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Para
Ouvir,
Encontrar
Memórias,
Amar e
Sentir...
Maria Leonor Oliveira -
1
nº14 – 10º F
Índice de Poemas
• POEMAS DE AMOR
“O Amor”.............................................................................Pág. 4
“Amar”.................................................................................Pág. 4
“2º Andar Direito”...............................................................Pág. 5
“Não Hesitava Um Segundo”............................................Pág. 6
• POEMAS DE MAR
“As Ondas”.........................................................................Pág. 7
“Mar”...................................................................................Pág. 7
“Vozes de Mar”...................................................................Pág. 7
“Os Putos”..........................................................................Pág. 8
“Operário da Construção”.................................................Pág. 8
“Lisboa que Amanhece”....................................................Pág. 9
“Mulher da Erva Fresca”..................................................Pág. 10
“Canção de Acordar”.......................................................Pág. 11
“Trova do Vento que Passa”...........................................Pág. 12
• POEMAS DE FORÇA
“Fotos de Fogo”...............................................................Pág. 13
“Canto da Cidade”............................................................Pág. 14
“Aves de Rapina”.............................................................Pág. 14
“O último Adeus de um Combatente”............................Pág. 15
“Pedra Filosofal”..............................................................Pág. 16
• POEMAS DE SENTIMENTOS/SENSAÇÕES
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Introdução
Neste trabalho, pretendo dividir os vinte poemas
escolhidos, em cinco grupos:
- “Poemas de Amor”
- “Poemas de Mar”
- “Poemas das Gentes”
- “Poemas de Força”
- “Poemas de Sentimentos/Sensações”
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Poemas de Amor
“O amor”
É o amor
O amor é o amor - e depois?!
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?...
“AMAR”
Que pode uma criatura senão, um vaso sem flor, um chão de ferro,
entre criaturas, amar? e o peito inerte, e a rua vista em sonho,
amar e esquecer, amar e mal amar, e
amar, desamar, amar? uma ave de rapina.
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou
Que pode, pergunto, o ser amoroso, nulas,
sozinho, em rotação universal, doação ilimitada a uma completa
senão rodar também, e amar? ingratidão,
amar o que o mar traz à praia, e na concha vazia do amor a procura
o que ele sepulta, e o que, na brisa medrosa,
marinha, paciente, de mais e mais amor.
é sal, ou precisão de amor, ou simples
ânsia? Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa amar a água
Amar solenemente as palmas do implícita,
deserto, e o beijo tácito, e a sede infinita.
o que é entrega ou adoração
expectante, Carlos Drumont de Andrade
e amar o inóspito, o cru,
4
“2º Andar Direito”
Sérgio Godinho
5
muito bem, de mansinho
que ainda agora vai pisar outro
caminho.
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“Não hesitava um segundo”
Ana Moura
Poemas de Mar
“As Ondas”
“Mar”
“Operário da construção”
Mora em barraca
de madeira e telha,
o operário da construção.
No Inverno,
o frio
faz-lhe ranger o dentes,
e a chuva
inunda-lhe o sono.
Mas longe,
nas casas que constrói,
alcatifadas,
o frio não dói
nas cortinas fechadas.
José Fanha
“Lisboa que amanhece”
Cansados vão os corpos para casa das teias que o amor e o fumo tecem
dos ritmos imitados de outra dança
a noite finge ser E o Necas que julgou que era cantora
ainda uma criança que as dádivas da noite são eternas
de olhos na lua mal chega a madrugada
com a sua tem que rapar as pernas
cegueira da razão e do desejo para que o dia não traia
Dietrichs que não foram nem Marlenes
A noite é cega e as sombras de Lisboa
são da cidade branca a escura face Não sei se dura sempre esse teu beijo
Lisboa é mãe solteira ...
amou como se fosse
a mais indefesa Em sonhos, é sabido, não se morre
princesa aliás essa é a única vantagem
que as trevas algum dia coroaram de, após o vão trabalho
o povo ir de viagem
Não sei se dura sempre esse teu beijo ao sono fundo
ou apenas o que resta desta noite fecundo
o vento enfim parou em glórias e terrores e venturas
já mal o vejo
por sobre o Tejo E ai de quem acorda estremunhado
e já tudo pode ser tudo aquilo que espreitando pela fresta a ver se é dia
parece a esse as ansiedades
na Lisboa que amanhece ditam sentenças friamente ao ouvido
ruído
O Tejo que reflecte o dia à solta que a noite, a seu costume, transfigura
à noite é prisioneiro dos olhares
ao cais dos miradouros Não sei se dura sempre esse teu beijo
vão chegando dos bares ...
os navegantes
amantes
Sérgio Godinho
Canta a rola
Numa ramada
Pela estrada
Vai a mulher
Meu senhor
Nesta caminhada
Nem m’alembra
Do amanhecer
Há quem viva
Sem dar por nada
Há quem morra
seu manjar No chão tombou
Para dar
À cabrinha mansa No inverno
Erva fresca Terás fartura
Da cor do mar Da erva fora
Supremo bem
Na calçada Canta rola
Uma mancha negra Tua amargura
Cobriu tudo Manhã moça
E ali ficou ...nunca mais vem.
Anda, velha
Da saia preta Zeca Afonso
Flor que ao vento
“Canção de acordar”
Dor no lombo e no
espinhaço,
no peito e no coração,
dor de estar feito em
bagaço,
dor de tanta exploração.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Poemas de força
Chega-te a mim
Mais perto da lareira
Vou-te contar
“Fotos de Fogo” A história verdadeira
Chega-te a mim
Mais perto da lareira
Vou-te contar
A história verdadeira
Chega-te a mim
Mais perto da lareira
Vou-te contar
A história verdadeira
Quando a recordo
Sei que quase logo acordo
A morte dorme parada
Nesta morada.
Sérgio Godinho
“Canto da cidade” “Aves de rapina”
Vasco Cabral
“Pedra Filosofal”
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos,
que em oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
António Gedeão
Poemas de
sentimentos/sensaçõ
es
“Amostra sem valor”
António Gedeão
“F
o m
e”
À fome e nunca para ter ideias!
quando ela te for apresentada,
vais-lhe dizer o teu nome. À fome,
Muito prazer, quando ela te for apresentada,
não deseja tomar nada? vais-lhe dizer o teu nome.
Muito prazer,
Mas não virá de repente, não deseja tomar nada?
a descarnada.
Vai comer-te lentamente, Ou talvez nãos seja assim,
passo a passo, ou talvez seja ao contrário,
subindo cada degrau talvez não estejas disposto
até ao cimo da escada. a pagar a tua conta
e os juros ao usuário.
São cinco paus nas batatas,
são mais dez no detergente, Quando fores apresentado à fome,
mais vinte no bacalhau, olha-a de frente e pergunta:
até ficares sem mais nada.
Quem é que me prende a mão?
Quando fores apresentado à fome, Quem é que me corta o passo?
vai-te roer a barriga Quem é que me bebe o sangue,
e dar-te a volta à cabeça, pela garrafa que faço?
e vais estar pronto a roer Quem é que come esta fome
qualquer coisa que apareça. que me tortura, que eu passo?
José Fanha
Análise dos
poemas
A principal razão pela qual escolhi estes poemas e não outros
dentro da vasta lista de opções, foi o facto de achar que estes
correspondiam melhor ao conceito que tinha acerca de cada tema.
Análise interna: