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UNIVERSIDADE DO ALGARVE

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DE FARO


Unidade Curricular: Psicologia V
Ano Lectivo: 2004/2005
3º Ano/1º semestre

Gravidez
e
Toxicodependência
Discentes:
Docente: Andreia Silva nº 27556
Celeste Duque Luís Capela nº 27563
Maria Rodrigues nº 27564
Faro Vera Duarte nº 27579
Abril de 2005
Etapas Conteúdos Estratégias Tempo Prelector

Projector
Introdução - Apresentação do tema Multimédia 2 Minutos Luís
PowerPoint

-Conceitos a Reter;
-Gravidez na Mulher Toxicodependente;

-Riscos na Gravidez na Mulher


Toxicodependente;
-Vigilância da Gravidez e Assistência Pré-
Natal;
Natal;
Luís
-A Maternidade aos Olhos da Mulher Projector
Vera
Desenvolvimento Toxicodependente; Multimédia 25 Minutos
Maria
-Factores que podem Influenciar o PowerPoint
Andreia
Desempenho Maternal na Mulher
Toxicodependente;
-Relação Mãe-Filho;
Mãe-Filho;
-Os Filhos de Mães Toxicodependentes;

-Comportamento da Grávida
Toxicodependente..

Projector
Síntese -Conclusão Multimédia 3 Minutos Maria
PowerPoint
Objectivos

• Permitir a possibilidade de um primeiro contacto com realidades com


as quais os psicólogos (clínicos e da saúde), se confrontam com alguma
frequência na sua prática clínica e profissional;

• Ajudar a perceber o “Mundo” que envolve as Mães Toxicodependentes


principalmente a nível psicológico;

• Apurar algumas das possíveis estratégias de intervenção dos


diferentes técnicos de saúde
Definição de Gravidez

É o período que vai da concepção ao


nascimento. Começa com a fertilização de
um óvulo por um espermatozóide e a
Conceitos a reter

subsequente implantação do óvulo. O


óvulo fertilizado irá dar origem à placenta e
ao embrião (o qual mais tarde se chamará
feto).
(Enciclopédia de Medicina, 1992)
Definição de toxicodependência

OMS “é um estado de intoxicação


periódica ou crónica, produzido
Conceitos a Reter

pelo uso repetido de uma droga


natural ou sintética, sendo o seu
consumo lícito ou ilícito”.
(Rosa et al, 2000)
Definição de toxicodependência

Tolerância
Conceitos a Reter

Dependência Dependência
Física Toxicodependência Psicológica

Efeitos nocivos no
Indivíduo
Gravidez na mulher
toxicodependente

Numa mulher toxicodependente, a sua gravidez engloba


vários aspectos:

• Geralmente não é planeada;

• A sua identificação é tardia (22 a 24 semanas)


devido a longos períodos de utilização de drogas
opiáceas;

• A data da última menstruação é mal definida.


Gravidez na mulher
toxicodependente

Na grávida toxicodependente o desejo de ser mãe pode existir.

• Pela consciência de não ser a altura certa


(devido aos consumos);
• A ansiedade (devido às consequências das
Este pode ser camuflado drogas no feto);
ou perturbado por não ser • Pelo medo da ocorrência de malformações;
vivido este período na sua
• Devido à síndrome de abstinência neo-
totalidade, devido a vários
aspectos tais como: natal;
• Dificuldades económicas e sociais (devido
aos consumos regulares);
(Amaro et al, 2001) • Relações familiares problemáticas.
Gravidez na mulher
toxicodependente

Factores que levam a mulher toxicodependente a não conseguir


assumir o seu papel de mãe

• Falta de apoio social;


• Incapacidade de estabelecer uma rotina, incorporando às
suas necessidades as necessidades do bebé;
• O sentimento de falência do seu papel de mãe;
• A culpabilidade.
Marcelino et al (1997)
Riscos na Gravidez
na mulher toxicodependente

Segundo um artigo publicado pelo Ministério da


Justiça (sd), o feto, da mulher toxicodependente, pode
ser afectado pelas drogas de duas formas diferentes:

• O consumo destas, de forma abusiva, poderá reflectir-


se num crescente desleixo pessoal e consequente má
nutrição;
• O mesmo tipo de consumo, poderá atingir o feto,
através do sangue da mãe, afectando o seu normal
funcionamento e desenvolvimento.
Riscos na Gravidez
na mulher toxicodependente

A grávida toxicodependente,
deverá ter em conta os
seguintes riscos:

• Parto pré-termo;

• Infecções Sexualmente Transmissíveis;

• Malformações fetais.
(Amaro et al, 2001)
Riscos na Gravidez
na mulher toxicodependente

