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O Problema de Pothenot

Vali-me de uma solução que elaborei para conhecido problema para localizar pontos de
sondagens no mar (Baía de Todos os Santos). Para tal fiz, na época, uso de um sextante
invertendo-lhe o manuseio para tomar medidas de ângulos na horizontal. Naquele tempo,
1978, ainda não era possível dispor de um equipamento GPS (Global Positioning System).

Acima duas imagens de sextantes.

O problema de Pothenot refere-se à determinação de um ponto a partir da medida de dois


ângulos tomados a partir do ponto sobre uma base conhecida. Cada ângulo determina um
arco capaz e a intersecção de ambos os arcos capazes determina o ponto. Usando as cartas
náuticas da baía fiz estabelecer topograficamente as coordenadas, num sistema cartesiano,
dos pontos notáveis na costa que eram facilmente avistados do mar, mesmo a grande
distância. Tais pontos eram geralmente torres de igrejas, torres de telecomunicação,
estruturas da refinaria de Mataripe ou chaminés. Cada grupo de três pontos assim
estabelecidos constituía uma Base. A figura abaixo ilustra a leitura com o sextante a partir
de um ponto sobre uma base.
A Solução Gráfica do Problema

A solução gráfica apresenta bastante simplicidade e se fundamenta no conceito de arco


capaz.

“O arco capaz de um ângulo φ em relação a um segmento de reta AB é o lugar geométrico


dos pontos que formam com as extremidades do segmento um ângulo φ. Esse lugar
geométrico é constituído por um arco de circunferência.”

Na figura ao lado os ângulos AMB e ANB e todos os de construção


análoga têm o mesmo tamanho φ. O arco AMNB é o lugar
geométrico de tais pontos em relação ao segmento AB

A figura seguinte ilustra o traçado gráfico do arco capaz O


ângulo SAB é igual a φ e o ângulo SAO é reto. A intersecção
de AO com a mediatriz de AB determina o centro O da
circunferência.

A M B

 

P
Problema de Pothenot – solução gráfica
A Solução Analítica

A solução analítica do problema não apresenta a mesma simplicidade sendo, porém de


utilidade muito maior já que pode ser programada numa rotina de calculadora ou
computador, fornecendo o resultado imediatamente após a leitura dos ângulos e dando nova
dinâmica aos trabalhos. Consideremos a figura:

Onde A, B e C representam a Base, P é o ponto cuja


localização se deseja e α e β os ângulos lidos. As
distâncias a, b e c são conhecidas e se deseja obter x,
y e z..

A figura tal como se apresenta é a que se obtém na prática, porém não é suficiente para a
visualização da solução analítica que, na verdade, é bem intrincada. Por essa razão
construirei outra figura enriquecida com outros elementos relacionados com os arcos
capazes envolvidos.
O novo desenho mostra as circunferências dos arcos capazes de centros O1 e O2 e raios r1 e
r2 respectivamente. A solução será desenvolvida em seis passos:

Primeiro

b b a a
cos(90   )   r2  e cos(90   )   r1 
2r2 2 sen  2r1 2 sen 

Segundo

a2  b2  c2
  B     sendo B  ar cos( ) onde c  AC
2ab

Terceiro

No triângulo O1O2B façamos O1O2 = s e pela lei dos co-senos:

2 2
s 2  r1  r2  2r1 r2 cos 

Quarto

No triângulo O1O2B r2 2  r1 2  s 2  2r1 s cos  e então:

2 2 2 2
s 2  r1  r2 s 2  r1  r2
cos   e   ar cos( )
2r1 s 2r1 s

Quinto

Observando os triângulos BMO1 e BMO2 temos:

 
     e   e     
2 2

Sexto

Pela observação dos triângulos BO1P e BO2P podemos concluir que M é o ponto médio
de y, ou seja, BM = y/2. Fazendo, por simplicidade y/2 = h e examinando o triângulo
m
BMO2 temos r2 2  m 2  h 2 e no mesmo triângulo vemos que tg  e m  htg
h
fazendo a substituição apropriada:
2
r2
h 2  r2 2  h 2 tg 2  h 2  h 2 tg 2  r2 2  h2  e então :
(1  tg 2 )
h 2  r2 2 cos 2   y  2r2 cos 

que é a solução procurada. Podemos agora encontrar x e z pelas expressões:

 
z 2  b 2  y 2  2by cos(    ) e x 2  a 2  y 2  2ay cos(      )
2 2

Encontrando as Coordenadas de P

Se os pontos conhecidos A, B e C, a que inicialmente chamei de Base, estiverem


referenciados a um sistema de coordenadas Cartesianas, poderemos obter P pelas suas
coordenadas, o que será muito útil.

Não demonstrarei, mas é possível concluir que:

xB  x A yc  y B
        arcsen e     90    arcsen
a b

Sendo então:
xP  x A y P  y sen   y B
sen   e x P  x sen   x A e analogamente,
x
O que conclui satisfatoriamente o trabalho matemático.

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