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AVALIAÇÃO NA EaD: contextualizando uma experiência do uso de instrumentos

Gilian Cristina Barros1 - gilian@seed.pr.gov.br


Kleine Karol Assis2 - kassionline3@seed.pr.gov.br
Marco Antonio Amaral3 - maamaral@seed.pr.gov.br

RESUMO

Este artigo apresenta uma experiência de uso de instrumentos de avaliação na EaD.


Discorre sobre a forma e importância, contextualiza sua aplicação em Cursos de Formação
para Tutores em EaD promovido pela SEED/PR.

1. INTRODUÇÃO

Um ponto fundamental no projeto político pedagógico das instituições de


ensino é a questão da avaliação em suas múltiplas facetas, que há muito é palco de
conflitos e discussões tanto para os docentes quanto para os discentes na modalidade
presencial. Assim sendo, questiona-se: como a avaliação encontra-se situada na Educação
a Distância - (EaD)?
Para se compreender a dimensão deste panorama, definimos o ato de avaliar como
uma etapa do processo de ensino, cujo objetivo é o de garantir a aprendizagem, evidenciar
as posturas e escolhas metodológicas, bem como o que resultou dos objetivos
educacionais. Dentre as diferentes concepções as Diretrizes Curriculares do Estado do
Paraná aponta que:

[...] a avaliação deve se fazer presente, tanto como meio de diagnóstico do


processo de ensino e aprendizagem quanto como instrumento de investigação da
prática pedagógica, sempre com uma dimensão formadora, uma vez que, o fim
desse processo é a aprendizagem, ou a verificação dela, mas também permitir
que haja uma reflexão sobre a ação da prática pedagógica. (PARANÁ, 2009).

1
Mestre em Educação – UFPR. Especialista em Informática na Educação e Metodologia do Ensino Superior.
2
Licenciada em Ciências Biológicas(UFPR),Especialista em Metodologia do ensino de 1º e 2º grau e
Magistério Superior, Especialista em Novas tecnologias na educação.
3
Mestre em Educação – FAFICOP/PR. Especialista: Informática na Educação; Magistério Superior; Ped.
Para o Ensino Religioso. Atua na SEED/DITEC/EaD
2

Assim sendo, compreende-se que ela não pode se restringir apenas ao âmbito
cognitivos, pois envolve também aspectos comportamentais, uma filosofia educacional,
uma teoria de aprendizagem e uma metodologia.
Na EaD a avaliação é concebida como sistemática, pois ao mesmo tempo em que
informa o desempenho acadêmico, a atitude, o comportamento, avalia também os materiais
e métodos e os instrumentos, coletando informações que permitam preparar o cursista para
o exercício de novas funções delegando a este mais autonomia.
Nesta modalidade de ensino, as preocupações com a avaliação não diferem dos
objetivos propostos pela educação presencial, já que pode ocorrer de diferentes formas,
considerando porém as peculiaridades inerentes ao público-alvo e à distância física entre os
atores.
Entre os componentes que avalia figuram o docente, o professor-tutor, o cursista, os
meios de comunicação (recursos) e as interações nas/com as ferramentas. As ações se
desenvolvem por meio de Ambientes Virtuais de Aprendizagem - (AVA’s), os quais
apresentam ferramentas de administração, de autoria e de comunicação que proporcionam
novas possibilidades de práticas avaliativas.
Nesse contexto, Neder (1996) defende a idéia de que os novos elementos
apenas ressignificam o processo de ensino e aprendizagem sem modificá-lo
substancialmente, ou seja, os fundamentos epistemológicos não se alteram.
Os fins educativos determinam o tipo de avaliação a ser implementada, com a
intenção diagnóstica, formativa ou somativa. Se diagnóstica, possibilita detectar
deficiências na aprendizagem, níveis de conhecimentos prévios, se e em que medida os
objetivos estabelecidos estão sendo alcançados, garantir avanços e o desenvolvimento do
raciocínio oportunizando intervenções constantes, permitir que os cursos sejam
reestruturados, possibilitar programar diferentes estratégias metodológicas, evidenciar
aspetos qualitativos e quantitativos.
No aspecto qualitativo é preciso considerar que ela avalia a atitude do cursista no
que se refere às participações nas atividades, interesse, colocações crítica fundamentadas
nos conhecimentos, riqueza e pertinências da idéias, autonomia intelectual, níveis de
cooperação e interações com o grupo através de ferramenta como o fórum, chat, e-mail,
etc.(Aretio,1995). Já o aspecto quantitativo se restringe à quantidade de postagens de
mensagens e participações.
3

