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Tabela 1: Características físico-químicas dos esgotos. Fonte: Metcalf & Eddy (1991)
No Brasil, mesmo que não se tenha informação segura com base local, costuma-se adotar
contribuições “per capita” de 54 e 100 g/habitante.dia para a DBO de cinco dias e para a
DQO, respectivamente.
Em termos de vazão, pode-se afirmar que os esgotos estão sujeitos às mesmas variações
relativas ao consumo de água, variando de região para região, dependendo
principalmente do poder aquisitivo da população. Apenas a título de referência, pode-se
considerar a contribuição típica de 160 L/habitante.dia, referente ao consumo “per capita”
de água de 200 L/habitante.dia e um coeficiente de retorno água/esgoto igual a 0,8. Para a
determinação das vazões máximas de esgotos, costuma-se introduzir os coeficientes k1 =
1,2 (relativo ao dia de maior produção) e k2 = 1,5 (relativo à hora de maior produção de
esgotos). Consequentemente, a vazão de esgotos do dia e hora de maior produção é 1,8
vezes, ou praticamente o dobro da vazão média diária.
Deve ser lembrado que as características dos esgotos são afetadas também pela infiltração
de água subterrânea na rede coletora e pela possível presença de contribuições
específicas, como indústrias com efluentes líquidos ligados à rede pública de coleta de
esgotos.
2
Os esgotos sanitários possuem excesso de nitrogênio e fósforo. Isto faz com que, ao ser
submetido a tratamento biológico, haverá incorporação desses macronutrientes nas
células que tomam parte do sistema, mas o excesso deverá ser ainda grande. Esta é uma
importante preocupação em termos de tratamento de esgotos, exigindo tratamento
avançado quando se tem lançamento em situações mais restritivas, sobretudo em represas
utilizadas para o abastecimento público de água potável, onde o problema da eutrofização
poderá ter consequências drásticas.
Na Tabela 2 são apresentados concentrações típicas das diversas frações de sólidos em
esgotos:
Tanto a legislação do Estado de São Paulo, o Decreto 8468 que regulamenta a lei 997 de
1976 como a legislação federal, a resolução 20 do CONAMA (Conselho Nacional de
Meio Ambiente), passam por processo de revisão. Apresentam-se, em seguida, alguns
padrões de emissão de esgotos em águas naturais de ambas as legislações:
• pH: entre 5 e 9
• Temperatura: inferior a 40oC
3
• pH: entre 5 e 9
• Temperatura: inferior a 40oC
• Sólidos Sedimentáveis: inferior a 1,0 mL/L
• Amônia: inferior a 5,0 mg/L
Pode ser observado que o padrão de emissão de 5,0 mg/L para amônia não pode ser
atendido mediante a grande maioria dos processos de tratamento biológicos, exceto os
aeróbios com aeração prolongada (idade do lodo elevada).
Apresentam-se a seguir, a título de ilustração, alguns padrões de qualidade estabelecidos
nas legislações para uma água natural classe 2, que pode ser utilizada para abastecimento
público, após tratamento:
• pH: entre 6 e 9
• Oxigênio Dissolvido: não inferior a 5,0 mg/L
• DBO5,20: inferior a 5,0 mg/L
• Coliformes Totais: não superior a 5.000 / 100 mL
• Coliformes Fecais: não superior a 1.000 / 100 mL
• Amônia não ionizável: inferior a 0,02 mg/L
• Fosfato Total: inferior a 0,025 mgP/L
Não foram incluídas aqui as necessidades de remoção e tratamento do lodo separado das
lagoas de decantação.
As lagoas aeradas mecanicamente foram concebidas para resolver problemas de
sobrecargas em sistemas de lagoas de estabilização. Nestes as unidades centrais são as
lagoas facultativas, desprovidas de aeradores mecânicos, sendo a aeração obtida da
ventilação superficial e da fotossíntese de algas. São chamadas de facultativas por que
ocorre sedimentação de particulas no fundo que entram em decomposição anaeróbia. As
lagoas facultativas podem ou não ser precedidas de lagoas anaeróbias, que provocam um
alívio de carga, e sucedidas de lagoas de maturação, cujo principal objetivo é aumentar o
grau de desinfecção dos esgotos. O chamado sistema australiano de lagoas de
estabilização é composto de:
• Tratamento preliminar: gradeamento e desarenação
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• Lagoas anaeróbias
• Lagoas facultativas fotossintéticas
• Lagoas de maturação
• Lodos ativados
• Lagoas aeradas mecanicamente
• Lagoas de estabilização
• Filtros biológicos aeróbios
• Tratamento físico-químico
• Processo de Lodos Ativados Convencional. A operação sob alta taxa ocorre com
idade do lodo (θ c) inferior a três dias, sem que seja esperada a nitrificação dos
esgotos. Os esgotos tratados apresentam DBO5 e SS (sólidos em suspensão) inferiores
a 30 mg/L e concentração de nitrogênio amoniacal (Namon) superior a 15 mg/L. O
excesso de lodo produzido é da ordem de 35 a 40 g SSS / Hab.dia, sendo estabilizado.
O custo de implantação é estimado entre R$ 100,00 e R$ 130,00 por habitante, para
populações entre 200 e 600 mil habitantes. O consumo de energia para aeração é
estimado em 12 kwh/hab.ano. A operação sob taxa convencional ocorre com idade
do lodo (θ c) entre 4 e 7 dias, ocorrendo a nitrificação dos esgotos. Os esgotos
tratados apresentam DBO5 e SS (sólidos em suspensão) inferiores a 20 mg/L e
concentração de nitrogênio amoniacal (Namon) inferior à 5 mg/L. O excesso de lodo
produzido é da ordem de 30 a 35 g SS / Hab.dia, sendo estabilizado. O custo de
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• Processo de Lodos Ativados com Aeração Prolongada. A operação sob alta taxa
ocorre com idade do lodo (θ c) na faixa de 20 a 30 dias, com nitrificação dos esgotos.
Os esgotos tratados apresentam DBO5 inferior a 20 mg/L, SS (sólidos em suspensão)
inferior a 40 mg/L e concentração de nitrogênio amoniacal (Namon) inferior à 5
mg/L. O excesso de lodo produzido é da ordem de 40 a 45 g SS / Hab.dia, sendo
estabilizado aerobiamente, mais difícil de desidratar. O custo de implantação é
estimado entre R$ 60,00 e R$ 80,00 por habitante, para populações entre 50 e 150 mil
habitantes. O consumo de energia para aeração é estimado em 35 kwh/hab.ano.
