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Pereira, bem como lvaro Villaa Azevedo, Luiz Edson Fachin, Srgio Resende
de Barros, entre tantos outros, e nas decises de outros tantos magistrados, em
especial no que se trata da unio entre pessoas do mesmo gnero e da
parentalidade socioafetiva.
Enquanto a unio homoafetiva ser objeto de aprofundada anlise ao
longo do presente estudo, ressalta-se neste momento a aplicao da
parentalidade socioafetiva enquanto instituio jurdica, objeto de vrios
estudos acadmicos, destacando-se o pioneirismo de Joo Batista Vilella, nos
idos de 1980.
Mais recentemente, juristas como Maria Berenice Dias tm defendido a
chamada adoo brasileira, que tem origem no elo afetivo e levam ao
reconhecimento do vnculo jurdico da filiao. Nas palavras da jurista, de tal
ordem a relevncia que se empresta ao afeto que se pode dizer agora que a
filiao se define no pela verdade biolgica, nem a verdade legal ou a verdade
jurdica, mas pela verdade do corao.
Ademais, a parentalidade socioafetiva est ganhando destaque nos
tribunais ptrios, tanto que foi objeto de dois enunciados na I Jornada de
Direito Civil, promovida pelo Conselho da Justia Federal, sob a chancela do
Superior Tribunal de Justia, que no apenas reconheceram a instituio da
parentalidade socioafetiva, como demonstraram o valor do afeto no
ordenamento jurdico brasileiro, como se verifica a seguir:
Enunciado n 103 O Cdigo Civil reconhece, no art.
1.593, outras espcies de parentesco civil alm daquele
decorrente da adoo, acolhendo, assim, a noo de que h
tambm parentesco civil no vnculo parental proveniente
quer das tcnicas de reproduo assistida heterloga
relativamente ao pai (ou me) que no contribuiu com seu
material fecundante, quer da paternidade socioafetiva,
fundada na posse do estado de filho.
Enunciado n 108 No fato jurdico do nascimento,
mencionado no art. 1.603, compreende-se luz do
disposto no art. 1.593, a filiao consangnea e tambm a
socioafetiva.
Assim, depreende-se do ordenamento jurdico ptrio, em especial da
Constituio Federal de 1988, dos estudos acadmicos e dos tribunais
brasileiros que o afeto transcendeu a figura de elemento ou origem da famlia, e
se tornou um valor inerente s relaes familiares e deve ser encarada como um
princpio que se irradia por todo o Direito de Famlia.