Dado as características construtivistas da EaD a intenção diagnóstica permite


analisar todo o processo, que segundo Aretio (1994), permite a inserção de novos métodos,
ajustar objetivos, diagnosticar situações, informar os docentes sobre o rendimento dos
cursistas, adequar conteúdos às necessidades sociais, orientar os cursistas, proporcionar
pesquisa, etc.
Outra característica importante da avaliação na EaD é o desenvolvimento da
autonomia que na ótica de Hadji (2001) está na associação do desempenho pessoal do
cursista com os instrumentos de avaliação e de autoavaliação , visando superar o modelo
de avaliação classificatória, seletiva, autoritária e punitiva como a praticada pela pedagogia
tradicional.
Nos Cursos de Formação de Tutores ofertados pela SEED/PR, a seleção de
ferramentas é criteriosa, pois estas podem influir no resultado final do processo que é a
avaliação da aprendizagem. Estas ferramentas devem ser engendradas de forma que
permitam utilizar instrumentos que estimulem a interação entre os sujeitos, fomente
discussões e compartilhamento de informações. Dentre estas destacamos:
• O questionário, ferramenta de comunicação assíncrona que possibilita também a
comunicação síncrona e a criação de testes.
• O fórum, pode ser utilizado isolado ou associado a outras ferramentas em
atividades dirigidas. É assíncrona, nela o cursista expressa sua opinião. Sua
utilização considera aspectos qualitativos e quantitativos.
• O diário permite ao cursista postar suas reflexões a cerda de um tema.
• A wiki4, se utilizada isolada não cumprirá a função de aprendizagem colaborativa a
que se destina, é necessário estar articulada a outra ferramenta como o fórum e o
chat para que os alunos/cursistas possam organizar suas idéias e traçar suas metas.
Ao implementar este instrumento o professor-tutor transforma-se num facilitador
ao apoiar os cursistas no processo de resolução de casos e é neste momento que se
evidencia o perfil do estudante de um curso de EaD.
• A rubrica5, auxilia detectar os déficits, êxitos em relação ao conteúdo, motivação e
a participação no curso, além disso, possibilita fazer ajustes nas práticas docentes,

4
Wiki: Ferramenta assíncrona de aprendizagem colaborativa, permite que os documentos sejam editados
coletivamente e seu conteúdo seja atualizado, se faça a correção dos erros, complemente idéias e se insir
novas informações.
5
Rubrics (Rubricas) segundo Taggart(2001), em sua origem na palavra inglesa “Rules”(regras), e são estas
regra estabelecidas desde o início do processo que orientam os alunos por quais caminhos podm/devem
trilhar para potencializar sua aprendizagem.
4

facilita o diagnóstico de problemas específicos. Consiste em uma tabela com


critérios específicos para cada curso, programa ou tarefa. Para cada critério deve ser
criada uma gradação que indica desde o aceitável até o ideal.(ver tab. 6)
• O portfólio6 também é utilizado como instrumento de autoavaliação. Possui
características que propiciam o desenvolvimento da independência do cursista em
relação ao professor-tutor, sua pró-atividade e a responsabilidade pela sua
aprendizagem.
O material didático e ou do Curso de EaD como um todo, também são alvos de
avaliação, para tanto pode se utilizar o termômetro (ver tab.3), em diferentes perspectivas:
pelo aluno para analisar em que medida o curso e o material didático lhe proporciona
compreensão dos conteúdos; pelo coordenador pedagógico, para verificar a clareza os
conteúdos trabalhados e sua relação teoria e prática; pelos autores para verificar o resultado
dos trabalhos.

2. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO PARA EaD: A experiência da


Coordenação de Educação a Distância da Secretaria de Estado da Educação
do Paraná

Os instrumentos necessários ao acompanhamento de determinado curso, estão


afetos as peculiaridades de cada instituição e podem ser aplicadas tanto no momento
presencial quanto na modalidade à distância.
É comum se utilizar provas escritas, com questões fechadas e objetivas, múltipla
escolha, falso ou verdadeiro, preenchimento de lacunas, mistas e subjetivas ou com
questões abertas, utilizando ferramentas síncronas ou assíncronas.
Como em qualquer modalidade de ensino, não é viável a utilização de um único
instrumento, é importante oportunizar ao estudante várias formas de acesso à
aprendizagem com vistas a alcançar os objetivos propostos.
No período de 14/04 a 01/06/2008 a SEED/PR ofertou o curso “Formação de
Tutores para Educação a Distância” para 89 professores cursistas foi realizado na
modalidade semipresencial, dividido em cinco grupos, com 20 cursistas em média para
cada tutor, que realizaram as atividades durante quatro semanas.