• Processo com reator UASB seguido de Filtro Biológico de Alta Taxa. Os esgotos
tratados apresentam DBO5 e SS (sólidos em suspensão) inferiores a 30 mg/L e
concentração de nitrogênio amoniacal (Namon) superiores à 20 mg/L. O excesso de
lodo produzido é da ordem de 25 a 30 g SS / Hab.dia, sendo estabilizado. O custo de
implantação é estimado entre R$ 50,00 e R$ 80,00 por habitante, para populações
entre 20 e 200 mil habitantes.
• Processo com reator UASB seguido de Filtro Biológico Aerado Submerso. Os
esgotos tratados apresentam DBO5 inferior a 20 mg/L e SS (sólidos em suspensão)
inferior a 30 mg/L e concentração de nitrogênio amoniacal (Namon) superior à 20
mg/L. O excesso de lodo produzido é da ordem de 25 a 30 g SS / Hab.dia, sendo
estabilizado. O custo de implantação é estimado entre R$ 80,00 e R$ 100,00 por
habitante, para populações entre 20 e 200 mil habitantes. Energia para aeração: 6
kwh/hab.ano.
• Processo de Lagoas Aeradas Aeróbias seguidas de Lagoas de Decantação. Os esgotos
tratados apresentam DBO5 inferior a 30 mg/L e SS (sólidos em suspensão) inferior a
40 mg/L e concentração de nitrogênio amoniacal (Namon) superior à 25 mg/L. O
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2.2. Gradeamento
Os dispositivos de remoção de sólidos grosseiros (grades) são constituídos de barras de
ferro ou aço paralelas, posicionadas transversalmente no canal de chegada dos esgotos na
estação de tratamento, perpendiculares ou inclinadas, dependendo do dispositivo de
remoção do material retido. As grades devem permitir o escoamento dos esgotos sem
produzir grandes perdas de carga.
As barras das grades são construídas pelos fabricantes segundo dimensões padronizadas,
sendo que a menor dimensão da secção, que é posicionada frontalmente ao escoamento,
varia em média de 5 a 10 mm e a dimensão maior, paralela ao escoamento, varia entre 3,5
e 6,5 cm, aproximadamente.
As grades com dispositivo de remoção mecanizada de material retido são implantadas
com inclinações que variam de 70 a 90o, enquanto que as de remoção manual possuem
inclinações variando geralemnte na faixa de 45 a 60o (ângulo formado pela grade e o
2
fundo do canal a jusante. O projeto de Norma Brasileira PNB - 570 impõe que para
vazões de dimensionamento superiores a 250 L/s as grades deverão possuir dispositivo de
remoção mecanizada do material retido.
Dispositivos de Remoção
Nas estações de grande porte, as grades devem posuir dispositivo mecanizado de
remoção do material retido, que é constituído de um rastelo mecânico tipo pente cujos
dentes se entrepõem nos espaços entre barras da grade. O rastelo é acionado por um
sistema de correntes sendo que a remoção se dá no sentido ascendente e na parte superior
o material é depositado sobre esteira rolante que o descarrega em caçamba.
Nas grades manuais, o operador remove o material retido através de ancinho, quando a
secção obstruída atinge cerca de 50% do total. O material removido é depositado em
tambores ou caçambas possuindo orifícios no fundo para o escoamento da água.
A quantidade de material retido nas grades chega a atingir na prática cerca de 0,04 litros
por m3 de esgoto. Na tabela 5 relaciona-se a quantidade de material retido com o
espaçamento entre barras das grades:
Tabela 5: Quantidade de material retido nas grades. Fonte: Jordão e Pessoa (1995)
As grades são projetadas para que ocorra uma velocidade de passagem entre 0,6 e 1,0
m/s, tomando-se por referência a velocidade máxima horária de esgotos sanitários. A
obstrução máxima admitida é de 50% da área da grade, devendo-se adotar como perdas
de cargas mínimas os valores de 0,15 m para grades de limpeza manual e 0,10 m para
grades de limpeza mecanizada.
Para o cálculo da perda de carga nas grades, pode-se utilizar a fórmula de Metcalf &
Eddy:
S = Au . (a + t) /a , onde:
De acordo com a NB-570, as caixas de areia de sistemas com remoção manual, devem-se
ser projetados dois canais desarenadores paralelos, utilizando-se um deles enquanto que o
outro sofre remoção de areia. Na remoção mecanizada utilizam-se bandejas de aço
removidas por talha e carretilha, raspadores, sistemas de air lift, parafusos sem fim,
bombas, etc. A "areia" retida deve ser encaminhada para aterro ou ser lavada para outras
finalidades. Para redes de esgotos novas e não imersas no lençol freático a quantidade de
areia retida é estimada em 30 litros por 1000 m3 de esgotos. Para situações desfavoráveis
recomenda-se adotar 40L/1000m3.
Características Operacionais
As caixas de areia são projetadas para uma velocidade média dos esgotos de 0,30 m/s.
Esta velocidade é mantida aproximadamente constante apesar das variações de vazão,
através da instalação de uma calha Parshall a jusante. Velocidades baixas, notadamente as
inferiores a 0,15 m/s provocam depósito de matéria orgânica na caixa, indicado pelo
aumento da relação SSV/SST do material retido e que provoca exalação de maus odores
devido à decomposição. Velocidades superiores a 0,40 m/s provocam arraste de areia e
redução da quantidade retida.
Dimensionamento
Para que a partícula que passe sobre a caixa na linha de corrente mais alta atinja a câmara
de estocagem de areia, é preciso que percorra H na vertical enquanto percorre L na
horizontal:
v1 t1
v2, t2
L H
v1 = x v2 =
t1 t2
L H
t1 = t ⇒ = ⇒v1 . H = v2 . L
v1 v2
HJ Y H
HM
Para se manter a mesma velocidade na caixa de areia tipo canal com velocidade constante
controlada por calha Parshall, para Qmín e Qmáx, tem-se:
Qmín H −Z
= ' mín .
Qmáx . H máx . − Z
Q = K.HN, onde
Q = vazão (m3/s)
H = altura de água (m)
Valores de K e N
Exemplo do Dimensionamento
Dados:
41 ,67 0,189 − Z
= ⇒Z = 0,1033 m
227 ,83 0,572 − Z
c) Cálculo da grade
. b a r dr eaf es r r o
• d a da od so t a. ed s op se s(t)s = u5mr am
. e s p a ço a(a)m= 1e m5n tm
6
(0,8) 2 − (0,6) 2
• Grade limpa : ∆H =1,43 = 0,02 m
2 x 9,81
7
( 2 x 0,8) 2 − (0,6) 2
• Grade 50 % obstruída : ∆H =1,43 . = 0,16 m
2 x 9,81
Qmáx 0,22783
A= = = 0,7594 m 2
v 0,3
d.3) Verificação:
Para Qmín = 41 ,67 l / s ⇒H mín = 0,189 m
H mín − Z = 0,189 − 0,1033 = 0,0857 m
A = 0,0857 x 1,62 = 0,1388 m 2
0,04167
∴v = = 0,3 m / s
0,1388
Para a taxa de 30l/1000m3 e para vazão média de final de plano, Q = 126,58 l/s, tem-se o
seguinte volume diário de areia retida na caixa:
V = 0,03 l/m3 x 126,58 l/s x 86,4 = 328 l
0,328
• altura diária de areia acumulada na caixa h = = 0,02 m
10 ,55 x 1,62
3. Decantadores de esgotos
único "poço de lodo" de onde o lodo sedimentado pode ser removido por pressão
hidrostática.
