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Intervenção do Primeiro-Ministro
José Sócrates
10.02.2010
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Segundo as estimativas da União Europeia, no triénio 2008 a 2010 o recuo na
criação de riqueza – a queda do PIB na Europa dos 27 – será de 3,4%; e
quedas de valor semelhante aconteceram no EUA ou no Japão.
Mas é bom que se afirme com clareza e sem hesitações: enfrentámos a crise
com coragem e determinação; e a economia portuguesa respondeu à crise
com resultados mais positivos do que a Europa, os Estados Unidos e o Japão:
O nosso sistema financeiro resistiu de forma mais sólida do que em
muitos outros países.
O recuo económico atingiu em Portugal valores bem inferiores à média
da União Europeia e fomos dos primeiros países a sair da situação de
recessão técnica. A queda do PIB que atingirá 4% em 2009 na Zona euro ou
na U.E. deverá em Portugal situar-se nos 2.6%.
A evolução do desemprego situou-se em linha com a evolução europeia,
ainda que atingindo valores historicamente muito elevados.
E, mesmo o desempenho das nossas exportações, ainda que
enfrentando uma severa crise da procura externa, superou as expectativas,
sendo determinante para a menor intensidade da queda do produto.
Uma das mais severas consequências da crise que vivemos traduziu-se numa
degradação das contas públicas que provocou, em 2009, um claro
agravamento do défice e do crescimento da dívida pública. Em Portugal como
no resto do Mundo.
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Este foi um reflexo inevitável da crise e da forma como a ela reagimos.
Mas sejamos totalmente claros a esse respeito: Portugal registou, entre 2007 e
2009, um crescimento do seu défice das contas públicas próximo do registado
na União Europeia e inferior à média dos países da OCDE.
Repito: um défice público que cresceu de forma análoga à evolução dos outros
países da UE e uma dívida publica que está abaixo da zona euro.
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A recuperação económica tem de significar o esforço de melhoria das
condições de afirmação da competitividade empresarial com especial destaque
para as áreas e sectores onde as vantagens nacionais são mais sustentáveis
dedicando particular atenção aos sectores da energia, da fileira florestal e do
turismo. A melhoria das condições de aplicação do QREN e do PRODER será
uma das chaves desta recuperação.
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A continuação do investimento da rede de equipamentos sociais,
especialmente creches e lares;
Foi o processo bem sucedido de consolidação das contas públicas entre 2005
e 2008 que permitiu a Portugal, em 2009, utilizar a política orçamental na
redução dos efeitos da crise internacional.
Se não tivéssemos essa margem de actuação a recessão teria sido mais dura
e a capacidade para dela sairmos bem mais frágil.
É também por isso que a aprovação pelos partidos da oposição de uma nova
lei das finanças regionais constitui um sinal errado que não posso deixar de
criticar.
Mas assumimos que necessitamos, desde já, de diminuir o défice público que
descerá um ponto percentual.
Assumimos que essa evolução se fará com uma redução do peso da despesa
primária no PIB e com uma redução das despesas com pessoal.
Estas opções, que representam um esforço sério dos portugueses, que não é
compatível com a alteração de uma lei, das finanças regionais, que para além
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de injusta para as regiões do país mais desfavorecidas, dá um sinal de
desprezo pelo objectivo de controlar as contas públicas.
Exigência que nos coloca no caminho que nos levará, em 2013 a atingir o
objectivo de equilibrar as contas públicas alcançando um défice inferior a 3%
do PIB.
Pretendo, pois, que a sua discussão não seja um mero acto formal.
O Governo deseja gerar o maior consenso possível neste desafio. Faremos um
esforço determinado para que tal se verifique. Pretendo que as linhas do
Programa de Estabilidade e Crescimento possam ser debatidas, na defesa do
interesse nacional, pelos parceiros sociais e pela Assembleia da República.
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O governo apresentará um PEC que beneficiará das reformas estruturais que
foram desenvolvidas na anterior legislatura mas que assumirá, sem hesitações,
as consequências da necessidade de colocar o défice nos limites do pacto de
estabilidade, em linha com as decisões do Conselho Europeu.
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Este documento está disponível no Portal do Governo www.portugal.gov.pt
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