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Análise crítica ao Modelo de Auto‐Avaliação das Bibliotecas Escolares 

O Modelo enquanto instrumento pedagógico para a melhoria. Conceitos implicados. 

O Modelo da Auto­Avaliação da Biblioteca Escolar refere que a «A biblioteca escolar 
(BE)  constitui  um  contributo  essencial  para  o  sucesso  educativo,  sendo  um  recurso 
fundamental para o ensino e para a  aprendizagem». A implementação deste Modelo visa 
aferir o impacto da BE nos resultados escolares dos alunos e deve ser encarada como uma 
estratégia  global  de  desenvolvimento  das  bibliotecas  escolares  portuguesas,  como  uma 
aposta na qualidade e na inovação pois, pretende‐se medir o contributo da BE no processo 
de ensino / aprendizagem; aferir o grau de eficiência e de eficácia dos serviços prestados; 
determinar até que ponto os objectivos e missão da BE estão a ser cumpridos; identificar 
os pontos fortes que deverão continuar e as fraquezas que requerem melhoria.  

O desenvolvimento de práticas sistemáticas de recolha de evidências (conceito de 
Evidence‐Based  Practice)  conduz  à  reflexão  e  origina  a  mudança,  a  implementação  de 
acções que pressupõem a melhoria nos resultados escolares; segundo Ross Todd «…school 
libraries  need  to  systematically  collect  evidence  that  show  how  their  practices  impact 
student achievement». Receio que a formalização e implementação deste modelo relegue 
para segundo plano os objectivos e missão da BE e considero que, no primeiro ano da sua 
operacionalização, será uma tarefa árdua tornar alguns procedimentos práticas habituais 
sem  que  isso  represente  «uma  excessiva  sobrecarga  de  trabalho,  na  qual  se  consomem 
grande parte das energias da equipa.». 

Pertinência  da  existência  de  um  Modelo  de  Avaliação  para  as  bibliotecas 
escolares 

  A biblioteca de hoje não pode continuar a fazer uma avaliação baseada na relação 
directa entre os «inputs» e os «outputs». É necessário avaliar o impacto, os benefícios nas 
atitudes, nos valores e nos conhecimentos dos utilizadores. Pretende‐se  medir a eficácia, 
as metas, os resultados; desta forma, a avaliação permitirá validar o papel e intervenção da 
BE  e  as  mais‐valias  que  acrescenta  na  concretização  dos  objectivos  e  metas  do 
agrupamento. 

  A biblioteca do XXI deixou de ser um espaço apetrechado de recursos materiais e 
humanos,  transformando‐se  num  espaço  formativo  e  de  aprendizagens;  assim,  a  auto‐
avaliação  é  essencial  implementar  metodologias  de  controlo  para  que  se  verifique  a 
mudança, para conhecer oportunidades e constrangimentos e estabelecer fins e objectivos 
operacionalizáveis em planos de acção concertados com a estratégia a da escola. Por outro 
lado,  por  tratar‐se  de  um  processo  interno  ao  agrupamento,  tenho  algumas  reservas 
quanto à objectividade dos resultados.  

A formanda, Carmo Gonçalves  Página 1 

 
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  Organização estrutural e funcional. Adequação e constrangimentos. 

  O  Modelo de Auto­Avaliação da Biblioteca Escolar é um «manual» indispensável ao 
professor  bibliotecário,  apresenta  uma  organização  estrutural  e  funcional  excelente.  Os 
domínios e respectivos subdomínios pressupõem as áreas nucleares em que deve incidir o 
trabalho  da  BE.  Cada  domínio  elenca  um  conjunto  vasto  de  indicadores  e  de  factores 
críticos de sucesso; apresenta possibiblidades para a recolha de evidências, bem como os 
instrumentos  a  utilizar,  e  exemplos  de  acções  para  a  melhoria.  Apresenta‐se  como  um 
modelo flexível, pode ser adptado de acordo com a tipologia e a realidade das escolas. 

  Na  minha  opinião,  um  dos  problemas  reside  na  extensão  e  complexidade  dos 
questionários que poderão resultar num preenchimento pouco sério por parte dos alunos 
e    serem  interpretados  pelos  professores  como  mais  uma  sobrecarga  para  o  desmpenho 
das suas funções. Uma outra dificuldade prende‐se com a falta de assistentes operacionais 
no agrupamento, e consequentemente na BE, exigindo que a equipa desenvolva as acções 
prioritárias,  ficando  a  aplicação  do  modelo  e  a  elaboração  do  relatório  final 
exclusivamente para o professor bibliotecário. 