6
Portifólio: segundo Seiffert (2007) consiste em uma pasta individual gravada num banco de dados, onde são
colecionados os trabalhos realizados pelos alunos n decorrer de um curso.
5

Houve dois encontros presenciais, o primeiro apresentou carga horária de 16h e o


segundo 08h, nos quais foram utilizados os instrumentos de AUTO-AVALIAÇÃO-
CURSO. Foram realizadas ainda 40h a distância com aplicação da avaliação
processual/formativa que totalizou 64h. Esta última realizada pelo(s) tutor (es), se deu num
processo contínuo conforme se pode observar no utilizar o termômetro (tabela 3)
O instrumento denominado AUTO-AVALIAÇÃO-CURSO continha 39 (trinta e
nove) questões com o objetivo de avaliar as seguintes categorias curso, material de
estudos, ambiente de estudos, apoio e orientação aos estudos (tutoria), metodologia e
avaliação.
Conforme se pode observar nos quadros abaixo os instrumentos apresentam
primeiramente as categorias conceituais que indicam como opção de respostas aos
cursistas os seguintes itens: refazer percurso (os cursistas discordaram), bom (os cursistas
concordaram em parte) e ótimo (os cursistas concordaram totalmente), das afirmações e
(ou) questões.
Refazer percurso Bom Ótimo
1 2 3
Discordo Concordo em Parte Concordo Totalmente
MINHAS IMPRESSÕES SOBRE O CURSO
Concordo totalmente Concordo parcialmente Discordo
totalmente
Atendeu minhas expectativas

Permitiu o uso e discussão das diferentes


ferramentas e recursos disponíveis
Ofertou subsidios teóricos suficientes para
meu trabalho como tutor
Os docentes foram claros na apresentação
dos conteúdos
Os docentes responderam com clareza as
dúvidas existentes
A programação foi adequada em relação à
carga horária

CURSO 123
1. O curso, de forma geral, atendeu as suas expectativas.

2. O objetivo geral do curso foi alcançado.

3. O curso contribuiu para torná-lo mais autônomo, comprometido e capaz de desenvolver sua
independência.
6

No que tange aos conteúdos trabalhados no curso estes foram acompanhados e


avaliados em todos os seus aspectos, de forma sistemática, contínua e abrangente.
MATERIAL DE ESTUDOS (Impresso, televisivo, Web) 123
4. Os conteúdos apresentados atendem aos objetivos do curso.

5. A linguagem dos materiais é clara, precisa, estimula e facilita a aprendizagem.

6. Os materiais utilizados facilitam a compreensão do conteúdo.

7. O material estimula debates e pesquisas mais aprofundadas.

8. O material apresenta situações e experiências que perderiam sua riqueza pedagógica se apenas
contadas em texto.
9. O material potencializa a ação pretendida no curso.

10. O material contém combinação adequada do uso de textos, vídeos, imagens e animações.

11. Possui conteúdo didaticamente estruturado para ambiente hipermídia, capaz de propiciar ao aluno a
construção do conhecimento.
12. A quantidade de conteúdos foi adequada à duração dos Módulos.

13. A quantidade de atividades foi adequada à duração dos Módulos.

AMBIENTE DE ESTUDOS
14. O ambiente apresenta-se como um espaço de interações e aprendizagem colaborativa.
15. Eventuais dificuldades com o ambiente foram devidamente sanadas.
16. As orientações técnicas recebidas foram suficientes para o uso adequado do ambiente.
17. Os recursos disponíveis no ambiente de curso atendem às necessidades do mesmo, potencializando suas
ações.
18.Apresenta interface e navegação adequadas para compreensão do conteúdo.
19. As ferramentas de navegação e de comunicação disponíveis no ambiente de aprendizagem foram usadas de
forma adequada à proposta pedagógica do curso.

APOIO E ORIENTAÇÃO AOS ESTUDOS (Tutoria) 123


20. O tutor demonstrou domínio dos conteúdos do curso.

21. A atuação dos tutores favoreceu a superação das dificuldades, a cooperação e a autonomia para
estudar.
23. O tutor repassou de forma clara e precisa as informações, agendas e atividades relacionadas ao curso.

