O documento discute doenças emergentes e reemergentes no Brasil. A tuberculose nunca declinou significativamente no país e continua com alta incidência, colocando o Brasil em primeiro lugar na América Latina. A cólera e dengue são claramente reemergentes, depois de aparente controle anterior. A AIDS é um exemplo de doença emergente, com casos aumentando drasticamente desde 1980. O Brasil enfrenta um mosaico complexo de doenças típicas de países em desenvolvimento.
O documento discute doenças emergentes e reemergentes no Brasil. A tuberculose nunca declinou significativamente no país e continua com alta incidência, colocando o Brasil em primeiro lugar na América Latina. A cólera e dengue são claramente reemergentes, depois de aparente controle anterior. A AIDS é um exemplo de doença emergente, com casos aumentando drasticamente desde 1980. O Brasil enfrenta um mosaico complexo de doenças típicas de países em desenvolvimento.
O documento discute doenças emergentes e reemergentes no Brasil. A tuberculose nunca declinou significativamente no país e continua com alta incidência, colocando o Brasil em primeiro lugar na América Latina. A cólera e dengue são claramente reemergentes, depois de aparente controle anterior. A AIDS é um exemplo de doença emergente, com casos aumentando drasticamente desde 1980. O Brasil enfrenta um mosaico complexo de doenças típicas de países em desenvolvimento.
Antonio Ruffino Netto Docente do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo. Medicina, Ribeiro Preto, 30: 4O5, jul./set. 1997 PONTO DE VISTA 405 rgica ocupa o 4, nas Amricas. Clera e Dengue so duas doenas, sem d- vida alguma, reemergentes no pas e no continente. Aparentemente controladas no passado, voltam a ocu- par seu destaque no presente. J a Tuberculose, no chega propriamente a ser reemergente, pois nunca chegou a declinar signifi- cantemente, tampouco doena emergente, pois, h tempo, apresenta incidncia elevada. Sua ocorrncia continua com alta magnitude. Em 1994, foram notifi- cados 87.280 casos no Brasil; ocupou o 1 lugar no Continente, sendo seguido pelo Peru com 48.601 casos; Mxico com 16.353; Argentina com 13.683 e Equador com 9.685 casos. Levando-se em conside- rao a populao exposta ao risco, e portanto, anali- sando-se os coeficientes por 100.000 habitantes, o Brasil passa a ocupar o 6 lugar (com coeficiente de 54, sendo antecedido pelo Peru com 208; Bolvia, 130; Equador, 86; Honduras, 78 e Nicargua, 64). Em 1995, foram notificados, no Brasil, 90.664 casos novos e, em 1994, registrados 5.977 bitos. Esse quadro da Tuberculose vem se agravando por vrias razes: empobrecimento da populao, sucateamento da Rede Pblica de Assistncia Sade e advento da AIDS com uma epidemia em expanso. A falta de priorizao da Tuberculose pelos servios respons- veis pelo seu controle vem abaixando a efetividade dos programas, e os ndices de abandono do tratamento tm-se elevado em diferentes locais. O Ministrio da Sade, atravs da Coorde- nao Nacional de Pneumologia Sanitria, est pro- pondo um plano de ao emergencial para o controle da Tuberculose. Ainda bem. Caso contrrio, estare- mos ocupando lugares cada vez mais destacados, ne- gativamente, em termos de notificao de doenas sejam emergentes e/ou reemergentes, ou mesmo da- quelas que nunca saram de foco, como o caso da Tuberculose. Doenas emergentes tm sido definidas como aquelas cuja incidncia nos seres humanos tem au- mentado nas ltimas dcadas. AIDS, por exemplo, ilustra bem a definio. No perodo de 1980 a 1997 (especificamente at 01-03-97) foram notificados, no Brasil, 103.262 casos*. Doenas reemergentes so as que reaparecem aps um perodo de declnio significativo. O Brasil se apresenta numa fase de transio demogrfica e epidemiolgica e nele podemos encon- trar um mosaico de doenas tpicas do 1, do 2 e do 3 mundo (reas com prevalncia de doenas cr- nicas ou de doenas infecto-parasitrias), assim como fartura de patologias emergentes e/ou reemergentes. Para ilustrao, vejamos alguns exemplos**: Clera - no perodo de 1991 a 1995, foram no- tificados 1.339.812 casos nas Amricas, com a ocor- rncia de 11.338 bitos. Somente o Brasil foi respon- svel por 328.421 casos (25% do total das Amricas) onde se verificaram 1.792 bitos (16% do total obser- vado no continente). A incidncia da clera no Brasil, para cada 100.000 habitantes, nesse perodo, foi de 203. Ocu- pou o 8 lugar em notificaes (suplantado apenas pelo Peru com incidncia de 2.738; Equador com 776; Guatemala, 707; Nicargua, 596; El Salvador, 525; Bolvia, 507 e Honduras com 241). Quanto a outra doena, a Dengue, no ano de 1995, encontramos taxas de incidncia/100.000 da seguinte ordem: Guiana Francesa, 779; Honduras, 764; Montserrat, 704; El Salvador, 546; Costa Rica, 515; Repblica Dominicana, 452; Barbados, 258; Belize, 243 e Brasil, 223. Quanto Dengue Hemorrgica, encontramos: Colmbia, 733; Mxico, 355; El Salvador, 129; Brasil, 105 e Jamaica, 88. Assim, em termos de incidncia de Dengue, o Brasil ocupa o 8 lugar e quanto a de Dengue Hemor- * Boletim Epidemiolgico - AIDS - Ministrio da Sade - ANO IX (n 5) pgina 14, 1997. ** WORLD HEALTH ORGANIZATION. Report of the Second WHO Meeting on Emerging Infectious Diseases. Document WHO/CDS/BVI/95.2 Geneva, 1995.