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T OMA DA DE POS IÇÃ O EM RELAÇÃ O AO

PROC ESS O DE A VAL IAÇÃ O DE D ES EM PE NH O DO P ES SO AL D OCE NTE

Os professores da Escola Secundária de Odivelas, abaixo assinados, reiteram e reforçam a


posição já tomada pelo Conselho Pedagógico, em 30 de Janeiro de 2008, sobre a avaliação de
Desempenho do Pessoal Docente.
Consideram a avaliação de desempenho um instrumento fundamental das boas práticas que
é necessário implantar para corrigir e melhorar os resultados do ensino ministrado e um indicador
indispensável do trabalho docente desenvolvido na aula, na escola e na comunidade.
Tal processo cabal de avaliação deverá ter como único cenário o da preocupação pela formação dos
alunos, nos domínios cognitivo, sócio-afectivo e psico-motor, num contexto de permanente
dignificação da profissão de professor.
O Ministério da Educação, ao impor o actual processo de avaliação, não procurou o
envolvimento da classe docente e, excluindo-a desse processo, tem vindo a criar uma situação que
em nada contribui para garantir um processo de ensino-prendizagem proficiente para o aluno e
prestigiante para o docente.
Neste sentido, os professores da Escola Secundária de Odivelas, reunidos para analisar o
modelo de avaliação e os procedimentos dos órgãos da tutela com vista à sua aplicação,
consideram que:

1. O modelo proposto pelo Decreto Regulamentar 2/2008, de 10 de Janeiro, é excessivamente


complexo e burocrático, desviando os docentes da sua missão fundamental, que é ensinar.
Por ser inexequível nas normais condições de funcionamento das escolas, é ineficaz na
consecução das metas que define.

2. Não estão convenientemente delimitadas as funções normativas e reguladoras do Ministério


da Educação e aquelas que o mesmo Ministério atribui às escolas. De facto, estão ainda por
regulamentar um conjunto de matérias processuais gerais que, a não serem elaboradas pelos
órgãos centrais, e ficando ao critério de cada escola, irão ferir os princípios fundamentais da
universalidade dos critérios legais, da democraticidade e da imparcialidade dos processos.

3. A avaliação por pares mostra-se inexequível e insustentável já que, mais que uma avaliação
formativa, o modelo prevê uma seriação classificativa dos docentes em idêntica situação
profissional. Em tais circunstâncias não ficam garantidos os princípios da neutralidade e da
equidade.

4. Os critérios de avaliação sustentados nos níveis de abandono escolar e de sucesso dos alunos
são iníquos, por estarem dependentes de factores exógenos que não são, na sua grande
maioria, controláveis pelo docente, pelo conselho de turma ou mesmo pela comunidade
escolar.

5. A calendarização proposta pelo Ministério da Educação para o lançamento do processo de


avaliação de desempenho do pessoal docente é de todo inexequível, tendo em conta, a
novidade do modelo, o momento da sua publicação e a necessidade do seu adequado
enquadramento institucional em cada escola. A completa falência do calendário proposto até
agora é disto mesmo a melhor prova.

6. As acções de formação, de frequência obrigatória, não estão definidas, e as que existem são
em quantidade e variedade temática insuficiente para o universo de docentes candidatos.

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7. Continua em falta um vasto conjunto de suportes documentais e legais que têm impedido e
continuam a impedir o trabalho de preparação da responsabilidade das escolas.

8. A simplificação do processo de avaliação proposto pelo Ministério da Educação para os


professores contratados, sendo um mero expediente de circunstância, perverte o próprio
modelo de avaliação e cria novas situações de injustiça.

9. A insistência do Ministério da Educação no lançamento e prossecução do processo de


avaliação, numa altura tão extemporânea e tardia do ano lectivo, vem necessariamente
perturbar o normal funcionamento da escola, o aproveitamento dos alunos e a estabilidade
das famílias, numa época de pré-avaliação final e de preparação de exames.

Assim, os professores reunidos exigem que:

1. Seja concluída pela parte do Ministério da Educação toda a regulamentação do Despacho


2/2008, de 10 de Janeiro, antes do lançamento do processo de avaliação, de modo a garantir
a universalidade dos normativos de avaliação e a necessária equidade dos procedimentos.

2. Seja revisto pelo Ministério da Educação o perfil do avaliador, garantindo-lhe condições de


trabalho independente e formação adequada à função.

3. Sejam revistos e explicitados pelo Ministério da Educação os critérios de avaliação,


designadamente aqueles que dependem de variáveis incontroláveis pelo docente ou que, pela
sua subjectividade, não são susceptíveis de quantificação objectiva.

4. Seja feita uma aplicação experimental do modelo de avaliação, tendo em conta a


complexidade do processo e a forma como modelos semelhantes têm sido aplicados em
diferentes sistemas de ensino.

De acordo com as considerações anteriores, os professores abaixo-assinados decidem:

1. Concluir o trabalho de preparação, actualmente em curso na escola, sobre a avaliação do


desempenho do pessoal docente, suspendendo-a a partir do momento em que se verifique
que a sua consecução está dependente da publicação de normas gerais e de procedimentos
ainda em falta pelo Ministério da Educação. Tal decisão prende-se com o facto de não ser
possível concluir todo o trabalho de preparação dos instrumentos de avaliação e de outros
materiais, sem outras instruções de competência da tutela.

2. Propor ao Ministério a suspensão do processo de avaliação de desempenho do pessoal


docente até ao início do próximo ano lectivo, permitindo assim a sua programação atempada
e criteriosa. No entanto, os professores reunidos, consideram que se possa vir a ter em conta
a excepcional situação dos professores contratados, e a daqueles de cuja avaliação depende a
progressão na carreira, num quadro legal.

Escola Secundária de Odivelas, 9 de Abril de 2008

Nota final: Os signatários reservam-se o direito de fazer chegar o presente documento a todas as
entidades que acharem por conveniente.

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• Conselho Executivo da ESO


• Assembleia de Escola
• APEEESO
• Escolas da Zona Pedagógica
• Direcções Regionais de Educação
• Ministério da Educação (Ministra)
• Assembleia da República (Presidente, Grupos Parlamentares e Comissão de
Educação)
• Plataforma de Sindicatos
• Gabinete do Primeiro Ministro
• Procuradoria Geral da República
• Provedoria Geral da República
• Órgãos de Comunicação Social (nacionais e locais)
• Outras instituições representativas de professores
• Câmara Municipal de Odivelas (Presidência)

Segue-se os nomes e assinaturas dos professores signatários:

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