Antes de iniciar a abordagem aos 4 Modelos de Comunicação -
Modelos de Base Linear ou de Informação; Modelos de Base Cibernética ou Circular; Modelos de Comunicação de Massas e por fim, os Modelos Culturais ou Sócioculturais, penso que seja importante definir o conceito de Modelo. Um Modelo de Comunicação é uma descrição sob a forma gráfica conscientemente simplificada de uma realidade parcelar, com o intuito de mostrar os principais elementos de qualquer estrutura ou processo e as relações entre esses elementos. Desta forma, abordarei em seguida as 4 correntes de Comunicação pois, no caso da Comunicação, para conhecermos as formas ideais de comunicar, necessitamos de conhecer os 4 Modelos. Como nos refere Freixo (2006: 337) “(…) para se proceder ao estudo da comunicação, torna- se necessário «desmontar» os seus diferentes elementos para melhor poder compreender o seu funcionamento”
Modelos de Base Linear
Modelo Linear de Lasswell
Em 1948, o cientista social e politicólogo americano Harnold Lasswell, publicou um artigo onde dissociava o fenómeno da comunicação em 5 partes basilares, sendo cada parte representada por um elemento do fenómeno e um “campo de estudos especializados”. Segundo este autor, para se descrever um acto comunicativo, é necessário responder às seguintes questões: Quem? (emissor); Diz o quê? (mensagem); Por que canal? (meio); A quem? (receptor); Com que efeito? (efeito).
Este modelo de comunicação envolve 3 premissas:
1ª) Os processos de comunicação são assimétricos – o emissor tem um papel activo, que produz o estímulo e, um receptor que reage a esse estímulo; 2ª) A comunicação é intencional pois o seu intuito consiste em obter um determinado efeito, gerando um determinado comportamento; 3ª) As funções do comunicador/emissor e do destinatário/receptor surgem isoladas, independentes das relações sociais, culturais e situacionais em que o acto comunicativo se processa.
Modelo Linear de Shannon e Weaver
Paralelamente à apresentação do Modelo de Lasswell, que pretendia explicar de que forma se desenvolvia o processo comunicativo (5 interrogações), os teóricos Shannon e Weaver, elaboraram o seu Modelo Linear, este baseado no primeiro. Esta tese é essencialmente matemática e vai permitir estudar a quantidade de informação que uma mensagem comporta e a capacidade de transmissão de um determinado canal. Este novo Modelo Linear é constituído por 6 elementos e foi concebido para apresentar aspectos técnicos das telecomunicações que posteriormente foram alargados às ciências sociais e humanas. Segundo este modelo, que se baseia numa teoria matemática, a comunicação processa-se pelos seguintes constituintes: a fonte de informação; transmissor; canal; fonte de ruído; receptor e destino. Ou seja, na fonte de informação corresponde o momento de produção da mensagem, em seguida esta mensagem é transformada pelo transmissor, em um sinal susceptível de ser difundido pelo canal. Aqui, surge-nos um novo termo, a fonte de ruído, que é responsável pelas interferências que prejudicam a reprodução exacta da mensagem. Citando Shannon e Weaver (2006: 151) “(…) o ruído é responsável pelas interferências que prejudicam a transmissão perfeita da mensagem.” Ou seja, é o elemento que perturba, dificulta a compreensão pelo destinatário, como por exemplo, o barulho, a voz muito baixa, a interferência na rádio, a chuva na televisão ou o farfalhar no telefone. De seguida, o receptor irá receber a mensagem enviada e este dará o “feedback”, reagindo à mensagem inicial fazendo agora o papel de transmissor (sentido inverso). O destino, indica o ponto de chegada da mensagem que pode ser uma pessoa, uma coisa, ou uma máquina. Porém, esta teoria foi bastante criticada isto porque, os seus autores não consideraram “(…) a interacção com o receptor, o papel das redes de comunicação e, ainda, por terem negligenciado a componente semântica das mensagens”. (FREIXO, 2006: 344)
Modelos de Base Cibernética ou Circulares
Os Modelos Cibernéticos são todos aqueles que integram o feedback/a retroacção como elemento regulador da circularidade da informação. O matemático, Norber Wiener, fundador da Cibernética, considerava este campo como uma área interdisciplinar abrangendo “todo o campo da teoria do controlo e comunicação, na máquina ou no animal”. (FREIXO, 2006: 347)
Modelo de Comunicação Interpessoal
Os Modelos de Comunicação Interpessoal baseiam-se nos modelos de base cibernética, pelo facto de traduzirem uma comunicação numa situação de interacção face-a-face, consistindo em eventos de comunicação oral e directa.
