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ESCOLHA DE UM TABLET

Aplicação de metodologia de análise multicritério


no apoio à decisão

José Costa – 20110021


Márcio Cravo - 20110026

Licenciatura em Engenharia de Proteção Civil, 2ºAno, 2º semestre


Unidade Curricular de Investigação Operacional
Docente: Doutor João Pedro da Cruz Fernandes Thomaz

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS


JULHO DE 2013
Instituto Superior de Educação e Ciências
Escola Superior de Segurança, Tecnologia e Aviação

Trabalho no âmbito da unidade curricular de Investigação Operacional do 2ºAno da Li-


cenciatura em Engenharia da Proteção Civil

ESCOLHA DE UM TABLET
Aplicação de metodologia de análise multicritério no apoio à decisão

Autor: José Firmino da Costa – 20110021


Autor: Márcio David Cravo – 20110026

Docente: Doutor João Pedro da Cruz Fernandes Thomaz

JULHO de 2013
Índice
Índice ............................................................................................................................. i

Índice de imagens ......................................................................................................... ii

Introdução..................................................................................................................... 1

Capítulo I. Breve abordagem teórica para a construção de um modelo multicritério de


apoio à decisão. ............................................................................................................. 2
Secção I.1. Descrição geral da abordagem (Modelo) e Conceitos fundamentais ......... 2
Secção I.2. Problemáticas técnicas do apoio à decisão................................................ 6
Secção I.3. Construção, tipos e propriedades de descritores........................................ 8

Capítulo II. Análise Multicritério. ......................................................................... 11


Secção II.1. Contexto Decisional ........................................................................... 11
Secção II.2. Estruturar o problema ......................................................................... 12
Secção II.2.1. Mapeamento Cognitivo ........................................................................... 12
Secção II.2.2. Tabela de Pontos de Vista Fundamentais ................................................. 14
Secção II.2.3. Diagrama de Pontos de Vista Fundamentais ............................................ 16

Secção II.3. Construção das Funções de Valor e Apuramento dos Valores Parciais 17
Secção II.4. Determinação dos Coeficientes de Ponderação ................................... 22
Secção II.5. Apuramento dos valores globais das alternativas ................................ 24
Secção II.6. Validação dos resultados .................................................................... 26
Secção II.6.1. Análise de Sensibilidade no Peso ............................................................ 26
Secção II.6.2. Análise de robustez ................................................................................. 26

Capítulo III. Informação sobre os modelos na amostra............................................ 28

Capítulo IV. Análise custo-benefício ...................................................................... 29

Capítulo V. Recomendação sobre o modelo a escolher .......................................... 31

Bibliografia ................................................................................................................. 32

i
Índice de imagens
Figura 1 - Processo Cíclico de Tomada de Decisão .................................................................... 7
Figura 2 - Tipos de Descritores para Bana e Costa e para Keeney (entre parênteses). ................. 9
Figura 3 - Sony Xperia Z LTE................................................................................................. 12
Figura 4 - Utilização da técnica Post-it .................................................................................... 13
Figura 5 - Árvore de valores .................................................................................................... 17
Figura 6 - Função de valor e matriz de atratividade do PVF-1.................................................. 18
Figura 7 - Função de valor e matriz de atratividade do PVF-2.................................................. 19
Figura 8 - Função de valor e matriz de atratividade do PVF-3.................................................. 19
Figura 9 - Função de valor e matriz de atratividade do PVF-4.................................................. 20
Figura 10 - Função de valor e matriz de atratividade do PVF-5 ................................................ 20
Figura 11 - Função de valor e matriz de atratividade do PVF-6 ................................................ 21
Figura 12 - Tabelas de performance e ordenações .................................................................... 21
Figura 13 - Diagramas de atratividade relativa. ........................................................................ 22
Figura 14 - Matriz de atratividade da ponderação .................................................................... 22
Figura 15 - Histograma da ponderação .................................................................................... 23
Figura 16 - Tabela de apuramento dos valores globais ............................................................. 24
Figura 17 - Termómetro global................................................................................................ 24
Figura 18 - Perfil de diferença ponderado ................................................................................ 25
Figura 19 - Gráficos de análise de sensibilidade no peso .......................................................... 26
Figura 20 - Análise de robustez ............................................................................................... 27
Figura 21 - Gráfico custo-benefício ......................................................................................... 29
Figura 22 - Perfis de diferença XPZ/GTAB2 ........................................................................... 30

ii
Introdução
O processo consultivo de análise de decisão tem como objetivo ajudar a estruturar e simplificar a
tarefa de tomar uma decisão complexa, tão bem e tão facilmente quanto a natureza da decisão
permitir.
Uma tomada de decisão para poder ser produzida requer a existência de alternativas de escolha,
isto é, a possibilidade e necessidade de se fazer uma escolha entre, pelo menos, duas coisas dife-
rentes, de que só uma pode ser selecionada.
“Se não existirem alternativas (opções de escolha) poderá existir um problema, mas não haverá
um problema de decisão”. (Kirkwood, 1997)
A metodologia de análise multicritério estrutura-se em diferentes fases que correspondem às vá-
rias secções do Capítulo II deste trabalho. São;

 Estabelecer o contexto do problema,


 Estruturar o problema,
 Construir as funções de valor,
 Apurar os valores parciais das alternativas,
 Determinar os coeficientes de ponderação,
 Apurar os valores globais das alternativas,
 Validar os resultados.
Neste trabalho para construir as funções de valor, determinar os coeficientes de ponderação e
apurar os valores utilizou-se a aplicação informática M-Macbeth (Measuring Attractiveness by a
Categorical Based Evaluation Technique) de Carlos Bana e Costa, Jean Marie De Corte e Jean-
Claude Vansnick.
O processo de apoio à decisão completa-se com uma análise custo-benefício também efetuada
com recurso ao M-Macbeth. O custo só poderá ser um critério de escolha quando em todos os
outros aspetos as alternativas forem iguais.

1
Capítulo I. Breve abordagem teórica para a construção de um
modelo multicritério de apoio à decisão1.

Secção I.1. Descrição geral da abordagem (Modelo) e Conceitos


fundamentais
(Fernandes Thomaz & Leitão, 1998) Para abordar o assunto proposto torna-se necessário a apre-
sentação de alguns conceitos relevantes, como os de ponto de vista e ponto de vista fundamental,
de famílias de pontos de vista fundamentais, de árvore de pontos de vista, de ações ou alternativas
e de Actor.
Um ponto de vista é a representação de um valor, considerado suficientemente importante pelos
atores para ser levado em consideração, de uma forma explícita, no processo de avaliação das
ações ou alternativas, como um conjunto de soluções potenciais para o problema. No entanto, a
simples identificação de pontos de vista não é suficiente para a construção de um modelo de
avaliação das ações. (Bana e Costa, 1992) refere a necessidade de distinção entre:

