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A VEICULAÇÃO DIGITAL DE RÁDIO1


Daniel Gambaro2
RESUMO
O objetivo desta pesquisa é fazer um apanhado geral sobre a digitalização da veiculação do
rádio, dentro do cenário de convergência de mídias atualmente em andamento. Diferencio no
trabalho o que seria o rádio-veículo e o rádio-linguagem, e como o segundo pode ser perpetuado
em novas mídias digitais. É dada uma breve explicação acerca da tecnologia envolvida na
transmissão do rádio digital, das webrádios e dos podcasts. Neste trabalho, são retomados textos
de autores do Intercom que vêm discutindo tão amplamente esses sistemas.

INTRODUÇÃO
Apesar deste texto tratar da veiculação do meio rádio através das atuais tecnologias
digitais, considero importante voltarmos até o ano de 1996 para entendermos melhor a rápida
evolução tecnológica que transforma não somente a recepção, mas também a linguagem da
produção radiofônica.
Escolhi o ano de 1996 não aleatoriamente. Nessa época, os principais portais de conteúdo
para Internet e websites de grandes jornais brasileiros se fixaram definitivamente. O surgimento
do portal do Jornal Globo, do Universo Online, do Zaz (futuramente, o Terra), da Folha Online
indicam o começo da popularização da rede mundial no Brasil.
Nesses poucos anos, duas palavras entraram em nosso cotidiano para exprimir novos
modos de produção radiofônica: webrádio e podcast. Curiosamente, as tecnologias usadas por
esses dois “produtos” vinham sendo desenvolvidas há algum tempo, a princípio visando outros
fins.
No final da década de 1980, com o avanço da digitalização das produções de áudio e
vídeo, surgiu a necessidade de guardar essa informação digital. O pouco espaço disponível para
armazenamento e os grandes arquivos gerados pela digitalização deram início a uma busca de
formatos de compressão. A ISO (International Standardization Organization – Organização
Internacional de Estandardização), juntamente com outros institutos de pesquisa, fundou em
1988 o Motion Pictures Experts Group, que ficou responsável por desenvolver um procedimento
para comprimir os arquivos de áudio e vídeo digital, reduzindo assim seu tamanho de
armazenamento (medido em bytes)3.

1
Trabalho apresentado no III Encontro Científico da Universidade Anhembi Morumbi. São Paulo, 08 de novembro de 2007.
2
Professor da faculdade de Rádio e Televisão da Universidade Anhembi Morumbi.. Integrante do grupo de pesquisa “Rádio e Mídia Sonora”, da
mesma universidade.
3
Toda a história e funcionamento dos arquivos MPEG pode ser encontrado no site oficial da ISO:
http://www.iso.org/iso/en/ISOOnline.frontpage, consultado em 10/01/2007; e no site oficial do grupo: http://www.chiariglione.org/mpeg/,
consultado em 10/01/2007.
2

No início da década de 1990, o MPEG – como o grupo é popularmente conhecido –


lançou sua primeira especificação técnica. Os arquivos gerados seguindo as instruções contidas
nesse documento passaram a ser conhecidos também como MPEG. Esse documento está
dividido em cinco seções, e sua terceira parte trata da compactação de áudio. Por isso, os
arquivos de áudio criados seguindo esse procedimento ganharam o nome de MPEG I layer III,
ou MP3. Com a popularização da Internet em todo o mundo, abriu-se a possibilidade de
distribuição de conteúdo audiovisual pela rede. Principalmente no que se refere a vídeo, outras
especificações foram trabalhadas visando essa veiculação4.
Outra tecnologia importante inerente aos arquivos MPEG é ao streaming, ou seja, a
transferência de dados em um fluxo contínuo. Traduzindo para uma linguagem mais acessível:
lembre-se que, ao digitalizar o áudio e o vídeo, essa informação é transformada em dados que
compõem um arquivo digital. Esses dados são uma combinação de 0 e 1, a conhecida linguagem
binária. Em arquivos comuns, para “ler” um arquivo transmitido via Internet, é necessário antes
receber todos os dados. No caso do streaming, ocorre a divisão desses dados em pequenos
pacotes, como se fossem sub-arquivos. Durante a transmissão do arquivo, cada pacote pode ser
executado imediatamente ao chegar ao computador, mesmo que parte do arquivo ainda tenha que
ser transmitida. Quando os pacotes são armazenados antes de se iniciar a execução, ocorre o que
chamamos de buffer. Em muitos casos, a transmissão avança conforme o usuário assiste ou ouve
o programa que está baixando: se ele “pausa” ou “avança” a reprodução, a transmissão de dados
acompanha a sua opção, e é interrompida ou reiniciada no ponto escolhido.
Outras empresas de tecnologia desenvolveram padrões próprios de compactação e
streaming de áudio e vídeo. Os formatos mais populares, além dos arquivos MPEG, são aqueles
criados pela Real Networks – o Real Media (RM) – e o formato da Microsoft – O Windows
Media Áudio e Vídeo (ASF, WMA e WMV). Independentemente do formato do arquivo, o
usuário final tem à sua disposição softwares gratuitos para executar o arquivo em seu
computador. Alguns deles são: o Windows Media Player, da Microsoft; o QuickTime Player e o
iTunes, da Apple; o Winamp, da Nullsoft; o RealPlayer, da Real Networks.
Esse breve panorama sobre a tecnologia serve para nos familiarizarmos com alguns
termos que serão bastante usados adiante. Além disso, podemos entender que a divisão do
arquivo em pacotes, no streaming, é o que permite a transmissão de programas ao vivo. Se

