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Teorias da Comunicação
Contextos ou níveis da comunicação
Teorias da comunicação interpessoal. Teorias da comunicação em pequeno grupo.
Devem existir duas ou mais pessoas em proximidade física e que percebam a presença umas
das outras;
A comunicação interpessoal envolve “interdependência comunicativa”, ou seja, o
comportamento comunicativo de uma pessoa é uma consequência directa do da outra;
A comunicação interpessoal envolve a troca de mensagens;
As mensagens são codificadas de várias formas verbais e não verbais;
A comunicação interpessoal é relativamente carente de estrutura; ela é marcada pela
informalidade e pela flexibilidade.
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Teorias e Modelos de Comunicação
Pós – Graduação em Tecnologias de Informação e Comunicação – 2009/2010
Instituto Jean Piaget – Macedo de Cavaleiros
1.1. O Relacionamento
Quando existe interesse numa interacção face-a-face, as pessoas estabelecem uma relação
alimentada por percepções e interesses comuns.
Os cinco axiomas de comunicação, constantes na obra “Pragmática da comunicação
humana”, de Paul Watzlawick, Janet Helmick Beavin e Don D. Jackson, ajudar-nos-ão a
percepcionar melhor a envolvência da interacção humana abrangida pela comunicação interpessoal.
1.2. Auto-Apresentação
A revelação e compreensão (processo pelo qual uma pessoa se apresenta a outras a fim de
gerir impressões) na comunicação interpessoal, envolve a apresentação do eu a outros. Interessa
aqui invocar o conceito de congruência de Carl Rogers que induz a uma adequada correspondência
entre experiência, consciência e comunicação. Se por um lado, a congruência reflecte maturidade e
ajustamento adequado à sua experiência, por outro, a incongruência percepciona-se no
desajustamento dessas mesmas situações. Tomemos como exemplo a seguinte situação: um
professor exalta-se perante o comportamento inadequado dos alunos de uma turma. Se um aluno lhe
diz: “não se exalte professor”, ele responde “eu não estou exaltado”. A experiência de irritação
desse professor não foi reconhecida pela sua consciência. A negação da sua irritação mostra que em
consciência ele não está irritado, nem comunica o seu estado de exaltação. Este exemplo evidência
uma real incongruência entre experiência, consciência e comunicação. Quando se estabelece uma
comunicação, a congruência pode, em muitas situações, contagiar o comportamento dos outros.
Assim, se um agente da comunicação manifesta um comportamento congruente de respeito pelo
próximo e sua aceitação, o outro tenderá a ter comportamento convergente. O postulado principal
na teoria de Rogers pressupõe três princípios para uma comunicação de sucesso:
Um mínimo de boa-vontade da parte de duas pessoas para estabelecerem contacto;
Uma capacidade e um mínimo de boa-vontade da parte de cada uma dessas pessoas para
receber comunicação da outra;
Supondo que o contacto se mantém durante um certo período de tempo, pode admitir-se
como verdadeira a relação hipotética seguinte:
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Quando o acto comunicativo atinge o entendimento, poderá caminhar para uma relação de
ajuda. Carl Rogers descreveu dez qualidades de uma boa relação de ajuda:
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De entre as alterações que este conceito sofreu, destaco a definição de D.W. Johnson e F.P.
Johnson (1987) que consideram que “o grupo é constituído por dois ou mais indivíduos em
interacção face-a-face, cada um consciente da sua qualidade de membro do grupo, cada um
consciente de outros que pertencem ao grupo e cada um consciente da suas interdependências
positivas quando se empenham em realizar objectivos mútuos”.
Como se pode constatar, um grupo é mais que a soma dos seus membros. Quando as pessoas
congregam um grupo desenvolve-se uma estrutura capaz de gerar uma dinâmica convergente para
os objectivos pré-definidos.
«Pode-se caracterizar num grupo um “todo dinâmico”; isso significa que uma mudança no
estado de qualquer subparte modifica o estado de todas as outras subpartes. O grau de
interdependência das subpartes de membros do grupo varia desde a “massa” amorfa a uma
unidade compacta. Depende, entre outros factores, do tamanho, organização e intimidade do
grupo.»