 Ponto de vista fundamental (PVF) e


 Ponto de vista elementar (PVE).
Para (Bana e Costa, 1992), um ponto de vista fundamental é um fim em si mesmo, ou seja, quando
o decisor afirma que o ponto de vista é importante, é-o porque reflecte um valor relevante, e assim
indica que este ponto de vista é fundamental. A noção de ponto de vista fundamental é, provavel-
mente, aquilo que normalmente se passou a designar como critério. No entanto, a denominação
critério possui um significado mais ligado a modelos de preferências sobre o conjunto de ações
potenciais.
Para que um ponto de vista seja considerado fundamental é necessário que:

1. Exista uma vontade consensual, entre os atores intervenientes no processo de tomada de


decisão de submeter as ações a uma avaliação parcial segundo esse ponto de vista, isto é,
segundo os aspetos elementares que formam o PV e;

2. No desenrolar do processo de estruturação se confirme a validade da hipótese de


independência que os atores afirmam existir.
Além das duas condições referidas no parágrafo anterior, para que um PV possa ser considerado
fundamental ainda será necessário que este obedeça a um conjunto de propriedades enunciadas
por (Bana e Costa, 1992):

 Consensualidade;
 Operacionalidade;

1
Extraído de “SISTEMAS DE APOIO À DECISÃO” de João Pedro da Cruz Fernandes Thomaz e Mónica
Alexandra Lopes da Silva Leitão

2
 Inteligibilidade;
 Isolabilidade.
A primeira propriedade, consensualidade, refere-se ao desejo consensual dos atores em conside-
rar os valores representados pelo ponto de vista como sendo realmente importantes. Assim, sendo
considerados importantes, esses valores devem ser explicitamente introduzidos na construção do
modelo de avaliação das ações.
A segunda propriedade, operacionalidade, sendo mais uma característica para um PV ser consi-
derado fundamental, deve ser vista no sentido em que é possível construir uma escala de prefe-
rência local, associada aos níveis de impacto deste ponto de vista. Além desta escala, deve-se
ainda construir um indicador de impacto associado ao PV. Segundo este autor, a primeira condi-
ção é necessária, porém não suficiente, já que ela é indissociável da segunda.
A terceira propriedade, inteligibilidade, tem por finalidade fazer com que um ponto de vista fun-
damental realmente auxilie o processo de tomada de decisão, pelo que este deve atuar, como uma
ferramenta que permita a elaboração das preferências dos atores, como um instrumento que sirva
de base à comunicação, à argumentação e à confrontação de valores e convicções entre estes
mesmos atores.
Finalmente, a isolabilidade é uma propriedade essencial para que seja possível a agregação dos
julgamentos locais dos decisores através de uma função de agregação aditiva. Assim, se um ponto
de vista fundamental é isolável, então é possível avaliar ações segundo este PVF, considerando
todos os demais constantes, ou seja, considera-se que há independência preferencial, e somente
esta independência é exigida entre os PVF's (Bana e Costa, 1992)e (Keeney, 1992). Bana e Costa
acrescenta que a discussão para a aceitação da hipótese de isolabilidade é crucial para o processo
de estruturação do problema, pois a verificação da independência dos julgamentos locais, segundo
os pontos de vista candidatos a PVF, é essencial para garantir que a identificação da família de
pontos de vista pode ser realizada adequadamente. Assim, um PVF deve refletir um valor isolável,
no sentido em que é possível avaliar as ações, segundo esse PVF, independentemente dos seus
impactos nos demais pontos de vista fundamentais do modelo.
Os PV's que por uma qualquer razão não foram considerados fundamentais são chamados de
pontos de vista elementares.
Pontos de vista elementares são meios para se alcançar pontos de vista fundamentais (fins). Nor-
malmente diversos PVE’s formam um ponto de vista fundamental, ou seja, um PVF representa
um fim comum para o qual podem contribuir diversos valores mais elementares.
Uma família de pontos de vista fundamentais é o conjunto formado por estes pontos de vista e
que respeitam as propriedades listadas na Tabela 1 (conforme Bana e Costa):

Consensualidade,
Propriedades de base de uma família de PVF Inteligibilidade,
Concisão
Exaustividade,
Propriedades lógicas de uma família de PVF Coesão e Monotonicidade
Não redundância ou Minimalidade
Tabela 1 - Propriedades de uma Família de Pontos de Vista Fundamentais.

3
Em termos de propriedades de base de uma família de pontos de vista fundamentais, esta, tal
como os próprios PVF's que a compõem, deve ser inteligível, consensual e concisa. Devido à
limitação cognitiva natural do ser humano, é tarefa do facilitador manter o número de pontos de
vista fundamentais o mais baixo possível, por forma a manter o entendimento dos decisores sobre
o problema. Por outro lado, aquele também não deve ser muito pequeno pois, desta forma, não
retratará adequadamente o problema ou eliminará a consensualidade do modelo (Bana e Costa).
No que se refere às propriedades lógicas de uma família de pontos de vista fundamentais, diz-se
que ela é exaustiva quando todos os elementos primários de avaliação, julgados importantes no
processo de tomada de decisão, estão a ser considerados no modelo de avaliação das ações (con-
forme refere Bana e Costa).
Este autor apresenta ainda duas condições em que uma família de PVF's é considerada como não
exaustiva:

3. Quando, num contexto de problemática técnica de avaliação relativa, uma ação a for
considerada pelos atores como indiferente a uma ação b, em todos os pontos de vista
fundamentais considerados no modelo, mas, no entanto, aqueles consideram que,
globalmente, uma delas é preferível à outra.

4. Quando, num contexto de problemática técnica de avaliação absoluta, uma ação a for
considerada pelos atores como indiferente a uma ação b, em todos os pontos de vista
fundamentais considerados no modelo, mas, no entanto, aqueles consideram que elas estão
em níveis globais de atratividade intrínseca diferentes.
Quando um destes casos é verificado, é revelada a existência de um ou mais elementos de avali-
ação primários que não estão a ser considerados no modelo, ocasionando, assim, a diferença de
preferência global entre as ações. Este facto vem atestar a não-exaustividade da família de pontos
de vista fundamentais considerada.
Uma família de PVF's deve garantir a coesão entre o papel de cada um dos PVF's envolvidos na
formação dos julgamentos de valor locais e o papel destes mesmos PVF's na elaboração das pre-
ferências globais dos decisores. Isto significa que não é possível dissociar a formação destes jul-
gamentos, tanto locais como globais, do contexto decisional. A coesão da família de PVF's é,
essencialmente, avaliada pela propriedade de monotonicidade.
Finalmente, para que um conjunto de pontos de vista fundamentais possa ser considerado uma
família, este conjunto não deve ter PVF's redundantes.
Quando ocorre a redundância de PVF's não se está a respeitar a propriedade da minimalidade, já
que certos elementos primários de avaliação, estão a ser considerados mais de uma vez, o que
gera distorções na agregação dos julgamentos locais dos atores. As situações de redundância são,
em grande parte, associadas a problemas de ligações estruturais, quando certos elementos primá-
rios fazem parte da composição de mais de um ponto de vista fundamental, ou quando ocorrem
dependências ambientais entre alguns destes PV’s (Bana e Costa).
Um problema complexo apresenta-se sempre de uma forma caótica e desorganizada. Cabe, então,
ao facilitador escolher a abordagem que vai auxilia-lo a estruturar o problema, identificando os