4
Em 1998 foi concluída a especificação MPEG2, que tinha como principal objetivo a transmissão digital via Internet, além de configurar um
padrão para o DVD. Os arquivos aproveitavam a arquitetura da MPEG I, mas sua construção valorizava a transmissão através das redes de
Internet daquele momento da história. A parte 7 da especificação MPEG II também trata da compactação de áudio (conhecido como AAC –
Advanced Áudio Coding), porém com ênfase em sistemas multiplexing. Também em 1998, o grupo iniciou os trabalhos para as especificações
MPEG 4, que buscavam suprir a necessidade de gravar arquivos compactados – ao invés comprimi-los em uma segunda etapa – bem como
facilitar a edição desses arquivos. Tais arquivos também seriam usados em radiodifusão. Estão em desenvolvimento, atualmente, as
especificações MPEG 7 e MPEG21.
3

adicionarmos o conhecimento sobre outras formas de transmitir dados digitais sem usar a
Internet5, temos o cenário propício para outra tecnologia de transmissão: o rádio digital, em
discussão atualmente no Brasil.
Estes são os três meios de transmissão de rádio que abordarei aqui: a webrádio, o podcast
e o rádio digital. Proponho uma análise mais profunda desses três sistemas e do modo como essa
tecnologia trabalha em cada um deles. Isso permitirá entender quais são as limitações impostas à
linguagem pela tecnologia, e quais cenários estão se abrindo para o produtor radiofônico.
Acredito ser possível falar em abertura de cenários justamente por considerar o rádio como
linguagem que se adéqua a novas formas de transmissão, saindo da limitação de uma definição
exclusiva de veículo/meio de comunicação.
Importante destacar que separo o suporte de transmissão por ondas radioelétricas e suas
características - fluxo contínuo de informação, programação fixa em horários determinados,
imediatismo e instantaneidade – das características que constituem o conteúdo, um modo de
fazer rádio: ressignificação de elementos como voz, efeitos, música e silêncio, que constituem
programas com locuções, vinhetas, músicas características, informação, concisão textual, etc.
Para o pesquisador Álvaro Bufarah Jr., doravante os programas radiofônicos deverão ser
pensados para os diversos meios de distribuição “tendo de ser consideradas as alternativas
criadas a partir das ferramentas disponíveis na plataforma multimídia da Internet”
(BUFARAH:2004).
Até pouco tempo, havia alguma dúvida sobre o futuro do meio radiofônico diante dessas
novas possibilidades. Alguns chegaram a afirmar que o rádio “morreria”, quando o que se
descortinou foram possibilidades de recuperação do meio e da produção, além de um possível
espaço para democratização da produção.
“É preciso criar uma nova rádio que seja suficientemente impactante para fidelizar os atuais
ouvintes e absorver novos nichos de mercado. Obrigatoriamente, passa-se a assumir a idéia
de qualidade e convergência de serviços via radiodifusão. É hora de se pensar em digitalizar
a radiodifusão sonora”(ABDALLA; RAMOS, 127: 2005).

RÁDIO DIGITAL NO BRASIL


Devido a uma indefinição sobre o padrão de rádio digital no Brasil, levaremos em
consideração neste texto, para efeitos comparativos, os principais sistemas adotados em outros
países.

5
Exemplos de equipamentos que recebem e decodificam dados digitais sem usar Internet: o receptor da TV a cabo, o GPS, os celulares GSM.
Eles utilizam ondas de radiofreqüência.
4

Primeiro, vamos entender o que é a transmissão digital. Atualmente, o sinal do áudio da


programação da emissora (elétrico) modifica as ondas de radiofreqüência6, que são captadas pela
antena do aparelho do ouvinte. Praticamente não existem atrasos na transmissão, ou seja, é
possível o ouvinte interagir ao vivo com o apresentador, por exemplo, usando o telefone. No
caso da transmissão digital, antes de ser enviado, o sinal de áudio é codificado em dados
utilizando técnicas de streaming. Os pacotes de dados do streaming modulam a onda
eletromagnética e são transmitidos até o aparelho do ouvinte, que deve então decodificar o sinal
para poder reproduzi-lo7. O meio de transmissão é o mesmo (o ar), e o que muda é o conteúdo
transmitido (de sinal sonoro para um conjunto de dados).
Como a transmissão do sinal digital ocupa menos “espaço”, é possível maximizar o uso
do espectro da onda de radiofreqüência, aumentando a qualidade do áudio, multiplicando canais
de transmissão, ou adicionando informações extras em outros formatos de dados, como textos
com nomes das músicas, informações sobre trânsito, etc. De um modo geral para todos os
sistemas disponíveis, a digitalização também reduz problemas com interferências. Como existem
somente duas possibilidades de informação em um sistema binário (ou é 0, ou é 1), é necessário
um grande evento externo para prejudicar a recepção. Ainda assim, não há ruído de transmissão:
o áudio simplesmente não chega até o ouvinte. (ABDALLA; RAMOS, 130: 2005).
Conforme informações da Agência Nacional de Telecomunicações, a implantação do
sistema digital deveria possibilitar “a revitalização do rádio brasileiro, a melhoria da qualidade
de áudio, principalmente na faixa de ondas médias e curtas, a ampliação das oportunidades de
negócio com a oferta de novas aplicações na faixa de FM”8. Acrescente-se a isso a opinião de
alguns professores e pesquisadores em rádio, que compreende a inclusão social, democratização
do acesso à informação e formação de rede de ensino à distância (MOTA; TOME, 80: 2005)9;
dentro da democratização do acesso, incluem-se “uma cobertura mais completa das regiões
habitadas e... uma maior alternativa de programas aos ouvintes” (Martínes-Costa apud
BUFARAH: S/D ).
Ainda de acordo com a Anatel, será dada prioridade para a migração das rádios em Ondas
Médias - OM (onde estão as emissoras AM). Espera-se que o ganho de qualidade de áudio seja

