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Prefácio................................................................ 5
Apresentação....................................................... 7
Neste capítulo, o dramático depoimento de uma mãe cuja família viveu o pesadelo do
daime (cefluris). Céu do Mapiá.
I Início da Verdade.................................................19
Neste capítulo, terá conhecimentos que te levam ao êxito, auto realização e felicidade
plena.
II A viagem ao Acre................................................36
Neste capítulo, entrevistas recentes do filho do mestre Irineu Sr.Paulo Serra e do Sr.Juarez
contemporâneo do mestre.
III Drogas e Xamanismo...........................................55
Neste capítulo, testemunhos vivos de uma doutora e um policial, que viveram as faces do
santo daime cefluris.
IV Plantas de poder X Plantas drogas....................... 74
V Verdades que você precisa saber.........................79
Entrevista da Sra.Adália de Castro que conviveu com o mestre Irineu por 30 anos e de
outros três contemporâneos Acreanos.
VI Situação da ayahuasca no Brasil..........................87
Mais 04 testemunhos que comprovam os fatos, imparcialmente.
VII Aliciamento e disseminação do uso de drogas com daime na Internet .............
E-mails de integrantes do falso santo daime, onde confirmam e ainda incentivam o uso de102
drogas.Aliciamento pela internet.
VIII Estados alterados de consciência......................... 118
IX A maconha do ponto de vista científico..............122
As mais recentes comprovações científicas sobre a maconha, com fotografias tomográficas
do cérebro humano dos já lesados pela droga após alguns meses de uso. Aqui não tem
achismo.
X Como fazer ayahuasca ou daime......................... 138
XI A contabilidade verdadeira dos trabalhos com daime ou ayahuasca
........................................... 140
Comprove o lucro de 300% já nos trabalhos com o daime a 30 reais no cefluris. Comercio
em nome de DEUS é que fazem!
XII Quem está preparado para ser padrinho e madrinha......................................................
142
XIII Como aconteceu a passagem da madrinha Genecilda............................................................
Saiba a verdade e veja como age dissimulado o povinho do cefluris e discípulos do146
padrinho sebastião mota.
XIV Gideon dos Lakotas e o início do Céu Nossa Senhora da
Conceição......................................... 155
O testemunho vivo do xamã Gideon, quando conheceu o céu de maria, céu da lua cheia e
outras igrejas do cefluris.
Apêndice............................................................. 181
Inúmeras reportagens desde a colônia 5.000 cefluris, que relatam que as barbaridades já
acontecia desde o início.
Prefácio Voltar ao sumário
Depoimento: C. T. B.
Data de nascimento: 25/5/1961,
Natural e moradora de Curitiba, Paraná.
O inicio do engodo
"Eu poderia dar um testemunho longo, cheio de detalhes e
nomes, porém sinto no meu coração que não é necessário, já
há irmãos fazendo isso de uma maneira muito melhor.
Espero, sinceramente, que meu testemunho seja útil e
providencial para muitas pessoas. Faço isso para o"
"Mestre" e pelo mestre lrineu, que é o responsável pelo
santo daime na Terra.
É um testemunho de alerta que estou deixando para o bem
da humanidade. Eu descobri o daime há uns 10 anos. Ao
lado de Nova Gokula, que é a comunidade rural do
movimento Hare Krishna em Pindamonhangaba (interior de
I São Paulo). Apareceu um ponto de daime, na fazenda
vizinha. E eu fiquei curiosa por conhecer esse trabalho
espiritual com planta de poder. Fui lá conhecer.
E esse contato foi muito bom, muito especial para mim,
porque havia muitos devotos que cantavam mantras, além
do hinário é claro, isso me fascinou. O daime me ganhou ali
naquele momento. Meu Deus, isso é espiritual!. Foi bem
mágico para mim. E comecei a freqüentar, levei minhas
irmãs, minhas sobrinhas, levei todo mundo para o daime. E
com o tempo passamos a freqüentar outros centros.
Passamos anos viajando para fazer trabalhos com daime.
Ficamos fascinadas pelo daime, fizemos muitos amigos. E
até chegamos a abrir um ponto, depois, uma igreja de daime
em Curitiba. Eu e minha família, minhas irmãs, filhas e
sobrinhas, ficamos muito unidas nessa época, realmente
formamos um clã e tudo ainda era muito inocente. Porém no
momento em que o movimento começou a crescer e se
institucionalizar já não funcionou da mesma forma.
Cannabis
Quando entrei no santo daime eu já usava a cannabis por
longa data, era do Tempo de comunidades alternativas.
Morei no RJ onde pitava em shows, praia, teatro, era super
normal, todo mundo pitava. Só tinha a perseguição da
policia, é claro que eu achava um absurdo porque não
liberavam logo essa planta? Nunca considerei droga, muito
menos me considerava viciada, mesmo fumando todos os
dias... Afinal eu era "da paz e amor". Só fui parar de pitar
quando entrei pro movimento Hare Krishna. Aprendi que
era "intoxicação", e estaria quebrando um principio
espiritual se continuasse pitando, então parei por um bom
tempo, até que conheci a "santa Maria" o "segredo" do
santo daime. Então voltei a pitar sem culpa, agora
resguardada pela "santa".
Estava feliz da vida com meu pitinho, mas é claro que minha
vida familiar e profissional estava uma droga, mas eu tinha
meu "pitinho" para me consolar, e consolava mesmo, eu
ficava sob um véu de um conforto ilusório. Por nada eu
deixarei de pitar a minha santinha que me dava tanto
conforto. Usei religiosamente todos os dias, plantei uma
rocinha em casa, já que o único peso era o tráfico e todo o
baixo astral disso. Mesmo assim eu comprava de traficante,
pois para o meu consumo teria que ser uma roça grande,
uns vasinhos não davam conta. O traficante me avisava
quando tinha uma erva mais natural, não tão prensada, e eu
purificava colocando no sereno, fazendo Reik, untando com
mel, na verdade fIZ todo esse ritual poucas vezes, por que o
que eu queria mesmo era pitar logo; Era viciada, e usava
todos os dias para fazer qualquer coisa. Nas seções
espirituais do daime, eu levava meus pitinhos prontos no
bolso, e saia pra pitar tranqüilamente; Imagina trabalho
sem pito, nem pensar! Existe trabalhos com pito dentro do
ritual, antigamente era só para fardados. Então fardei.
Usávamos a "santa Maria" com o objetivo espiritual, de
cura, de expansão da consciência. Essa era a idéia, porém
com o uso diário...Virou vicio é claro. Tinha muitos amigos
de pito. Na época achava que estava tudo bem. Só mais
tarde fui perceber e viver os perigos do vicio. O que
realmente está por trás desse véu de ilusão.
Céu do Mapiá
Fiz uma viagem de férias de um mês para conhecer o Céu do
Mapiá, há uns sete anos, com minhas irmãs. Nós nos
divertimos muito e foi bem melhor do que qualquer
Disneylândia. Já na canoa para chegar até o Céu do Mapiá
o barqueiro nos ofereceu um "pitinho"; Fomos pitando até
lá e tudo foi muito divertido, uma verdadeira aventura na
selva, parecia um filme de Indiana Jones multiplicado por
cinco.
Chegando no Céu do Mapiá, esse barqueiro nos encaminhou
para nos hospedarmos na casa dos pais dele. E eu
timidamente perguntei ao barqueiro como poderia fazer
para comprar a "santinha". E ele ficou todo ressabiado e me
disse que no Mapiá ninguém comprava ou vendia que não
tinha comércio era por meio dos amigos que quisessem
compartilhar. A partir desse dia, o pai desse barqueiro, um
senhor velho e muito querido, nos dava generosamente .três
"pitinhos" por dia. E, principalmente, quando havia
trabalhos espirituais. Durante o trabalho, no Céu do Mapiá,
mal o trabalho começava e as madrinhas, senhoras idosas,
já saíam para pitar na ponta da igreja. E eu achava aquilo
incrível, achava o máximo. E todo mundo pitava a torto e a
direito dentro do trabalho, pessoas de todas as idades.
Em uma ocasião fomos visitar a madrinha Rita, esposa do
Sebastião (Sebastião Mofa de Meio), e ela me perguntou: "tu
pitas?" E eu respondi: "claro"madrinha". E pitamos juntas,
Achei incrível aquela senhora que parecia minha finada
vozinha preparando um "pitinho" para nós. Na época. foi o
máximo, porque tudo que eu queria era pitar com minha vó,
meu pai, minha mãe. E claro que não podia. E nessa família
onde estava hospedada fiquei admirada de ver essa família
silenciosa que todos os dias se reunia para pitar, mãe, vó,
filho, neto; eu achava que aqui!o era uma grande união. E
um dia em que ainda estávamos hospedadas naquela família
foi o aniversário de uma das netas do dono da casa, fizeram
um bolo de aniversário bem simples, vieram os amiguinhos,
cantaram parabéns, comeram bolo e as criancinhas de 7. 8,
10 anos, só criancinhas, fizeram uma rodinha e começou a
rolar o"pitinho". Aquilo me Impressionou, me chocou um
pouco. E eu comentei com a avó das crianças: "isso na
minha terra dá cadeia", E ela respondeu: "minha filha, essas
crianças já nasceram sob a luz da "santa Maria. Então
pensei:"é santa mesmo". Algo que criancinha pode usar, que
a avó da pra neto, só pode ser do bem! Lá no Céu do Mapiá,
lá na floresta, minhas irmãs se fardaram. Eu resisti porque
"tenho sempre um pé atrás"'com instituição, ainda mais que
já era há 20 anos Hare Krishna. Mas meu amor pelo santo
daime crescia e levei toda a minha família com convicção de
que iríamos receber muitas curas emocionais, mentais,
físicas e espirituais. Eu acabei me fardando um tempo
depois por causa daqueles trabalhos fechados só para
fardados onde se pitava santa maria abertamente. Então
quis me graduar porque não queria perder por nada
trabalhos de "santa Maria". Boa parte da minha família
estava no daime, menos minha mãe, que manifestava um
incomodo com aquele nosso movimento. Mas a gente amava
e foram anos de muita alegria, muita união, muitos amigos,
muita festa e, é claro, muito pito. Eu quero esclarecer aos
que lerem este testemunho que: este "conto de fadas" inicial
que parece um paraíso é justamente a ilusão que a maconha
nos faz vivenciar, enquanto este portal "negro", que é a
maconha, vai encravando suas garras até a pessoa acordar
e às vezes já tarde sem nem saber por onde sair. Por isso
atenção, todo cuidado é pouco com este portal da maconha.
A Desilusão ou: saída da ilusão
Estava indo tudo muito bem, de vento em popa. Até a
inauguração da igreja oficial. Era uma festa só. Claro que
havia alguns balanços, normais. Mas o balanço grande, ou
melhor, a queda total começou no dia da inauguração da
igreja, ao menos para mim.Estava tudo lindo, aconteceram
20 fardamentos, igreja lotada, crescendo rápido... Mas,
dentro da sessão espiritual de inauguração minha filha mais
velha, que havia passado seis meses no Céu do Mapiá e nem
queria voltar, tive que implorar para ela voltasse, começou
a manifestar um comportamento muito estranho. Zombando
tudo e todos dentro do trabalho principalmente perseguindo
a mim. Eu não podia compreender o que estava
acontecendo, já que ela sempre foi uma menina tão educada
e espiritualista, sua educação e base espiritual foi de
primeira linha. Então, pela primeira vez na minha vida tive
uma vidência clara e assustadora e vi na menina muitos
seres esdrúxulos, horripilantes, sinistros, que estavam ali
única e exclusivamente para zombar e destruir a festa.
Estavam ali para roubar, matar e destruir. E conseguiram.
Roubaram a alma e destruíram a vida dela, só não
conseguiram matar porque ela tem proteção da Krishna. A
minha filha ficou tomada de espíritos do mais baixo astral,
ela se perdeu. E então aí começou meu filme de terror. A
menina que era uma princesa do movimento Hare Krishna,
com uma bagagem de dez anos de vida exclusiva para Deus,
acordando todos os dias às 4h da manha para adorar o
Senhor Supremo, não era mais a mesma. Ela tinha 17 anos
na época e isso aconteceu em 2002.
A partir daí, foram cinco anos de lutas com as trevas. Posso
dizer que naveguei pelo vale das sombras, fui conhecer o
outro lado. Eu como mãe, e responsável, fui do paraíso ao
inferno, sem escalas, em um piscar de olhos. Entrei em
contato com outro lado que eu não conhecia. A culpa e o
medo tomaram conta de mim. Só Deus para me tirar
daquela situação, pois o povo do santo daime do padrinho
Sebastião ficaram mudos, não.sabiam o que fazer nem dizer.
