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http://dn.sapo.pt/2008/04/27/editorial/a_quantidade_pode_o_unico_criterio.html
Quando se trata de avaliar o trabalho de uma pessoa, a quantidade é apenas um dos critérios - e o
menos importante quando comparado com a qualidade.
O busílis dos processos de avaliação reside exactamente neste pressuposto. A quantidade é um dado
objectivo facilmente mensurável. A qualidade não.
Este princípio basilar, que é o alfa e o ómega na avaliação das empresas privadas, tem de ser levado em
conta pelo Estado nesta hora em que acertadamente decidiu que não é justo tratar da mesma maneira
todos os trabalhadores que fazem parte da sua lista de pagamentos. Os que produzem mais e melhor
têm de ser premiados e os que se esforçam pouco devem ser penalizados.
Num sector particularmente crítico, o da investigação criminal, o Governo prepara-se para introduzir um
critério essencialmente quantitativo na avaliação dos 1330 inspectores da Polícia Judiciária, o que deve
ser olhado com apreensão pelos cidadãos dadas as consequências gravosas que se adivinham.
O Ministério da Justiça está a preparar um novo sistema de avaliação, a apresentar até Outubro, na
Assembleia da República, que favorece a progressão na carreira dos inspectores que maior quantidade
de acusações conseguirem.
Este primado da quantidade é completamente injusto e perigoso, como nota Carlos Anjos, o presidente
da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal.
Carlos Anjos lembra que ele e outros inspectores estiveram cerca de dois anos a investigar um único e
denso caso de crime económico (Portucale), ao lado de colegas que no mesmo período de tempo
despacharam dezenas de processos mais fáceis de investigar.
Só este exemplo basta para obrigar o ministro Alberto Costa a reflectir bem antes de apresentar no
Parlamento a proposta de novo sistema de avaliação dos inspectores da PJ.
Os velhos demónios da América Latina estão a ressuscitar numa Colômbia dilacerada por uma guerra
civil e por escândalos que mancham a reputação do Presidente Álvaro Uribe, que a acreditar nas
sondagens beneficia de uma elevadíssima taxa de popularidade (84%).
Uribe está a ser seriamente cercado pelo sistema judicial colombiano. Primeiro, foram reveladas as suas
ligações perigosas às milícias paramilitares de extrema-direita envolvidas em massacres de camponeses.
Agora foi a vez de uma ex-congressista confessar que vendeu o voto, por forma a permitir uma alteração
constitucional que permitiu a reeleição de Uribe.
O agravamento da situação na Colômbia lembra-nos que ainda está longe de estar ganha a batalha pela
democracia na América Latina.
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