6
Esse processo de modificação é conhecido como modulação. Existem duas ondas eletromagnéticas na transmissão: a portadora, que carrega a
informação sonora, e a moduladora, que modifica a portadora conforme o áudio que está sendo transmitido.
7
Duas tecnologias estão envolvidas na transmissão digital, a compactação e a codificação para transmissão: No sistema norte-americano de rádio
digita, eles são a compactação MPEG para criação de streaming e a codificação COFDM (Coded Orthogonal Frequency Division Multiplexing),
que permite a transmissão de grandes quantidades de dados em uma mesma freqüência. Fonte: NASCIMENTO, Juarez Quadros. Tutorial sobre
Rádio Digital. Disponível on-line em http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialradio/default.asp. Consultado em 09/01/2007.
8
http://www.anatel.gov.br/Tools/frame.asp?link=/radiodifusao/radio_digital/radio_digital_brasil_ccs.pdf, consultado em 07/01/2007
9
Neste trecho, os autores citam o decreto 4.091 de 2003 como base para suas afirmações.
5

nas seguintes proporções: emissoras AM passarão a ter a mesma qualidade que a FM hoje, e as
emissoras FM terão qualidade de CD.
Como dificuldades apresentadas, temos que os padrões existentes de transmissão digital,
devido à codificação/decodificação, geram um atraso de até 8 segundos na transmissão (o que
inviabiliza a interação do ouvinte com o meio). Além disso, é preciso lidar com os custos de
implantação de um sistema digital e a migração dos usuários para o novo modelo.
As discussões no Brasil caminharam em torno de quatro modelos já usados em outros
países. A exemplo da TV Digital, as discussões envolvem um padrão japonês (o ISDB-Tsb), dois
padrões europeus (o DRM e o Eureka), e um norte-americano (o IBOC, do consórcio iBiquity).
O padrão japonês funcionaria como uma variável do padrão de TV digital. O rádio
utilizaria bandas de freqüências mais baixas que as da TV, que poderiam ser subdivididas em
vários canais de transmissão. Os receptores poderiam também captar o áudio das transmissões de
TV digital, e os aparelhos de TV sintonizariam o rádio (MOTA; TOME, 65: 2005). No entanto,
como o sistema funciona fora das conhecidas faixas de FM e AM atualmente existentes, seria
necessária uma reacomodação dos emissores e troca das freqüências pelas quais as rádios são
conhecidas por seus ouvintes.
O sistema Eureka 147, da mesma forma que o japonês, possibilita a divisão da freqüência
de transmissão em vários canais. Dessa forma, diferentes emissoras podem compartilhar o
espectro para difusão, antenas, e processos de codificação, o que reduziria custos. Esse sistema
está sendo rechaçado por dois motivos: devido ao alto custo de implantação, uma vez que os
ouvintes precisariam trocar seus aparelhos, e porque também seria necessário haver uma
reacomodação das faixas de transmissão (BUFARAH: S/D). Além disso, esse sistema significar
mudar completamente o modelo de negócios existente hoje.
O sistema DRM somente funciona em freqüências baixas, o que significa que somente
transmite em Ondas Curtas, Médias e Longas. Seria o ideal, inicialmente, para substituir nossas
transmissões em AM (amplitude modulada) sem a troca da freqüência do emissor (BUFARAH
JR: S/D). Como o sistema não contempla as transmissões em FM, isso pode significar a
necessidade da adoção de dois sistemas simultaneamente, o encareceria a implantação.
Várias emissoras pediram autorização junto à Anatel para realizar testes, em boa parte
utilizando o sistema IBOC. Isso sinaliza uma preferência por esse sistema devido a algumas de
suas vantagens (do ponto de vista do emissor): é possível realizar transmissões simultâneas de
sinais analógico e digitais; utiliza a mesma freqüência, ou seja, em caso de migração, o ouvinte
não terá que aprender um novo número no dial; os custos de implantação aparentam ser mais
baixos que o dos outros sistemas (devido a incentivos do consórcio iBiquity). Neste sistema,
cada freqüência de FM tem a capacidade de transmitir até 4 programações diferentes, ou usar
6

duas transmissões de alta qualidade, ou ainda transmitir com qualidade razoável e implantar
serviços de dados. Para isso, o sistema passa a reter uma maior banda no espectro de
radiofreqüência, “em um processo de apropriação do espectro. Verifica-se, portanto, a lógica da
‘fome de espectro’ a nortear significativamente os trabalhos” (MOTA; TOME, 75: 2005). Outro
problema do sistema IBOC é que ele não contempla Ondas Curtas - OC e Ondas Tropicais - OT
(que continuariam a ser transmitidas de forma analógica, ou usando um outro sistema).
Em qualquer caso, a escolha pelo padrão digital de rádio poderia oferecer mais mercado.
Haveria espaço para crescimento com a distribuição de novas concessões, caso a discussão sobre
a implantação levasse em consideração outros atores sociais que não as empresas de difusão –
como rádios comunitárias. Infelizmente, o lobby feito pelos radiodifusores e a sinalização do
Ministério das Comunicações pela escolha do IBOC, sem a discussão necessária, parece
proporcionar justamente o contrário. Sente-se isso pelo modo como os testes estão sendo
conduzidos e pela falta de informações à população. A pesquisadora Patrícia Rangel, ao tentar
levantar dados sobre os testes na cidade de São Paulo, se deparou com um cenário de apatia por
parte dos emissores:
“A sensação é que os testes foram impostos, o padrão digital foi imposto e somente por isso
está sendo testado. Por enquanto, é mais importante a interatividade da Internet, do site da
rádio com os ouvintes, a aproximação que a Internet traz entre a emissora e seu público do
que a vinda do rádio digital.” (VILLAÇA: 2006)
O grande temor é que, durante o processo de conversão para os sistemas digitais, assuntos
importantes fiquem de fora. O primeiro deles é a portabilidade do rádio, uma vez que aparelhos
celulares e tocadores de MP3 estão sendo fabricados com capacidade para receber sinais de FM.
“A digitalização permitirá a integração do rádio a plataformas convergentes. A convergência
fornecerá ao rádio uma interatividade, via outras plataformas, não imaginável na transmissão
analógica” (ABDALLA; RAMOS, 131: 2005). Álvaro Bufarah Jr. salienta que as
“oportunidades de negócios baseadas na plataforma multimídia é um dos grandes atrativos para a
evolução das emissoras” (BUFARAH: S/D). Entre essas oportunidades, estão, por exemplo, a
distribuição de conteúdo via canal adicional, informações e propagandas nos displays de cristal
líquido, serviços on-demand, etc. Com um pouco de atenção, esses novos serviços (ou a
transmissão de múltiplas programações) podem significar também um aumento nas vagas para
mão-de-obra no setor.
Mesmo oferecendo novos recursos, as rádios precisarão conviver com o avanço do
podcast e das webrádios. Assim, é preciso concordar com a opinião do ex-ministro das
Comunicações, Juarez Quadros do Nascimento, quando ele afirma que “o rádio pode ficar à
margem do movimento de digitalização dos meios de comunicação, e a convergência tecnológica
que os aproxima pode afastá-lo, uns dos outros e de seus consumidores em um admirável mundo
7