Fiquei só. Tive a sensação horrenda de perder a menina
como um balão que estava indo para ô espaço. Percebi que
o paraíso da santa Maria era na verdade o inferno
disfarçado o inimigo tirou o e se apresentou para mim cara
a cara. E se mostrou o que tem por trás de toda aquela
sedução...
Dentro dessa instituição, não encontrei apoio, nem recurso,
nem caridade, nem cura. "A menina rodou". Isso acontece
com algumas pessoas...Que talvez tenham algum problema
emocional, familiar,ou mesmo uma esquizofrenia enrustida
que aflorou, ou talvez fosse muito mediúnica e "surtou".
Enfim um festival de achismo. O que me deixou realmente
triste na época foi o pessoal da minha igreja me pedir
educadamente é claro, para que eu não levasse mais a
menina nos trabalhos, pois ela atrapalhava muito, é verdade
ela aterrorizava! Sendo ela uma fardada pioneira e
fundadora dessa igreja... Comecei a questionar seriamente.
Como pessoas que não estão dispostas a compreender,
aprender e ajudar um próprio integrante, irmão de corrente,
que está "sinalizando" que algo não está certo. Qual a
intenção de um grupo desses? Salvar a humanidade? Qual o
real interesse? Qual o propósito? Se não tem cura nem
caridade, pra não se falar de amor, com um irmão de
corrente? Realmente eu não entendi. Mas, compreendi que
tudo era muito superficial. Não existe nenhuma
responsabilidade para com o ser humano, muito menos
amor. Aquela firmeza no amor que tanto se fala nos hinos é
só pra cantar bonitinho, e a prática?
Então desiludi com esse grupo, e esse santo daime do
Sebastião que foi indiferente ao meu sofrimento.
Compreendi que o meu problema era serio mesmo. É eu e
Deus, meu irmão. Então, com toda a minha Fé me levanto e
luto pela minha causa.
De lá para cá, são cinco anos de batalha com psiquiatra,
psicoterapia e muitas outras coisas. Pois a menina entrou
em uma confusão e depressão profundas. Não tinha mais
amigos, nem condição de freqüentar a escola, de trabalhar,
de fazer mais nada, a vida dela parou. E a minha também!
Ela estava com alma perdida, culminando quase com um
internamento em um hospital psiquiátrico. Tomava remédios
tarja preta, e segundo a psiquiatra ela estava condenada a
tomar os medicamentos por anos.
De volta à luz
Aí foi quando Deus, com sua infinita bondade, por meio de
amigos muito amados e especiais discípulos do Mestre
lrineu, aos quais serei eternamente
e incondicionalmente grata, me levaram em outro centro
para mais uma tentativa de cura. E aí chegando lá o líder
espiritual do lugar me disse para ter fé no maior curador do
universo: O Mestre Jesus Cristo. Fizemos eu e minha irmã
espiritual que me levou a esse lugar um trabalho
maravilhoso, de muita luz onde eu definitivamente consegui
romper com toda a egrégora da maconha, curei meu vicio
como um verdadeiro milagre. Foi muito lindo. Então ele
disse para levar minha filha até lá para fazer um trabalho
com daime. E eu estava um pouco insegura porque fazia
tempo que ela não tomava daime e tomava remédios
controlados fiquei receosa do que poderia acontecer. Mas o
Xamã insistiu para que eu tivesse fé e fez um trabalho na
linha xamânica com santo daime. Foi a partir desse
momento que minha filha deu um salto quântico na cura
dela, parou de tomar remédios psiquiátricos, nunca mais
surtou e os caminhos dela começaram a se abrir. Sou muito
grata a todas essas pessoas, mas é claro que por trás de
todos está o Criador. A vida da minha filha começou a
andar, mesmo devagar, mas para isso precisei romper com
todos os meus amigos antigos, que usavam ainda a "santa
maria". Precisei romper com toda aquela instituição
profundamente. E lá no centro onde minha filha encontrou o
primeiro passo para cura fui recebida com muito amor,
compaixão e caridade, não cobraram de mim nenhum
centavo. É o Céu N.S. da Conceição em Pariquera Açu - SP.
O xamã líder de lá sempre diz: "O senhor dessa obra é o
Mestre Jesus.. Eu sou apenas um servo dele. Estou contando
tudo isso porque é uma causa séria, pelo mestre lrineu, por
essa sagrada bebida, que é providência divina, mas se usada
com drogas perdem-se vidas. Depois dessa melhora da
minha filha, agradeço a Deus, ao meu amado Jesus Cristo,
ao mestre lrineu, a esses irmãos de luz que me ajudaram
com tanto amor e carinho. Deus é incrível, só fui perceber o
engodo em que eu me encontrava quando o mal tocou
minhas amadas filhas, senão talvez estaria na ilusão até
hoje. Na minha concepção, minhas filhas foram geradas,
nascidas e criadas para Deus e estava vendo com meus
próprios olhos elas se perdendo de Deus. Imagine uma
sensação dessa para qualquer mãe. Você que é mãe e pai
pense nisso! Percebi que havia algo de muito errado. A mais
velha em um surto psicótico e a mais nova em um mergulho
na rebeldia unindo-se a uma pessoa dessa instituição, 20
anos mais velha, de caráter duvidoso. Reconheço que não
sou uma mãe exemplar, cometi muitas faltas, porém não vou
perder o bom senso ou minhas filhas para a ilusão, para as
trevas. Depois de muito sofrimento, compreendi o preço de
uma falta grave no mundo espiritual, compreendi a falta
grave para com o mestre lrineu e sua santa doutrina.
Compreendi, afinal, que o verdadeiro santo daime estava e
está sendo maculado. Só hoje, graças a Deus, sou livre para
conhecer o Mestre. Para conhecer o trabalho do Mestre,
não é possível usar outras plantas que não são autorizadas
pelo Mestre, ele mesmo fala no seu estatuto.
Hoje eu sei que a Santa maria é droga e nada tem de
santificada.
Perdão
Eu peço perdão, sinceramente, a todas as pessoas que de
alguma forma encaminhei para a direção equivocada.
Paguei e estou pagando um preço alto por isso. Peço perdão
à minha família, irmãs, sobrinhas e, principalmente, peço
perdão às minhas amadas filhas. Que o Supremo Senhor
Jesus Cristo, Virgem Soberana Mãe, junto com o mestre
lrineu em sua infinita bondade e misericórdia, possam
perdoar as minhas falta e me proteger das armadilhas,
enganos e engodos desse mundo material. Eu peço perdão
agora, sinceramente, a todos os seres de luz. E agradeço do
fundo do meu coração a nova chance e oportunidade que
estão me dando. Obrigada. Esse testemunho é para a honra
e glória de tudo o que é sagrado, ao santo nome de Krishna,
Jesus Cristo,
Maria Santíssima, e ao querido e Raimundo Irineu Serra,
que é guia e guarda desse sagrado sacramento para a cura,
bênção e luz."
L. M. B. M.A.
Depoimento do policial F.
Caro Irmão Emiliano Dias Linhares, Gideon dos Lakotas
Através da presente Carta venho dar testemunho do que
vivenciei nas Igrejas Conveniadas ao CEFLURIS, durante o
período em que lá estive.
Nos idos de 1990 tive uma companheira que freqüentava a
Igreja Céu do Mar, que fica na Estrada das Canoas n° 3036,
São Conrado, Rio de Janeiro, RJ. Face aos
constantes convites por parte dela, eu finalmente cedi e fui
conhecer o que ela chamava Santo Daime. Antes, porém
tendo ainda certa dúvida quanto o Santo Daime ser droga
ou não, pois eu nunca tive experiência com drogas e
inclusive não sou de beber e fumar, tomei o cuidado de
pesquisar um pouco e descobri que o Santo Daime não
estava relacionado como droga, então decidi ir conhecer.
Chegando lá no Céu do Mar ao ingerir o Santo Daime tive
uma revelação, na qual a presença que vi e que se
denominava Virgem da Conceição, me disse que
necessitaria de minha ajuda para uma missão. Continuando
a freqüentar os trabalhos espirituais, fui recebendo mais
alguns esclarecimentos, sempre que ingeria o Santo Daime e
finalmente percebi que havia realmente alguma coisa
estranha na forma como as coisas eram conduzidas, percebi
que o hálito de várias das pessoas tinham o cheiro parecido
com o da maconha, que seus olhos ficavam muito vermelhos,
indícios característico de pessoas que fazem uso dessa
droga.; Isto é fácil perceber, pois quase todos já passaram
por alguma situação na vida em que se depararam com um
viciado; Finalmente em um determinado trabalho espiritual
na Igreja Céu do Mar a figura que se apresentava nas visões
espirituais disse que precisava de meu auxílio para limpar
sua casa, ou seja, a Igreja, o que depois fiquei sabendo ser
um problema ainda maior, estava em todas as Igrejas de
Santo Daime que veneravam Sebastião Mota de Melo
conhecido como padrinho Sebastião.Quando comecei a
freqüentar os trabalhos espirituais o padrinho Sebastião
havia falecido faziam poucos meses e todos mencionavam
seu nome com grande respeito. Quando tentei sondar sobre
os fatos revelados pela Visão, fui descobrindo que realmente
havia uma doutrina paralela nas Igrejas que idolatravam
Sebastião Mota de Melo, que a doutrina paralela era a
comunhão com a maconha que eles a chamavam de "Santa
Maria" e que para participar do culto apenas eram
convidadas pessoas de confiança e os integrantes da Igreja
que são denominados de "Fardados".
Depois de tentar por algumas vezes conversar com o
dirigente de lá cujo nome é Paulo Roberto, e não ter logrado
êxito em conseguir solução para os fatos em uma entrevista
pessoal, finalmente em um dos trabalhos a mesma entidade
que me havia aparecido me deu uma solução para a
questão, então segui as orientações e comecei o processo de
iniciação, que lá chamam de "fardamento". Após o
"fardamento" comecei a ter mais espaço dentro daquela
irmandade, porém não me permitiam saber sobre a doutrina
da "Santa Maria" e seus pormenores. Só depois quando
alguns participantes fardados e ex-fardados que tomaram
conhecimento de minha proposta, de que o Santo Daime
fosse praticado de maneira Legal, ou seja, sem que fossem
praticados outros cultos parasitários concomitantes com o
Santo Daime, como, por exemplo, a "Santa Maria" que é o
uso da maconha, é que comecei a ter informações sobre o
uso da maconha com o nome de "Santa Maria", que haviam
locais determinados fora do salão de trabalhos espirituais
que chamam de Igreja, que estes locais são denominados de
"casa de pito", que o ato de pitar ou comungar a "Santa
Maria" era utilizar a maconha como planta de poder, que
apenas poderiam ir até a " casinha do pito" durante o culto
ou fora dele as pessoas que estivessem comprometidas a não
revelar o segredo, de que foi Sebastião Mota de Melo quem
introduziu o "Culto à Santa Maria", que este culto teve
início no período após o falecimento do Mestre Raimundo
Irineu Serra em 1971, quando Sebastião Mota de MeIo se
arvorou no direito de ser seu sucessor natural, saindo da
Igreja fundada por Mestre Irineu que se chama Alto Santo e
fundado sua própria linha espiritual juntamente com seus
filhos e atuais sucessores de nome Alfredo e Valdete. Na
época muitos "'hippies" freqüentavam seus trabalhos
espirituais, que tempos depois Alex Polari e um psicólogo de
nome Paulo Roberto, que se tornou seu genro casando-se
com sua filha de nome Nonata, que daí graças aos
conhecimentos de Alex.