4
elementos primários de avaliação, assim como as suas inter-relações. As diversas abordagens para
a estruturação de problemas complexos auxiliam o processo de apoio à decisão, porém, para que
seja possível fazer uso de um modelo multicritério de avaliação, através de uma função de agre-
gação aditiva, este processo de estruturação deve evoluir para a construção de uma árvore de
pontos de vista.
Segundo Bana e Costa, as árvores de pontos de vista, além de tornarem possível a utilização de
um modelo multicritério na avaliação das ações, melhoram a comunicação entre os atores, tor-
nando mais compreensível o que está em causa na situação decisional em questão, permitindo
clarificar convicções, assim como os seus fundamentos, e obter o compromisso entre os interesses
e as aspirações de cada ator envolvido no processo. Além destas características, esta estrutura
arborescente serve, também, para facilitar a operacionalização dos pontos de vista fundamentais,
já que a análise dos pontos de vista elementares, hierarquicamente inferiores a cada PVF, vai
revelar possíveis indicadores e/ou cursos de ação para se alcançar os valores representados no
PVF. Em resumo, a árvore de pontos de vista não é o objetivo final do trabalho do facilitador, é
antes um instrumento a ser utilizado em todo o processo como forma de alcançar uma boa decisão.
O processo de construção destas árvores não é trivial. Bana e Costa afirma que a construção de
uma árvore de pontos de vista é uma tarefa altamente dependente da habilidade do facilitador na
determinação da estrutura arborescente, já que esta estrutura não é única. Este autor e outros afir-
mam que esta é uma etapa ainda considerada mais como arte do que como ciência.
Os atores, sendo pessoas, baseiam-se nos seus valores, desejos, interesses e/ou preferências, in-
tervindo de uma forma direta ou indireta numa decisão. Estes atores podem ser:

1. Agidos. São todos aqueles que sofrem de uma forma passiva as consequências de uma
decisão. Podem ser por exemplo, moradores de uma rua, estudantes de uma universidade ou
funcionários de uma empresa. Os agidos caracterizam-se por não possuir voz ativa no
processo de decisão, podendo, no entanto, influenciá-la indiretamente.

2. Intervenientes. Segundo Roy, os intervenientes podem ser indivíduos, corpos constituídos


ou coletividades que, por sua intervenção direta, condicionam a decisão em função dos seus
sistemas de valores. Isto é, são aqueles atores que, efetivamente, têm um lugar à mesa de
negociações.

3. Decisores. Podem-se definir como sendo aqueles a quem o processo de decisão se destina.
Os decisores são os atores intervenientes que têm o poder e a responsabilidade de ratificar a
decisão e assumir as consequências da mesma, sejam elas boas ou más.

4. Facilitador. É considerado um interveniente no processo. O facilitador tem um papel


importante no processo de decisão, uma vez que contribui para fazer com que as áreas de
domínio habituais dos atores se intersectem, melhorando a comunicação e a procura de uma
solução de compromisso.

5. "Demandeur". Em determinadas situações, não existe um relacionamento direto entre


decisor e facilitador, desta forma aparece um outro interveniente que atua como intermediário,
chamado por Roy de "demandeur". O demandeur existe, por exemplo, num processo de
decisão onde o decisor é um ministro do Estado. Face ao seu difícil acesso, um assessor direto
do ministro poderá, assim, atuar como intermediário no processo de apoio à decisão.

5
Secção I.2. Problemáticas técnicas do apoio à decisão
Antes de iniciar as atividades de apoio à tomada de decisão propriamente ditas, ou ainda durante
o processo, o facilitador deve especificar em que termos define o problema, ou seja, a problemá-
tica envolvida na situação. A noção de problemática está associada à postura que qualquer indi-
víduo assume diante de uma situação, objetivando a sua compreensão, o seu estudo ou mesmo a
sua intervenção.
A noção de problemática está intimamente ligada às questões fundamentais que podem ser feitas
na análise de um determinado contexto, devidamente delimitado, habilitando um determinado
grupo de atores (em que se inclui o facilitador) a racionalizar e sistematizar uma dada situação,
tendo sempre em consideração que esta envolve algum tipo de ação ou ações, o que implica uma
definição explícita dos papéis de cada um dos atores neste processo.
Segundo Roy o termo “problemática” deve ser preferido a “tipo de problema” ou a “estabeleci-
mento do problema”. Bana e Costa afirma que, na verdade, estes termos não expressam a raiz do
significado desejado, como também restringem a compreensão de toda uma realidade que se pre-
tende abordar.
Uma problemática consiste, por definição, na simples descrição das ações do conjunto “A” e/ou
suas consequências, ou seja, na orientação dada a todo o processo para que dados importantes
relativos às ações possam ser obtidos, entendidos, e comparados de maneira a conseguir-se uma
descrição adequada de cada ação.
Bana e Costa divide o processo de apoio à tomada de decisão em três grandes etapas:

 Estruturação;
 Avaliação e;
 Elaboração de recomendações.
A Figura 1, na página seguinte, é uma representação gráfica em que as três etapas estão ilustradas
e, adicionalmente, estão descritos os passos que devem ser desenvolvidos segundo este processo.
Pode-se argumentar que o processo de tomada de decisão não é linear ou sequencial, como o
apresentado na Figura 1, no entanto, este modelo é uma abordagem cíclica e dinâmica para apoio
à tomada de decisão.
Segundo Bana e Costa este facto é decorrente da natureza das interações entre os aspetos subjeti-
vos e objetivos, assim como da própria natureza do problema. Assim, a arte da estruturação pode
centrar-se mais sobre os objetivos dos atores ou as características das ações, ou partir para uma
abordagem de estruturação por pontos de vista, que é a abordagem adotada neste trabalho.

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A importância da estruturação é enfatizada por diversos autores, porém, apesar de a estruturação
ser uma etapa fundamental de todo este processo, ela permanece ainda como um processo misto,
entre arte e ciência, dependente assim da habilidade, intuição e do “saber-como” individual do
facilitador. No entanto, diversos esforços têm sido realizados na tentativa de tornar esta atividade
mais documentada, logo menos dependente do sujeito (facilitador).