já não tão novo”10. É preciso agregar ao tema da digitalização toda a tecnologia já disponível
(um exemplo que pode ser cogitado é tornar possível o podcast via freqüência do rádio).
Um outro assunto que deve ser discutido refere-se ao acesso à produção. Prevalecendo o
desejo dos produtores atuais, será perdida uma grande chance de ampliar o mercado e o
investimento em segmentação de conteúdo. Sobre as emissoras comunitárias, ainda não há
informação disponível sobre seu futuro, e alguns grupos já começaram a levantar questões sobre
quem pagará a conta da implantação do sistema11. André Barbosa Filho indica como um
exemplo de solução a destinação da faixa de 26MHz, em ondas curtas, apenas para transmissão
comunitária dentro do sistema digital (BARBOSA FILHO, 326: 2005). O professor afirma ainda
que a digitalização pode significar uma redução no número de equipamentos, o que favoreceria
essas rádios, em projetos de parcerias com universidades e associações (BARBOSA; CASTRO,
291:2005). Tal solução é questionável, uma vez que essa faixa pode ficar fora do espectro
digitalizado, dependendo do padrão adotado.
Ainda assim, o acesso ao conteúdo digital somente será possível com o barateamento dos
equipamentos. Aposta-se também na digitalização como forma de incentivar a indústria nacional
que produzirá os receptores, de forma que o preço caia a níveis acessíveis às camadas mais
pobres da população. (BUFARAH: S/D)
A população, e outras instâncias do governo além da Anatel e Ministério das
Comunicações, devem participar mais ativamente do processo de escolha e definição do padrão,
de modo que, independente do formato de transmissão escolhido, seja privilegiada a produção
descentralizada e distribuição irrestrita de conteúdo. Como proposta para incluir a divulgação
cultural e de educação via radiodifusão, os pesquisadores Humberto Abdalla Jr. e Murilo César
Ramos lembram da
“necessidade de inserir a questão da radiodifusão sonora na mais ampla discussão
estratégica possível sobre comunicação neste país. Discussão que parta do princípio de que
é fundamental pôr fim ao cenário de dispersão política e fragmentação regulamentar que
hoje caracteriza o setor. (ABDALLA; RAMOS, 141: 2005)”
Em um cenário mais simplista, a população poderia participar mais ativamente da
produção, usando canais de interatividade que poderiam surgir com o melhor aproveiramento do
espectro de radiofreqüência (ou aproveitando aqueles que já existem com a Internet). Seria uma
forma do usuário “deixar de lado o papel de mero consumidor e passar a ser, ele também, um
agente ativo na produção e disseminação de informações e conhecimento, transmutando os
usuários-consumidores em usuários-cidadãos”. (MOTA; TOME, 64: 2005)

10
NASCIMENTO, Juarez Quadros. Tutorial sobre Rádio Digital. Disponível on-line em
http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialradio/default.asp. Consultado em 09/01/2007.
11
Um exemplo é esse artigo publicado no começo de 2006: RÁDIO DIGITAL: DEMOCRATIZAÇÃO OU "CALA-BOCA
TECNOLÓGICO"?. Artigo digital publicado em http://www.fazendomedia.com/novas/movimentos260206.htm. Acesso em 09/01/2007.
8

Rádio via satélite


Não é exatamente o mesmo sistema digital que estamos tratando neste texto, mas
envolve, em parte, a mesma tecnologia. Para usar o serviço via satélite, o usuário assina o
serviço de uma empresa (como funciona hoje na TV por assinatura) e recebe em seu carro, casa,
ou qualquer outro lugar, o sinal com dezenas (ou centenas) de canais de rádio. Para tanto, é
preciso um decodificador (que não é o mesmo das rádios digitais em AM ou FM). Esse sistema
permite, por exemplo, atravessar um país recebendo o mesmo sinal do satélite.
Em pouco tempo de implantação, o sistema via satélite fez grande sucesso nos Estados
Unidos. As empresas que exploravam esse sistema em 2006 chegaram a marcar mais de 13
milhões de usuários, em um crescimento na faixa de 30% em um ano12.
Em termos de conteúdo, como as emissoras via satélite têm sua renda a partir das
assinaturas, elas precisam se preocupar menos com as verbas publicitárias que as emissoras
comuns. Algumas emissoras, portanto, não possuem anúncios publicitários. Ainda assim, não
chega a ser uma concorrência direta com a rádio aberta, uma vez que a emissora via satélite não
privilegia a cobertura local (como uma FM). Em outras palavras: as programações dessas
emissoras tendem a ser gerais, para cobrir um amplo território.
Ainda não há projeto de autorização para exploração dos serviços de rádio via satélite no
Brasil, e essa discussão deve se seguir à implantação de um sistema digital.
Para esta discussão, o que interessa aqui é a existência de dois modelos de produção: um
mero serviço de veiculação musical 24 horas no ar; e um serviço de produção de rádio pago, ou
seja, um serviço sonoro cuja linguagem constituinte é aquela do rádio convencional.

AS WEBRÁDIOS
As primeiras emissoras via internet brasileiras surgiram em meados da década de 1990
com uma ampla variedade de programação e diversificação musical. Elas acompanharam o
surgimentos dos provedores de internet, uma vez que o áudio compactado, pelo seu tamanho, era
a mídia viável para transmissão no começo da web. Em princípio acompanhando uma tendência
mundial (em 2000, estimava-se que existiam cerca de 3.500 emissoras on-line pelo mundo), as
webrádios brasileiras ofereciam alternativas às rádios comuns. Um exemplo é a Manguetronic
Net Radio, que entrou no ar em abril de 1996 como “o primeiro programa de rádio da América
Latina desenvolvido especialmente para a rede”. Esse serviço foi idealizado dentro do