São posicionados anteparos na região de entrada dos esgotos para direcionar o fluxo de
sólidos para baixo e na região de saída para a retenção de escuma. Uma tubulação com
derivação horizontal é posicionada para a remoção do lodo sedimentado por pressão
hidrostática.
Podem também ser utilizados os decantadores desprovidos de remoção mecanizada de
lodo de secção quadrada em planta, de fundo com o formato de tronco de pirâmide
invertida. Destes, derivaram os de seção retangular em planta com fundos múltiplos
tronco-piramidais.
Estes decantadores são baratos para serem implantados por não possuirem os
removedores mecanizados de lodo, o que também dispensa a manutenção de
equipamento eletro-mecânica. Consomem mais concreto armado para a construção dos
fundos múltiplos e são mais profundos, o que aumenta os problemas de escavação. Este
fato tem restringido o emprego deste tipo de decantador em apenas pequenos sistemas,
inclusive com dimensões limitadas pela NB-570.
De acordo com a NB-570, os decantadores primários devem ser dimensionados com base
na vazão máxima horária de esgotos sanitários e para vazões de dimensionamento
superiores a 250 L/s deve-se empregar mais de um decantador.
Para a determinação da área de decantação deve-se utilizar como parâmetro a taxa de
escoamento superficial. Na literatura internacional são recomendadas taxas na faixa de 30
a 60 m3/m2.dia
A NB-570 impõe três condições para a adoção da taxa de escoamento superficial para
decantadores primários de esgotos:
q A, máx = 60 m3 / m 2 .dia
820 ,2
Hu ≥ = 2,5 m
328
g) Alternativa: 2 decantadores
328
4x
D= 2 = 14 ,5 m
Π
O tempo médio de residência celular, também conhecido por idade do lodo, é a relação
entre a massa de células no reator e a massa de células descarregadas por dia, ou seja:
Descarregando-se mais lodo do sistema por dia o tempo de residência celular será menor
e vice-versa. Esta é a principal manobra operacional visando a obtenção do equilíbrio do
processo.
V. X
θ c =
Qd . Xr + (Q - Qd) . Xe
V. X
θ c =
Qd . Xr
V. X V
θ c = ⇒ θ c =
Qd . X Qd
Decantador
Secundário
(Q+Qr), Xr
15
Qr, Xr, Se
Retorno de Lodo
Qd, Xr, Se
Q . So + Qr . Se - (Q + Qr) . Se - V . δ S/δ t = 0
δ S/δ t
U = ⇒ δ S/δ t = U . X
X
∴ Q . So + Q r . Se - Q . Se + Q r . Se - V . U . X = 0 ⇒
Q . (So - Se)
U = ⇒
V.X
Q . So
(A/M) = ⇒
V.X
So
(A/M) =
td . X
( So - Se )
E = . 100
16
So
(A/M) . E
∴ U =
100
Q . So
f =
V . Xt
Pode-se deduzir que, quando o lodo encontra-se bem formado, os valores do IVL são
baixos e vice-versa.
Pode ser observado que existe uma faixa de relação alimento/microrganismos que conduz
a uma melhor floculação biológica e a valores mais baixos de IVL Corresponde à faixa
de operação dos sistemas de lodos ativados convencionais. Pode se observado também
que, reduzindo-se a relação alimento/microrganismos há prejuízo para a floculação
biológica pela maior incidência de fase endógena e os valores de IVL são mais elevados.
Ë a faixa operacional dos sistemas com aeração prolongada, em que ocorrem maior perda
de sólidos com o efluente final. Apesar disso, os sistemas com aeração prolongada
resultam em maior eficiência na remoção de matéria orgânica biodegradável dos esgotos,
uma vez que os sólidos perdidos são mais digeridos. Na tabela comparam-se as
eficiências na remoção de DBO e sólidos em suspensão dos sistemas convencionais com
os sistemas com aeração prolongada.
Aeração Prolongada
Q . Xo – [ Qd . Xr + (Q - Qd) . Xe ] + V . δ X/δ t = 0
δ X / δ t = ( µ - kd ) . X
E, portanto, desprezando-se a concentração de microrganismos presentes no próprio
esgoto, Xo, por ser bem inferior a X, tem-se:
– [ Qd . Xr + (Q - Qd) . Xe ] + V . X . ( µ - kd ) = 0
[ Qd . Xr + (Q - Qd) . Xe ]
µ - kd = ⇒ 1 / θ c = µ - kd
V.X
µ = Y.U ⇒ 1/θ c = Y . U - kd
So - Se
1/θ c = Y . - kd
td . X
µ máx. . Se
µ =
Ks + Se
µ máx. . Se
Y . U =
K s + Se
µ máx. . Se
U =
Y . ( Ks + Se )
E, conforme já definido:
19
So - Se
U =
td . X
Tem-se que:
So - Se k . Se
=
td . X ( Ks + S )
td . X Ks 1 1
= . +
So - Se k Se k
Tabela 7 : Valores típicos dos coeficientes cinéticos para o processo de lodos ativados
aplicado ao tratamento de esgoto sanitário. Fonte: Metcalf & Eddy (1991 )
Idade do lodo 2 4 6 8 10
θ c (dias)
SSVTA 1.380 1.922 2.215 2.344 2.456
X (mg/L)
DBO5,20 (filtrada) 60 32 16 11 09
Se (mg/L)
Todos os reatores foram alimentados com o mesmo esgoto com DBO5,20 = 300 mg/L e
tempo de detenção hidráulico de 04 horas. Variou-se a idade do lodo de um sistema para
o outro, através do descarte de diferentes quantidades médias de lodo por dia. Determinar
os valores dos coeficientes cinéticos Y, kd, Ks, k e µ máx e analisar os resultados obtidos.
Caso sejam usados apenas três tanques, o esquema operacional do ciclo de seis horas de
duração total pode ser alterado para:
Pode ser observado que em ambos os esquemas ocorre perfeito sincronismo, terminando-
se a descarga do esgoto tratado exatamente quando deverá ocorrer o início da
alimentação de um dado tanque, controlando-se o sistema pelo tempo reservado para
cada etapa, independentemente do volume recebido naquele ciclo.
Além das operações descritas, há também a necessidade de remoção do excesso de lodo,
controlada pelo tempo de residência celular desejado.