Figura 1 - Processo Cíclico de Tomada de Decisão

Bana e Costa afirma que a estruturação de um problema visa a construção de um modelo (mais
ou menos) formalizado, capaz de ser aceite pelos atores como uma estrutura de representação e
organização de todo um conjunto de elementos primários de avaliação que, mais não são do que
os objetivos desses atores e as características das ações. Este modelo serve de base à comunicação
e discussão interativa entre os atores e, também, à aprendizagem e investigação. Adicionalmente,
a estruturação proporciona a clarificação dos sistemas de valores dos atores, podendo servir de
base à elaboração, modificação e/ou validação de julgamentos de valor, absolutos ou relativos,
sobre as ações potenciais ou oportunidades de decisão envolvidas.
Terminada a fase de estruturação, passa-se à avaliação das ações. Conforme mostra a Figura 1,
existem três atividades principais que devem ser desenvolvidas antes da obtenção dos resultados
globais do processo de tomada de decisão:

1. A construção de um modelo de preferências locais que possibilite uma avaliação parcial das
ações;

2. A determinação de taxas de substituição que forneçam uma noção da importância relativa de


cada PVF, possibilitando assim uma agregação das avaliações locais numa avaliação global
e;

3. A determinação dos impactos das ações segundo cada PVF.

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Por forma a construir um modelo de preferências locais sobre cada ponto de vista fundamental e
a determinar as taxas de substituição entre os PVF's, o modelo aqui proposto utiliza a metodologia
MACBETH , desenvolvida por Bana e Costa e Vansnick. A abordagem MACBETH possibilita a
construção de escalas de valor cardinal a partir de julgamentos semânticos feitos pelos atores.
A fase de elaboração das recomendações não tem um desenvolvimento definido em procedimen-
tos científicos, já que depende do facilitador e do problema que está a ser analisado.

Secção I.3. Construção, tipos e propriedades de descritores


Um ponto de vista deve refletir os valores e certas características das ações consideradas impor-
tantes pelos decisores. Desta forma, torna-se necessário a construção de uma função operacional
sobre cada um dos pontos de vista fundamentais, por forma a auxiliar a compreensão de um am-
biente decisional complexo e de contornos mal definidos. Bana e Costa refere que é necessário
que um ponto de vista esteja bem identificado, no que diz respeito ao seu significado e que seja
compreendido pelos atores intervenientes no processo, servindo-se para isso da construção de
uma função efetivamente operacional que sirva de base à geração de (melhores ou boas) ações e
possibilite a comparação das consequências, absolutas ou relativas, delas.
A construção de uma função operacional para cada ponto de vista fundamental vai, assim, clari-
ficar o seu significado, tornando-o mais inteligível e fazendo com que não haja ambiguidade na
sua interpretação pelos diferentes atores.
A intervenção do facilitador é, assim, crucial neste processo de operacionalização, desenvolvendo
um trabalho interativo com os atores, e eventualmente, com especialistas no domínio em questão.
Aqui é iniciado um processo de aprendizagem onde se pretende a definição de um conjunto de
níveis de impacto e onde cada nível possa ser definido da forma mais "precisa" possível.
Assim, Bana e Costa define um descritor como sendo um conjunto ordenado de níveis de impacto
plausíveis associado a um ponto de vista fundamental j, denotado por Nj, onde cada nível de
impacto deste descritor é denotado por Nk,j, e corresponde à representação do impacto de uma
ação ideal, de tal forma que a comparação de quaisquer dois níveis do descritor resulte sempre,
numa diferenciação clara aos olhos dos atores, no que se refere aos elementos primários de ava-
liação que formam este ponto de vista fundamental e de onde, em caso algum, resulte qualquer
dúvida.
Então, é condição para que um PVFj seja operacionalizável que esteja associado a ele, um con-
junto de níveis de impacto, bem definidos, que constituam uma escala de preferência local (ou
seja, que este conjunto seja dotado de uma estrutura de pré-ordenamento completa, tal que: N*,j
... Nk+1,j Nk,j Nk-1,j ... N0,j , estabelecendo, assim, uma ordem dos níveis de impacto classifi-
cados pela sua atratividade). Assim, exige-se que os níveis Nj estejam totalmente ordenados entre
um nível de impacto de maior atratividade plausível N*,j, e um nível de impacto de menor atrati-
vidade plausível N0,j (Bana e Costa).
Bana e Costa propõe três dimensões para a classificação de descritores. Estes podem ser quanti-
tativos ou qualitativos; discretos ou contínuos; e finalmente diretos, indiretos ou construídos. Ke-

8
eney classifica os "atributes" em naturais, construídos ou proxy. A Tabela 2 mostra as classifica-
ções propostas por Bana e Costa e entre parênteses estão colocadas as denominações atribuídas
por Keeney aos diversos tipos de descritores.

Figura 2 - Tipos de Descritores para Bana e Costa e para Keeney (entre parênteses).

Quantitativos Discretos Diretos (naturais),


ou ou Indiretos (proxy) ou
Qualitativos Contínuos Construídos (construídos)

As duas primeiras dimensões de classificação são bastante óbvias. Caso um ponto de vista funda-
mental possa ser adequadamente descrito somente por números, o descritor é classificado como
quantitativo, caso contrário é qualitativo.
Da mesma maneira, se um ponto de vista fundamental for descrito por um número finito de níveis
é classificado como discreto, se o for por uma função matemática contínua, é classificado como
contínuo.
Um descritor direto (ou natural) é aquele onde há um conjunto de níveis naturalmente associado
ao ponto de vista em questão (Bana e Costa). Keeney acrescenta ainda que este tipo de descritor
é aquele que, por ser de uso geral, possui uma interpretação comum para todos os atores envolvi-
dos no processo.
Se um descritor direto não existe ou parece inapropriado, restam ainda duas opções, o uso de um
descritor construído ou de um descritor indireto. Bana e Costa define um descritor indireto como
sendo aquele que não descrevendo diretamente um ponto de vista, vai permitir torná-lo operacio-
nal.
Por exemplo, numa situação envolvendo o ponto de vista fundamental "acessibilidade da popula-
ção às áreas centrais da cidade" não é possível a determinação direta de um "nível de acessibili-
dade", no entanto pode-se utilizar a "distância média ao terminal de autocarro mais próximo"
como um descritor indireto para este ponto de vista. Este tipo de descritor é normalmente conhe-
cido por "indicador" noutros domínios da ciência, tais como a economia e a administração.
O uso de descritores construídos torna-se necessário pois em muitas situações é difícil, senão
impossível, encontrar descritores naturais para determinados pontos de vista fundamentais. A téc-
nica para a construção de descritores consiste na combinação de estados dos elementos primários
de avaliação para esses pontos de vista fundamentais. Dever-se-á ter em atenção, no entanto, que
quando se torna necessário a utilização deste tipo de descritores, deve ser considerado um fator
crítico ligado à ambiguidade desse descritor.
Uma exigência básica a ser feita a um descritor para que este operacionalize adequadamente um
PVF é a verificação da sua não-ambiguidade. Será considerado não ambíguo aquele descritor que,
em cada um dos seus níveis de impacto, tem um significado claro e, ainda, seja suficientemente
distinto dos descritores dos outros PVF's, de tal forma, que não permita a confusão na fase de

9
estruturação e/ou avaliação das ações (Bana e Costa). Keeney apresenta três propriedades dese-
jáveis para os descritores:

 Mensurabilidade
 Operacionalidade
 Compreensibilidade
Diz-se que um descritor é mensurável quando define um ponto de vista fundamental de uma forma
mais detalhada do que este PVF sozinho, diminuindo o grau de ambiguidade envolvido na defi-
nição dos níveis de impacto e procedendo à escolha adequada do descritor para o ponto de vista
que se quer tornar operacional.
Um descritor é operacional quando é adequado para dois propósitos: (1) para descrever uma pos-
sível consequência de uma ação potencial num determinado PVF para o qual foi construído e (2)
para fornecer uma base sólida de discussão para julgamentos de valor sobre a atratividade dos
vários níveis de impacto para o ponto de vista em questão.
Todos os descritores devem ser compreensíveis. O que significa que não deve existir ambiguidade
na descrição das consequências das ações potenciais em relação a determinado ponto de vista e
não deve haver ambiguidade na interpretação destas consequências, para que não haja perda de
informação aquando da associação de um determinado nível de impacto a uma ação potencial por
uma pessoa e por outra que o interpreta.

