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como uma cadeira. Chama-se cadeira por que se quis dizer que isto se
chamava cadeira a outrem como forma de demarcao.
H um livro infantil sob o ttulo Marcelo, marmelo, martelo, escrito pela
Ruth Rocha, que conta a histria de um garoto que desenvolveu uma
linguagem prpria. O primeiro dilogo do livro assim: Mame, por que que
eu me chamo Marcelo? Ora Marcelo foi o nome que eu e o seu pai
escolhemos. E por que eu no me chamo martelo? Ah, meu filho, martelo
no nome de gente! nome de ferramenta... Por que no escolheram
marmelo? Porque marmelo nome de fruta, menino! E a fruta no podia
chamar Marcelo, e eu chamar marmelo?. O interessante deste livro que o
garoto pergunta aos adultos os porqus de todos os nomes das coisas, os
adultos no conseguem achar explicaes e acabam por sentirem-se irritados.
Talvez, Wittegenstein diria a esse garoto que os nomes das coisas assim o so
porque assim queramos dizer e fazendo-o dessa forma acabamos por definir,
por meio da linguagem, uma certa ordenao nas coisas do mundo.
Posto isso, passamos a aproximar-nos do que Wittegenstein chamou de
jogos de linguagem. Por termos o hbito de denominar as coisas, acabamos
por construir um parmetro norteador, um emaranhado de regras que
contextualiza a linguagem e o seu uso. Os jogos de linguagem so assim
famlias de significaes, so objetos de comparao por meio de
semelhanas e diferenas. Partindo do pressuposto dos jogos de linguagem,
qualquer afirmao feita como objeto de comparao, como um critrio e no
como um pr-juzo dogmtico ao qual a realidade corresponde.
Em vez de indicar algo que comum a tudo aquilo que chamamos
de linguagem, digo que no h uma coisa comum a estes
fenmenos, em virtude da qual empregamos para todos a mesma
palavra mas sim que esto aparentados uns com os outros de
muitos modos diferentes. E por causa deste parentesco ou desses
parentescos, chamamo-los todos de linguagens. (W., p. 52).