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Charles Darwin (1809-1882)

Medicina Darwiniana e A Origem das Espécies (1859)

Ou porque é que
conhecer a evolução
é importante para a nossa saúde

Teresa Avelar

As teorias de Darwin e A Origem das Espécies Darwin e A Origem das Espécies:


Descendência comum
‰ Materialismo Evolução por ramificações a partir de um
‰Evolução em si
ancestral comum, sem direcção privilegiada

‰ Evolução por ramificações a partir de um ancestral


comum (originando novas espécies)

‰ Principal mecanismo evolutivo: selecção natural

‰ Inclusão do Homem

1837

A árvore da vida…2008
O que a evolução NÃO é…

www.passeiweb.com/.../2_darwin_teoria_evolucao

1
Biodiversidade: An inordinate fondness for beetles… A história da Terra em 60 minutos
59 mins 59 secs e 900 ms:
Coleópteros NÓS!!!

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Dípteros

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Himenópteros 10 mins: rochas

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52 mins:

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Lepidópteros mais antigas

i co
fósseis
Outros Insectos
multicelulares
Outros Invertebrados mais antigos
Vertebrados 13 mins:
Plantas fósseis mais
Fungos antigos
Procariotas 40 mins:
eucariotas Proterozóico
mais antigos

http://evolution.berkeley.edu/evosite/
J.B.S. Haldane
(1892-
(1892-1964)

A evolução do Homo sapiens


A evolução dos 10 000 anos - Agricultura
Hominídeos

60 000 anos -
Saída de África

Caçadores-
colectores

160 000 anos-


Nature, 24 Apr. 2003 Origem do Homo sapiens

Darwin e A Origem das Espécies: A selecção natural Darwin e A Origem das Espécies:
A selecção natural
1. Os seres vivos variam
1. Os seres vivos variam
Variação no modo de metabolizar medicamentos
2. Algum indivíduos têm variações vantajosas
Gene → Enzima → Acção sobre substrato químico
e reproduzem-se mais

3. Algumas variações são herdáveis


Gene CYP2D6 (cerca de 80 alelos).
7% dos Europeus têm alelos que causam redução Os indiví
indivíduos com variaç
variações favorá
favoráveis serão
na actividade do enzima → não transformam codeína mais frequentes na geraçgeração seguinte:
seguinte:
em morfina «This preservation of favourable variations and the
rejection of injurious variations, I call Natural Selection.»
(Darwin, Origin, p.81)

2
Novos ambientes e selecção natural nos
A selecção natural humanos: tolerância à lactose

• Consequência automática de diferenças Todos os Mamíferos produzem a


enzima lactase necessária à digestão
herdáveis no sucesso reprodutor do leite quando bébés…

• Contingente – dependendo de: Lactose + água → galactose + glucose


- uma dada população (determinando a
variação herdável) Nas populações em que a
domesticação do gado resultou na
- e um dado ambiente (determinando o
produção de leite, a selecção
que é vantajoso) favoreceu a persistência da
actividade da lactase nos adultos

Selecção natural nos humanos: tolerância à lactose


4 perguntas sobre características dos seres vivos

1. Como é que funciona (causalidade próxima)


2. Como é que se desenvolve (ontogenia)
3. Qual a vantagem selectiva?
4. Como é que evoluiu (filogenia)?

% tolerância
A medicina
só considera
1. e 2.
1 Mutação em populações europeias (7000-12000 anos)
3 mutações diferentes (com menos de 7000 anos)
em populações do Quénia, Tanzânia e Sudão

Constrangimentos, e.g. históricos


Porque é que somos vulneráveis
Incapacidade em sintetizar ácido ascórbico,
1. Constrangimentos e.g. vitamina C em Primatas… e porquinhos da
2. Compromissos entre características (trade-offs) Índia
3. Novos ambientes
4. Conflitos genéticos
5. A selecção maximiza o sucesso reprodutor e Quando a alimentação é
não o bem-estar deficiente em vitamina C
6. Conflito com microorganismos ocorre escorbuto

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Constrangimentos, e.g. históricos Compromissos (trade-offs)
Incapacidade em sintetizar vitamina C
Porque é que envelhecemos?

A intensidade da selecção diminui com a idade


mesmo com mortalidade constante

Ex: Doença de Huntington, mutação letal


dominante…que só se exprime por volta dos
40 anos

O gene que codifica um dos enzimas necessários tem uma


• Trade-offs: genes têm efeitos benéficos
mutação que o torna inútil: é um pseudogene, e a mutação precoces e efeitos desvantajosos tardios
é diferente em macacos e porquinhos da Índia

Compromissos (trade-offs) Novos ambientes


Perigos até há 10.000 anos
Porque é que os homens tendem a • Doenças infecciosas
viver menos do que as mulheres?
• Predação
• Trade-offs: • Acidentes
investimento em • Fome
capacidades
competitivas (mais Perigos após a revolução agrícola
testosterona) tem
• Doenças infecciosas oriundas de animais
resultados negativos,
domésticos:
e.g. testosterona Gado → Varíola, sarampo, tuberculose
inibe o sistema Aves e porcos → gripe
imunitário Deficiências nutritivas

Novos ambientes Novos ambientes

Perigos hoje
Obesidade e diabetes tipo II

• Somos muito motivados para


comer gorduras, açúcares e sal
Perigos hoje
• Fazemos muito menos exercício
• Cancro
• Fetos que se desenvolvem em
• Doenças cardiovasculares condições de má nutrição da mãe
originam adultos super-eficientes a
• Obesidade e diabetes tipo II armazenar excesso de nutrientes
• Novas doenças infecciosas?