Numa perspectiva
clínica é importante

• O diagnóstico e tratamento de IST’s;


• A profilaxia da transmissão vertical de
algumas infecções (VIH, Sífilis);
• O rastreio ecográfico de
malformações;
• Uma conduta obstétrica que esteja
alerta à prevenção do parto pré-termo e
à diminuição da morbilidade e
mortalidade associadas ao atraso do
crescimento intra-uterino.
(Amaro et al, 2001)
Riscos na Gravidez
na mulher toxicodependente

OMS “ as características ou
as condições de vida de
Factores de Risco

uma pessoa ou de um
grupo, que os expõe a
um risco acrescido de
contrair ou desenvolver
um processo mórbido
ou de sofrer os seus
efeitos”.
Riscos na Gravidez
na mulher toxicodependente

Tipo e Quantidades de
Drogas Consumidas
Factores de Risco

Factores de Factores de
Riscos Factores de Risco Risco
Biológicos Psicofamiliares

Factores de Risco
Sócioeconómicos
Riscos na Gravidez
na mulher toxicodependente

Relativamente à HEROÍNA, os
efeitos na grávida são:

• Amenorreia;
• Alta frequência de abortos espontâneos;
Consumo Durante

• Privação do apetite;
a gravidez

• Ocorrência de partos prematuros


(provavelmente relacionados pelo aumento da
irritabilidade uterina no períodos de suspensão
do consumo da droga.

(Palminha et al, 1993)


Riscos na Gravidez
na mulher toxicodependente

Relativamente à HEROÍNA, os
efeitos no feto e no recém-nascido
são:
• Recém-Nascidos de Baixo Peso (RNBP) –
Consumo Durante

peso à nascença inferior a 2500g;


• Recém-Nascidos de Muito Baixo Peso
a gravidez

(RNMBP) – peso à nascença inferior a 1500g;


casos de morte • Recém Nascidos Leves para a Idade
súbita do lactente Gestacional (LIG);
• Síndrome de abstinência ou privação (este
manifesta-se em vários aparelhos ou sistemas).

(Palminha et al, 1993)


Riscos na Gravidez
na mulher toxicodependente

Relativamente ao ÁLCOOL, poderá


dar origem a uma embriopatia
Consumo Durante

• Anomalias crânio-faciais (fendas


palpebrais pequenas, hipoplasia
a gravidez

Síndrome Alcoólico-Fetal mandibular, apagamento do sulco naso-


labial, epicanto);
• Anomalias cardíacas;
• Anomalias articulares;
• Microcefalia;
• Alterações do desenvolvimento psico-
motor
(Palminha et al, 1993)
Riscos na Gravidez
na mulher toxicodependente
Relativamente à COCAÍNA, os
efeitos no recém-nascido são:

• Maior taxa de natimortalidade;


• Anomalias da placenta;
Consumo Durante

• Malformações (defeitos da calote craniana,


a gravidez

malformações urinárias;
• Alterações do crescimento fetal
(embriofetopatia cocaínica);
• Depressão do apetite;
• Aumento da frequência cardíaca e pressão
arterial na grávida;
• Efeito indirecto secundário no feto por
redução do fluxo placentar.
(Palminha et al, 1993)
Riscos na Gravidez
na mulher toxicodependente
Relativamente à MARIJUANA

Esta planta tem uma alta solubilidade lípidica,


atravessando rapidamente a placenta pensa-se que
possa exercer um efeito directo sobre as células fetais,
Consumo Durante

pois a sua eliminação é muito demorada podendo ir até


30 dias.
a gravidez

hipóxia fetal por elevar significativamente os


níveis de monóxido de carbono.

(Palminha et al, 1993)


Riscos na Gravidez
na mulher toxicodependente

A tomada desta opção por parte das


grávidas traz algumas vantagens,
OPIÁCEA NA GRAVIDEZ

tais como:
SUBSTITUIÇÃO

• controlo dos níveis e das doses no feto;


• evita o síndrome de abstinência materno e fetal;
• diminuição da probabilidade de contrair IST’s
(hepatite viral e VIH);
• redução de comportamentos de risco.

(Palminha et al, 1993)


VIGILÂNCIA DA GRAVIDEZ E
ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

• Conflitos;
Gravidez • Modificações
• Ansiedade. corporais;
• Processos
fisiológicos normais
da gravidez.

É preciso adaptar-se a uma nova


realidade, há toda uma nova vida a
desenvolver-se dentro desta mulher.
(www.glhr.vilabol.uol.com.br).
VIGILÂNCIA DA GRAVIDEZ E
ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

O acompanhamento pré-natal com um obstetra


é indispensável.

Pode ser muito importante um


acompanhamento psicológico.