Polari e Paulo Roberto foi se estruturando o que foi
denominado de CEFLURIS - Centro da Fluente Luz
Universal Raimundo Irineu Serra, e que todos aproveitando-
se do bom nome do Mestre Irineu, pessoa de grade índole
moral, material e espiritual, começaram a desenvolver uma
rede de Igrejas que usam o Santo Daime e o bom nome do
Mestre Irineu como fachada para encobrir seus trabalhos
ilegais com a utilização da maconha, e que este é o
verdadeiro motivo da grande expansão numérica de Igrejas
que idolatram a pessoa e a Doutrina criada por padrinho
Sebastião, um culto dirigido por pessoas gananciosas, que
existem filiais com representatividade em várias cidades de
todos os estados brasileiros, inclusive em diversos países,
que a grande fonte de riqueza é a venda e distribuição do
chá Santo Daime, que o responsável pela venda e
distribuição é um integrante da seita de nome Caparelli, que
Caparelli também tem uma;Igreja que fica no Pontal da
Barra no Rio de Janeiro e que se chama Jardim Praia da
Beira Mar, que Alfredo e Alex Polari estão à frente do
CEFLUR e que Paulo Roberto por ganância tem sua própria
rede de Igrejas com o mesmo ,princípio tanto em todo o
Brasil quanto em diversos países, que isto é facilmente
constatado vendo como estas pessoas tem enriquecido tão
vertiginosamente desde que passaram a integrar este tipo de
atividade, que se forem pesquisados existem,ocorrências
envolvendo essas pessoas em algum tema relacionado a
entorpecentes, que Sebastião é reconhecido na Doutrina que
fundou como a reencarnação de João Batista, que Alfredo é
conhecido como reencarnação do Rei Salomão, que Alex
Polari é reconhecido como a reencarnação do Rei David,
que os seguidores muitos realmente sabem que estão
praticando coisas erradas mas segundo a instrução de,seus
Dirigentes "o mundo ainda não está preparado para que
seja revelado em público a profundidade das práticas
deixadas por Sebastião Mota de Melo". Durante o período
em que freqüentei me foi dito por ex-fardados que Sebastião
teria como causa de sua morte o uso demasiado de "Santa
Maria", que quando morreu Sebastião havia deixado uma
fita gravada dizendo que havia falhado nas suas convicções
e quem quisesse levar a bandeira da "Santa Maria" o fizesse
com o seu próprio nome, depois do falecimento do padrinho
Sebastião foi criado em torno de sua pessoa um mito e que
foi ainda mais popularizado e difundido sua Doutrina da
"Santa Maria". Então, com o decorrer do tempo fui
observando e tentei por diversas maneiras conversar com
alguns dos representantes, que ao invés de sanarem todas as
distorções por mim apontadas, ao contrário, procuraram
cada vez mais aumentar a segurança quanto a divulgação
destas informações, para que ninguém viesse ate mim para
fazer relatos similares. A liberação sua e abertamente
defende comunidade Janeiro Rio Mar Rainha dirigente
Imperial Marcos nome CEFLURIS filiada também pessoa
uma Orkut no Maria"< "Santa à Culto do existência a
comprova que o redor, ao plantados maconha de pés vários
tem drogas, uso proibir não país Holanda, na fica Igreja da
filial.
No Brasil locais onde são plantados os pés de maconha são
guardados em segredo, porém acredito que será fácil
constatar desde que a Polícia Federal passe a fazer
operações para averiguar e constatar tais fatos. Acredito
que em todo o Brasil e no estrangeiro devem existir diversos
relatos tristes que envolveram e envolvem até hoje diversas
pessoas, que todos tem medo de se expor e serem
perseguidos, pois os dirigentes alegam ser amigos de
pessoas influentes e poderosas...
Crianças participam de trabalhos com Santo Daime e mães
com crianças de colo participam também, existe dia especial
para culto apenas de crianças, que desde pequenas
aprendem a idolatrar o padrinho Sebastião, que na fase a
adolescência muitos são iniciados no culto a "Santa Maria",
segundo me relataram.
Durante o tempo que convivi com toda essa situação, no
período de 1990 a 2000, fui convidado por uma pessoa da
Doutrina, chamada carinhosamente de Baixinha, dirigente
espiritual da Igreja Céu da Montanha em Nova Friburgo, e
juntos tentamos por diversas vezes conscientizar a todos do
problema da "Santa Maria", inclusive a Baixinha por
diversas vezes propôs que fossem realizados trabalhos para
a cura do vício e a exclusão da prática do uso da "Santa
Maria".
Estive no período que freqüentei percebi que por diversas
vezes em que eram empregadas as palavras "Santa Maria" e
"Santa Clara" nos cânticos e nas preleções tanto nas Igrejas
associadas quanto nas filiadas ao CEFLURIS que estas
palavras fazem menção a maconha e a cocaína
respectivamente.
Constatei ainda através de estudo espiritual com a ingestão
de Santo Daime, que no Hinário do Mestre Irineu em
nenhum dos Hinos, ou seja, Cânticos, tem juntas as palavras
"Santa Maria". Pode-se ler o Hinário do princípio até o fim
e constatar a veracidade do fato que afirmo, isto é, para se
concluir que não é a toa que Raimundo Irineu Serra é
reconhecido como Mestre. Ele jamais permitiu uso de
drogas em seus trabalhos espirituais deixando inclusive bem
explícito no Estatuto de Fundação do Alto Santo quanto aos
procedimentos a serem tomados, assim jamais permitindo
que seu nome seja associado a coisas ilegais.Por mais que
tentem envolver seu nome, sua figura está ilesa tanto por
suas palavras, quanto por seus escritos e seus atos.
O CEFLURIS e o Céu do Mar mantém sites na Internet
divulgado a pessoa do padrinho Sebastião, é só qualquer
pessoa que realmente quiser averiguar os fatos começar a
freqüentar os trabalhos espirituais para em pouco tempo
testemunhar tudo aquilo que estou afirmando.
Espero que este relato sirva para que outros neste momento
se sensibilizem e passem a remeter mais cartas divulgando
suas vivências com as Igrejas associadas ao CEFLURIS que
disseminam a doutrina da "Santa Maria" a Emiliano Dias
Linhares, cujo nome espiritual é Gideon dos Lakotas,
responsável pelo Instituto Xamânico Céu Nossa Senhora da
Conceição a utilizada da forma que quiser, quer seja para
reproduzi-Ia ou divulga-Ia por qualquer meio.
Fraternalmente
F.
IV Plantas de poder X Voltar ao sumário
Plantas drogas
COMPETENTES NO ASSUNTO.(MÉDICOS)
É VERDADE E DOU FÉ
N.F.G.
Pensando hoje sobre a minha vida, nas mudanças constantes
e radicais que têm ocorrido desde dezembro do ano passado
até aqui, tenho a nítida sensação de estar no meio de um
furacão onde todas as coisas a minha volta estão sendo
arrancadas, transformadas e passam voando por mim que
permaneço simplesmente presa num só ponto, centrada,
visualizando e caminhando suavemente por este novo
caminho que se abre a minha frente e pelo qual sou levada
como um pena que flutua ao sabor do vento. Sabendo
exatamente o porquê de cada coisa que acontece, consciente
de cada passo e para onde este caminho está me levando...
Durante muito tempo estive em busca de algo que faltava em
minha vida... Na verdade sentia que faltava algo dentro de
mim, pois eu tinha tudo: família, amigos, saúde, trabalho...
Mas realmente nada preenchia aquele vazio constante...
Minha alegria era sempre momentânea; me sentia feliz em
estar ao lado das pessoas que eu gostava, assim como em
estar ao lado dos meus "amigos", de poder ajudá-los de
alguma forma, mas sempre me sentia diferente, pois já não
via graça naquela "curtição" que as pessoas queriam estar
constantemente, pois o que sempre "rolava" pra
proporcionar aquele "estado de felicidade" era exatamente
as coisas que eu sempre procurei me manter afastada:
drogas (maconha rolava ali com naturalidade), álcool,
fumo, etc... Das baladas até que eu gostava, de estar perto
dos meus "amigos", mas muitas vezes me sentia mesmo
deslocada no meio daquele monte de gente pulando,
gritando, xingando, tirando um barato de outra pessoa pelo
simples fato de se vestir diferente... Não... Eu não agüentava
mais aquela vida vazia... Então aos poucos fui me
distanciando, distanciando, o pessoal falando que eu já
estava mesmo era ficando velha, não agüentava mais curtir
as coisas boas da vida e assim fui ficando meio isolada. O
que se acentuou quando em busca deste "que" que faltava na
minha vida comecei a freqüentar uma determinada
"religião" quando as pessoas passaram a se afastar de mim,
pois achavam que eu estava virando bruxa, feiticeira ou
algo assim... Mas quando passavam por algum problema
que não achavam solução sempre vinham me procurar
pedindo ajuda.
Bem, então eu já estava me sentindo bem melhor comigo
mesma, pois não me preocupava com o que as pessoas iriam
pensar ou dizer... Importava que eu estava fazendo a minha
parte, achava que estava fazendo a coisa certa... Embora
tivesse "algumas coisas" com a quais eu não concordava
neste caminho, eu procurava praticar aquilo que era bom,
puxando para mim somente aqueles ensinamentos com os
quais eu me identificava...
Na verdade eu já conhecia o grande ensinamento que diz
"onde há luz não há trevas", mas houveram algumas
explicações, colocações que me fizeram permanecer por ali,
até porque já havia freqüentado diversos lugares e em
nenhum deles eu tinha me identificado tanto... Mas quando a
gente sabe e conhece a verdade, nosso espírito pode até
aceitar certas coisas até certo ponto, até que a gente retire
daquela experiência o aprendizado necessário, mas uma vez
que vimos da luz e para a luz voltaremos, temos que voltar
melhores, mais puros do que chegamos aqui e isto não
acontece se permanecermos no erro e então uma hora nossa
alma emite "um grito de socorro" quando começamos a
busca novamente...
Permaneci neste caminho por quatro anos, achando que
estava trilhando o caminho da verdade, mas não percebia
que tudo que eu ganhava se ia, que até o vinho, única bebida
que eu realmente gostava e a principio eu saboreava,
degustava de vez em quando, passei a ter cm casa como uma
necessidade, sendo que uma taça já não era suficiente, tinha
que ser uma garrafa sempre... Acrescentando que se
estivesse com um pessoal, de vez em quando dava vontade
de pegar um cigarrinho.
Namorados então, eu nem me preocupava... Sentia-me só
ficava com um, com outro e já não conseguia viver sem
sexo...
Tudo na minha vida estava tomando proporções de exagero,
assim os vícios iam chegando e ficando: sapatos eu tinha
que ter muitos, assim como roupas, bolsas, etc... O
materialismo cada vez tomando mais conta de mim e eu sem
perceber que as más influências estavam me dominando a
cada dia.
No trabalho não tinha como conversar com o meu chefe, as
brigas eram constantes... Com os outros funcionários havia
atrito constante, pois era um terrível clima de inveja,
insegurança, fofocas... Isto já me provocava dores de
estômago, cabeça, garganta e estava ficando afastada
direto... Quando eu vi que as coisas estavam indo de mal a
pior, não agüentava mais viver nesta loucura e não via uma
saída pra resolver tudo isto, pois me sentia já numa prisão,
uma porta imensa se abriu e uma mão de luz me puxou e
direcionou à fazenda Céu Nossa Senhora da Conceição...
Dez/O3 onde pela primeira vez eu participei de um trabalho
xamânico utilizando o Santo Daime, conhecido como
ayahuasca (ou vinho das almas), esta santa bebida que me
proporcionou tanta limpeza, tanto de corpo físico como
espiritual e me trouxe de volta à realidade da vida, me fez
perceber quão momentânea é a nossa existência e eu ali sem
cumprir um nada daquilo para o qual somos predestinados,
a praticar o bem e evoluir espiritualmente. Este chá tão puro
e sagrado me trouxe de volta ao encontro comigo mesma,
me fez perceber que tudo aquilo que eu buscava em outros
lugares ou pessoas estava na verdade guardadinho dentro
de mim, como um presente envolto em uma embalagem
apenas esperando a hora que eu me dispusesse a soltar as
amarras e acessar tudo aquilo que me foi presenteado desde
o meu nascimento.
A partir de então, nada na minha vida foi mais como antes,
a felicidade e o amor incondicional passaram a fazer parte
da minha vida e do meu vocabulário diário.
O trabalho que me prejudicava foi afastado, as pessoas que
me prejudicavam se afastaram, hoje eu vivo radiante e feliz,
pois aprendi que basta, apenas termos fé para conseguirmos
tudo aquilo de que necessitamos. Doenças não tive mais...
Até o óculo que eu usava por quase dez anos para controle
de miopia e astigmatismo foi banido da minha vida... Se às
vezes dou uma vacilada e me afasto um pouco do contato
com o astral superior (Deus) e as doenças querem me
rondar, já conheço as armas para lutar contra elas e me
manter íntegra, firme e forte no propósito que me foi
predeterminado.
Minha consciência ecológica aflorou de uma maneira como
eu nunca tinha percebido antes... Hoje eu consigo perceber
que existe um sol nascendo e se pondo todos os dias, que há
estrelas e uma lua linda brilhando no céu, que o vento sopra
e acariciam meu corpo todos os dias, que a terra que se
esconde sob nossos pés está cheia de vida e embora os
homens tentem a cada dia apenas poluí-la e extingui-la,
esquecendo-se da sua grandiosidade e importância, ela
continua gerando vida e recursos para a nossa
subsistência...