10
Capítulo II. Análise Multicritério.

Secção II.1. Contexto Decisional


Pretende-se selecionar um equipamento informático muito portátil que será colocado à disposição
dos quadros, da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) e dos agentes de Proteção Civil
(PC), que possam desempenhar as funções de Comandante de Operações de Socorro (COS) em
qualquer teatro de operações (TO).

O dispositivo deve:

 Apoiar a tomada de decisão em contexto operacional permitindo o acesso e consulta de


bases de dados e de sistemas de informação geográfica, nomeadamente ao SADO, etc.;
 Apoiar a recolha e difusão da situação no TO, nomeadamente através da captura e
transmissão de imagem e facilitar a elaboração de relatórios;
 Permitir o contacto e partilha de informações com os comandos e subordinados,
nomeadamente em videoconferência e receber e tratar as informações de despacho;
 Possibilitar a ligação à internet e incluir um browser com compatibilidade total com os
servidores dos serviços nacionais relevantes;
O dispositivo será utilizado tanto em PC como em TO. Preferencialmente o seu invólucro deverá
incorporar resistência ambiental IP55/7 segundo a norma NP EN 60529:1994/A 1:2002 (Ed. 1),
visto prever-se a sua utilização no exterior.
Terá um ecrã tátil, multitoque, com a resolução mínima XGA 1024x768 ou superior, à prova de
riscos e com proteção de quebra, preferencialmente com vidro CORNING® GORILLA® 2 ou
equivalente. A qualidade de resolução do ecrã será importante para a visualização de certos fi-
cheiros.
O dispositivo deve permitir a comunicação WLAN segundo a norma IEEE 802.11-2007 a/b/g/n
para ligação a WAP ou Wrouters, públicos ou particulares, para poder facilmente receber e enviar
documentação/informação importante para a operação. Deverá também estar equipado com o sis-
tema Bluetooth® versão 3.0 da classe 2, ou 1, para permitir o emparelhamento com impressoras
ou outros periféricos. É fator preferencial a incorporação de modem, no mínimo, GSM 3,5G
(HSDPA) que permite a ligação à internet em banda larga sem necessidade de recurso a disposi-
tivo exterior.
O dispositivo deve incorporar câmara vídeo dorsal de resolução não inferior a 3 Mpx, com capa-
cidade de gravar vídeo de alta definição HD 1080p (FullHd-1920×1080-2.1 Mpx-16:9) e registar
fotograficamente sempre que necessário. Deverá ainda estar equipado com câmara frontal de re-
solução não inferior a 2 Mpx, com capacidade de gravar vídeo, microfone e colunas internas que
possibilitem a realização de videoconferência e aplicações multimédia.
O dispositivo deve ser equipado com processador de nova geração, dual ou quad core, com gestão
interna de energia e com velocidade de relógio que garanta a minimização de tempos na iniciação
de aplicações e carregamento de ficheiros de dados. Dos tipos Tegra3 (AMD) ou CortexA15

11
(ARM) ou outro similar, de baixo consumo. Deve ser equipado com as portas padrão de expansão
e ligação a periféricos mini-USB 2.0, mini HDMI, jack áudio 3,5mm, micro SD 64Gb. O dispo-
sitivo deve ser equipado com acelerómetro, giroscópio e sensor luminosidade para gestão ade-
quada do display e sensor a-GPS (erro máximo de 50m) que possibilita a utilização de serviços
de localização nas aplicações relevantes. É secundário, mas relevante, a possibilidade de utiliza-
ção de teclado não virtual em PC para facilitar a introdução de dados e elaboração de documentos.
A bateria deve possibilitar uma autonomia mínima de 5 horas em qualquer função, 5 dias em
stand-by com Wi-fi on. O equipamento deve ser acompanhado com carregadores para ligação a
230V AC e a isqueiro de automóvel, 12V DC.
O dispositivo deve ser dotado de S.O. de última geração, Windows 8 ou Android 4 que deverá
permitir a instalação de app que permita a visualização e edição de arquivos nos formatos doc,
docx, odt, xls, xlsx, ods, txt, rtf, ppt, mpp, mdb, odb, jpg, gif, tiff, png, dwg, dwf, pdf, xps, etc. a
partir de servidores públicos ou dedicados.

Um exemplo de dispositivo que respeita o conjunto da especificação é o Sony XPERIA TABLET


Z LTE.

Figura 3 - Sony Xperia Z LTE

Secção II.2. Estruturar o problema

Secção II.2.1. Mapeamento Cognitivo


Foi aplicada a técnica Post-it em formato digital. Cada elemento do grupo preencheu 5 Post-it.
Destes foram escolhidos os seis pontos de vista fundamentais que estão representados na imagem.
A decisão de qual o equipamento a escolher para responder ao definido anteriormente necessita
da definição de critérios que qualifiquem as vantagens relativas dos vários equipamentos propos-
tos. A utilização exaustiva das definições feita anteriormente originaria um ambiente de decisão
excessivamente enovelado que não conduziria a uma conclusão eficaz. Também várias das carac-
terísticas especificadas são comuns a todos os modelos propostos pelo que a sua apreciação é
dispensável.

12
Figura 4 - Utilização da técnica Post-it

Selecionaram-se portanto um conjunto de descritores que caracterizam o fundamental do equipa-


mento para a utilização preconizada. Esses descritores podem ou não englobar mais do que uma
característica. Estes descritores são os Pontos de Vista Fundamentais (PVF) na tomada de decisão.
A especificação “resistência ambiental IP55/57” foi descartada como fator absoluto passando a
fazer parte como fator preferencial do PVF “Resistência”.
A especificação “ecrã tátil, multitoque, com a resolução mínima XGA 1024x768” foi mantida
como absoluta e a sua inexistência é fator de exclusão automática.
A especificação “à prova de riscos e com proteção de quebra” foi renomeada como “Resistência
do vidro” e é agora um Ponto de Vista Elementar do PVF Resistência.
As três especificações para WLAN, GSM e Bluetooth são mantidas mas agrupadas no PVF Co-
municação.
As especificações relativas a câmaras vídeo, altifalantes e microfone, portas padrão, processador,
acelerómetro, giroscópio e sensor luminosidade são mantidas como configuração Base. A sua
inexistência é fator de exclusão automática. Teclado externo, maior capacidade de memória e
GPS são fatores de melhoria do desempenho e são considerados como alternativa.
A especificação relativa a autonomia foi alterada, agora a definição de mínimos é 8 horas em
estado ativo.
Foi definida uma nova especificação/característica designada visualização que explicita o con-
ceito vagamente aflorado na definição de contexto. Essa característica incorpora as propriedades
que permitem a dados serem visualizados em ambientes exteriores e em situação de luz solar
indireta mas de elevada luminosidade. Do ponto de vista técnico significa que o ecrã deverá ter
luminância, normalmente chamada de brilho ou luminosidade, elevada.