Modelo de Comunicação Interpessoal de Wilbur Schramm
Este modelo veio trazer aos modelos lineares alterações significativas, introduzindo-lhes algumas precisões suplementares. Assim, este autor dá uma nova dimensão aos modelos lineares, alargando a noção de codificação e descodificação. Segundo Scharamm, o acto comunicativo é interminável, afirmando que é errado dizer que o processo comunicativo tem um início e um fim como nos refere no Livro de Freixo (2006: 349), “Nós somos pequenas centrais telefónicas recebendo e reencaminhando a grande corrente interminável de informação…” Neste momento, aparece pela 1ª vez a noção de feedback, deixando assim de ser, o modelo puramente linear. Ou seja, tanto o emissor como o receptor têm a capacidade de codificar e descodificar as mensagens, de emiti-las e interpretá-las, tal como nos diz Jean Cloutier (2006: 350), «… emissor e receptor assemelham-se …». A noção de feedback é semelhante à de reacção, na medida em que, quando o receptor recebe a mensagem, este vai reagir e codificar a sua própria mensagem (a sua resposta) em função daquilo que recebeu. Podemos então referir, que este modelo de Schramm, é amplamente circular.
Modelo de Circular de Jean Cloutier
Jean Cloutier, que foi considerado o mais representativo desta corrente comunicativa, no seu livro “A Era de Emerec”, pretendeu dar significado ao indivíduo em dois pólos, ou seja, alguém que recebe e emite informação. Este Modelo Cibernético, não é um modelo estático mas sim dinâmico pois, está em movimento e varia segundo os tipos de comunicação estabelecida. Também não é linear, mas sim concêntrico, isto porque “(...) o seu ponto de partida é sempre o ponto de chegada” (FREIXO, 2006: 353) Modelos de Comunicação de Massas Os Modelos de Comunicação de Massas foram inseridos nos Modelos de Base Cibernética. Isto deve-se ao facto de os meios de comunicação se basearem nos princípios de retroacção.
Modelo Geral de Comunicação de Gerbner
Este modelo defendido por George Gerbner caracteriza-se pelo poder de apresentar formas diferentes em função do tipo de situação de comunicação que descreve. Podemos referir que esta corrente trouxe-nos uma vantagem pois, esta adapta-se para diversos fins, pode descrever a comunicação mista entre humanos e máquinas, assim como, pode ser usado para diferenciar áreas de investigação e construção teórica.
Modelo Geral de Comunicação de Schramm
No que se refere ao ponto de vista de Schramm, este modelo é uma adaptação do seu modelo base. O emissor/fonte da comunicação passa a colectivo, ou seja, são ao mesmo tempo, o organismo e os mecanismos que dele fazem parte. As mensagens enviadas são múltiplas mas semelhantes. No entanto, este processo de comunicação não termina já, cada receptor faz parte integrante de um grupo e as mensagens divulgadas pelos mass media vão continuar o seu rumo através desses grupos.
Modelo Geral de Comunicação de Maletzke
O modelo defendido por Maletzke foi considerado um bom exemplo académico do estudo da comunicação de massas, pelo facto de este autor ter conseguido demonstrar a complexidade desta comunicação nas suas implicações sóciopsicológicas. No seu esquema, este autor apresentou alguns elementos, nomeadamente, comunicador, mensagem, meio e receptor, acrescentando mais dois elementos que emergem entre o meio e o receptor. Um destes elementos é a pressão ou constrangimento causado pelo meio (pois o indivíduo é influenciado pelas características, princípios e conteúdos do meio), o outro é a imagem que o receptor tem desse mesmo meio, que influencia a sua escolha no que diz respeito aos conteúdos.
Modelos Culturais ou Culturológicos
Modelo Cultural de Edgar Morin
Contrariamente aos modelos/teorias anteriores, esta corrente centra- se na cultura de massas e as suas precursões na sociedade. Esta corrente baseia-se em estudos de investigadores franceses como é o exemplo de Edgar Morin. Este investigador centra-se na cultura de massas e esta é gerada pelo processo dialéctico que abrange 3 elementos relacionados: a criação, a produção e o consumo. Assim, o êxito do grande público depende do grau de eficiência da resposta às aspirações e necessidades do indivíduo.
Modelo Cultural de Abraham Moles
A teoria deste investigador francês insere-se numa perspectiva cibernética da comunicação. Para este autor, estamos perante uma sociodinâmica da cultura, ou seja, existe uma interacção constante entre a cultura e o meio em que está inserida, interacção realizada pelos criadores que provocam a evolução. Na perspectiva de Moles, a comunicação está compreendida em 4 elementos, o macro-meio (que representa a sociedade em si), integrado nela está o criador (aquele que actua) e tem como fim desenvolver novas ideias, desempenhando actividades que abarcam todos os ramos em função de um micro-meio, sendo este entendido como um sub-conjunto da sociedade, através dos mass-media (a televisão, rádio, imprensa…). Referências Bibliográficas
FREIXO, Manuel J. Vaz - Teorias e Modelos de Comunicação,
Lisboa: Instituto Piaget, 2006.
MACHADO, Pedro P. – Diapositivos – Modelos da Comunicação,