Assim surge a necessidade de pararmos de remar contra a
maré e procurarmos meios (e existem vários) de
continuarmos nosso processo de crescimento e evolução sem
agredir a natureza, pois mais grandioso que simplesmente
percebê-la é aprender que eu sou parte dela e que ela é
parte de mim e assim precisamos nos harmonizar para
continuarmos o doce ciclo da vida.
Eu sou grata! Imensamente grata a Deus por ter me aberto a
visão para este doce caminho de luz que é o Xamanismo, a
reintegração do homem à natureza - em especial à sua
própria natureza, e principalmente por ser na fazenda Céu
Nossa Senhora da Conceição onde a luz divina brilha com
uma intensidade jamais vista, aonde as pessoas chegam tão
mal, viciadas até mesmo em drogas pesadas como cocaína,
crack e outras (como eu tive a oportunidade de conhecer
várias pessoas que chegaram lá assim) e desde o primeiro
trabalho com daime/xamanismo receberam a libertação
total. Pessoas que por anos e anos eram viciadas em álcool,
cigarro, etc. e foram libertas desde o primeiro contato com o
santo-daime, este chá sagrado... ISTO É MARAVILHOSO!
Fora que ainda ganhamos uma nova família (literalmente),
pessoas que andam de mãos unidas, uma ajudando a outra,
de mãos dadas em verdade e espírito, pois sabemos que o
sucesso de um é o sucesso de todos, a felicidade de um é a
felicidade do outro... e claro, eu não poderia finalizar sem
agradecer à santíssima trindade, Deus e Jesus Cristo, Pai,
Filho e Espírito Santo por ser tão maravilhoso e nos ter
presenteado com esta grande obra. À mãezinha amorosa,
Nossa Senhora da Conceição que é a nossa guardiã e
protetora e ao nosso amado e iluminado Xamã Gideon dos
Lakotas, que está à frente deste trabalho, por nos dar
sempre tanto amor e passar com tanta clareza os
ensinamentos recebidos direto da mão do nosso Mestre
Jesus.
QUE O AMOR, A PAZ E A LUZ DIVINA SEJAM NOSSO
PRESENTES E GUIAS NESTA BUSCA DIÁRIA PELO
CONHECIMENTO DA VONTADE DO ASTRAL SUPERIOR
EM NOSSAS VIDAS!!!
Meu nome é T. C.da S. N., RG xx.xxx.xxx
Moro na cidade de Cruzeiro-Sp.
Freqüento os trabalhos de daime/xamanismo do Instituo
Espiritual Xamânico Céu Nossa Senhora da Conceição há
pouco mais de um ano, Neste tempo, devido aos trabalhos
espirituais xamânicos um grande número de irmãos que lá
chegaram, muitos deles pessoas cultas, médicos, advogados,
engenheiros, muitos comerciantes , pessoas de todas as
linhas religiosas, ricos e pobres, letrados e analfabetos, Mas
em comum todos eles assim como eu também, tínhamos a
busca da luz, da cura de nossos males, da sabedoria, da
compreensão do mundo espiritual para um crescimento
espiritual.
Lá não visa lucros com a ayahuasca, lá não se comercializa
a espiritualidade. Um trabalho xamânico com ayahuasca de
12 horas de duração custa só SETE REAIS.
Mas muito destes irmãos chegaram lá com doenças e
traumas, mas o que mais me chamou a atenção foi o grande
numero de pessoas viciados em drogas como a maconha,
cocaína, craque, êxtase, álcool e outras coisas. Fiquei muito
admirado ao conversar com muito destes irmãos viciados
em drogas, porque eles mesmo contavam que freqüentavam
igrejas que se intitulavam do santo daime mas que foi lá que
se viciaram em drogas!
A grande maioria destes irmãos viciados e drogados, foram
libertados por completo dos traumas e das drogas logo
no primeiro trabalho de daime/xamanismo.
Eram pessoas já desesperadas, que não conseguiam se
libertar e que hoje vivem normalmente. O Céu Nossa
Senhora da Conceição tem sido uma U.T.I. espiritual para
libertação de vícios de todos os tipos e curas completas de
qualquer doença .
Eu posso falar porque eu mesmo fui curado e posso provar
isto por laudo médico pra quem quiser ver!
Em agosto do ano passado, eu tive fortes dores no abdome,
dores que só passavam com altas doses de buscopam na
veia, ainda assim não resolviam por completo. Procurei um
especialista na Santa Casa de Cruzeiro aonde moro e depois
de muitas chapas de raios-X e uma bateria de exames foi
diagnosticado que eu estava com pedra na vesícula. O
diagnóstico foi dado numa quarta-feira após as 16:00h e
guardo comigo os exames e os raios X caso alguém duvide
de mim.
Foi marcada uma cirurgia para a sexta-feira às 5:00h para
a retirada da vesícula. Não me contentei com o resultado e
procurei o Céu Nossa Senhora da Conceição, aonde o nosso
amado Xamã Gideon se prontificou de imediato a realização
de um trabalho espiritual de cura. Este ritual xamânico de
cura que envolve ayahuasca durou pouco mais de quatro
horas, a dor passou já no inicio do trabalho e eu amanheci
na quinta feira como se nunca tivesse acontecido nada. Eu
estava curado!
Marquei uma consulta com o mesmo especialista para
desmarcar a cirurgia, ele não acreditou no que estava vendo
e me ouvindo dizer. Ele me disse: "Milagre não existe, daqui
um mês você vai voltar aqui com todo o abdome inflamado e
terá que fazer uma cirurgia de emergência correndo risco de
vida".
Mas ficou ainda mais surpreso quando eu disse a ele que
havia aqui um grande número de médicos se tratando dos
mais diversos males.
Com a graça de Deus e em nosso Senhor Jesus, nunca mais
tive problemas na vesícula e nem em nenhum outro órgão do
meu corpo.
Eu só tenho a agradecer à todos do Céu Nossa Senhora da
Conceição, aos trabalhos de daime/xamanismo que vem
curando e libertando de vícios cada vez mais irmãos,
especialmente os que se viciaram nas igrejas que se dizem
do santo daime mas que misturam drogas com o daime , que
chegam desesperados sem saber mais o que fazer e que aqui,
logo nos primeiros trabalhos se libertam das drogas e
encontram um novo sentido a vida, tanto moral como
financeira, cada vez mais o Céu Nossa Senhora da
Conceição vem ajudando maior número de irmãos
necessitados.
Obrigado à todos deste Céu que em nome de nosso Senhor
Jesus vem ajudando à todos que necessitam.
DECLARAÇÃO
Eu, A.M.D., portadora da Carteira
residente e domiciliada na Rua de
Identidade RG n° DECLARO, para os devidos
fins, que sou freqüentadora do Centro Espiritual Xamânico
Céu Nossa Senhora da Conceição, localizado na Cidade de
Pariquera-Açu, desde julho/2004.
Quando da minha visita à Fazenda Céu Nossa Senhora da
Conceição, o objetivo era apenas o de conhecer o local e a
seita, que libertaram meu filho do uso de drogas.
Qual não foi minha surpresa em lá chegando, ao conhecer e
ter a oportunidade de testemunhar, a presença de tantas
outras pessoas, vindas de outras igrejas e seitas, que através
do Xamanismo e do Vinho das Almas, usado na Fazenda
Céu Nossa Senhora da Conceição, encontraram sua
libertação espiritual e principalmente sua libertação do uso
de drogas.
Na bastasse o meu espanto com tantos testemunhos e relatos
de libertação, tive oportunidade de participar dos trabalhos,
no qual obtive a cura para um problema de saúde que me
afligia, qual seja, endometriose. Desde então, não tomei um
único comprimido para dor.
O que me deixa maravilhada e fascinada em relação a
"Fazendinha", é a freqüência de um grande número de
jovens e a maioria com suas famílias, o que caracteriza o
sentido familiar do local. Além da valorização do "instituto"
família, temos a valorização do jovem, seu trabalho, o ser
em si.
Também já me acostumei a ver igrejas, templos, etc., que em
algum dado momento, passa-se a "sacolinha". Lá não existe
nada disso.
Ademais em visita ao site da Fazenda Céu Nossa Senhora da
Conceição, pude constatar o seguinte: "se você irmão ou
irmã, obteve uma cura, doe uma cesta básica à alguma
família necessitada". Ora, claro está que a Fazenda não
busca nada para si, apenas prega a caridade.
Outra coisa impressionante é pessoas alcançam sua
libertação do uso de drogas. A maioria com quem conversei,
estava liberta logo nos primeiros trabalhos.
As mudanças na vida pessoal de cada freqüentador são
visíveis logo nas primeiras idas à Fazenda. Meu filho, por
exemplo, parece ter encontrado objetivo de vida, não é mais
aquela pessoa agressiva em casa, se interessa pelos
problemas da família, vive cantando músicas religiosas, tive
oportunidade de presenciá-lo ajudando outras pessoas,
como, por exemplo, carregar sacolas de uma idosa, o que
em outras épocas certamente ele não o faria.
Reitero, que todas as graças acima mencionadas, só foram
alcançadas através do uso do Vinho das Almas,
administrado de forma competente e responsável na
Fazenda Céu Nossa Senhora da Conceição.
Email
From: Marco Antônio Gracie Côrte Imp
To: santodaimeplantassagradas@grupos.com.br Sent:
Saturday, March 26, 2005 8:58 AM Subject:
[plantassagradas] Santa Maria
Olá criei uma comunidade sobre a legalização da Cannabis
Coloquei uns textos bons para debate
Cannabis Legalização Brasil
http://www.orkut.com/CommTopics.aspx?cmm=1515024A
mor. Alegria e
Educação, são as bases da Doutrina do Santo Daime
Endereço desta página:
http://www.grupos.com.br/grupos/santodaimeplantassagrada
s
E-mail do grupo:santodaimeplantassagradas@grupos.com.br
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From: Antonio Garcia <garcia.antonio@gmail.com To:
santodaimeplantassagradas@grupos.com.br Sent:
domingo, 27 de março de 200511:51
Subject: [plantassagradas] Re: Re: Santa Maria
Marco,
Não quero de forma alguma questionar o valor de Santa
Maria para quem dela faz um uso de respeito e sabedoria...
Mas fico me perguntando se essa naturalidade em se falar,
em meios públicos como Orkut, de seu uso dentro da
Doutrina do Daime não seria um tanto quanto arriscado para
o livre desenvolvimento de nossos trabalhos... I
Quando fiz meus primeiros trabalhos o "pito" tinha um ar
meio restrito, secreto, que só se falava entre fardados... E o
que vejo hoje é uma escancaração de tal forma que aqueles
que já eram preconceituosos com o chá se tornam ainda mais
defensores de seus pequenos juízos, já que a canabbis há
muito vem sendo profanada de todas as formas por nossa
sociedade...
Mas de fato o que mais me preocupa é o lado da justiça
humana, das leis, do papel... Falar abertamente do uso de
uma substância proibida (por mais que já estejamos carecas
de saber da verdade) é, ao meu ver, uma maneira de dar
respaldo jurídico à raposa...
Deus queira que não chegue a época que tenhamos que nos
tornar clandestinos- para tomar Daime...
E só pra reforçar o que disse no inicio, "não quero de forma
alguma questionar o valor de Santa Maria para quem dela faz
um uso de respeito e sabedoria"...
Enfim, só um desabafo.
Boa Páscoa a todos.
[]s Antonio Garcia
olá galera
*olha, sempre tive essa idéia de que a santa era lipossolúvel
e por isso o chá de nada serviria... Nunca fiz, mas tão logo
tenha um pito de primeira eu vou fazer o teste...
O bolo a minha esposa às vezes e o efeito demora um pouco,
uma meia hora ou menos um pouco, mas quando vem é
muito bom... Dá pra fazer tb um patêzinho muito gostoso...
um abraço a todos
From: santodaimeplantassagradas@grupos.com.br
To: santodaimeplantassagradas@grupos.com.br
Senti Fri, 26 Nov 2004 17:46:48 -0200
Subject:[plantassagradas] Re:Chá de Santa Maria
Ola Marco, Sérgio e demais irmãos da lista...
Minha caixa de entrada é um pouquinho pequena e acaba
enchendo logo, enfim gostaria de te pedir a gentileza de me
passar como se prepara o Chá de Santa Maria, pois acabei de
receber uns pezinhos de Santa que tinha em casa e acho que
eles seriam apropriados para fazer Um chazinho..
Por favor se possível passar para
ricardoflexa@yahoo.com.br
Muito grato e bom final de semana..