12
Artigo digital da revista Forbes, disponível em http://www.forbes.com/markets/2007/02/26/xm-radio-update-equity-markets-
cx_mk_0226markets38.html?partner=rss, consultado em 24/03/2007
9

movimento cultural pernambucano conhecido como Mangue, que em 1995 tinha lançado o site
Mangue Bit (BUFARAH: 2003).
Outro caso que merece destaque é o da Musical FM. A emissora operou na freqüência
105,7MHz, em São Paulo, até o primeiro semestre de 1999. Nesse ano, sua programação foi
trocada de MPB para música gospel, deixando muitos ouvintes revoltados. A solução encontrada
na época foi abrir uma webrádio que mantivesse a mesma programação musical, a Musical
MPB13.
Para facilitar o estudo dessas emissoras via Internet, elas podem ser classificadas
conforme alguns parâmetros: rádios convencionais (AM e FM) que transmitem o mesmo
conteúdo via ondas hertizianas e via Internet; webrádios ou netrádios; e canais de áudio que se
assemelham a serviços de divulgação musical (BUFARAH:2003, e SOUZA:2004).
As rádios convencionais encontraram na Internet uma forma de ampliar o alcance de seu
conteúdo, uma vez que o ouvinte habitual pode sintonizar a emissora também via rede, mesmo
quando está fora da região de funcionamento da rádio (BUFARAH: 2003).
Uma webrádio pode ser um website ou uma estação14 em um portal, em que os usuários
encontram links para programas de rádio. O usuário pode escolher qual edição do programa
deseja ouvir, e o arquivo de áudio referente àquele programa é executado em seu computador,
via streaming. Mesmo emissoras convencionais, que mantém transmissões simultâneas via
Internet e ondas de rádio, começam a produzir conteúdos exclusivos para a rede.
Existem duas formas de transmissão: “ao vivo” e “on demand15”. No caso da transmissão
ao vivo, o sinal de áudio do programa é enviado a um computador (o encoder) que o codifica em
formato de pacotes de dados. Esse computador é ligado a um servidor e envia a ele os pacotes.
Os usuários se conectam ao servidor e, através dele, recebem em seus computadores pessoais os
pacotes de dados daquela transmissão. Neste caso, não há um “arquivo de áudio”, apenas os
pacotes que são apagados imediatamente após a transmissão16.
Na transmissão on demand, os arquivos digitais do programa completo ficam disponíveis
no servidor, e são executados a partir dele quando o ouvinte decide escutar um programa.
Em ambos os casos a transmissão se dá via streaming, e o arquivo não é armazenado no
computador do usuário. Assim, a veiculação de um programa ou de uma música não significa

13
A Musical MPB on-line funciona atualmente no endereço www.musicalmpb.com.br. Consultado em 17/01/2007.
14
“Estação” é uma página, dentro de um portal, que reúne conteúdo sobre um assunto disponibilizado pelo site: um canal de rádio, um canal de
moda, um canal sobre animais, etc.
15
“On demand” é um termo usado de forma bem comum na Internet. Sua tradução seria algo como “a pedidos”. Toda a produção de um website
que está on demand está disponível para o internauta acessar em qualquer momento.
16
Um bom resumo sobre o que é streaming pode ser encontrado na Wikipedia, em http://en.wikipedia.org/wiki/Packetized_Elementary_Stream,
consultado em 09/01/2007. Sobre os métodos de codificação em Windows Media, é possível acessar a página da Microsoft sobre o assunto:
http://www.microsoft.com/windows/windowsmedia/forpros/encoder/default.mspx, consultada em 09/01/2007.
10

sua distribuição. Quando o ouvinte decide ouvir novamente um programa, os dados são
novamente baixados em seu PC.
Neste texto, consideramos webrádio apenas a emissora que oferece programas como em
uma rádio comum, com uma linguagem e estética própria do meio e que utiliza e ressignifica
diferentes elementos (locução, efeitos, música e silêncio) (SILVA, 17:1999). Dessa forma,
mesmo os serviços on demand se enquadram como rádio-linguagem.
A principal diferença entre a composição de um programa para webrádio e para uma
rádio convencional está no tipo de informação que será passada. Graças à interatividade da
Internet, o ouvinte pode escutar o programa quantas vezes e quando quiser, pode pausar, avançar
ou voltar um trecho. Algo que, no momento, é impensável no rádio analógico. Por outro lado,
com exceção dos programas transmitidos ao vivo, a webrádio não pode oferecer o imediatismo e
instantaneidade17 que a rádio comum oferece. Parte dessa deficiência é suprida pelos textos
escritos usados largamente pelos portais.
Assim, as informações que são disponibilizadas em um programa devem ser escolhidas
de forma que não fiquem “velhas” muito rapidamente. Por outro lado, o on demand permite um
aprofundamento maior da informação para o ouvinte. Afinal, se ele precisar, pode escutar o
programa mais que uma vez – e dedicar maior atenção à mensagem, driblando a fugacidade do
meio sonoro.
Mesmo os programas que tratam de entretenimento saem ganhando em questão de
conteúdo informativo. Em uma webrádio, o apresentador pode falar mais e tocar mais músicas –
uma vez que não há limite de tempo imposto pelos espaços comerciais de uma rádio analógica.
Outro apoio interessante de uma webrádio é que o programa pode vir acompanhado texto escrito
e imagens, com informações complementares ao assunto apresentado.
Os chamados “canais de áudio” são serviços que oferecem programação musical
segmentada em um gênero ou em um estilo. É comum, também, canais que permitem ao ouvinte
montar sua programação musical18. Graças a essa interatividade, esse tipo de emissora é, na
realidade, muito mais próximo de um serviço fonográfico do que radiofônico.
O cenário da internet no Brasil é propício para o crescimento do serviço de webrádio,
apesar de observarmos pouco movimento da indústria nessa direção. Segundo dados do

17
Como nos ensinou Gisela Swetlana Ortriwano, imediatismo é a possibilidade de transmissão do fato/notícia no momento em que ele ocorre.
Trata-se por instantaneidade a possibilidade ao ouvinte de receber a mensagem no momento em que ela é transmitida. Ou seja: em um programa
ao vivo, ambos conceitos se aplicam. Porém, caso esse programa que foi transmitido ao vivo fique disponível on demand, a informação perderá
tanto o imediatismo como a instantaneidade. ORTRIWANO, Gisela Swetlana. A informação no rádio: os grupos de poder e a determinação
de conteúdo. São Paulo: Summus, 1985 4ª Ed.
18
Creio ser importante lembrar de websites como a Usina do Som, de propriedade do Grupo Abril, que oferecia um grande acervo musical ao
internauta sem oferecer programas fechados. O principal apelo era a possibilidade do ouvinte montar sua própria programação musical.
11