13
Secção II.2.2. Tabela de Pontos de Vista Fundamentais

PVF Nome Definição


PVF-1 Peso Peso tem o sentido utilizado em linguagem corrente, tudo aquilo
que fatiga, cansa e enfraquece o desempenho físico do utilizador.
A unidade de medida é o grama (g).
Pretende-se um equipamento “muito portátil”, o peso é o fator
chave na portabilidade já que a dimensão está balizada pela di-
mensão do ecrã.
A escala de classificação será relativa à amostra de 495g a 888g.
Peso inferior é melhor.
PVF -2 Autonomia Autonomia mede o tempo durante o qual o dispositivo se mantém
operacional sem necessidade de ser ligado a fonte de alimentação
externa.
A unidade de medida é minutos (min).
Esse tempo é medido com o dispositivo ativo com Wi-Fi ativo.
Escala contínua começa em 480 min e aumenta até 960 min.
Autonomia maior é melhor.
PVF-3 Resistência Resistência é a capacidade do dispositivo para suportar solicita-
ções externas sem se danificar nem reduzir as suas funcionalida-
des.
São previstos 3 tipos de solicitações.
PVE-3.1 - Resistência melhorada do Vidro (0, 1)
PVE-3.2 - Proteção contra a penetração de objetos sólidos (EN
60.529)
PVE-3.3 - Proteção contra a penetração de água (EN 60.529)
O PVF é medido por uma escala de 3 dígitos, em que o 1º dígito
representa o PVE3.1, o segundo o PVE3.2 e o terceiro o PVE3.3. As
combinações possíveis são: 000, 033, 055, 057, 100, 133, 155, 157.
Na amostra só existe 133 e 157.
Resistência maior é melhor.
PVF-4 Visualização Visualização representa as características da apresentação de ima-
gem.
PVE-4.1 – Visível à luz do sol. Critério: 0, 1 (Não, Sim). Visível à luz
do dia é melhor.
PVE-4.2 – Resolução, número de pixeis que podem ser exibidos em
cada eixo. Unidade de medida é Nº pixel eixo X x Nº Pixel
eixo Y. Maior é melhor
PVE-4.3 – Dimensão do écran na diagonal. A unidade de medida é
polegadas (pol., ”) para dimensões comerciais. As di-
mensões comerciais possíveis são; 10,1” e 11,6”. Maior
é melhor Valores possíveis, para o PVF, são por ordem
crescente:
0-1280x800-10,1
0-1366x768-10,1
0-1920x1200-10,1
1-1280x800-10,1
1-1366x768-10,6
1-1920x1200-10,1
1-1920x1200-11,6

14
Na amostra existem todas as possibilidades.
Visualização à luz do dia com maior resolução e maior dimensão é
melhor.
PVF-5 Comunicação Comunicação caracteriza a capacidade de o dispositivo estabele-
cer ligações de dados nos 3 protocolos definidos: normas IEEE
802.11-2007 a/b/g/n; Bluetooth® V3.0; e GSM 3,5G (HSDPA).
PVE-5.1 – GSM (Não, Sim, Sim melhorado) (0,1,2)
PVE-5.2 – Bluetooth (Não, Sim, Sim melhorado) (0,1,2)
PVE-5.3 – WI-FI (Sim, Sim melhorado) (0,1)
Valores ordenados para o PVF são: 221, 121, 111, 021, 011
Na amostra existem todas as possibilidades.
Comunicação com GSM melhorado, Bluetooth melhorado e WI-Fi
melhorado é melhor.
PVF-6 Funcionalidade Agrupa as especificações mínimas de Hardware e permite consi-
derar a existência de adicionais.
A especificação mínima (Base) é composta por: Processador 2/4
núcleos com velocidade de relógio superior a 1 GHz, Microfone câ-
mara vídeo dorsal (3Mpx) e frontal (1Mpx), 1GB RAM, 16GB Disco,
Jack 3,5mm micro-áudio, porta USB 2.0, micro SDHC 32GB, acele-
rómetro, giroscópio, sensor luminosidade.
Os adicionais interessantes são: Teclado externo, Micro SDXC,
GPS.
A escala analógica ordenada da amostra é:
Base + mSDXC
Base + GPS
Base + Teclado + mSDXC
Base + Teclado + GPS
Funcionalidade Base + Teclado + GPS é melhor.

15
Secção II.2.3. Diagrama de Pontos de Vista Fundamentais

Projeto
TABLET

PVF-1 PVF-2 PVF-3 PVF-4 PVF-5 PVF-6


Peso Autonomia Resistência Visualização Comunicação Funcionalidade

PVE-4.1
PVE-3.1 PVE-5.1
Vísivel com luz do
Resistência Vidro GSM
Sol

PVE-3.2
PVE-4.2 PVE-5.2
Proteção contra
Dimensão Bluetooth
sólidos

PVE-3.3
PVE-4.3 PVE-5.3
Proteção contra
Resolução WI-FI
líquidos

16
Secção II.3. Construção das Funções de Valor e Apuramento dos
Valores Parciais
Neste trabalho utilizamos um programa informático de Apoio à Decisão (M-MACBETH).
Esse programa efetua uma apreciação dos graus de atração que cada elemento analisado revela.
Isto é, faz uma apreciação qualitativa da apetência de um dado produto e de cada uma das suas
características principais para o avaliador.
Essas características, Pontos de Vista Fundamentais, são organizadas em árvore de valores. A
organização em árvore facilita uma apreensão estruturada dos aspetos fundamentais do problema
em apreciação.

Figura 5 - Árvore de valores

Para racionalizar a definição de escalas de apreciação adotou-se para todos os PVF uma escala de
0 a 100, em que 100 corresponde a “melhor” e 0 a “pior”.
Optou-se por uma escala única para não confundir na apreciação intelectual do problema, é mais
intuitivo pensar sempre sobre a mesma escala. A escala escolhida foi de 0 a 100 para possibilitar
a utilização de números inteiros sem comprometer a resolução da escala.

17
PVF-1 – Peso
O critério definido para este ponto de vista fundamental é quantitativo, medido em gramas. O
valor 100 está associado ao menor peso da amostra em análise. O valor 0 está associado ao maior
peso da amostra. Os outros valores da amostra são introduzidos discretamente como valores quan-
titativos e o nível de desempenho relativo é caracterizado. Daqui resulta uma função de valor não
linear que representa a apreciação.