  Integração / Aplicação à realidade 

O  texto  da  sessão  refere  que  «O  modelo  indica  o  caminho,  a  metodologia,  a 
operacionalização. A obtenção da melhoria contínua da qualidade exige que a organização 
esteja  preparada  para  a  aprendizagem  contínua.  Pressupõe  a  motivação  individual  dos 
seus membros e a liderança forte do professor coordenador, que tem de mobilizar a escola 
para a necessidade e implementação do processo avaliativo.» Eu, daqui posso concluir que 
estou  «assustada»!  Esta  formação  está  no  início  e  ainda  tenho  um  longo  caminho  a 
percorrer; só agora comecei a preparar / sensibilizar a equipa da biblioteca e a escola para 
a  necessidade  de  implementação  da  auto‐avaliação.  Por  enquanto  ainda  não  consigo 
interpretar  os  silêncios  verificados  pela  Direcção  Executiva,  Conselho  Pedagógico  e 
Departamentos / Conselhos de Docentes mas estou com algum optimismo pois, pelo feed‐
back  que  tenho  de  outros  colegas,  considero  que  o  meu  agrupamento  adere 
satisfatoriamente às propostas da BE, por isso não será muito difícil reconhecer o valor da 
mesma na escola e a necessidade de colaborar na operacionalização do processo de auto‐
avaliação. 

A formanda, Carmo Gonçalves  Página 2 

 
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Competências  do  professor  bibliotecário  e  estratégias  implicadas  na  sua 


aplicação 

De acordo com o texto da sessão, “O professor bibliotecário deve, neste processo, 
evidenciar as seguintes competências: 

a. Ser um comunicador efectivo no seio da instituição; 

b. Ser proactivo; 

c. Saber exercer influência junto de professores e do Conselho Executivo; 

d. Ser útil, relevante e considerado pelos outros membros da comunidade educativa; 

e. Ser observador e investigativo; 

f. Ser capaz de ver o todo ‐ “the big picture”; 

g. Saber estabelecer prioridades; 

h. Realizar uma abordagem construtiva aos problemas e à realidade; 

i. Ser gestor de serviços de aprendizagem no seio da escola; 

j. Saber gerir recursos no sentido lato do termo; 

k. Ser promotor dos serviços e dos recursos; 

l. Ser tutor, professor e um avaliador de recursos, com o objectivo de apoiar e contribuir 
para as aprendizagens; 

m. Saber gerir e avaliar de acordo com a missão e objectivos da escola. 

n. Saber trabalhar com departamentos e colegas.” 

   A  estas  competências  acrescento,  de  acordo  com  Eisenberg  with  Danielle  Miller, 
em  School  Library  Journal,  9/1/2002,  «Attributes  of  positive  attitude  include  passion, 
enthusiam,  optimism,  and  energy.»,    como  indispensáveis  para  o  desenvolvimento  das 
competências acima referidas e para a aplicação de estratégias que a aplicação do modelo 
requer:  

«1. A mobilização da equipa para a necessidade de fazer diagnósticos/ avaliar o impacto e 
o valor da biblioteca escolar na escola que serve; 

2.  Jornadas  formativas  para  a  equipa  e  para  outros  na  escola.  Definição  precisa  de 
conceitos e processos. Realização de um processo de formação/ acção; 

A formanda, Carmo Gonçalves  Página 3 

 
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3. A comunicação constante com o Conselho Executivo, justificando a necessidade e o valor 
da implementação do processo de avaliação; 

4. A apresentação e discussão do processo no Conselho Pedagógico; 

5.  Aproximação/  diálogo  com  departamentos  e  professores.  Criação  e  difusão  de 


informação/calendarização  sobre  o  processo  e  sobre  o  contributo  de  cada  um  no 
processo.» 

  Se  o  professor  bibliotecário  conseguir  desenvolver  todas  as  competências 


enunciadas e implementar todas as estratégias, a operacionalização do modelo será, sem 
dúvida,  um  sucesso  e  então,  podemos  concluir  «que  quando  os  bibliotecários  e  os 
professores  trabalham  em  conjunto,  os  alunos  atingem  níveis  mais  elevados  de  literacia, 
de  leitura,  de  aprendizagem,  de  resolução  de  problemas  e  competências  no  domínio  das 
tecnologias de informação e comunicação.» ( in Manifesto da Biblioteca Escolar­ Unesco). 

A formanda, Carmo Gonçalves  Página 4 

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