Ibope/Netratings19, o número de usuários de serviços de alta velocidade praticamente dobrou


entre 2005 e 2006. O que poderia ser uma boa saída para os produtores e rádio, no entanto, não
encontra muito espaço nos provedores ou outros veículos próprios da internet. Talvez a falta de
portabilidade da webrádio seja um elemento atravancador nesse crescimento. Além disso, as
novas possibilidades de veiculação de vídeo pela rede praticamente substituiu a produção de
programas sonoros. A questão da portabilidade, por exemplo, ficou a cargo dos podcasts, quase
que uma substituição da produção de webrádio, e de palmtops e aparelhos celulares que acessam
internet com um custo altíssimo.
No entanto, antes de finalizar, considero importante ampliar a discussão sobre algumas
características que diferenciam a webrádio do sistema de rádio convencional. A webrádio é o
resultado do que chamamos comumente de convergência de mídias. Dois meios distintos, o rádio
e a Internet, se encontram como um novo meio de comunicação massiva. A facilidade
tecnológica, que permite uma ampla divulgação de conteúdos, também pode ser responsável pelo
aprofundamento qualitativo da informação, como nota Magda Cunha: “Ao jornalista cabe agora
o aprofundamento do fato, a análise. Fatos narrados em primeira mão podem ter sua origem em
qualquer indivíduo com uma pequena câmera ou um telefone celular e que esteja presenciando o
fato” (CUNHA:2004).
Além da análise poder ser mais incisiva dentro do próprio programa, o suporte de
imagens e textos que acompanham a transmissão modificaram “o modo de o ouvinte se
relacionar com o rádio e também na linguagem do veículo para com seus ‘usuários’”
(BUFARAH: 2003).
Do ponto de vista informativo, uma emissora na Internet pode contar, além da realização de
entrevistas e debates para o aprofundamento dos dados, com links dedicados que permitam
a leitura de textos, a visualização de vídeos e de fotos sobre o assunto (BUFARAH: 2003).
As possibilidades na recepção da mensagem, como avançar e retroceder, garantem ao
receptor uma característica única e individual de lidar com a informação, em um processo já
conhecido de individualização da comunicação massiva. “É importante reconhecer que a
tecnologia digital proporciona uma informação onde o tempo não é linear” (CUNHA:2004), ou
seja, a ordem de acontecimentos dos fatos não será a mesma ordem que o ouvinte/internauta terá
acesso à notícia, uma vez que ele pode começar a receber informações a partir de uma análise
para, depois, procurar a narração completa dos fatos. Além disso, as ferramentas de
interatividade ganham com o rápido retorno proporcionado pela bidirecionalidade da
comunicação via Internet.

19
MANZONI JR, Ralphe. Número de usuários de banda larga dobra em menos de dois anos no Brasil. Artigo on line disponível em
http://idgnow.uol.com.br/internet/2007/01/05/idgnoticia.2007-01-04.2426042674/IDGNoticia_view, consultado em 17/01/2007.
12

Como não há limites para a quantidade de informações via Internet, é através desse meio
que surge a possibilidade real de segmentação de conteúdo para diferentes públicos. Diferentes
programações radiofônicas podem oferecidas, atendendo diferentes demandas que nada tem a
ver com a localidade, e sim com uma comunidade de pessoas. Assim, a “Internet pratica a
desterritorialização... [que] permite a reunião de tribos ou públicos dispersos geograficamente e
agora conectados pela Internet. Falamos, portanto, da falta de uma vinculação com um lugar e
sim com uma proposta” (SOUZA:2004).
Por fim, validando a existência da rádio na rede, está uma característica própria ao meio:
assim como no rádio convencional, não é necessária a atenção concentrada do ouvinte para
receber a mensagem, ou seja, o receptor pode executar outra tarefa, como navegar em outros
sites ou escrever/ler um texto, enquanto ouve a programação da webrádio.
Diante desse cenário, conclui-se que o serviço pode servir para a veiculação da
mensagem radiofônica. No entanto, exige uma revisão de seu modelo comercial de operação na
busca de audiência.

O PODCAST
A linguagem radiofônica esteve intrínseca ao conteúdo de alguns podcasts desde o seu
aparecimento. O próprio surgimento do serviço aconteceu da necessidade de se criar um novo
modo de produzir rádio. Adam Curry, ex-VJ da MTV, explorou seu sentimento de enfado com
relação às rádios tradicionais e criou um meio de distribuir áudio via Internet, de modo que o
ouvinte pudesse “levar consigo” e ouvir o programa quando fosse conveniente. Os primeiros
programas feitos por Curry tinham 30 minutos e usavam a linguagem radiofônica (com
aberturas, notícias, vinhetas, etc). (MEDEIROS, 8: 2005)
A isso, aliou-se o lançamento da Apple Computers, em 2001: um tocador de áudio
portátil chamado iPod. Esse equipamento popularizou os tocadores portáteis de arquivos MP3, e
especula-se que o nome PODCAST tenha surgido da junção do seu nome com a palavra
broadcast, que significa difusão. O pesquisador Marcello dos Santos Medeiros, no entanto,
aponta outras possibilidades, como POD referir-se ao acrônimo de Production on Demand
(produção sob demanda) ou Publishing on Demand (produção sob demanda) (MEDEIROS, 3:
2006).
O serviço começou a ganhar popularidade no Brasil principalmente entre 2005 e 2006.
Para entender a crescente procura pelo serviço – e por falta de números do nosso mercado –
13