Na maioria dos sistemas implantados, opera-se na faixa com aeração prolongada
utilizando-se aeradores superficiais ou, preferivelmente, ar difuso. Considera-se que o
processo é bem adequado para as situações em que ocorrem grandes variações de carga,
pois é possível variar os ciclos operacionais e o número de tanques na alta e na baixa
estações. O resultado do tratamento é um efluente bastante clarificado, apto a receber
desinfecção final, caso seja necessária. Estudos têm sido conduzidos no sentido de se
modificar a operação destes sistemas, objetivando maximização na remoção de
nutrientes, como é o caso do estudo com enchimento anóxico (sem aeração) proposto por
Samudio (1998).
Existem várias outras modificações dos sistemas de lodos ativados, visando benefícios
específicos. Nos sistemas com alimentação escalonada, o esgoto afluente é distribuído ao
longo de um reator que tenha tendência a fluxo de pistão, de forma a manter-se uma
relação alimento/microrganismos mais constante ao longo do tanque de aeração. Nos
sistemas com aeração proporcional, a quantidade de ar é introduzida de forma
decrescente ao longo do tanque de aeração, procurando-se acompanhar a curva de
remoção de DBO e com isso racionalizar o uso de energia. Nos sistemas de estabilização
por contato, o tanque de aeração é dividido em dois; o primeiro tanque é dimensionado de
22
Os sistemas de aeração mais comuns em sistemas de lodos ativados são os que recorrem
aos aeradores superficiais e os sistemas com ar difuso. Em ambos os casos, a
transferência de oxigênio é dificultada pela presença de sólidos e pela salinidade dos
esgotos, além de que, nas condições críticas de campo, as temperaturas acima de 20 oC e
altitudes acima do nível médio do mar fazem com que, no conjunto, sejam obtidas
reduções da ordem de 40% nos valores resultantes de testes de transferência de oxigênio
em água limpa.
3) Sistema de aeração:
• Necessidade de oxigênio
Potência necessária:
Comprimento: 81,0 m
Largura: 13,5 m
Profundidade útil: 4,0 m
Profundidade total: 5,0 m
A vazão de retorno de lodo será estimada considerando-se que o lodo estará sedimentado
no fundo do decantador secundário a uma concentração de 8,0 kg/m3 (dado típico).
Fazendo-se um balanço de massa de sólidos em suspensão no decantador secundário,
desprezando-se a perda com o efluente final, tem-se:
( Q + Qr ) . X = Qr . Xr
( 1 + r ) . X = r . Xr
Para X = 3,2 kg/m3 e Xr = 8,0 kg/m3, tem-se r = 0,67e Qr = 0,67x 660 = 440 L/s ou
110 L/s por módulo, na segunda etapa.
∆ X = 0,65 kg SS / Kg DBO
Para lodo com 8,0 kgSS/m3 e massa específica 1010 kg/m3, a vazão de excesso de lodo
será:
7.743
Qlodo = = 958 m3/d
0,008 x 1010
7) Decantadores secundários:
( Q + Qr ) . X
GA =
As
( Q + Qr ) . X
As =
GA
1, 67x57000x3,2
As = = 3.173 m2 ou 3.173 / 4 = 793 m2 por decantador.
4,0 x 24
Q
qA = = 57.000 / 3.217 = 17,7 m3/m2.d
As
1, 67x53482x3,2
GA = = 4,9 kg SS / m2 x hora
3 x 804,25 x 24
Taxa de escoamento superficial:
Q
qA = = 53482 / 3 x 804,25 = 22,2 m3/m2.d
As
Dados:
2) Necessidade de oxigênio
Considerando-se que o sistema de aeração deverá funcionar 24 horas por dia, tem-se:
PNEC = 385 / 0,9 = 427 CV ou 427 / 4 = 107 CV por tanque (foram considerados
quatro tanques de aeração)
Comprimento: 54,0 m
Largura: 13,5 m
Profundidade útil: 4,0 m
Profundidade total: 5,0 m
A vazão de retorno de lodo será estimada considerando-se que o lodo estará sedimentado
no fundo do decantador secundário a uma concentração de 8,0 kg/m3 (dado típico).
Fazendo-se um balanço de massa de sólidos em suspensão no decantador secundário,
desprezando-se a perda com o efluente final, tem-se:
( Q + Qr ) . X = Qr . Xr
( 1 + r ) . X = r . Xr
28
5) Decantadores secundários
• Área superficial:
( Q + Qr ) . X
GA =
As
( Q + Qr ) . X
As =
GA
2x126,6x3,6x4,0
As = = 911,5 m2
4,0
Para lodo com 8,0 kgSS/m3 e massa específica 1010 kg/m3, a vazão de excesso de lodo
será:
2.215
Qlodo = = 274 m3/d
0,008 x 1010
Dados:
O volume necessário de tanques de aeração pode ser calculado pela soma do volume
ocupado pelo lodo sedimentado com o volume necessário para receber e tratar os esgotos.
3.691
V. X = = 46.138 kg SSTA
0,08
Será considerado um ciclo com 06 (seis) horas de duração total, obedecendo ao seguinte
esquema operacional:
2) Necessidade de oxigênio
Considerando-se que o sistema de aeração deverá funcionar 16 horas por dia, tem-se:
PNEC = 577 / 0,9 = 641 CV ou 641 / 4 = 160 CV por tanque (foram considerados
quatro tanques de aeração)
Para lodo com 8,0 kgSS/m3 e massa específica 1010 kg/m3, a vazão de excesso de lodo
será:
2.215
Qlodo = = 274 m3/d
0,008 x 1010
Tabela 9: características dos sistemas de lagoas aeradas. Fonte: (Alem Sobrinho, 1998).
δ S / δ t = (So - Se).Q/V
So - Se K.Se
=
td . X Ks + Se
So - Se K.Se
=
td . X Ks
So - Se
33
So - Se
= k.X.Se
td
So - Se
= k′ .Se
td
Y.(So - Se)
∴ X =
1 + kd.t
So - Se
= k.Se , tem-se:
td . X
1 + kd.t
Se = ou
Y.k.t
1
t =
Y.k.Se - kd
Tabela 10: Valores típicos dos coeficientes cinéticos para lagoas aeradas tratando esgoto
doméstico a 20oC (Alem Sobrinho, 1998).
34
Autor k k′ = k.Xv Y kd
(L/mg.dia) (dia-1) (kgSSV/kgDBOremov.) (dia-1)
Necessidade de oxigênio
A temperatura do líquido da lagoa aerada pode ser estimada em função das suas
dimensões, da temperatura dos esgotos e da temperatura do ar, através de:
A.f.Ta + Q.T
TL = , onde:
A.f + Q
As estimativas devem ser feitas para o mês mais frio do ano em que, no Estado de São
Paulo, a temperatura dos esgotos é da ordem de 20oC.