Obedecendo a normas e a patamares hierárquicos, uma pessoa faz parte de muitos grupos
simultaneamente. Por exemplo um aluno é membro da turma da escolha, membro da comunidade
educativa, membro da sua família, eventualmente membro de outros grupos de bairro, membro da
sua comunidade de residência, membro da sociedade em geral.
Para Kurt Lewin, o impacto dos grupos sobre a vida individual tem quatro qualidades:
O grupo fornece estabilidade à vida da pessoa;
O grupo dota a pessoa com o meio para realizar aqueles objectivos a que ela dá mais valor (é
um veículo para se aproximar de objectos no espaço vital, ou para os evitar);
Os valores e atitudes da pessoa são muito influenciados pelos valores e normas do grupo a
que ela pertence;
Como parte do espaço vital, a pessoa movimenta-se dentro do grupo (ela almeja vária metas
no próprio grupo).
O grau de coesão de um grupo e a identificação mútua entre os seus membros, são variáveis
correlacionadas positivamente ou negativamente. Se a correlação for positiva, tendencialmente
forte, o grupo mantém-se vivo e unido. Se a correlação for negativa, tendencialmente fraca, o grupo
tende a desagregar-se.
Para Robert F. Bales, as pessoas no seio do grupo interactuam (agem e reagem). Assim,
quando um comentário é proferido e dirigido a alguém, surge a reacção desse alguém pela
expressão do seu pensamento relativamente ao que foi dito.
No que concerne à liderança do grupo, Bales constatou a existência de duas espécies de
líderes dentro do mesmo grupo:
Bales mostrou como a percepção da posição de um individuo num grupo depende de três
dimensões:
Em que medida o individuo é visto como alguém que se esforça por alcançar sucesso e
poder (em oposição à desvalorização do eu);
O grau de igualitarismo expresso (em contraste com o isolacionismo individualista;
A medida em que o individuo apoia as crenças conservadores do grupo (em oposição à
rejeição da autoridade).
A entrada e saída dos seus membros, as tensões diversas, as modificações nas relações dos
seus elementos e outras razões contribuem para alterações na rede de comunicações do grupo.
Todavia, como cada elemento tem os seus tributos (carácter, formação, experiência, etc.) para que
uma mensagem produza os efeitos pretendidos, tem de ser compreendida, devendo, por esse
motivo, o emissor ajustá-la às características individuais de cada um. O difícil não é falar sem
considerar as especificidades de cada um, mas garantir que a mensagem seja compreendida por
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quem a recebe. Exige-se também que o receptor faça um esforço de compreensão sempre que a
situação o imponha.
A objectividade da mensagem e a riqueza do seu conteúdo são contribuições para
desenvolver a personalidade colectiva do grupo e consequentemente atingir a produtividade
pretendida.
Não se deve renunciar perante a dificuldade, mas antes ser lúcido para fazer as
rectificações necessárias.
O acesso à informação permite que todos os membros possam participar e contribuam para a
tomada de decisões no seio do grupo. Mas para que tal efeito se concretize é necessário que a
informação circule livremente por todos e convém que a mesma seja:
Clara, ou seja, que todos compreendam o sentido, o alcance e o limite dessa informação;
Completa, ou pelo menos o mais completa possível;
Pertinente, a informação deve referir-se ao assunto que está a ser estudado, e não a qualquer
outro assunto que lhe esteja próximo; devem-se utilizar as fontes de informação que
ofereçam a melhor garantia de seriedade quanto ao conteúdo e de variedade da informação
fornecida;
Coerente, uma informação incompleta ou incoerente pode prejudicar a eficácia da
investigação por ser falha de sentido, e um pormenor que é omitido pode orientar em sentido
diferente as opiniões baseadas na informação recebida.
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Os indivíduos que participam em grupos cuja rede de comunicação não dá a nenhum deles
posição central (redes circulares) são os mais satisfeitos;
Os grupos que funcionam segundo as redes que comportam papeis centrais (ou de índice de
centralidade elevada), são os mais eficazes do ponto de vista da execução das tarefas e do
domínio dos erros cometidos.
Os grupos que funcionam segundo a rede completa ou convexa têm maior actividade,
realizando as tarefas num mais curto espaço de tempo.
FIM
Bibliografia
Vaz Freixo, M. João, Teorias e Modelos de Comunicação, Lisboa: Instituto Piaget, 2006.
Wikipédia.
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