Figura 6 - Função de valor e matriz de atratividade do PVF-1

O equipamento de maior peso é muito penalizado e divide a escala praticamente ao meio. Para os
outros dispositivos o peso da pontuação é aproximadamente proporcional ao peso.
Para o mais leve há maior atratividade e portanto uma bonificação na pontuação, por isso a dife-
rença de pontos entre o 1º e o 2º pesos e entre o 5º e 6º são iguais, 14 pontos, embora as diferenças
de peso sejam diferentes respetivamente 40 e 55 g.
A diferença de pontos entre os 2º e 3º pesos é de 13 pontos correspondendo a 52 g de diferença,
A diferença de pontos entre os 3º e 4º pesos é de 5 pontos, a diferença entre pesos é de apenas
13g.
A diferença de pontos entre os 4º e 5º pesos é de 9 pontos, quase o dobro da anterior para uma
diferença entre pesos de apenas 25 g, praticamente o dobro da anterior.
A diferença de pontos entre os 6º e 7º pesos é de 45 pontos, quase metade da escala, correspon-
dendo a 208 g de diferença, quase metade da diferença de pesos da escala.

18
PVF-2 – Autonomia
O critério definido para este ponto de vista fundamental é quantitativo, medido em minutos. O
valor 100 está associado à maior autonomia da amostra em análise. O valor 0 está associado à
menor autonomia da amostra. Os outros valores da amostra são introduzidos discretamente como
valores quantitativos e o nível de desempenho relativo é caracterizado. Daqui resulta uma função
de valor que representa a atratividade.

Figura 7 - Função de valor e matriz de atratividade do PVF-2

A melhor autonomia tem o valor 100 e a pior o valor 0. A segunda melhor autonomia tem o valor
50 já que corresponde ao valor médio entre a melhor e a pior. Os restantes valores apesar de
definidos em função da atratividade são também proporcionais. O Gráfico da função de valor
resulta numa reta.

PVF-3 – Resistência
O critério definido para este ponto de vista fundamental é qualitativo e mede a resistência a soli-
citações externas. O PVE-3.1 não tem aplicação já que todos os componentes da amostra apre-
sentam resistência melhorada do vidro. Assim a escala resultante é binária correspondendo a sim
ou não resistência ambiental melhorada. Para manter a escala os valores possíveis são 0 e 100.
Como só há dois valores a escala é automática.

Figura 8 - Função de valor e matriz de atratividade do PVF-3

19
PVF-4 – Visualização
O critério definido para este ponto de vista fundamental é qualitativo e mede as características de
apresentação visual de dados. O aspeto principal corresponde ao PVE-4.1 visível à luz do sol e
divide a amostra em dois grupos na escala. A resolução é o segundo critério em importância,
dimensão é menos importante.

Figura 9 - Função de valor e matriz de atratividade do PVF-4

A diferença entre as 1ª valor e 2ª posições é devida unicamente à dimensão na diagonal, a dife-


rença de pontos atribuída é a mínima 14.
A diferença entre a 1ª e 3ª posições é relativa a dimensão e resolução. A diferença de pontos é já
relevante, 36 pontos.
A diferença entre visível à luz do dia e não visível (3º,4º) é máxima, 45 pontos.
As diferenças entre resoluções para a mesma dimensão diagonal (2º,3º e 5º,6º) são similares 21 e
22 pontos.

PVF-5 – Comunicação
O critério definido para este ponto de vista fundamental é qualitativo e mede as características de
comunicação dos equipamentos na amostra. O aspeto principal corresponde ao PVE-5.1.
A escala é homogénea e proporcio-
nal, os intervalos são similares.

Figura 10 - Função de valor e matriz de atratividade do PVF-5

20
PVF-6 – Funcionalidade
O critério definido para este ponto de vista fundamental é qualitativo e garante a existência das
especificações mínimas e pontua alternativas interessantes. Na amostra existem quatro alternati-
vas que são organizadas por ordem de atratividade.

Figura 11 - Função de valor e matriz de atratividade do PVF-6

A diferença entre as 1ª e 2ª posições é idêntica à diferença entre as 3ª e 4ª, 25 pontos. As diferenças


qualitativas são também idênticas.
A diferença entre as 1ª e 3ª posições é idêntica à diferença entre as 2ª e 4ª, 75 pontos. As diferenças
qualitativas são também idênticas.

Resultados da fase construção de funções de valor.


Do conjunto de funções de valor criadas resultam as seguintes tabelas de performances e de or-
denações anteriores à ponderação.

Figura 12 - Tabelas de performance e ordenações

21
Secção II.4. Determinação dos Coeficientes de Ponderação
A determinação dos coeficientes de ponderação é feita em duas fases, primeiro ordenando os
critérios pela sua atratividade, tendo em conta as considerações do contexto decisional, utilizando
o método de “tradeoff procedure”.
O PVF dominante é o PVF-1 – Peso, o equipamento deve ser muito portátil.

Figura 13 - Diagramas de atratividade relativa.

Em segundo lugar figura o PVF-5 – Comunicação. É primordial receber e transmitir informações.


O equipamento será utilizado no exterior em operação. O PVF-4 – Visualização é mais importante
que os PVF 2, 3 e 6.
O equipamento deve operar durante todo o tempo na frente de operações sem ser recarregado, O
PVF para esta função é o PVF-2 – Autonomia. É mais importante que os PVF 3 e 6.
Na frente de operações as condições ambientais são rigorosas. O PVF-3-Resistência é mais im-
portante que o 6.
Em seguida utilizou-se o software M-Macbeth para gerar valores para os coeficientes com base
na ordenação estabelecida. Estando os critérios ordenados utilizou-se o M-Macbeth para definir
a ponderação. A classificação dada pelo M-Macbeth resulta da classificação de atratividade entre
os PVF’s.
Daqui resultaram, após correção manual, a matriz de atratividade e o histograma de ponderação
que se apresentam nas figuras 14 e 15.

Figura 14 - Matriz de atratividade da ponderação

22
Existindo 6 PVF caso todos tivessem o mesmo peso, o valor da ponderação seria 16.66 em todos

Figura 15 - Histograma da
ponderação
eles.
A ponderação definida privilegia o PVF principal, o PVF-1, este tem um peso de 24,4%, afas-
tando-se em 3,8 pontos percentuais do 2º.
Os PVF 5, 4 e 2, com o 2º, 3º e 4º pesos surgem num grupo compacto com um afastamento
mínimo de 1,5 pontos percentuais de diferença entre si.
O PVF-5 tem um peso de 20,6%. O PVF-4 tem um peso de 19,1%. O PVF-2 tem o peso de 17,6%.
A diferença entre pesos, 1,5%, corresponde bem à diferença de atratividade fraca que carateriza
a opinião sobre estes PVF,
O PVF-3 aparece na 5ª posição o que corresponde à atratividade relativa definida anteriormente.
Tem o valor de 12,2% com o afastamento de 5,4 pontos percentuais para o anterior. Este afasta-
mento está adequado à diferença de atratividade.
Por fim o PVF-6 fica em 6º lugar com o peso de 6,1%. O afastamento ao anterior é de 6,1 pontos
percentuais o que se adequa à sua muito menor atratividade, mas é suficiente para que tenha efeito
sobre o apuramento dos valores globais de classificação.

23
Secção II.5. Apuramento dos valores globais das alternativas
Definida a ponderação o M-Macbeth gera uma classificação para a amostra. Obtemos os resulta-
dos indicados na figura 16.

