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Talvez demore 1 minuto a ler isto, mas garanto-lhe que vale a pena

EDUCAÇÃO ---- AGRAVAMENTO DA CRISE ---- RESPONSÁVEL

Grito aos quatro ventos e as TV cortam, cortam… Vejo-me depois a expressar uma ideia fora do
contexto, por acaso, ou não, a menos importante, a menos agressiva. E assim vai a informação
livre em Portugal!
O raciocínio é simples:
A Srª Ministra da Educação elegeu a guerra às estatísticas do insucesso escolar e do abandono
como objectivos do seu Governo. Parece bem, dirão muitos.
Como o fez?
Com o novo Estatuto do Aluno, a Srª Ministra fechou a porta à reprovação por faltas
injustificadas. O aluno que ultrapasse o número limite de faltas (triplo do número de aulas
semanais) é objecto de plano de recuperação e de um teste adequado ao plano e se falhar, terá
ainda outro.
A retenção/não progressão causada pelo excesso de faltas é enorme nas nossas Escolas! Diria que
no Ensino Básico rondará os 10%. No Ensino Secundário, talvez 20%. Teremos assim uma
média de 15% de insucesso, que será extirpado das estatísticas.
1º objectivo cumprido
O abandono escolar é combatido com a introdução desse parâmetro na AVALIAÇÃO dos
docentes.
Se um professor tiver três alunos em abandono escolar, isso significa cerca de 10% de um
parâmetro não conseguido e, como tal, negativo na avaliação do docente.
2º objectivo cumprido.

As medidas têm, no entanto, efeitos colaterais:


1º- Os alunos já perceberam que poderão faltar às aulas e que o professor tudo fará para o
transitar de ano (plano de recuperação e testes adaptados ao que efectivamente souber)
2- Se não é preciso frequentar as aulas, que valor tem a sala de aula? A Srª Ministra
dessacralizou a aula, que em tempos era “sagrada”.
3 Os docentes não participarão infracções, já que os parâmetros são a relação pedagógica,
o sucesso educativo e o abandono escolar. Se o docente participar as infracções, que nota
obterá na relação com os alunos? Se o docente participar as infracções como avaliará o
aluno, se o comportamento pode valer 25% da avaliação? Se o docente participar a
infracção sujeita-se a que o aluno abandone o sistema. Muitos alunos abandonam o sistema
porque tiveram problemas disciplinares (+/- 5%). Os professores não participarão as
infracções e aumentam, sem querer, a impunidade. Mas como queremos que eles
participem as infracções se é sabido que isso influi negativamente na sua avaliação?

Estes factores explicam cabalmente o comportamento dos nossos alunos e o


comportamento dos futuros alunos da escola pública.

Fenómenos de indisciplina surgirão, com maior requinte e quantidade, os docentes sofrerão


humilhados, calados, sem autoridade e sem esperança e a Sr.ª Ministra verá as estatísticas
do insucesso e do abandono finalmente a decrescer (facto que, politicamente, é um fim).
Não me venham dizer que ainda não está em vigor, porque falta regulação no regulamento
interno.
Se não valer para já, vai valer para o ano. Está publicado num Decreto-Lei e Decreto
Regulamentar e promulgado pelo Sr. PR.

24 de Março de 2008
Atenciosamente
Fernando Charrua

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