• Auxiliar a gestante a compreender;


• Elaborar as ansiedades naturais da gravidez;
• Orientá-la quanto ao desenvolvimento normal da
gestação;
• Cuidados com o recém-nascido;
• Prepará-la para o parto e amamentação;

(www.glhr.vilabol.uol.com.br). • Prevenir possíveis complicações.


VIGILÂNCIA DA GRAVIDEZ E
ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

Quando as toxicodependentes
descobrem a gravidez encontram-se
no período de maior sensibilidade
fetal.

Risco para o feto – devido ao


consumo de drogas

(www.glhr.vilabol.uol.com.br).
VIGILÂNCIA DA GRAVIDEZ E
ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

A assistência pré-natal consiste na avaliação e


acompanhamento sistemático e cuidadoso da mulher
grávida.

Consiste em:

• Prevenir, identificar e/ou corrigir as anormalidades


maternas ou fetais que afectem a gravidez;

• Elucidar a mulher acerca da gravidez, trabalho de


parto, parto e atendimento do recém-nascido;

• Promover um suporte psicológico adequado.

(www.glhr.vilabol.uol.com.br).
VIGILÂNCIA DA GRAVIDEZ E
ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

Saúde materna /
Preparação para o parto
Consulta para grávidas
toxicodependentes

Revisão do
CAT – Olhão Planeamento
puerpério

Saúde Infantil
A maternidade
aos olhos da mulher
toxicodependente

• Ter responsabilidade/maturidade;

• Acompanhar/criar;

• Realizar-se como mulher;


Ser Mãe é:
• Bom/fantástico/maravilhoso;

• Dar amor/carinho;

• Viver em função dos filhos;

• Ter continuidade;

• Não consumir.
(Amaro et al, 2001)
Factores que podem influenciar o
desempenho maternal

• Consumo de drogas;
• Saídas à noite;
• Vida desorganizada / sem horários;
• Não trabalhar;
• Instabilidade emocional e familiar;
toxicodependente

• Irresponsabilidade;
• Trabalhar;
Na mulher

• Ter experiência com crianças.

Lief (1985) defende que por vezes as mulheres toxicodependentes não


têm conhecimentos suficientes para cuidar os seus filhos

Para Myriam David (1970), a capacidade maternal de uma mulher depende


maioritariamente dos sentimentos e não dos conhecimentos.
Relação mãe-filho

Separação mãe-filho
É algo de muito marcante de qualquer
ser humano, principalmente quando
ocorre numa fase precoce, podendo
esta influenciar o desenvolvimento
futuro deste novo ser. No caso
particular das mães toxicodependentes
ocorre devido a condições adversas no
período perinatal, em que, o bebé
sofre o síndroma de abstinência sendo
necessário o internamento deste
(Palminha, 1993; Pimenta, 1994, cit.
por Amaro et al, 2001).
Relação mãe-filho

A separação mãe-filho pode:

• dificultar o estabelecimento da relação precoce


mãe-filho;

• adaptação precoce do recém-nascido,


principalmente quando a amamentação se
encontra contra-indicada, devido ao consumo de
drogas pela grávida (Palminha, 1993; Pimenta,
1994, cit. por Amaro et al, 2001).
Os filhos de mães
toxicodependentes

Ultrapassando o período neo-natal, e desde que não se verifique a


presença de sequelas de uma eventual hipóxia perinatal ou sequelas de
prematuridade, os filhos das toxicodependentes são seres aptos e
saudáveis para a vida.

O seu desenvolvimento dependerá do vínculo estabelecido


entre mãe e filho, bem como das condições socio-
económicas, dos recursos de que o casal dispõe para
cuidar deste.

• Emprego;
• Ajudas de
pessoas
significativas.
(Amaro et al, 2001)
Comportamento da gravida
toxicodependente

O modelo de intervenção utilizado nas consultas à grávida


toxicodependente fundamenta-se na criação de uma
relação de ajuda entre o profissional de saúde, utente e
Assistência à gravidez

pessoas significativas.
Face à consulta de

• Congruente;
• Empática;
• Ambiente isento de juízos de valor, no sentido de
compreender, motivar e responsabilizar quem se dirige à
consulta. (Amaro et al, 2001)
Comportamento da gravida
toxicodependente

Segundo o Psiquiatra António Costa, têm-se


vindo a constatar uma boa adesão à
Assistência à gravidez
Face à consulta de

consulta de cerca de 86% das grávidas


toxicodependentes, relativamente à sua
comparência, bem como, aos exames
complementares que lhes eram pedidos, no
qual a informação por estas transmitida
coincidia com os resultados obtidos,
denotando-se um verdadeiro sentimento de
adesão à consulta pré-natal.
Conclusão