Figura 16 - Tabela de apuramento dos valores globais

A classificação é adequada. O XPZ está na 1ª posição, que resulta de ter alcançado dois 1º lugar,
dois 2º lugar e dois 3º lugar, obtendo o total de 73,17 pontos ou seja, atinge 73,17% do máximo
possível, que nunca é alcançado.
O termómetro global, figura 17 mostra o resultado do apuramento dos valores globais. O XPZ
surge destacado, o VIVOTAB aparece em 2º lugar em perseguição e os restantes equipamentos
ficam muito agrupados criando um grupo compacto sem diferenciação relevante.
A diferença de pontuação entre os dois melhores classificados é de 15,8 pontos ou 15,8%.

Figura 17 - Termómetro
global

Esta diferença resulta da melhor performance do XPZ nos PVF-1, 3 e 4, nos quais o saldo positivo
é de +3,42%, +12,20% e +16,43% respetivamente, o que a vantagem do VIVOTAB nos PVF-2 e
6 respetivamente +13,2% e +3,05% não consegue compensar.

24
O perfil de diferença ponderado apresentado na figura 18 ilustra bem a diferença das classifica-
ções ponderadas dos 2 equipamentos e justifica o afastamento em pontos.

Figura 18 - Perfil de diferença ponderado

25
Secção II.6. Validação dos resultados

Secção II.6.1. Análise de Sensibilidade no Peso


Apresenta-se em seguida a análise de sensibilidade no peso efetuada entre os dois primeiros clas-
sificados. Em três dos seis PVF não há interseção. Nos três PVF em que a linha do primeiro
classificado intersecta a linha do 2º classificado, o cruzamento é fora do campo de variação do
peso pelo que qualquer alteração ao julgamento do peso não provocará alteração no resultado. Só
em um dos PVF, o PVF-2, a interseção é suficientemente próxima do intervalo de variação para
merecer apreciação.

Figura 19 - Gráficos de análise de sensibilidade no peso

Secção II.6.2. Análise de robustez


Na análise de robustez efetuada pelo M-Macbeth verificamos que todas as pontuações globais
obtidas estão em situação de preponderância (positiva). Isto representa que na maioria, mais de
50% das combinações possíveis, a posição relativa se mantém.

26
O VIVOTAB está em posição de superioridade relativamente ao GTAB2, é sempre superior em
qualquer combinação possível de julgamentos.
A análise de robustez do M-Macbeth é apresentada na figura.

Figura 20 - Análise de robustez

27
Capítulo III. Informação sobre os modelos na amostra
Os modelos de tablet considerados nesta avaliação são os seguintes:
Abreviatura Posição Marca Modelo Logotipo
XP Z 1º SONY XPERIA Z LTE

VIVO TAB 2º ASUS VIVOTAB RT 3G

GNOTE 3º SAMSUNG GNOTE10.14G

GTAB 2 4º SAMSUNG GTAB210.13G

TPAD 5º ASUS TPAD INFINITY TF700KL

SURFACE 6º MICROSOFT SURFACE RT

TSHB 7º TOSHIBA AT300SE

ATIVPC 8º SAMSUNG ATIVPXE700-A03PT

Os resultados alcançados pelos vários equipamentos são apresentados em seguida:

Perfil XP Z Perfil TPAD Perfil VIVOTAB Perfil GTAB2

Perfil GNOTE Perfil SURFACE Perfil TSHB Perfil ACTIVPC

28
Capítulo IV. Análise custo-benefício
A análise custo-benefício foi elaborada com recurso ao M-Macbeth. Nesta análise o M-Macbeth
integra as pontuações em ordem ao custo e traça um gráfico que apresenta o custo no eixo das
abcissas por ordem decrescente e a pontuação por ordem crescente no eixo das ordenadas.
A área resultante é a área da amostra e o seu limite representa a fronteira de eficiência sobre a
qual se situam os equipamentos de eficiente relação de custo-benefício.
Todos os restantes equipamentos da amostra são rejeitados como ineficientes.

Figura 21 - Gráfico custo-benefício

Analisando o gráfico constatamos que há 3 modelos na fronteira eficiente. Estes são:

Abreviatura Posição Posição na análise C/B Custo Pontos


XP Z 1º 1º 649€ 73.17
GTAB 2 4º 2º 439.90€ 41.00
TSHB 7º 3º 299€ 35.42

Estes modelos são os únicos em relação aos quais a avaliação prossegue, ir-se-á em seguida veri-
ficar os índices de eficiência absoluta de cada modelo e em seguida a relação custo-benefício
relativa.

Os índices de eficiência de cada modelo estão calculados na tabela seguinte.

XPZ GTAB2 TSHB

73,17 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠 41,00 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠 35,42 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠


= 0,11 = 0,09 = 0,12
649,0 € 439,9 € 299,0 €

649,0 € 439,9 € 299,0 €


= 8,9 = 10,7 = 8,2
73,17 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 41,00 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 35,42 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜

29
E a relação de eficiência em custo/benefício é dada pela tabela seguinte;

XPZ em relação a GTAB2 GTAB2 em relação a TSHB XP Z em relação a TSHB

32,17 5.58 37.75


× 100 = 15,38% × 100 = 3,96% × 100 = 10,8%
209,1 140.9 350

Importa concluir se a vantagem em performance do XPZ sobre o GTAB2 conduz à sua escolha
apesar de uma diferença de custo de 209,10€.
Utilizaremos o perfil de diferença ponderado para analisar esta diferença.

Figura 22 - Perfis de diferença XPZ/GTAB2

E verificamos que o 1º classificado na análise C/B tem vantagem competitiva importante nos PVF
1, 3 e 4 respetivamente de 6,56%, 12,20% e 16,43% quando o GTAB2 só leva vantagem no PVF-
6 que é o menos importante de acordo com a decisão na ponderação.
Assim, será acertado decidir pela escolha do equipamento que ficou colocado em 1º lugar tanto
na análise multicritério pura como na análise custo-benefício.

30
Capítulo V. Recomendação sobre o modelo a escolher
A apreciação efetuada sobre a amostra disponível conduz à recomendação de escolha do modelo
SONY TABLET XPERIA Z LTE como o mais adequado à finalidade pretendida.
Este modelo respeita todos os requisitos definidos no contexto decisional e a maioria dos opcio-
nais, obtém a mais alta pontuação na apreciação ponderada dos Pontos de Vista Fundamentais,
apresenta a melhor performance e uma relação custo benefício favorável.

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Bibliografia
Bana e Costa, A. (1992). Structuration, Construction et Exploitation d'un Modèle
Multicritère. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa.
Fernandes Thomaz, J. C., & Leitão, M. L. (1998). SISTEMAS DE APOIO À DECISÃO.
Lisboa: Universidade Lusíada.
Keeney, R. (1992). Value-Focused Thinking. Harvard: Harvard University Press.
Kirkwood, C. W. (1997). Strategic Decision Making: Multiobjective Decision Analysis
with Spreadsheets. Belmont, CA: Duxbury Press.

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