vamos dar uma olhada nos números nos Estados Unidos: são hoje cerca de 3 milhões de ouvintes
nesse país, com expectativa de crescimento de 400% (para 10 milhões) até 201020.
Primeiro, vamos entender o conceito de podcast: trata-se de um serviço de distribuição de
arquivos MPEG de forma automática para um tocador portátil (como o iPod) ou um computador
pessoal. Por exemplo: o produtor disponibiliza via Internet arquivos MP3 contendo edições de
seu programa sobre culinária. As pessoas interessadas nesse programa fazem uma “assinatura”
do serviço, e cada vez que acessarem a Rede com seu computador ou com seu aparelho portátil,
o arquivo MP3 mais recente é automaticamente copiado.
O funcionamento desse sistema de assinatura é bastante simples. O produtor armazena
em um servidor de Internet os arquivos de áudio de seu programa e um arquivo XML21 contendo
a descrição e o caminho para chegar até esses arquivos. Em uma página na Internet – que pode
ser a página do programa, um blog ou um fórum de discussão – ele disponibiliza o caminho para
o Internauta chegar até o arquivo XML. O internauta então copia o endereço desse arquivo para
um software chamado agregador. Quando o agregador é iniciado, ele “lê” o arquivo XML
atualizado, identifica descrições e endereços dos arquivos de áudio, e imediatamente começa a
copiar as edições do programa para o computador. Uma vez baixado, o Internauta deve usar um
tocador de MP3 para reproduzir o arquivo. Os softwares iTunes e Winamp são exemplos de
agregadores de podcast que também servem como tocadores.
Cada vez que o produtor disponibiliza uma nova edição de seu programa, ele deve
atualizar o arquivo XML com informações sobre o novo arquivo disponível. Quando o
Internauta aciona novamente o agregador, apenas as novas edições são baixadas para seu
computador.
A produção de um podcast é mais simples que a de uma webrádio por envolver menos
processos. Tendo em mãos um modelo de texto XML, qualquer pessoa pode atualizar o conteúdo
de um podcast. Não é necessário um computador exclusivamente para codificar o material, ou o
desenvolvimento de uma página de interface para streaming22. A pessoa interessada em produzir
um podcast precisa apenas de um computador que grave voz, com uma placa de som comum, e
de um servidor para hospedar os arquivos. Existem muitos serviços de “disco virtual”

20
Podcasts terão 15 milhões de ouvintes nos EUA em 2010. Artigo on line disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u19707.shtml, consultado em 06/01/2007.
21
Arquivos XML são arquivos de texto usados na Internet, e possuem códigos-fonte para que um programa execute determinada função. Nesse
código, normalmente existe informação sobre atualização de um website. O software que “lê” o arquivo XML é normalmente chamado de
agregador. Quando um usuário adiciona o endereço desse arquivo XML no agregador, o software periodicamente acessa esse arquivo na Internet,
para verificar se foi feita qualquer atualização no website ao qual ele se refere.
22
A criação de uma webrádio envolve algumas etapas. Mesmo que não ocorram programas ao vivo, há a necessidade de um servidor onde são
armazenados os arquivos dos programas gravados. O usuário precisa de uma interface mínima para selecionar o programa que quer ouvir, o que
exige um webmaster (a pessoa responsável por criar a página na Internet com os links para os programas, bem como suas atualizações). É o
webmaster quem vai determinar se o arquivo de áudio será reproduzido em um programa (como o Winamp, o Real Media ou o Windows Media
Player) ou se tocará diretamente da página na Internet.
14

disponíveis, alguns de graça. Para divulgação do conteúdo e do endereço do seu XML, o


produtor pode usar um blog comum. De olho nessas novidades, alguns provedores passaram a
oferecer serviços direcionados a podcast, como buscas e listas de programas disponíveis. Já
existem sites que oferecem a página para divulgação e montam o arquivo XML
automaticamente.
Além dos provedores e websites especializados, um grupo de pessoas criou, em 13 de
maio de 2006, a Associação Brasileira de Podcasters: um grupo que visa “coordenar, orientar e
representar locutores, produtores, comentaristas e divulgadores do podcast brasileiro”23.
Uma das vantagens do podcast, com significativa interferência na linguagem, é a
mobilidade oferecida. Como o podcast é copiado para o computador pessoal do ouvinte, ele pode
escutá-lo quando achar conveniente (e não precisa ficar o tempo todo conectado à Internet,
diferentemente da webrádio), além de poder copiar o arquivo para um tocador portátil.
Ao aliar a facilidade de produção e divulgação com a mobilidade, o podcast deve se
tornar uma forte alternativa de entretenimento, o que deixa em alerta as emissoras de rádio.
Muitas delas começam também a trabalhar com podcasts, oferecendo alternativas de programas
aos seus ouvintes, ou disponibilizando o conteúdo para download24.
Os usos para o podcast também não se limitam à produção de rádio. Muitas empresas
oferecem programas aos seus clientes como forma de publicidade25. A prefeitura de São Paulo
organizou uma página com notícias em áudio26, e universidades norte-americanas disponibilizam
aulas via podcast27.
Uma característica das webrádios – a profundidade que se pode conseguir na informação
– é acentuada no podcast. Neste formato, pela facilidade de produção e distribuição, há uma
tendência ainda maior de “fuga” dos formatos tradicionais de programas, o que permite uma
exploração ainda maior das possibilidades de linguagem.
A idéia da arquitetura aberta facilita a descentralização da produção (MEDEIROS:2005),
de forma exponencialmente maior que a produção de uma webrádio. Isso porque os softwares
usados para a criação desse produto são, em sua maioria, livres e fáceis de operar.
As características desta ferramenta nos levam a pensar que indivíduos, até bem pouco
tempo, ignorados, agora podem se fazer ouvir e disponibilizar numa dimensão global e
multicultural os produtos culturais e simbólicos que, inclusive, reflitam uma identidade
local. (RIBEIRO:2005)

23
http://www.abpod.org/wiki/index.php?title=Apresenta%C3%A7%C3%A3o, consultado em 17/01/2007.
24
É possível citar como exemplo a Radio 1, da BBC (www.bbc.co.uk/radio1)
25
Podcasts terão 15 milhões de ouvintes nos EUA em 2010. Artigo on line disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u19707.shtml, consultado em 06/01/2007.
26
Prefeitura de SP ganha programa de rádio na web. Artigo on line disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u19400.shtml, consultado em 06/01/2007
27
Novo serviço da Apple baixa aulas via iTunes. Matéria publicada no jornal Folha de São Paulo. São Paulo, 13/02/2006, caderno Dinheiro.
15

Essa identidade pode ultrapassar as barreiras do local no sentido físico, e representar uma
comunidade com interesses afins espalhadas por um território sem-fronteiras, fruto da
universalização promovida pela Internet. Setores menos favorecidos em representações
midiáticas – ou seja, aquelas minorias excluídas – podem aqui ser representadas. Como nota a
pesquisadora Lílian Ribeiro, “podemos observar o surgimento de novos mediadores culturais,
que não se enquadram na posição de receptores passivos, mas sim na de produtores e
divulgadores de cultura” (RIBEIRO:2005).
Por outro lado, como lembra o jornalista Lucio Ribeiro em sua coluna na Folha Online,
por “permitir que qualquer pessoa crie seu programa, significa também que nem tudo o que
circula pela rede vale a pena ser ouvido”28. Uma saída para quem quer se destacar entre os
muitos podcasts que existem é ser diferente, porém com certa coesão.