Ricardo.
From: "Marco Antônio Gracie Côrte Imp"
<marcoimperial@uol.com.br>
To: santodaimeplantassagradas@grupos.com.br
Sent: Fri, 26 Nov 2004 09:39:10 -0200
Subject: [plantassagradas] Chá de Santa Maria
acredito que seria um desperdício fazê-lo, isto porque o THC
(substância ativa da santa) não é hidrossolúvel, isto é, ele
praticamente não se dilui em água.
Veja só Alex, eu não sei se o THC é ou não é hidrossolúvel,
mas deve sair alguma coisa ou então o THC não é a única
propriedade a dar o efeito, mas o chá é muito bom, ele leva
uns 10 minutos para fazer efeito, é bem mais tranqüilo e
menos ofensivo a garganta.
Eu sou a favor do chá, ou do bolo, ou de comer, já comi
várias vezes e é muito bom.
Um tempo atrás apareceu um soltinho de ouro por aqui e eu
comi tudo, para revolta geral do pessoal da Rainha do Mar,
quiseram me matar, por causa de eu comer quase tudo.
Eu colocava para destrinchar para fazer o pito e ai ao
destrinchar, eu ia comendo, comendo e quando eu via já
tinha comido tudo. O pessoal ficava batendo com a cabeça,
diziam que era desperdício e coisa e tal, eu sei que o pessoal
que não conseguia comer tava certo em parte, mas é muito
gostoso.
O THC é lipossolúvel, isto é, ele se dilui facilmente em
gordura, como por exemplo, na manteiga. Derrete-se a
manteiga suficiente para fazer um bolo numa frigideira em
fogo baixo, coloca a santa já "dichavada" até virar uma pasta
preta, cuidado para não queimar.
Depois usa esta "pasta" para fazer um bolo normalmente.
Além de ficar uma delícia, a força bate de uma maneira
incrível.
Mas se for fazer, procure uma santa mais pura e de
qualidade, para evitar alergias, intoxicações, etc
Sim as plantas cultivadas dentro da Doutrina da Santa Maria,
ou por pessoas que tem a ligação com a invocação do
espírito que ali habita, trazem mais pureza.
Agora eu digo que ai tem coisa nesta história de princípios
ativos.
Ex, É provado que os princípios ativos não sobrevivem por
muito tempo em extração aquosa quente, Aqui com
temperatura ambiente, eu garanto que estão preservadas. A
minha extração a temperatura ambiente, não estraga e fica
anos a fio sem estragar.
Mas é o que eu digo, que muitos acham que os tais conceitos
sobre princípios ativos explicam o mundo espiritual.
Mas estão muito longe de poderem ser um prumo para o
estudo do mundo espiritual. Vai ser um dia, quando
colocarem outro conceito de principio ativo de uma planta
em relação aos que a usam. Vejam que o metabolismo de
cada um é diferente do outro
Pois eu tenho experiência nesta área e vejo que o mais
importante é o entendimento da pessoa com o que ela
invoca.
Claro que os tais princípios ativos devem ser importantes,
mas a minha observação diz que nem tanto.'
Dizem que o Daime fervido produz Metanol, que de várias
amostras todas mostraram metanol na sua composição.
Segundo a Ana Vitória que mandou analisar o Daime feito
pelo Pedro Dário e outros.
Abraços,
Marco Gracie Imperial
buscar.........................OK avançado
Introdução
Efeitos neuropsicológicos
Sistema cardiovascular
Conforme descrito por Huestis e cols. (1992), o aumento da
freqüência cardíaca e da pressão arterial são efeitos
comumente observados após o fumo da maconha e são
proporcionais à dose. Estes efeitos se devem à ação
vagolítica da planta. As veias da córnea se dilatam,
provocando a hiperemia observada logo após o uso da
substância.
Sistema pulmonar
Em um estudo clássico, Hoffman e cols. (1975) fizeram uma
análise dos componentes do tabaco e da maconha e notaram
que, com exceção da nicotina no tabaco e do THC na
maconha, os outros inalantes eram muito semelhantes.
Tashkin e cols. (1995) encontraram evidências de irritação e
inflamação brônquica em usuário de maconha, mas não
puderam demonstrar um declínio da função pulmonar a
longo prazo, como nos estudo com tabaco.
Também ainda não se pode associar o uso da maconha com
o desenvolvimento do câncer de pulmão, mas os cientistas
também não podem afirmar que o uso crônico da maconha
seja seguro para o tecido pulmonar. Ressalta-se ainda a
presença do benzopireno, carcinogênico altamente
poderoso, e o benzotraceno, encontrado em uma proporção
50% superior na maconha com relação ao cigarro comum.
Sistema imune
Fora do SNC, existem receptores canabinóides específicos
no sistema imune.
O uso prolongado da maconha é associado com vários
graus de imunossupressão, que pode desencadear infecções
e outras doenças. As evidências a este respeito ainda são
inconclusivas, mas deve-se ressaltar que outras drogas
depressivas como álcool, harbitúricos, benzodiazepínicos e
anticonvulsivantes compartilham esta ação
imunossupressora.
O baço e os linfócitos, por sua importância no sistema
imune, foram estudados quanto a sua relação com os
canabinóides. Kaminski e cols. (1992) identificaram os
mesmos receptores de canabinóides em células do baço e
Diaz, Specter e Coffey (1993) identificaram os mesmos
receptores nos linfócitos. Quando ativados pelo THC estes
receptores inibem a resposta imune destas células. Cabral e
cols. (1995) reportaram que tanto o THC quanto a
anandamida inibem a função de células matadoras de
tumores.
Sistema reprodutor
As evidências sobre os danos ao sistema reprodutor e
hormônios sexuais estão cada vez mais fortes, em usuários
crônicos de maconha. Já se sabe que diminuem os níveis de
testosterona e a espermogênese em homens.
Em mulheres, os níveis de LH (hormônio luteinizante) e FSH
(hormônio folículo estimulante) estão diminuídos e podem
ocorrer ciclos anovulatórios e irregulares. Todos estes
efeitos são reversíveis com a interrupção do uso da droga.
Gestação
Já se sabe que a maconha atravessa a barreira placentária
livremente. Fried
(1995) pesquisou o efeito do uso de maconha na prole de
usuárias e não encontrou dados significativos em crianças
de 1 a 3 anos, mas com 4 anos houve aumento dos
problemas de comportamento, diminuição da performance
visual e cognitiva. A posição pré-natal altera funções de
execução e, portanto afeta o lobo pré-frontal da criança em
formação.
Estudos recentes relacionam o uso de maconha por
mulheres grávidas ao desenvolvimento de leucemia
linfoblástica na criança. O THC parece produzir aborto
espontâneo, baixo peso ao nascer e deformidades físicas
quando dado em períodos específicos da gestação (ZIMMER
e MORGAN, 1997).
Alguns estudos revelaram que filhos de mães que
fumavam maconha durante a gestação eram menores, ou
tinham menor peso (ZIMMER e MORGAN, 1997).
Efeitos da intoxicação
Aguda
Os efeitos da intoxicação aguda pela Cannabis aparecem
após alguns minuto do uso do cigarro e dependem de alguns
fatores como a qualidade e quantidade de substância usada
bem como do humor, personalidade e experiências prévias
com a substância. Estudos demonstram que diferentes
efeitos ocorrem em usuários " novos "e "veteranos". Parece
que com a repetição o usuário aprende a antecipar,
reconhecer e aproveitar mais os efeitos, enquanto um
usuário "novo" pode se sentir confuso e tonto. O ambiente e
as companhias também influenciam a experiência.
Efeitos psíquicos
. Euforia e/ou bem estar geral
. Risos sem motivo
. Aumento da sociabilidade e comunicação verbal
. Aumento da percepção de cores, sons, texturas, paladar
. Aumento da energia mental e criatividade
. Mudanças de consciência
. Distorção do tempo e espaço
. Aumento do apetite ("larica")
. Prejuízo da concentração e memória
. Paranóia - geralmente ligada ao fato de saber que está
infringindo a lei .Ansiedade e confusão
. Letargia e sonolência
Físicos
. Hiperemia das conjuntivas
. Taquicardia
. Boca seca
. Retardo e falta de coordenação motora
. Broncodilatação
. Tosse
Efeitos Crônicos
O uso crônico da maconha pode levar a danos
neuropsicológicos, infertilidade, impotência, problemas
respiratórios, deficiência imunológica, agravar problemas
cardíacos e também pode ser a droga precursora para o uso
de drogas cada vez, mais fortes.
Efeitos no campo bioelétrico
Pacientes usuários
Pacientes usuários
Pacientes Usuários
Pacientes usuários
Pacientes usuários
Mecanismo de dependência
A busca constante por estímulos prazerosos, como alimentos
saborosos, uma cerveja geladinha e a relação sexual
excitante, está associada a um "sistema cerebral de
recompensa", assim denominado pelo neurobiólogo
americano James Olds nos anos 60. Trata-se de uma
complexa rede de neurônios que é ativada quando fazemos
atividades que causam prazer. Este sistema nos fornece uma
recompensa sempre que fazemos determinadas atividades,
levando-nos, portanto, a repetir aqueles atos.
Biologicamente, ele tem uma função específica e essencial:
garantir n sobrevivência do indivíduo e da espécie, ao dar
motivação para comportamentos como comer, beber e
reproduzir-se.
Infelizmente, não somente as funções fisiológicas normais
estimulam este sistema - relacionado à liberação de
dopamina, mas também o fazem o álcool e outras drogas de
abuso, e às vezes gerando um prazer muito mais intenso do
que as funções naturais
(www.adroga.casadia.org/news/sistemaprazer.htm). A
dopamina circulante no sistema de recompensa pode ser 10
vezes maior que a encontrado durante prazeres cotidianos,
"internos". Diante de tal estimulação, o sistema reduz sua
sensibilidade e a pessoa precisa de cada vez mais drogas
para produzir os mesmos efeitos. A droga muda o "ponto
zero" do sistema de recompensa de ta I forma que nunca
mais, com ou sem droga, o mesmo grau de prazer ou
recompensa será atingido.
Síndrome de abstinência
A síndrome de abstinência do cannabis não está incluída no
DSM-IV pois "os sintomas da abstinência do cannabis...
foram descritos... mas suas significâncias clínicas são
incertas". Uma revisão realizada em 2002 por Smith
concluiu que os estudos não apresentavam forte evidência
para a existência da síndrome de abstinência do Cannabis.
Esta revisão precedeu a descoberta cientifica dos receptores
canabinóides, fato que permitiu estudos mais consistentes e
bem controlados. Por tanto, em revisões mais recentes não
há mais dúvidas sobre a existência da síndrome de
abstinência da maconha.
Sendo o tetrahidrocanabinol (THC) altamente lipofílico
(solúvel em gorduras), demora muitos dias para ser
eliminado e apenas 20, 25 e, às vezes, 30 dias após último
uso é que ocorrem os sintomas de abstinência, incluindo
irritabilidade inquietação, angústia, tremores, alterações de
sono e de apetite, agressividade além da busca de
substância dopaminérgicas como cigarros e/ou café que
atuam como o THC, de preferência nos receptores DA2 no
núcleo do septo acumbente na área límbica do cérebro
(KALINA, 1997). Também por esta propriedade lipofílica,
tem sido difícil estudar o THC e os canabinóides
relacionados, inclusive fazendo com que alguns
pesquisadores sugiram que o efeito se dê através de ação
direta n membrana e não mediada por receptor (NESTLER
et al., 2001).
Os sintomas são primeiramente emocionais e
comportamentais - humor negativo: irritabilidade,
ansiedade, depressão; insônia - muito embora a mudança de
apetite, perda de peso e desconforto físico sejam
freqüentemente citados. O início e curso dos sintomas se
mostraram semelhantes àqueles encontrados em síndromes
de abstinência provocadas por outras substâncias
psicoativas. A magnitude (gravidade destes sintomas foram
consistentes e os achados encontrados sugere que a
síndrome de abstinência do cannabis tem considerável
importância clínica.
O tratamento do ex-usuário de maconha deve incluir o
suporte durante a síndrome de abstinência e posteriormente
a reabilitação neuropsicoimunendocrinológica deste
indivíduo, pois como já foi dito nos itens anteriores, o dano
atinge outros órgãos e sistemas além do cérebro.
