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Diante desse quadro, o Ministrio Pblico precisa ser visto com singular ateno. Se
se fez depositrio natural das esperanas da populao; e se o legislador, a
comear pelo legislador constitucional, conferiu-lhe legitimidade e instrumentos
legais para agenciar eficientemente os interesses coletivos, preciso agora que o
Estado at por uma questo de tica poltica e de racionalidade administrativa
garanta-lhe os meios aptos ao cumprimento pleno e regular da sua misso.
Antes mesmo que o Ministrio Pblico fosse dotado do perfil e da dimenso atual, o
emrito e saudoso jurista Geraldo Ataliba, em conferncia pronunciada durante o VI
Congresso Nacional do Ministrio Pblico, realizado na cidade de So Paulo, em
junho de 1985, enfatizou, com singular propriedade:
Ousaria dizer que, se no Brasil meditssemos sobre isso; se reconhecssemos que
estamos exigindo do Ministrio Pblico, pelas funes que lhe atribumos, muito
mais do que possibilitam os meios e os instrumentos lhe estamos dando; e se,
reconhecendo isso, reparssemos o nosso erro e a ocasio histrica propcia o
momento constituinte este Pas no precisaria imitar a Noruega, a Sucia, a
Dinamarca... Este Pas no precisaria de Ombudsman, pois teria um Ministrio
Pblico adequadamente instrumentado para ser o que sua misso constitucional e
legal postula, em benefcio do Direito e da Justia! (Revista Justitia, ed. do Ministrio
Pblico de So Paulo, vol. 131-A, p. 172, 1985).
De fato, muito embora j passados dezenove anos do pronunciamento daquela
conferncia, o que ainda se percebe e gera inquietude esse grande descompasso,
teimosamente mantido, entre o tamanho da misso e do potencial realizador do
Ministrio Pblico e o suporte material que lhe concedido para o cumprimento do
seu mister. Permitida uma analogia alegrica, poder-se-ia dizer que se est