É ou não é rádio?
A maior discussão atualmente, em torno do fenômeno podcast, refere-se à qualificação
(ou não) desse serviço como uma forma de se fazer rádio. O pesquisador Marcello Santos de
Medeiros, por exemplo, não o considera rádio. Em pesquisa publicada em 2006, Medeiros
conclui que o podcast é “uma nova mídia, uma verdadeira multimídia, dentro da Internet”
(MEDEIROS, 10:2006).
Sua afirmação tem base em uma classificação do serviço em 4 modelos: metáfora, que
imita a linguagem radiofônica, usando seus elementos; editado, constituído a partir da edição de
um programa radiofônico já veiculado em uma emissora de rádio comum; registro, que se refere
à produção descentralizada, usando ou não elementos da linguagem radiofônica, e que seguem o
modelo de blogs; educacional, formato que surge como apoio em universidades, escolas e
empresas ao ensino à distância. Medeiros afirma ainda que, como a maior parte dos modelos não
obedece às regras de criação do rádio, todo o serviço de podcasting não pode ser considerado um
meio de veiculação. Outro motivo colocado pelo pesquisador é a falta de regularidade na
realização dos programas, e a falta de continuidade da transmissão, uma vez que o ouvinte pode
baixar o conteúdo e ouvi-lo a qualquer momento. A falta de centralização na produção – uma vez
que qualquer pessoa pode produzir o programa – também é apontada como descaracterizador do
serviço como rádio (MEDEIROS, 10:2006).
Acredito que podemos considerar, diante das mudanças que o rádio deve sofrer com a
convergência de mídias, que se trata de um serviço de transmissão de produtos que podem

28
RIBEIRO, Lucio. Sol e sexo. E até música. Artigo on line disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult512u233.shtml, consultado em 07/01/2007.
16

possuir a linguagem radiofônica. Mesmo a falta de uma programação, como apontado por
Marcello Medeiros, pode ser compensada por uma periodicidade na produção e distribuição de
programas – mais ou menos como ocorre hoje com o on demand das webrádios.
Considerando a busca pela difusão – de rádio ou TV – direcionada ao indivíduo, como
observamos pelas promessas de interatividade dos sistemas digitais, acredito ser necessário
entender esses novos meios como novos sistemas de difusão. O podcast é um exemplo de
facilidade ao ouvinte quando consideramos liberdade de escolha de horário para ouvir o
programa, ou a possibilidade de montar sua própria programação. Essa possibilidade do on
demand poderá ser, em breve, buscada pelo rádio digital. O rádio perderia sua característica de
meio pela fragmentação da programação? Ou por ser transmitida via redes de Internet?
É claro, não é possível considerar que todos os modelos de podcasts criteriosamente
apontados por Medeiros sejam realmente produções radiofônicas. Mas é preciso levar em conta
que os do tipo “metáfora” são programas de rádio feitos para serem veiculados por outro
meio/sistema. Neste caso, é necessário fazer a distinção entre rádio-linguagem e rádio-veículo de
transmissão. Não é possível, em um momento em que a convergência de mídias é cada vez mais
explorada inclusive comercialmente, qualificar novos suportes em comparação aos modelos
originais de rádio e TV do começo do século passado. O rádio-linguagem continua existindo
independente do suporte em que é veiculado.
Mesmo a colocação sobre a descentralização da produção pode ser questionada. O
funcionamento das rádios livres e comunitárias não se assemelharia bastante à difusão para uma
comunidade, como é buscado pelos podcasters? E as grandes emissoras não teriam, também, a
possibilidade de produzir conteúdos exclusivos para um grande público? Ainda sobre as
comunidades, vale citar André Lemos, pesquisador e editor da revista on-line 404NotF0und29,
quando ele relê Bertold Bretch e aproxima o podcast de seu ideal de rádio produzido pelo
ouvinte, quebrando as estruturas de produção centralizada e dominação (LEMOS:2005).
Em resumo, vejo o podcast como algo complementar ao broadcast, ou seja, um sistema
de veiculação de conteúdos que podem ser programas de rádio, serviços educacionais ou
fonográficos, serviços de comunicação interpessoal, etc. Assim, parece apropriado dizer que o
rádio está encontrando meios de sobreviver à convergência total de mídias. O rádio digital, a
webrádio e o podcast, juntos, complementam-se em serviços de distribuição de informações,
mantendo aquelas características que tornam o meio tão importante, como a rapidez da
informação, a portabilidade, o entretenimento e a democratização e inclusão cultural.

29
Revista eletrônica disponível em http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/404notf0und
17

REFERÊNCIAS

Para realizar esse texto, contei com a ajuda de Karina Attisano Guerreiro, Supervisora do
Ecad-SP e do Sr. Juarez Quadros do Nascimento, ex-ministro das Comunicações e atualmente
consultor na Orion Consultores Associados, que prontamente responderam aos meus e-mails.

Bibliografia

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para suas afirmações.
18

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Sobre webrádio
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CASTRO, Daniel. Emissoras tendem a ter canais na Net. Artigo publicado no jornal Folha de São Paulo. SP, 25/06/1999,
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Sobre Podcast
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Sobre Rádio Digital


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Rádio Digital: democratização ou "cala-boca tecnológico"?. Artigo digital publicado em
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MANZONI JR, Ralphe. Número de usuários de banda larga dobra em menos de dois anos no Brasil. Artigo on line
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