MINHA INFÂNCIA
Nasci às 16hs de 7 de março de 1964 em uma cidade
pequenina que fica aos pés de muitas serras da Zona da Mata
em Minas Gerais. Quando criança, eu não gostava muito de
estudar. Esse negócio de ficar raciocinando era difícil pra
mim. Minhas notas não eram lá aquelas coisas. Preferia
andar a cavalo que ficar com os livros. Tive uma infância
normal, como a de qualquer menino sadio e astuto. Uma
característica minha é que sempre fui muito obediente e
sempre manifestei profundo amor pela natureza e todas as
coisas vivas. Gostava de conhecer as plantas e observar os
animais. Gostava de cuidar da horta e conversava muito com
as árvores e animais. Também soltava às escondidas os
passarinhos que meu irmão mais velho pegava no alçapão e
prendia em gaiolas. Algumas vezes apanhei por isso.
Tive um grande amigo desde o jardim de infância, seu nome
é Paulo Roberto e seu pai era o dono do açougue da cidade.
Crescemos juntos e por muitas vezes eu ia com ele receber
contas atrasadas de alguns clientes do açougue. Era uma
forma de ganharmos um dinheirinho extra. Os pais do Beto,
Amauri e Lourdes, sempre foram como pais pra mim. Desde
que me conheço por gente, eu já comentava com as pessoas,
embora de forma infantil, que um dia eu compraria uma
fazenda grande e lá eu poderia acolher os animais
machucados. Dizia que lá soltaria um milhão de cavalos, um
milhão de aves, um milhão de bois, um milhão de cães, um
milhão de gatos etc, para eles viverem livres e morrerem de
velhice. Na mente de uma criança um milhão parece ser um
bom número.
Talvez cuidar sempre da horta e perceber a fartura que saía
dali me levou a perceber que a terra era agradecida e sempre
retribuía com muito. Essa era uma das razões de eu sempre
perguntar aos adultos como é que pessoas passavam fome se
o Brasil tinha tanta terra? Lembro muito bem que eu sempre
levantava de madrugada, às quatro horas, trocava minha
roupa e ia para frente da casa do Sr. Zeli Pereira esperar ele
sair para a sua fazenda, onde lidava 'com gado de leite. Isso
eu fiz por anos a fio. Através do sentir, eu sempre soube que
precisaria ter grandes terras para cumprir a missão que vim
realizar, embora ainda não tivesse consciência plena do que
era exatamente essa missão. Então, eu sabia que indo para a
fazenda do Sr. Zeli (que era como um avô para mim) todos
os dias, de certa forma eu já estaria dando início a alguma
coisa.
Meus Deus, como eu falava! Eu não parava de fazer
perguntas ao Sr. Zeli sobre os animais. Perguntava tudo
sobre os cavalos, sobre o gado, sobre os cabritos, sobre as
galinhas e patos, sobre os peixes, sobre as hortas e sobre os
pastos. O Sr. Zeli, pacientemente, sempre me respondia tudo.
Certa vez, ele, encontrando o meu pai na padaria do
Prachedes, onde se reuniam para jogar umas partidas de
buraco, disse sorrindo: "Você precisa me dar um quilo de
bala". Meu pai perguntou: "Por que?" E o Sr. Zeli
respondeu: "Para eu dar ao seu menino para ele ficar com a
boca ocupada e me dar um tempo com as perguntas". E
ambos riram muito.
Eu estudava no primário da escola pública, onde eram
comuns as visitações do padre João. Co mo eu simpatizava
com o padre João! Aquele holandês enorme, meio calvo e
dos olhos azuis que fumava constantemente um grande
charuto de cheiro forte. Muitas vezes nós sabíamos que o
padre estava próximo devido ao cheiro do charuto, que
chegava primeiro. Eu sempre sonhava com uma santa
pretinha circundada por um manto de estrelas que sempre me
confortava quando eu passava por momentos difíceis. A
vovó Bijuca, que teve formação católica, costumava contar
para nós, os netinhos, as histórias da santa Corrêa. Isso era
outra coisa que eu adorava.
Mas o interessante é que, apesar de todos esses fatores
positivos, eu sempre tive verdadeira ojeriza pela igreja
católica romana. Da igreja católica romana, o que mais
gostava era a distância! Aquela historinha de me confessar,
mesmo que fosse com o padre João, que eu tanto
simpatizava, jamais me agradou e era uma briga feroz tentar
me obrigar a confessar daquela forma. Por diversas vezes a
professora, a vovó Bijuca e até minha mãe, perguntavam:
- Por que você não gosta da igreja católica?
- Eu sinto não ser a coisa certa.
- Mas como então você gosta do padre João?
- Eu sinto que ele é bom.
Após muitas brigas, nas quais eu estava numa visível
desvantagem, precisei começar a articular planos. Sabia que
a tal da confissão na escola acontecia só duas vezes por ano.
Eu poderia fingir que havia me confessado e nenhuma briga
aconteceria. Aí ficaria muito mais fácil. Então veio a
primeira comunhão e as coisas se complicaram de novo. Eu
era apenas uma criança e sofria a maior pressão por parte da
minha mãe e das mães dos amigos também. Mas sentia que
ali não era o caminho, embora eu ainda não pudesse explicar.
Não teve jeito, me obrigaram na marra a fazer a primeira
comunhão. Como odiei ser ainda pequeno nesse dia!
Aos 7 anos, a sensitividade que eu manifestava já era forte.
Também já sabia ler comecei a estudar a Bíblia. Sempre
guiado pela intuição, eu encontrava as passagens que iam de
encontro com as atitudes da igreja católica. Trechos que
falavam sobre imagens e reverências, sobre a fé sem obras e
o suor de todos nós. Falavam também que "a árvore se
conhece pelos frutos que dá" e tantas outras coisas. Embora
eu não gostasse de estudar, havia uma forte razão que me
motivava a ler a Bíblia. Em pouco tempo nenhuma das mães,
minha e dos meus amigos, tentavam me obrigar a seguir a
doutrina católica romana, porque agora eu tinha argumentos
que as punham em cheque. Pouco tempo depois, minha mãe
começou a freqüentar um centro espírita Kardecista e ali sim
eu me sentia em casa. Sentia ser a coisa certa.
Certa vez, uma médium maravilhosa de nome Floripes ficou
me observando na rua enquanto eu andava com a minha mãe
e, se aproximando, disse: "Seu filho é um médium de traços
fortes, precisa se desenvolver". Essas palavras entraram em
minha mente como uma flecha. Aos 10 anos, no quarto ano
de grupo escolar, me tornei muito amigo de um rapaz da
mesma idade e começamos a estudar na mesma sala. Um
crioulo muito simpático e inteligente e muito alto que muitas
vezes me deu aulas nas vésperas de provas. O nome dele é
Jerônimo. Vinha de uma família humilde, de berço
Kardecista. Seus pais, Sr. João e D. Isaura, foram como pais
para mim e foi através deles que eu entrei, de fato, no mundo
do Kardecismo. Por diversas vezes, participava da semana
espírita que acontecia no asilo da rua de cima e dessa forma
pude presenciar os verdadeiros exemplos de amor
incondicional. Também nessa época, eu, o Paulo Roberto e o
Jerônimo, costumávamos acampar nas montanhas. Éramos
astutos e nadávamos bem, então nossos pais permitiam.
Tempos dourados aqueles!
Quando fiz 12 anos, já na sexta série ginasial, chegara a
época das confissões, mas aconteceu algo que mudaria muito
as coisas pra mim: a presença de um bispo e de um outro
padre. Não sei por que o simpático padre João não foi. Por
amor a ele eu até teria ficado quieto. Eu enxergara uma
forma de lutar, resolver de vez aquele problema e o estimado
padre João estava ausente. Aquele era o momento perfeito,
eu estava afiado na bíblia e há mais de um ano vinha
aprendendo com os espíritas muito sobre as verdades não
contadas na história. Enchi o bispo e o padre com perguntas
bíblicas que põem em cheque muitas das atitudes da igreja
católica romana. O interessante é que até então eu não sabia
que podia me sair tão bem. E ainda, tirando proveito sobre as
histórias da santa inquisição que muito, perguntei ao bispo se
o Senhor Jesus aprovaria os assassinatos e torturas
acontecidas por ordem do papa da época? O bispo e o padre
se entreolharam, tossiram, fizeram "ham ham" com a
garganta. Tanto o bispo quanto o padre novo já estavam
exaltados pela situação que os coloquei diante de 40
estudantes e, antes que pensassem em uma desculpa, fiz mais
uma indagação: "Senhor bispo, o senhor pode, me explicar o
que é hipocrisia? É que ouço tanta gente usar esta palavra
quando o assunto é a igreja católica que eu quero saber o que
significa".
O padre novo, já com a voz visivelmente alterada respondeu
com energia, que eu tivesse educação e respeito, que
perguntasse essas coisas para minha mãe e dentro de minha
casa. Então eu soube, aquele era o momento certo: "Seu
padre, será que hipocrisia tem há ver com o fato do senhor
andar numa Brasília novinha, mas nunca pagar as contas que
faz no açougue do pai do Beto?" Aos berros, me expulsaram
da sala de aula, graças a Deus! Aquele martírio escolar de
tantos anos se encerrara com aquele confronto. Mas algo
aconteceu nesse dia que me deixou maravilhado: descobri o
poder da inteligência seguida pela ação. Mas um outro
acontecimento é que viria consumar de vez esta lição, nesse
mesmo ano. Eu vadiei demais e levei bomba, repeti o ano.
Nunca vou me esquecer do que senti quando percebi que
meus antigos amigos seguiram adiante, e eu fiquei para trás.
Eu me senti como se tivesse desistido de continuar a
caminhar com eles. Isso me causou tamanho repúdio e gerou
uma tão grande energia que me acordou para a vida de uma
só vez. Eu me senti tão derrotado naquele dia, que tomei a
decisão de nunca, mas nunca, nunca mesmo, desistir de nada
que eu começasse enquanto não alcançasse a vitória. Eu
jamais seria derrotado novamente. Eu morreria de pé, mas
não viveria de joelhos!
E isso realmente me mudou, porque foi quando eu descobri o
poder da vontade e da inteligência. No ano que se seguiu
comecei a estudar em uma sala com pessoas estranhas a mim
e ao entrar na sala fui recebido com uma vaia enorme. Senti-
me o pior dos homens naquele momento. Mas o espírito de
luta da decisão que já havia tomado me sustentou. Tornei-me
um estudante assíduo. Passei inclusive a dar aulas para os
meus colegas nas vésperas de provas. Descobri o quanto eu
gostava de ciências. Havia descoberto a força da "cri
atividade". Passei a competir e a vencer as feiras de ciências
da minha escola e das escolas da minha e da região também.
Travei grandes amizades com o Wilson e seu primo Bruno, o
Regis dd Guido e o Reginaldo do Pedro Capixaba, o Flávio
Bichinho de Luz e o Naldo seu irmão, o João Almada e seu
irmão Rogério, o qual chamávamos de padre. Aquilo que
começou como um martírio se transformou em anos
dourados.
Alguns anos depois, junto com meu amigo Flávio do
Juquinha, cheguei mesmo a ir competir em Belo Horizonte,
representando a Secretaria de Ensino daquela região de MG.
Havíamos vencido todas as escolas daquela Delegacia de
Ensino e agora estávamos em belo Horizonte. Ficamos
hospedados no hotel Gontijo e um diretor, de uma empresa
de nome Nordberg, ficou emocionado com o projeto que nos
havíamos desenvolvido e nos deu 100 dólares de presente.
Comecei a praticar capoeira e me saí muito bem. Depois de
um ano passei para artes marciais mais fortes, com o
professor William. Junto também estavam meu inseparável
amigo Jerônimo e o Lala, filho do Orlando soldado, de quem
sempre gostei muito. As artes marciais me auto
disciplinaram ainda mais. Descobri o quanto, uma vontade
forte e bem canalizada fazia meu corpo forte e minha mente
obediente. Nadava muito no açude da usina Paraíso e no rio
Pomba também. Correndo acelerado eu fazia todas as tardes
a volta do "O", que tem 8 km. Aprendi a fazer malabarismo
em cima de cavalos e gostava do desafio de montar de vez
em quando em garrotes no curral do Sr. Zeli. Ser forte e
atlético resultava em muitos elogios e me fez muito popular
entre os amigos. Mas acabou por me deixar "convencido" e
houve um tempo em que eu me achava "o máximo". Havia
muito ego comigo. Antes de repetir o ano, eu estava numa
extremidade. Depois, através da vontade e da inteligência,
caminhei sentido ao centro. Então, forcei demais e agora
estava na outra extremidade.
Foi quando eu recebi uma lição que me marcou muito. Havia
um rodeio na cidade e os verdadeiros peões que viviam disso
já tinham se recusado montar o touro araçá daquele rodeio.