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Novos ambientes e a reprodução
Novos ambientes
Excesso de higiene? No passado:
100-150 ciclos
menstruais
Temos muito menos helmintas parasitas…

…Temos muito mais doenças auto-imunes e.g. Hoje, com contracepção: 350-400 ciclos
asma, diabetes tipo I
Aumento de cancro da mama, útero e ovários?
Na Colômbia, Costa Rica e Equador, as taxas de cancro
da mama (20-30 por 100.000) são 5 vezes menores do
que nos EUA e Europa (100-150 por 100.000).

Conflitos genéticos Conflitos genéticos


Diabetes durante a gestação (10% dos casos)
A taxa de aborto espontâneo é cerca de 60% • Feto “quer” mais glucose do que é óptimo para a mãe
• Produz hormonas que inibem a insulina, em particular
Será porque os embriões eliminados são de
Human Placental Lactogen hPL, com níveis 2000 vezes mais
“má qualidade”? elevados do que outras hormonas
• A mãe aumenta produção de insulina
Em 12% dos casos são produzidos gémeos
monozigóticos…Mas só em 2% desses casos • Quando o feto produz hormonas a mais, ou a mãe insulina a
é que ambos os gémeos menos, há diabetes
nascem vivos • Nos casos em que o feto não produz hPL, a mãe não
aumenta produção de insulina e a gestação é normal

Conflito com microorganismos:


Conflito com microorganismos Origem das doenças infecciosas
Os agentes patogénicos evoluem mais depressa

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Conflito com microorganismos Interacção hospedeiro-parasita
Novas doenças: gripe H1N1
Alguns sintomas desagradáveis são defesas
ARN que codifica cerca de 10 Expelem agente patogénico
proteínas •Espirrar
H: hemaglutinina, proteína da •Tossir Destróiem agente
superfície do vírus,que lhe •Vomitar patogénico:
permite aderir à célula que •Diarreia •Febre
vai infectar
•Anemia
N: neuraminidase: proteína Permitem a recuperação
•Inflamação
da superfície do vírus que lhe •Dor
•Reacção imunitária
permite saír da célula

Contém genes de vírus de porcos (2 estirpes), aves e


humanos

A selecção maximiza o sucesso reprodutor e não o bem-estar Interacção hospedeiro-parasita:


Defesas ou Manipulação por parasita para facilitar
Alguns sintomas desagradáveis são defesas: a sua transmissão?
Anemia durante infecção?
• Intensificação de espirrar e tossir (constipação)
• Ferro é essencial para o transporte de oxigénio
• Diarreia (cólera)
• Também é essencial para muitas bactérias
• Manipulação da agressão (raiva)
• Quando temos uma infecção há produção de um factor
que diminui a quantidade de Ferro no sangue
• Ficamos com aversão a comidas ricas em ferro (e
preferimos fruta e torradas…)

Suplementos de Ferro em zonas onde a


probabilidade de infecção bacteriana é elevada
podem ser desvantajosos

A selecção maximiza o sucesso reprodutor e não o bem-estar


Interacção hospedeiro-parasita
Se o custo da defesa < redução do efeito negativo
do perigo, a selecção favorece a expressão da
defesa Alguns sintomas podem ser defesas….

Ocorrem falsos alarmes, i.e. a defesa é exagerada ….ou manipulação pelo parasita
Pânico
Fobias É importante saber quais e quando!
Choque anafilático

Nesse caso pode ser bloqueada

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Evolução da virulência Evolução da virulência

2 hipóteses:
Um agente patogénico que coevolui com o
hospedeiro pode-se tornar • Trade-off entre danos e taxa de transmissão
• Mais virulento
• Efeito fortuito (ausência de relação entre
• Menos virulento
sintomas e transmissão)
Dependendo do modo como a virulência
(danos causados pelo agente patogénico)
está associada às probabilidades de
transmissão

Evolução da virulência:
Trade-off entre danos e taxa de transmissão Evolução da virulência: Efeitos fortuitos
Previsão: doenças de transmissão directa (TD) tenderão
a ser menos nocivas do que doenças transmitidas por
Sintomas não têm a ver com a probabilidade de
vectores (V) transmissão

Poliomielite (Enterovirus):
gastro-intestinal…
Sistema Nervoso em 3% casos

mortalidade

Evolução da virulência O futuro?


Um agente patogénico que invade um novo Science 26 Feb. 2006
hospedeiro tem efeitos imprevisíveis

• Varíola bovina (cowpox) pouco nociva nos humanos


(menos do que a varíola humana)

• HIV: mais nocivo nos humanos do que nos


http://www.evolutionandmedicine.org/
chimpanzés

http://evmedreview.com/

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