Sistema de Aeração
Potência Necessária:
Comprimento: 78,50 m
Largura: 52,30 m
Borda livre: 0,60 m
Inclinação dos taludes: 1(V) / 2(H)
Comprimento: 79,00 m
Largura: 39,50 m
As lagoas facultativas são escavações mais rasas, com profundidades típicas na faixa de
1,5 a 2,0 m e áreas de espelho de água relativamente maiores do que as das anaeróbias.
Os sólidos sedimentáveis presentes nos esgotos depositam-se no fundo das lagoas
facultativas, entrando em decomposição anaeróbia. A matéria orgânica solúvel mantém-
se na massa líquida, sofrendo decomposição aeróbia pela ação de microrganismos
heterotróficos, que aproveitam o oxigênio liberado pela fotossíntese de algas bem como
decorrente da ventilação superficial. O gás carbônico resultante da decomposição da
matéria orgânica é utilizado como matéria prima para o processo fotossintético, fechando
o ciclo da simbiose que caracteriza o processo. Estas lagoas, em condições normais
deoperação, são capazes de propiciar eficiências na remoção de DBO5 superiores a 80 %.
As lagoas de estabilização começaram a ser usadas nos Estados Unidos no início do
século XX. No Brasil, o primeiro sistema construído data de 1965, em São José dos
Campos/SP.
Como vantagens do emprego de sistemas de lagoas de estabilização podem ser listados:
O baixo custo de implantação do sistema, exceto se a área for muito valorizada ou se
houver necessidade de substituição de solo; a operação é bastante simples, sendo bastante
adequados para pequenas populações onde as companhias possuem menores recursos; o
projeto é bastante simples e o terreno reaproveitável. Como principais desvantagens
podem ser listadas a exigência de áreas relativamente grandes, a presença de elevadas
concentrações de algas no efluente final e a exalação de maus odores pelas lagoas
anaeróbias.
Dois principais arranjos podem ser utilizados. O denominado sistema australiano é
constituído do tratamento preliminar, seguido de lagoas anaeróbias, facultativas e de
maturação. No sistema com lagoa facultativa primária, não se inclui lagoas anaeróbias.
Com isso o sistema ocupa maior área, mas evita-se as possibilidades de exalação de maus
odores das lagoas anaeróbias.
São escavações com profundidade útil na faixa de 3 a 5 metros, recebendo carga contínua
de esgoto de modo a manter condições de anaerobiose. A matéria orgânica é convertida
primeiramente por bactérias facultativas a ácidos voláteis, como o ácido acético, e depois
é definitivamente oxidada a metano e gás carbônico por bactérias anaeróbias estritas. O
nitrogênio orgânico é oxidado a nitrogênio amoniacal e o nitrato pode ser reduzido a
nitrogênio molecular, N2 gasoso. Os fosfatos orgânicos são oxidados a ortofosfatos. A
geração de maus odores ocorrem com a redução de sulfato a sulfeto, promovendo a
liberação do gás sulfídrico, H2S.
No dimensionamento das lagoas anaeróbias, recomendam-se tempos de detenção
hidráulicos na faixa de 3 a 6 dias, dependendo da temperatura local. A taxa de aplicação
volumétrica de DBO deverá situar-se entre 0,1 e 0,4 kg DBO /m 3 x dia e a taxa de
aplicação superficial de DBO deverá ser superior a 1000 kg DBO / ha x dia, para que se
garanta anaerobiose. Nestas condições, eficiências na remoção de DBO na faixa de 40 a
60 % podem ser esperadas.
Nos projetos, deve-se garantir a distribuição das entradas e das saídas dos esgotos,
dificultando-se a ocorrência de caminhos preferenciais. O rebaixo adicional do fundo da
lagoa até cerca de ¼ de seu comprimento resulta em um ganho de volume para acúmulo
de lodo. A inclinação dos taludes a ser estabelecida depende dos estudos geotécnicos a
serem feitos preliminarmente.
As lagoas facultativas são escavações com profundidades úteis na faixa de 1,5 a 2,0
metros, permitindo a penetração de luz e a produção de oxigênio via fotossíntese em
quase toda sua extensão, utilizado pelos microrganismos heterotróficos na decomposição
de matéria orgânica. Parte dos sólidos dos esgotos se sedimenta e entra em decomposição
anaeróbia no fundo da lagoa, o que a torna facultativa. A ação de ventos sobre a
superfície das lagoas também é importante para a oxigenação, o que torna desejável a
manutenção de uma área livre em torno das lagoas. Na figura a seguir representam-se os
principais mecanismos que ocorrem nas lagoas facultativas fotossintéticas.
λ L = 20 x T - 60
λ L = 14 x T - 40
N = No / ( 1 + kb x t ), onde:
4 . a . e1/2d
N / No = , onde:
( 1 + a )2 . ea/2d - ( 1 - a )2 . e-a/2d
Uma das proposições para o cálculo do fator de dispersão foi feita por Yánez (1993):
(L/B)
d = , onde:
- 0,261 + 0,254 .(L/B) + 1,014.(L/B)2
40
L: comprimento da lagoa
B: largura da lagoa
Para a remoção de DBO em lagoas facultativas têm-se proposto k variando entre 0,13 e
0,17 d-1 a 20oC, propondo-se para a correção de k em função da temperatura:
Dados:
Adotando-se o tempo de detenção hidráulico, com base na vazão média de esgotos, igual
a 4 dias, tem-se o seguinte volume útil necessário de lagoas anaeróbias:
λ L = 14 . T - 40
Adotando-se o tempo de detenção hidráulico de 7,0 dias, tem-se o seguinte volume útil
necessário de lagoas de maturação:
A1/2Prof = 25.523 m2
42
Comprimento: 357,5 m
Largura: 71,5 m
Borda livre: 0,60 m
Inclinação dos taludes: 1(V) / 2(H)
λ L = 20.T – 60
Para T = 15oC ⇒ λ L = 240 kg DBO/ha.dia
Área superficial mínima necessária:
Os filtros biológicos aeróbios podem ser classificados como reatores de leito fixo e com
retenção de biomassa. São preenchidos com um meio inerte, geralmente pedra ou
material plástico, sobre a superfície dos quais a biomassa responsável pela depuração do
esgoto cresce aderida. Desta forma, garante-se a diferenciação entre o tempo de retenção
hidráulica, que é de apenas algumas horas, do tempo de residência celular, mantido na
ordem de dias.
