian-observed evidence,
and user-reported evidence in the ongoing processes of decision making, development,
and continuous improvement to achieve the school´s mission and goals. These goals
typically center on student achievement and quality teaching and learning» (in The
Evidence--Based Manifesto for School Librarians).
Este conceito é associado às práticas das BE e à necessidade que estas têm de fazer a
diferença na escola e de mostrarem o impacto que têm nas aprendizagens.
A EBP é importante para aferirmos o resultado dos serviços prestados pelas bibliotecas
escolares.

5. Para integrar e aplicar este modelo de Auto-Avaliação à realidade escolar será


necessário:
• A mobilização da equipa para a necessidade de aferir os pontos fortes e fracos da BE;
• Diagnosticar e avaliar o impacto e o valor da BE na escola que serve;
• Dar a conhecer o modelo de Auto-Avaliação da BE;
• Motivar a comunidade escolar para a importância do mesmo;
• Dar a conhecer a biblioteca escolar como centro de conhecimentos, indispensável ao
desenvolvimento do ensino/aprendizagem do aluno.
• O professor bibliotecário tem de divulgar o Plano de Acção da Biblioteca junto da escola
e da comunidade educativa;
• Garantir a representação da BE no Conselho Pedagógico;
• Manter um diálogo constante com a Direcção, partilhando dificuldades e sucessos;
• A equipa da BE deve participar em reuniões dos diferentes órgãos pedagógicos;
• Reforçar e alargar o papel formativo da BE;
• Articular as actividades da biblioteca escolar com as áreas curriculares e os docentes;
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• Articular as actividades da BE com o currículo.

6.O professor bibliotecário deve possuir as seguintes competências:


• Trabalhar cooperativamente com os outros docentes na planificação do currículo
escolar;
• Ser um comunicador efectivo no seio do agrupamento;
• Saber exercer influência junto de professores e do órgão directivo;
• Ter um papel relevante na comunidade educativa;
• Ser observador e investigatório;
• Ser capaz de ver o todo, «the big Picture»;
• Realizar uma abordagem construtiva aos problemas e à realidade;
• Saber estabelecer prioridades;
• Ser gestor de serviços de aprendizagem no seio da escola;
• Saber gerir recursos no sentido lato do termo;
• Ser promotor dos serviços e dos recursos;
• Ser tutor, professor e um avaliador de recursos, com o objectivo de apoiar e contribuir
para as aprendizagens.
Como é referido por Michael B. Eisenberg , no artigo This Man Wants to Change Your Job,
«As librarians, it´s our job ensure that administrators teachers, parents, and decision makers
fully comprehend that effective library programs are critical to boosting student learning and
achievement.»
Não nos podemos esquecer que é o Aluno que está no cerne de toda a actividade
desenvolvida pela Biblioteca Escolar, que todas as competências atrás referidas convergem
em ajudar o aluno a construir o seu saber, a tornar-
-se um elemento activo, que formula as suas próprias dúvidas e encontra as suas próprias
respostas.

7.Esta é uma pergunta pertinente e cuja resposta condicionará todo o empenho e trabalho
desenvolvido pelo professor bibliotecário em prol da importância e influência da sua
biblioteca no seio da comunidade educativa.
Sem dúvida que esta nova «filosofia» do conceito de biblioteca escolar é importante para o
desenvolvimento do ensino/ aprendizagem dos alunos, pois esta BE, centro de recursos
pedagógicos e de investigação, contribui para o desenvolvimento das suas competências
pedagógicas, sociais e pessoais. Contribui também positivamente para a avaliação da
própria escola.
Por fim, o modelo de Auto-Avaliação da biblioteca escolar é um elemento preponderante
para um impacto e um trabalho positivo junto da comunidade escolar.
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Ivone da Conceição Salgueiro

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