• Foi-nos possível compreender um pouco do “mundo”


em que as grávidas toxicodependentes se encontram
inseridas e o modo como esse “mundo” se reflecte na
forma como estas encaram a gravidez e na futura relação
com o filho;

• Verificamos que a grávida toxicodependente não é


necessariamente uma grávida diferente das outras, tal
como estas, as grávidas toxicodependentes encontram-
se inseridas num determinado contexto social que se
reflecte a nível biológico e psicológico;
Conclusão

• Torna-se essencial o acompanhamento destas


futuras mães por parte de equipas multidisciplinares,
existentes por exemplo a nível do Algarve no CAT de
Olhão, onde se realiza a consulta pré-natal dirigida à
grávida toxicodependente, e não só, verificou-se
uma preocupação por parte da instituição em
acompanhar a puérpera e o recém-nascido, ao longo
dos restantes estádios do ciclo vital nas suas
múltiplas vertentes (bio-psico-social).
Conclusão

• A necessidade que os profissionais de saúde têm de


procurar acompanhar a grávida coadjuvando o seu modo de
viver e as regras que esta precisa seguir, de modo a minimizar
os possíveis factores de risco existentes, melhorando assim
as futuras hipóteses desta mãe e filho;

• A gravidez para a mulher toxicodependente pode ser


sinónimo de mudança de comportamentos e atitudes face à
sua dependência, ou então, apenas à sua tomada de
consciência para esta problemática.
Conclusão

•A gravidez é um momento único na vida de uma mulher,


seja esta consumidora ou não de droga, o qual pode
alterar ou não uma forma de viver para se adaptar a uma
nova forma de vida, o seu filho!
bibliografiA

• AMARO, F. et al – A Mulher Toxicodependente e o Planeamento Familiar, a Gravidez e a


Maternidade. 1ª Edição. Lisboa: APF (Associação para o Planeamento da Família), 2001. ISBN
972-98625-0-8
• BURROUGHS, A. – Uma Introdução à Enfermagem Materna. 6ª Edição. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1995. CDU 616-083:362.15
• CARVALHO, N. – Prevenção do Abuso de Álcool e Drogas nos Jovens. 1ª Edição. Porto:
Instituto Nacional de Investigação Cientifica, 1991. ISBN 972-667-177-9
• CLAYMAN, C. et al – A Saúde da Mulher. Porto: Editora Civilização, 1992.
• FREDERICKSON, H; WILKINS-HAUG, L. – Segredos em ginecologia e obstetrícia: respostas
necessárias ao dia-a-dia em rounds, na clínica, em exames orais e escritos. 2ª Edição. Porto
Alegre: Artmed Editora, 2000. ISBN 85-7307-461-2
• ISQUEIRO, Luís – Enfermeiro do Centro de Apoio à Toxicodependência de Olhão - Serviço de
Internamento. Entrevista. Olhão, 15/03/2005, 60 minutos.
• MARCELINO, M. – As Mulheres e as (Toxico) dependências. 4ª Edição. Lisboa: Comissão
Para a Igualdade e Para os Direitos das Mulheres, 1998. ISBN 972-597-118-3
• MARCELINO, M. et al – Toxicodependência no Feminino. Sintra: REVIVER, 1997.
bibliografiA

• MINISTÉRIO DA JUSTIÇA – Consumo Ilícito de Drogas. 2ª Edição. Lisboa: Gabinete de


Planeamento e de Coordenação do Combate à Droga,(s.d) ISBN 972-9345-08-02
• PALMILHA, J et al – Os Filhos dos Toxicodependentes: novo grupo de risco bio-psico-social.
1ª Edição. Porto: Laboratórios Bial, 1993.
• PIMENTA, M. – A Toxicodependência na Mulher: Gravidez, parto e puerpério.
Toxicodependências. Lisboa: Ministério da Saúde – Serviço de Prevenção e Tratamento da
Toxicodependência. Depósito Legal nº 93 543/95. Ano 3, Nº1 (Março, 1997), p.31-36.
• RIBEIRO, J. – Contributo para a Historia dos Consumos de Drogas em Portugal.
Toxicodependências. Lisboa: Ministério da Saúde – Serviço de Prevenção e Tratamento da
Toxicodependência. Depósito Legal nº 93 543/95. Ano 3, Nº1 (Março, 1997), p.3-9.
• RICHARD, D. – As Drogas. Lisboa: Instituto Piaget, 1995. ISBN 972-8407-42-4
• ROSA, A. et al – Toxicodependência: Arte de Cuidar.1ª Edição. Coimbra: FORMASAU –
Formação e Saúde Lda, 2000. ISBN 972-8485-15-8
•www.glhr.vilabol.uol.com.br;
fim

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