O esgoto é recalcado para a superfície dos filtros, onde se posiciona o distribuidor
rotativo, cuja função é garantir o umedecimento uniforme de toda a área do filtro. Em
seguida, percola sobre o material de enchimento, sem provocar afogamento. Utiliza-se
brita No 4 ou material plástico, que pode ser na forma de blocos estruturados ou de anéis
lançados aleatoriamente nos filtros. A matéria orgânica dos esgotos pode penetrar na
película biológica (ou biofilme) que se forma em torno do enchimento, conjuntamente
com o ar que circula em contra-corrente a partir de janelas para a ventilação posicionadas
na parte inferior do filtro. O material de enchimento apóia-se sobre um fundo falso,
constituído de lajotas perfuradas, que garante a drenagem do esgoto tratado. Há a
necessidade de separação de sólidos que se desprendem do biofilme, mediante a
passagem dos efluentes do filtro por decantadores secundários. Não há necessidade de
retorno de lodo e sim de efluente tratado para a entrada dos filtros, evitando a
proliferação de moscas (Psychoda Alternata) e que o biofilme perca excessivamente a
umidade nos períodos noturnos de baixa vazão.
A concepção tradicional envolvendo o emprego de filtros biológicos aeróbios é
semelhante à do processo de lodos ativados convencional. O sistema é constituído do
tratamento preliminar, grade e caixa de areia, decantadores primários, filtros biológicos
substituindo os tanques de aeração, decantadores secundários e a linha de tratamento de
lodo, adensamento digestão e secagem. Após o advento dos reatores anaeróbios de fluxo
ascendente e manto de lodo (reatores UASB), estas unidades passaram a constituir-se em
opção importante em substituição aos decantadores primários, podendo também receber o
excesso de lodo dos filtros biológicos para complementar a mineralização, dispensando
os digestores de lodo.
Recentemente foram desenvolvidas novas modalidades de filtros, os chamados biofiltros
aerados de leito submerso. Estes filtros diferem dos tradicionais principalmente pela
manutenção do leito afogado e pela inclusão de sistema de aeração por meio de soprador
e difusores de bolha grossa ou tubos perfurados. Além de eficiência elevada na remoção
da matéria orgânica carbonácea dos esgotos, as unidades podem ser dimensionadas de
forma a garantir bons níveis de nitrificação dos esgotos. Complementando o trata,mento
de efluentes de reatores UASB, os biofiltros aerados podem representar alternativa com
boas possibilidades de ser viabilizada para o atendimento à comunidades de diferentes
portes. Os esgotos tratados são bem clarificados e esta condição garante eficiência na
desinfecção final através de cloração ou de aplicação de radiação ultravioleta, dentre
outras técnicas.
À medida que o esgoto percola pelo filtro, ocorre a penetração do substrato e do oxigênio
no biofilme, onde ocorrem as reações de decomposição de matéria orgânica, sendo os
subprodutos lançados em contra-corrente. Em função do alimento consumido, dá-se o
crescimento celular e o da espessura da película biológica, o que faz com que os
microrganismos mais internos sofram limitações no suprimento de alimento ou de
oxigênio, entrando em fase endógena ou anaerobiose. Assim, perdem a capacidade de
aderência ao meio suporte, de forma a provocar o desprendimento de pedaços de
biofilme, gerando o excesso de lodo biológico e mantendo o equilíbrio da película.
44
Sh / So = 10-k.h.(A/Q)^n
Onde:
A constante da velocidade de remoção de substrato (k) varia entre 0,12 e 0,2 d-1 para
esgoto sanitário a 20oC. Para outras temperaturas corrige-se k através de:
So / Sh = 10k.h.(A/Q)^n
Portanto, lançando-se em gráfico log (So / Sh) contra h.(A/Q)n tem-se uma reta cujo
coeficiente angular corresponde ao valor de k.
Sh / So = 10-K.h.(Sa^m).(A/Q)^n
Onde:
Onde:
Onde:
F = ( 1 + r ) / ( 1 + 0,1*r2 ) onde r = Qr / Q
EDBO (%) = Eficiência na remoção de DBO, em porcentagem
W = Carga de DBO aplicada ao filtro, em kg/dia
V = Volume do filtro, em m3
46
Tabela 11: Classificação dos filtros biológicos aeróbios. Fonte: Alem Sobrinho (1986).
Os filtros de alta taxa são os que apresentam maior oportunidade de uso, sendo
competitivos com os sistemas de lodos ativados. Quando preenchidos com pedras, tem-se
procurado manter taxas de aplicação volumétrica da ordem de 0,8 kgDBO/m3/dia e taxas
de aplicação hidráulica da ordem de 20 m3/m2/dia, com base na vazão média de esgotos.
Quando preenchidos com material plástico, costuma-se admitir até 1,2 a 1,3
kgDBO/m3/dia e até cerca de 30 m3/m2/dia. Isto significa que os filtros preenchidos com
material plástico são proporcionalmente menores do que os prenchidos com pedras, além
de poderem ser construídos com estruturas mais leves, o que certamente deverá ser
levado em consideração nos estudos de alternativas. Isto se deve às melhores
características do enchimento plástico, como maior área superficial específica, maior
porosidade e menor massa específica, conforme relatado por Metcalf & Eddy (1991):
Tabela 11: Características do material de enchimento. Fonte: Metcalf & Eddy (1991)
Visando a uniformização da carga hidráulica afluentes aos filtros biológicos de alta taxa,
deve-se proceder a recirculação de parte da vazão de esgoto tratado para a entrada dos
filtros. Em estudos realizados pela CETESB, concluiu-se que o fator de recirculação a ser
utilizado é aquele que conduza a uma DBO de entrada nos filtros da ordem de 100 mg/L.
Q * So + Q r * Se = ( Q + Q r ) * Si
Onde:
So + r * Se = Si * ( 1 + r )
Si = ( So + r * Se ) / ( 1 + r )
Para esgotos com DBO em torno de 300 mg/L, após o decantador primário a DBO será
um pouco superior a 200 mg/L e, para que seja diluído a 100 mg/L com o efluente final
que possui DBO na faixa de 20 a 30 mg/L, o fator de recirculação será da ordem de 1, ou
seja, a vazão de recirculação é aproximadamente igual à vazão média de esgotos.
Deve ser observado que, quando os filtros biológicos são precedidos de tratamento
anaeróbio como, por exemplo, por reator UASB, a DBO dos esgotos à entrada dos filtros
biológicos já é da ordem de 100 mg/L e, segundo este critério, deve-se dispensar a vazão
de recirculação de efluente final.