Eu, me achando muito grande, quis fazer bonito e disse que
montaria aquele touro. Quase morri neste dia! Eu vi a viola
em cacos! Aquele tanque de guerra que mugia me
arremessou para mais de 10 metros no chão e passou por
cima de mim como se fosse uma locomotiva. Num ato
desesperado de tentar sair da frente daquele monstro, eu me
arrastei rápido no meio da bosta com palha de milho e passei
por debaixo da cerca. Mas isso não antes de ter minha perna
direita pisoteada por aquela locomotiva de chifres. Além de
machucado, ainda levei uma vaia daquelas da platéia do
rodeio. Naquele momento, todo lambuzado e machucado,
enquanto alguns peões me socorriam, pude perceber
claramente o alto preço que cobra a vaidade, enquanto a
platéia, rindo, gritava por mais diversão. A vaidade nada lhe
dá e tudo exige em troca. Minha perna não quebrou graças a
Deus, mas o músculo da barriga da perna inchou e ela ficou
tão grossa quanto a coxa. Levei mais de um mês para me
recuperar por completo. Esse acontecimento me fez retomar
ao caminho do meio, ao meu centro. Quanto ao touro araçá,
observo que sua decisão de nunca se deixar domar era
fascinante. Aquele touro foi magnífico.
Quase todas as tardes eu ia para a casa do Jerônimo. O fato
de nós estudarmos em salas diferentes em nada atrapalhou
nossa amizade. Mas aquela tarde havia algo no ar. Tanto eu
como o Jerônimo percebíamos uma brisa diferente, um calor
diferente. Embora o céu estivesse todo azul e ensolarado, e o
vento estivesse calmo, uma sensação de que havia algo de
diferente se fazia presente. O comportamento dos animais
não era o mesmo. Naquela tarde, não houve a revoada
costumeira de algumas aves e nem o canto do sabiá. Até os
pardais, que se aninhavam no final de tarde nas árvores da
praça, fizeram isso nervosos. Naquela noite, uma grande
massa de nuvens carregadas tomou a região. Eram umas
nove horas da noite quando começou a chover muito. De vez
em quando, a escuridão da noite era anulada pelos flashes
fortes dos relâmpagos que corriam pelo céu. O estampido
dos trovões ecoava seguindo a claridade dos raios.
A chuva estava muito forte e não parava. No começo da
madrugada, os trovões se fizeram ainda mais fortes e a chuva
aumentara ainda mais. Já madrugada adiantada, quando a
chuva já havia diminuído muito, quando ouvimos algumas
pessoas passarem na rua avisando alto a toda a cidade: "O rio
está subindo, o rio está subindo!" Pensei comigo: todos os
anos o rio Pomba cresce. Já havia presenciado aquele rio
subir uns três metros de altura, por que agora pessoas
anunciavam a enchente que chegava? A noite estava
terminando e a manhã começava a romper o dia. O céu
estava novamente limpo e teríamos, mais uma vez, um dia
bem ensolarado. Mas havia um barulho diferente: um som
como de um ronco era contínuo naquela manhã.
Eram umas cinco e meia da manhã quando troquei minhas
roupas e fui ver o que era. Ao chegar do outro lado da
pracinha, vi algo que me gelou o estômago, O rio Pomba
havia subido mais de 10 metros. A ponte alta, que toda as
manhãs eu atravessava para ir à escola, agora estava meio
metro abaixo da água que continuava subindo. Lembrei-me
de imediato do Jerônimo. Embora sua casa não fosse na
beira do rio, pela altura da enchente, certamente sua morada
teria sido atingida. Fui correndo e, ao me aproximar, me
deparei com um grande número de casas dentro da água. Por
sorte, naquela parte a água fizera volume, mas não havia
qualquer correnteza, pois era um terreno meio que plano mas
longe do leito original do rio.
A água nas casas já estava com mais de um metro e meio e
ainda subia mais. Na outra extremidade da rua, em meio a
uma multidão, vi a D. Isaura e o Jerônimo sentado em um
banquinho velho. Atravessei nadando e, chegando até eles,
senti o Jerônimo totalmente desanimado. A D.Isaura, em
silêncio, mantinha uma expressão preocupada enquanto
olhava sua casa agora na água. Perguntei a D. Isaura onde
estavam as coisas da casa. Ela respondeu que a água subiu
depressa demais e quase nada eles conseguiram tirar de
dentro. E disse que cada família precisou se ocupar com a
própria casa, de forma que não puderam se ajudar
mutuamente, D. Isaura contou que nem mesmo a compra do
mês feita no dia anterior eles conseguiram retirar. Perguntei
ao Jerônimo se ele sabia onde estava guardada a compra do
mês. Ele disse que sim, mas do que adiantava perguntar isso
agora?
Era hora de ação e não de palavras. Segurei forte a mão do
meu tão estimado amigo e literalmente o puxei águas
adentro. Então ele se animou. Ao entrarmos na sua casa, uma
caixa grande que continha toda a compra do mês estava no
alto, em cima das paredes do quarto da Nancy sua irmã,
sobre um suporte de madeira feito por dois caibros e ainda
estava sequinha. Tiramos a compra do mês, toda a roupa
restante e quase todos os móveis da casa. A água estava
muito alta e tivemos que parar, mas quase nada restava lá.
Uma hora depois, a água subira demais e apenas o telhado
aparecia. Lamentavelmente, vimos o telhado se mover e a
casa ruir. Não houve vítima e nem feridos, graças a Deus. O
Sr. João e D. Isaura ficaram na casa do Sr. Beazino. Já o
Jerônimo aceitou passar uns dias na minha casa. Então, tudo
começou a voltar ao lugar novamente. Naquela noite, de
madrugada, o Jerônimo leve um pesadelo e acordou
gritando. Demos todos muitas risadas por isso.
Dois dias depois houve uma outra enchente ainda maior.
Desta vez o rio Pomba havia subido um metro a mais do que
a primeira vez. Lembro-me bem do Jerônimo me dizendo:
"O estrago que a enchente podia me fazer, ela já fez. Então
agora eu vou é admirar esta segunda enchente". E eu achei
isso maravilhoso, porque tanto eu como o Jerônimo havia
aprendido a olhar o lado bom de todas as coisas.De bicicleta,
nós andamos muito pelo município admirados com a força
que a natureza podia ter. Dois meses depois, Jerônimo e sua
família estavam morando em uma nova casa com um grande
quintal, no morro do Cabibó, um bairro alto da cidade. Tudo
havia se ajeitado e a paz voltava a reinar.
Já no segundo grau, eu estudava à noite e as manifestações
mediúnicas se faziam mais fortes e mais visíveis. Eu tinha
uma namorada de Dona Euzébia, uma cidade vizinha
chamada Leninha. Eu e ela e suas muitas colegas do vilarejo
do Jacaré estudávamos juntos. Foi quando eu percebi o
quanto podia ajudar as pessoas com meus dons mediúnicos,
mesmo sem que elas soubessem disso. Descobri que podia
conversar com a mente das pessoas enquanto elas dormiam.
E, ainda melhor, no dia seguinte, quando elas acordavam, a
idéia que eu havia posto na mente delas estava lá. Elas, sem
saberem do acontecido, pensavam que a idéia era delas e
ficavam muito empolgadas e animadas para colocá-la logo
em ação.
Então, comecei a compreender a responsabilidade que eu
tinha nas mãos e que precisaria de orientação. Foi nessa fase
que uma entidade espiritual, um preto velho muito amável,
começou a me instruir sobre o mundo espiritual. Era uma
entidade de muita luz e de extremo amor. Tinha profundo
conhecimento sobre as coisas. Fui orientado a subir as
montanhas por diversas vezes em retiro espiritual, onde
aprendi muito sobre o mundo espiritual, os segredos da
floresta e o podei espiritual e curativo das plantas. Também
foi nessa época que descobri que podia com muita facilidade,
invocar os espíritos animais. Foi também quando aprendi a
silenciar a mente para escutar a voz do Grande Espírito que
está em todas as coisas.
Por diversas vezes, subi as montanhas em caminhadas junto
com muitos dos meus amigos, pois eu tentava compartilhar
com eles as maravilhas que via. Impotente, assisti um grande
número de meus amigos e conhecidos, pessoas que eu
amava, cair no vício das drogas. Eles começavam com a
maconha. Diziam que aquilo era uma maravilha e defendiam
seu uso dizendo que estavam numa boa. Começavam a ter
explicações para tudo e viviam em uma cegueira racional
completa. Seis meses depois, já se tornava visível os sinais
de degeneração na personalidade deles. Eles tinham
depressão, pitavam todos os dias e não admitiam que já
estavam viciados. A maioria deles passou para drogas mais
fortes, talvez em busca de uma solução para o vazio que os
corroia por dentro. Grandes amigos meus foram prejudicados
pelas drogas. Malditas sejam as drogas!
Certa vez, um rapaz já maior de idade, da cidade de Ubá,
durante as comemorações da semana portuense, junto de um
outro rapaz que sempre gostei muito, veio me oferecer
drogas para comprar. Surpreso, perguntei a eles porque me
ofereciam essas coisas já que eu não usava drogas e nem
precisava destas coisas. O rapaz de Ubá, indignado com a
minha resposta, rebateu dizendo: "Aí careta, fica dando uma
de gostosão, mas até seu irmão compra o meu bagulho".
Maldito foi esse momento, pois quebrei os dentes da frente e
o braço direito desse rapaz. Ele estava inconsciente no chão
quando retirei do bolso dele um saco plástico com maconha
e muitos vidrinhos de lança perfume caseiro que na época
chamávamos de loló. Joguei tudo de cima da ponte dentro do
rio. Naquela época a polícia não brincava em serviço, era o
final da ditadura. Então, não houve queixa na polícia devido
ao grande número de testemunhas que me viram tirar as
drogas do bolso dele. Sendo assim, ele escolheu ficar quieto
e ainda se manter escondido, pois o molho poderia lhe sair
mais caro que o peixe. Atribuo minha reação à impulsividade
da juventude. Até hoje me arrependo disso.
Sempre houve aqueles que me ofereciam um cigarro dessa
droga, mas eu sempre recusei porque meu sentir acusava não
ser isto a coisa certa. Tive todas as oportunidades possíveis
de usar drogas, mas nunca usei qualquer tipo delas. Quando
fiquei sabendo que um irmão meu havia se envolvido com
tais coisas, entendi que não era hora de passividade. Deixo
aqui relatado que desde criancinha eu sempre soube que vim
para dar início a uma obra sagrada que ajudaria a
humanidade. As vezes, o ego inflava e eu me sentia grande
com isso, mas então me recordava da lição do touro araçá e
me mantinha na humildade.
Em 1984, senti que meus dias em MG haviam terminado. Eu
andava sempre duro. Não tinha dinheiro nem para namorar.
A passagem para Dona Euzébia era cinqüenta centavos e
houve uma vez que tive de voltar a pé por que nem isso eu
tinha no bolso. Minha família vivia uma crise financeira
devido à Souza Cruz e os seus cigarros já prontos. Dois de
meus tios donos de confecção, por razões que nada tinha
haver comigo, me negaram um emprego modesto para que
eu pudesse fazer a faculdade. Minha intuição me apontava
São Paulo. Foi quando procurei um homem de nome Ailton,
que era um dos dirigentes do Bradesco e morava na minha
cidade. Pedi a ele uma oportunidade de emprego, pois eu
precisava começar minha vida. Mesmo com pouca roupa e
quase sem dinheiro, eu vim para São Paulo. Cheguei numa
segunda-feira e em uma semana já estava empregado no
banco Bradesco da Cidade de Deus. Nos exames escritos eu
me saí muito bem, mas no exame de datilografia sei que foi
o Ailton quem deu uma força. Uma das poucas pessoas na
vida que me ajudou de verdade foi o Sr. Ailton. Tenho por
ele profundo respeito e gratidão. Hoje sou um homem muito
abençoado no mundo da matéria e, de bom grado, pago a
faculdade para um número considerável de jovens. Mas tudo
começou com o apoio que ele me deu. Eu agora estava
empregado, quanta bênção!
No ambulatório da Cidade de Deus, conheci um
fisioterapeuta espírita e místico cujo nome é Cláudio.
Embora bem mais velho do que eu e já com família formada,
tínhamos grande afinidade. Nos tornamos grande amigos e
através dele adentrei a Rosa Cruz, o que foi muito bom.