24. Foi criada uma rede de cooperação, interação e aprendizagem entre os participantes do curso.
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25. O tutor apoiou e orientou ativamente o processo de aprendizagem.

26. Os comentários referentes às atividades tiveram retorno, influindo no desempenho do curso.

27.Os comentários referentes às atividades contribuíram para o aprofundamento teórico durante todo o
curso.
28. O tutor implementou o curso com sugestões de material de estudo complementar.

METODOLOGIA 123
29. O encadeamento dos conteúdos facilitou a aprendizagem.

30. Os textos e as atividades contribuíram para o aperfeiçoamento da prática pedagógica.

31. As atividades facilitaram o entendimento e estimularam os estudos.

32. O tipo e a quantidade de atividades foram compatíveis com a proposta e a duração do curso.

33. Houve equilíbrio entre atividades individuais e em grupo.

34. As estratégias de encaminhamento do curso atendeu as suas expectativas.

35. As atividades do curso estimularam a autonomia de estudos, a pesquisa e a produção de


conhecimento.

AVALIAÇÃO 123
36. O sistema de avaliação foi desenvolvido considerando os processos de ensino e aprendizagem.

37. Os instrumentos de avaliação consideram o ritmo de aprendizagem possibilitando alcançar os


objetivos propostos.
38. Os conteúdos trabalhados no curso foram acompanhados e avaliados em todos os seus aspectos, de
forma sistemática, contínua e abrangente.
39. A avaliação da aprendizagem realizada pelo(s) tutor(es), deu-se num processo contínuo.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação em EaD deve ser processual, com a finalidade de priorizar as diferentes


construções do conhecimento, sejam individuais ou coletivas, bem como ser submetida a
cada elemento do processo.
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A avaliação nesta modalidade implementada por meio de instrumentos também


deve ainda ser reflexiva, critica emancipatória e buscar coerência na teoria e na ação,
ressignificando o processo de ensino e de aprendizagem.
Desta forma, é fundamental selecionar instrumentos que proporcionem verificar as
transformações que ocorrem, se houve assimilação e aproveitamento dos estudos, se estes
modificaram no cursista seu modo de ver o mundo, se lhes propiciaram interferir na sua
realidade e também a abordar com êxito a aprendizagem dos conteúdos estudados.
Os instrumentos devem ainda apontar possibilidades de ajuste às intervenções
pedagógicas à obtenção de melhor aproveitamento da aprendizagem.
Finalmente, constata-se por meio das diferentes vozes sobretudo pelos instrumentos
utilizados que estes constituem-se em um mais recurso capaz de inserir os homens na
sociedade, oportunizar ampliar o leque de informações e conhecimentos numa dinâmica
que se articula entre saber de senso comum e conhecimento elaborado com vistas a integrar
a tornar as pessoas mais dignas, autônomas e mais humanizadas.

REFERÊNCIAS

ALONSO, K. M. A avaliação, a avaliação na Educação a Distância: algumas notas para


reflexão. 2002. Disponível em:
<http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/ead/eadtxt5b.htm>. Acesso em: 22/04/09

ARETIO, L. G. Evaluación de los aprendizajes. In: _____. (Coord.). Estudos de


Educación a distancia: La educación a distancia y la Uned. Universidad Nacional de
Educación a Distancia:Madrid: s.n., 1996. p. 359-411.

Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná. Secretaria de Estado da Educação do


Paraná, 2009.

Fernandez, Consuelo. A avaliação em EAD: o caso da aprendizagem. Disponivel em:


<http://www.abed.org.br/seminario2003/ppavaliacao.ppt> Acesso: 30 mai. 2009.

HADJI, C. Avaliação desmistificada. Porto Alegre: Artmed.2001.

NEDER, Maria Lúcia Cavalli. Avaliação na Educação a Distância: significações para


definição de percursos. In: PRETI, Oreste (Org). Educaão a Distância: Inícios e Indícios de
um percurso. Cuiabá, EdUFMT, 1996: 75-94.

SEIFFERT, O.M.B. Portfólio de avaliação do aluno: como desenvolvê-lo. Disponível


em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-
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TAGGART, G. L. et al. (Ed.). Rubrics: a handbook for construction and use. In: Machado,
Suelen Fernanda: Menta, Eziquiel. A utilização das rubricas em Cursos de Educação a
Distância: uma proposta de avaliação autentica. Disponível em:
<www.sitedaescola.com/downloads/artigo_sbie2007.pdf.> Acesso em 30.mai.09.

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