Dados:
• População atendida: 38.900 hab
• Carga de DBO dos esgotos: 2100 kg/dia
• Vazão média de esgotos: 101,7 L/s = 366m3/h = 8789 m3/dia
Admitindo-se a DBO dos esgotos à entrada dos filtros, após a mistura com o fluxo de
recirculação, Si = 100 mg/L e a DBO dos efluentes finais, Se = 20 mg/L, tem-se:
Si = ( So + r * Se ) / ( 1 + r )
100 = ( So + r * 20 ) / ( 1 + r )
48
ativados ou filtros biológicos. A produção de gás pode ser considerada um benefício, pela
possibilidade de purificação e emprego do metano como fonte de energia, mas isto não se
viabiliza facilmente. Ao contrário, o gás resultante do processo anaeróbio constitui uma
das principais limitações operacionais, devido à produção de pequenas quantidades de
gás sulfídrico, H2S, suficientes para produzir grandes incômodos às populações
circunvizinhas pela proliferação de mau odor. Além disso, o gás sulfídrico provoca
corrosão e consequentes prejuízos à conservação das instalações. Muito se investe hoje
em dia em termos de pesquisa visando o controle do H2S, mas é difícil ainda hoje a
garantia de odor zero o tempo todo na área em torno da ETE.
A eficiência na remoção da DBO dos esgotos é mais baixa do que a dos processos
aeróbios, demandando tratamento complementar, e a nitrificação é nula. As associações
com processos aeróbios de polimento são recomendáveis, podendo-se empregar lagoas
fotossintéticas, lagoas aeradas mecanicamente, lodos ativados, filtros biológicos ou
mesmo processos físico-químicos como os à base de coagulação e floculação com
separação posterior de sólidos por sedimentação ou flotação.
Essas associações são vantajosas técnica e economicamente, ganhando-se na produção de
lodo e na eficiência de remoção de nitrogênio e fósforo, principalmente.
De acordo com estudos feitos pelo PROSAB, Programa de Pesquisa de Saneamento
Básico, podem ser esperados os seguintes custos e resultados das associações entre
reatores anaeróbios e aeróbios:
Como os esgotos sanitários são relativamente diluídos, os reatores UASB têm o seu
limite de capacidade definido pela taxa de aplicação hidráulica, que resulta em
determinada velocidade que poderá ou não ser suficiente para provocar o arraste de parte
do manto de lodo, descontrolando o processo. No tratamento de efluentes industriais mais
concentrados, os reatores UASB são limitados pela aplicação de matéria orgânica, em
geral na faixa de 5 a 10 kg DQO/m3.dia, embora tenham sido registradas taxas de até 20
kg/m3.dia com bons resultados no tratamento.
sem que haja arraste excessivo para a zona de decantação. Recomenda-se a faixa de 0,7 a
1,0 m/h para reatores UASB tratando esgoto sanitário.
Lodos bem granulados resistem ao arraste com velocidades de passagem de até 10 m/h.
Mas como ocorrem situações em que o lodo não granula, apenas flocula e mesmo assim o
reator mantém boa eficiência na remoção de DQO, recomenda-se limitar a velocidade
ascensional à 4 m/h.
A parte superior do reator UASB, externa ao “chapéu” coletor de gás, funciona como
decantador, permitindo a recuperação de grânulos escapados da zona de manto de lodo.
Recomendam-se taxas de escoamento superficial inferiores à 1,25 m3/m2.dia para a
garantia do retorno de parte significativa do lodo para a zona de manto. A inclinação das
abas do chapéu (ângulo com a horizontal), deverá ser superior a 55º.
Produção de gás
Ainda de acordo com os estudos da CETESB, deve ser esperada uma produção de 0,12
Nm3 gás / kg DQO aplicada. O gás deverá possuir cerca de 65 a 75% de metano.
8.6. Critérios para a partida e operação dos reatores UASB vazão de esgotos de projeto
Lodo de inóculo
O reator deverá ser alimentado com os efluentes segundo uma vazão que resulte na
aplicação de 0,1 kg DQO / kg SSV . dia. Essa vazão deverá ser aumentada quando
ocorrer estabilização da eficiência na remoção de DQO e demais características
operacionais do processo. Eventuais desequilíbrios poderão ser enfrentados mediante a
introdução de barrilha no reator, sempre que o pH em seu interior tenda a cair abaixo de
6,5.
Dados:
Deverão ser utilizados 04 (quatro) reatores UASB de 525,7 m3 cada, com 14,80 m de
comprimento, 7,40 m de largura e 4,80 m de profundidade útil total (zona de manto +
zona de decantação).
- Sistema de alimentação
-Produção de lodo
- Carga DQO = 1,85 Carga DBO ⇒ Carga DQO = 1,85 x 1502 = 2.779 kg DQO/dia
- Produção de gás:
Prod. Gás = 0,12 x 2.779 = 333,5 Nm3 / dia (gás com 75% CH4)
- Eficiência do reator:
65% em DBO.
9. Tratamento de Lodo
sistema misto anaeróbio/aeróbio leva a uma menor produção de lodo que um sistema
exclusivamente aeróbio. Essa vantagem é muito importante nos dias de hoje, uma vez
que além de reduzir as necessidades de tratamento, principalmente as dificuldades com a
disposição final do lodo costumam ser muito grandes.
O tratamento de lodo pode ser subdivido em três etapas principais, embora dependendo
do sistema de tratamento de esgotos adotado, algumas delas podem ser suprimidas. É o
caso, por exemplo, do sistema de lodos ativados com aeração prolongada, onde o
processo opera em uma faixa em que a digestão do excesso de lodo pode ser dispensada.
Os lodos descartados de reatores UASB também dispensam adensamento e digestão
complementar. O adensamento de lodo pode não ser obrigatório em sistemas de lodos
ativados ou filtros biológicos aeróbios mas, exceto em sistemas de pequeno porte, sua
inclusão se viabiliza pelos benefícios trazidos às unidades posteriores de tratamento de
lodo. Quando o tratamento de esgotos é feito por processos de lagoas, aí o sistema opera
de forma que os lodos adensam e digerem nos próprios fundos das lagoas de estabilização
ou de decantação, no caso dos sistemas de lagoas aeradas mecanicamente. O problema
passa a ser como produzir mecanismos de remoção de lodo e para a desidratação final
antes de ser enviado para disposição.
Dependendo do uso a ser feito do lodo a ser retirado da estação de tratamento de esgotos,
outras etapas de tratamento podem ser necessárias, como a sua desinfecção para
aplicação em solo agrícola.
O Objetivo do adensamento de lodo é reduzir o seu teor de umidade, remover água e
assim reduzir volume e aumentar o teor de sólidos. Os lodos descartados de decantadores
“secundários” de sistemas de lodos ativados com aeração prolonga possuem teor de
sólidos inferior a 1% e quando um adensador o eleva para 2%, tem-se uma redução de
volume de lodo de 100% a ser desidratado. Em um sistema de lodos ativados
convencional ou de filtros biológicos aeróbios, o lodo é misto, primário e secundário, é
gerado com teor de sólidos entre 1,0 e 1,5% e sua elevação para cerca de 4% permite uma
redução de volume ainda maior, podendo-se comprovar a vantagem de incorporá-lo ao
sistema, em vista do volume necessário bem menor de digestores anaeróbios de lodo.
O objetivo da digestão de lodo é complementar a sua estabilização bioquímica, isto é
aumentar o grau de mineralização. Os lodos gerados em sistemas de lodos ativados
convencional e de filtros biológicos aeróbios apresentam relação SSV/SST elevadas (0,8,
por exemplo) e assim não permitem boas condições de desidratação natural ou mecânica.
Como o que prevalece em uma etapa de digestão de lodo é metabolismo endógeno com
destruição de SSV, essa relação se reduz (a 0,4, por exemplo) e o lodo mais mineralizado
possui melhores condições para a desidratação final.
O objetivo da desidratação final é a remoção de água de forma a atingir-se teores de
sólidos superiores a 20%, reduzindo-se assim drasticamente o volume de lodo a ser
transportado e compatibilizando-o com aplicações tais como disposição em aterros ou na
agricultura.
O adensamento de lodo pode ser feito por três processos principais alternativos. O
adensamento por gravidade, é aplicável tanto para lodos de decantadores primários como
para lodos de decantadores secundários, ou seja, excesso de lodos biológicos, bem como
para lodos mistos primários e secundários. O adensamento por flotação com ar dissolvido
pode ser uma alternativa interessante para o adensamento de excesso de lodos biológicos.
57
Resultam em teores de sólidos superiores aos dos lodos adensados por gravidade e podem
ser aplicadas maiores cargas de lodo por área superficial de adensadores, resultando na
necessidade de menores áreas de adensadores. A estrutura, no entanto, é bem mais
complexa. Parte do efluente final da ETE, isto é, do esgoto tratado, alimenta o tanque de
pressurização onde o ar é injetado e, à pressão da ordem de 4,0 kgf/cm2, dissolve-se no
líquido na forma de micro-bolhas. Em seguida, é misturado com o lodo à entrada pelo
fundo da câmara de flotação, com remoção por raspagem do lodo adensado na parte
superior e do líquido subnadante para retornar à entrada da ETE. Recentemente, têm-se
desenvolvido máquinas para o adensamento mecânico de lodos. São máquinas projetadas
para providenciar apenas uma desidratação parcial do lodo, em torno de 4 a 5 %, para
posterior desidratação final que também poderá ser mecanizada. Pesquisas recentes têm
demonstrado a possibilidade de se obter vantagens interessantes mediante o
condicionamento químico de lodos previamente ao seu adensamento. Neste texto, será
dada maior ênfase ao adensamento por gravidade.
Tabela 12: Taxa de aplicação de sólidos em função do tipo de lodo. Fonte: Hespanhol
(1986)
Tipo de Lodo Taxa de Aplicação de Teor de Sólidos no Lodo
Sólidos Adensado
2
(kgSS/m .dia) (%)
Primário 100 – 150 6 – 12
Filtro Biológico 40 – 50 4 – 10
Lodos Ativados 20 – 40 1,5 – 4,0
Primário + Filtro Biológico 60 – 100 4 – 10
Primário + Lodos Ativados 40 - 80 3 - 10
A taxa de aplicação de sólidos deverá ser o fator mais restritivo na determinação da área
superficial dos adensadores porém, a taxa de escoamento superficial, vazão de lodo
aplicada por unidade de área superficial dos adensadores, deverá ser mantida dentro de
certos, ou seja, qA = Q / As < 16 m3/m2.dia.
A NB – 570 da ABNT faz recomendações adicionais, tais como profundidade útil
mínima dos adensadores igual a 3,0 m , tempo de detenção hidráulico máximo de 24
horas e obrigatoriedade de remoção mecanizada de lodo quando se utilizam diâmetros
superiores a 3,0 m. O limite máximo de tempo de detenção do lodo no adensador deve-se
à possibilidade de entrar em decomposição anaeróbia e exalar maus odores. Quando
resulta do dimensionamento tempos de detenção superiores a 24 horas, pode-se recircular
58
uma parcela do esgoto tratado, o efluente final da ETE, com vazão calculada para garantir
o atendimento ao valor limite.
Exemplo de Dimensionamento
Dados:
• Tipo de lodo: Primário + Lodos Ativados
• Produção de lodo: ∆ X = 2254 kg SS / dia
• Massa específica do lodo: 1020 kg/m3
• Teor de sólidos do lodo: 1%
• Vazão de lodo: Q = 2254 / (0,01 x 1020) = 221 m3/dia
elevado e a diferença entre os custos operacionais tem levado ao uso bastante difundido
de digestores anaeróbios em sistemas de lodos ativados e de filtros biológicos aeróbios.
Por esse motivo, será dada aqui maior ênfase para a digestão anaeróbia de lodos.
Podem ser usados digestores de segundo estágio, para armazenamento do lodo e remoção
de sobrenadante. O volume do digestor de segundo estágio é de cerca de 1/3 do volume
de primeiro estágio, determinado pelos critérios apresentados.
Dados:
Deverão ser adotados três digestores de 1.200 m3 cada, perfazendo um volume útil total
de 3.600 m3.
60
Os leitos de secagem de lodo são estruturas compostas de tijolos, dispostos dois a dois e
com juntas preenchidas com areia grossa. Sob os tijolos, são dispostas camadas de areia
grossa e britas de granulometrias crescentes em direção ao fundo, uma laje impermeável
de onde o líquido que infiltra é drenado e retornado à entrada da ETE. O lodo é disposto
sobre os tijolos, secando por infiltração de água no leito e por evaporação ao sol. Os
leitos são alimentados sob a forma de rodízio, a partir de canais com comportas. Um ciclo
típico de operação de leitos de secagem, comumente adotado em projetos em nossa
região, é de 30 dias de duração total, sendo 20 dias reservados para a desidratação do
lodo e 10 dias para a remoção do lodo seco e para rearranjo do leito. Podem ser esperados
teores de sólidos no lodo desidratado superiores a 30%.
Para a determinação da área necessária de leitos de secagem, a NB – 570 da ABNT
preconiza como critério a taxa de aplicação de sólidos, que não poderá ultrapassar a 15 kg
SS / m2 x ciclo. Em nossa região são utilizadas taxas da ordem de 10 a 12 kg SS / m 2 x
ciclo. Determinada a área total de leitos, a mesma é subdivida em um certo número de
leitos que não deverão ser muito grandes para diminuir as dificuldades operacionais.
Dados:
V = 100 (SS) / N . P . ρ
Dados:
∆ X = 6825 kg SS / dia
N=4
P = 30%
ρ = 1,06
Volume do filtro-prensa:
Dados:
• ∆ X = 8212 kg SS / dia
• ρ = 1030 kg / m3
• Teor de sólidos: 5%
• Vazão de lodo: QLODO = 8212 / (0,05 x 1030) = 160 m3/dia
Consumo de polieletrólito:
Médio: 6 kg / 1000 kg SS
Máximo: 8 kg / 1000 kg SS