Certa manhã, antes de acordar, eu tive uma visão: vi um
homem branco alto, com cabelos escuros partidos para o
lado e costeletas. Ele me olhava nos olhos com muita
seriedade. Esse homem apenas me olhava e nada dizia. A sua
enorme luz se fazia visível e senti fortemente que ele tinha o
universo dentro do peito. Nesse mesmo dia, me encontrei
com o Cláudio e ele me contou sobre uma escola de
parapsicologia, a Pró-vida. Eu soube na hora que havia
encontrado o que vim buscar. Ele me passou o telefone, eu
telefonei e peguei o endereço. No dia seguinte, eu já estava
lá sendo entrevistado pelo senhor Fausto. Foi quando eu vi
uma fotografia grande do homem da minha visão. Era o Df.
Celso Charuri, fundador e idealizador da Pró-vida, falecido
em 1981. Sabia que eu seria preparado por um tempo até
estar pronto para dar o início à grande obra que vim para
apenas iniciar.
Desta parte até eu completar 38 anos de idade, me ocupei em
continuar o aprendizado, mas também em juntar dinheiro
para quando chegasse o momento de dar início a grande
obra. Procurei um emprego estadual, onde eu teria
estabilidade, não dependesse de produção. Dessa forma,
entrei no Corpo de Bombeiros. A minha escala era 24 por 48
horas, ou seja, eu trabalhava um dia e folgava dois, o salário
era pouco, mas garantido. Além do mais, eu tinha 20 dias
livres por mês à minha disposição. Eu sempre costumava
dizer aos outros: "O arroz e o feijão o Corpo de Bombeiros
garante, a mistura eu busco fora!"
Comecei a vender mel puro que trazia de MG. Certa vez eu
vendi, em um só mês, mil e quinhentos quilos de mel só no
panelão da PM, que é um prédio redondo azul próximo à
estação Armênia. Fiquei muito conhecido como o "bombeiro
do mel". No final das vendas daquela semana, um major
descendente de japonês, cujo nome é Hitil, que chefiava uma
pequena sala no quinto andar, me comunicou
administrativamente alegando que eu não tinha uma
autorização por escrito para vender mel ali. Que homem mau
humorado e quanta prepotência! O coronel que comandava
aquele prédio todo me disse para ficar tranqüilo. Ele não iria
quebrar a comunicação administrativa daquele major, mas
telefonaria para o meu comandante e eu não teria a punição.
Mas tudo bem, eu já havia vendido todo mel que tinha e
estava com um bom dinheiro em mãos. Foi assim que dei
entrada na minha primeira casinha e me mudei para o
interior do Estado, de forma a poder educar melhor meus
filhos. Na capital as drogas já faziam grandes estragos!
Sempre gostei de juntar dinheiro em silêncio. Como nunca
confiei no governo ou nos bancos, eu comprava dólares, O
Sr. Collor de Mello em nada me afetou no seu governo
quando confiscou as poupanças dos brasileiros. Mas
presenciei pessoas morrerem de enfarte devido a esse plano
do governo.
Assim toquei minha vida e criei minha família. Meus filhos
cresceram fortes, sadios e com muita responsabilidade. Já no
interior, resolvi fazer a faculdade de Teologia, coisa de que
muito gostei. Também costumava passear na fazenda Nova
Gocula dos Hare Krishnas, que fica em Pindamonhangaba,
no bairro Ribeirão Grande. Lá conheci um devoto que
cuidava da cozinha de lá, seu nome é Haracanta. Este sim era
um bom devoto. Era sempre um dos últimos a se deitar e um
dos primeiros a se levantar. Certa vez eu lhe dei um pote de
mel puro. Ele, sem qualquer hesitação disse na hora: "Que
bom, vou pôr este mel no bolo que farei à tarde para servir a
todos", A sinceridade e o senso de solidariedade desse
homem me fascinaram.
Para aprimorar ainda mais meus estudos, certa vez eu resolvi
passar uma semana com eles e estudá-los melhor. Eles
ensinavam que nossa alimentação é sagrada e que tomar um
banho de rio todas as madrugadas assim que se levantavam,
era uma forma de começar o dia se limpando das impurezas.
Durante à noite, no alojamento, um jovem devoto moreno
me contava a história de que existia um oceano branco como
leite e nele havia peixes tão grandes que comiam cardumes
de baleias todos os dias. No final, me perguntou se eu tinha a
capacidade de acreditar nele. Respondi, sorrindo muito:
"Conheço apenas o oceano da terra que é azul esverdeado,
onde as baleias são os maiores víveres do planeta todo. Acho
que as baleias de lá se reproduzem como os coelhos ou já
estariam extintas. Haja baleias nesse oceano, né, moreno!
Ele ficou sem graça e parou com as historinhas. Então,
fomos dormir. Às três e meia da manhã, eles tocaram um
trombeta que era uma concha. O som era bonito".
Era o sinal para todos se levantarem, e tomar o seu banho
matinal e irem para o templo dançar. Era mês de julho, mês
de inverno e ali é a Serra da Mantiqueira, próximo a Campos
do Jordão. O frio era mesmo intenso e a serração vinha
fazendo ondas no ar. Mas quem sai na chuva é para se
molhar. Coloquei um short, desci ao córrego até onde ele
formava uma piscina natural, molhei primeiro a fronte e os
pulsos, criei coragem e mergulhei na água. Um minuto
depois eu não sentia mais frio, mas também não sentia as
mãos, o rosto, os pés, eu não sentia mais nada!
Como não apareceu nenhum dos devotos Hare Krishnas, eu
subi de volta. Pensei talvez que tivesse descido no local
errado. Ao me aproximar do alojamento, um jovem
descendente de japonês, cabeludo e muito simpático, de
nome Paulo, me olhando espantado disse, visivelmente
admirado: "O senhor tem uma mente muito forte, porque
convencer o corpo a entrar no rio com todo este frio não é
nada fácil". Daí quem ficou surpreso fui eu. Perguntei a ele
há quanto tempo ele já se encontrava naquela fazenda e ele
me respondeu: "Amanhã faz trinta dias. Amanhã irão cortar
o meu cabelo e eu serei aceito como devoto". Caramba, ele
estava ali já há 30 dias e estava surpreso de eu ter entrado no
rio de madrugada? Algo estava muito errado! Segui para o
alojamento e me deparei com todos os devotos tomando um
belo banho de chuveiro. O único trouxa pelo jeito fui eu.
Segui com todos para o templo e os observei dançarem
músicas lindas tocadas por instrumentos maravilhosos. Foi
muito bonito. Assim que amanheceu e após todos nós nos
alimentarmos bem, resolvi andar a divisa dos 62 alqueires
daquela fazenda. Foi outra surpresa. Do alto da serra se via a
fazenda quase inteira e eu não vi uma única horta, nem
mesmo um canteirinho ao menos. Mas nem mesmo um pé de
mexerica que fosse. Mas então aquela história toda de se
alimentar com cuidado, de plantar e colher o próprio
alimento, como ficava?
Quando retomava, parei em uma casa velha, onde eles
guardavam livros, que tinha uma grande piscina rachada e
abandonada. Eu estava ali a pensar, quando passou por mim
um devoto muito velhinho. Era tão velhinho que, para andar,
ele movia os pés sem tirá-los do chão. Ele arrastava seus
pezinhos delicados pouquinho a pouquinho. Esse velhinho
tinha muita luz e transmitia muita paz. Ali permanecendo um
pouco mais, percebi um galhinho de laranjeira, com rala
folhagem bem no meio, acima de um capinzal de colonião
com uns dois metros de altura. Isto sim me chamou muito a
atenção.
Entrei no capinzal e descobri vários pés de frutas ali
abandonados e muitos deles já mortos. Então, descendo até o
alojamento, disse a um rapaz moreno, o dos peixes que
comiam bandos inteiros de baleias: "Encontrei um pomar
inteiro abandonado no meio de uma capinzal. Não acha isso
estranho?" Ele me respondeu que aquele pomar havia sido
formado por um devoto antigo dali. Mas que agora estava
muito velhinho e não tinha mais força para cuidar das
fruteiras. Qual foi minha surpresa, o velhinho que arrastava
os pés era quem havia formado o pomar. Perguntei ao
moreno por que ele não cuidava do pomar. Então, ele
respondeu que não nasceu para fazer essas coisas. Prefiro
nem escrever aqui o que pensei nessa hora! Então me dirigi
ao Harakanta e lhe disse com muita seriedade: "Andei toda a
divisa desta fazenda, não vi nenhuma horta. Encontrei um
pomar morrendo as mínguas por falta de cuidados, no meio
do colonião. De onde vem o alimento que vocês cozinham,
Harakanta?" Ele olhou, me observou por um milésimo de
segundo e em seguida me levou para detrás da cozinha onde
havia um monte de caixas do Ceasa e disse: "Nós nos
preocupamos mais em vender os livros e os incensos. Nem
sempre se é possível conciliar a teoria com a realidade,
Emiliano. Precisamos nos adaptar sempre." Então
compreendi.
Nada havia de errado ali. Eles faziam aquilo que era
necessário para sobreviverem da melhor forma possível e
ainda disseminarem a filosofia que viviam. Quanto ao
moreno das historias fantásticas, entendi as necessidades
dele de crer em tais coisas. Aprendi muito com os Hare
Krishinas e nutro por eles um profundo respeito. Só quem
não os conhece como eu os conheci, é que fala mal deles ou
da filosofia que seguem. Ali não é o meu caminho, mas
afirmo a todos que é um bom caminho. Sei que chegará o dia
em que eles terão hortas e pomares próprios.
Lá dentro há boas pessoas. Há também aqueles que apenas
se escondem por detrás desse movimento. Mas aí o problema
é a pessoa e não a filosofia. Comentei com o Paulo japonês
que em breve eu iria montar uma comunidade semelhante
àquela, só que com muito mais magia. Ele, me olhando feliz,
disse que gostaria muito de vir conhecer quando eu a
montasse. Neste ano de 2007 irei atrás dele.
Alguns anos depois, eu, com uma outra pessoa, havia
arrendado um sitio pequeno. Começamos a retirar das ruas
os bêbados e mendigos e levá-los para morar naquele sítio. À
noite acendíamos uma fogueira grande e sempre vinha nos
visitar o Lanterninha, que era um vaga-lume muito grande.
Podíamos vê-lo de longe, quando ele saía da mata, porque
ele se destacava dos demais vaga-lumes. As entidades
espirituais sempre nos visitavam, mas nem todos ali podiam
perceber isto. Por diversas vezes os habitantes magros e
esguios da cidade subterrânea de Aurora vinham nos dizer
um olá. São eles irmãos maravilhosos.
A VISÃO
Com 38 anos de idade, eu retornara à Osasco. Minha família
já estava formada, meus filhos já estavam bem crescidos e
capazes. Poderia ter comprado ou alugado qualquer casa
daquele bairro, mas escolhi morar em uma pequena casinha
nos fundos da casa do meu sogro, pois ali moravam muitos
primos e parentes, então a segurança era maior e era por isso
que eu zelava. Agora eu até tinha a internet em minha casa.
Que coisa maravilhosa é a tecnologia a favor do sagrado!
Numa manhã de domingo, eu tive uma visão que novamente
mudaria a minha vida. Nessa visão, eu havia levantado de
minha cama e ia até a janela do quarto. Então vi que no
quintal havia um grande pé de ipê amarelo todo florido e em
seus galhos estava pousada uma arara vermelha linda. Eu
olhava a arara vermelha e ela ficava também me olhando
com um olhar diferente, como uma mescla de profundidade
espiritual e tristeza.
Então acordei e havia em minha mente uma palavra impressa
que eu nunca na vida havia ouvido: "Xamanismo"! Liguei o
computador e acessei a internet. Entrei na busca do UOL e
digitei a palavra "xamanismo". O resultado foram inúmeras
páginas. Havia, só na primeira página, um grande número de
links de sites xamânicos. Houve um entre os demais que
minha intuição acusou na hora. Então eu cliquei nele. Foi a
primeira vez que eu havia entrado em um site de xamanismo.
Foi a primeira vez que tomei conhecimento da palavra
xamanismo ou planta de poder. Caí num site de um índio
que falava sobre plantas de poder e ayahuasca. Eu nunca
havia ouvido falar também nesta tal de ayahuasca. Achei
tudo aquilo muito estranho. Tinha boa cultura e profundo
conhecimento espiritual sobre os segredos da floresta, como
nunca ouvi falar neste tal de xamanismo e nesta tal
ayahuasca? Essa pergunta me martirizou por algumas horas.
Mas como no site do índio havia telefone para contato,
eu telefonei. Atendeu o tal índio, chamado Romã. Contei a
ele sobre a visão que eu havia tido e tudo que acontecera
desde então. Ele, rindo, me disse que estava tudo certo.
Haveria um ritual na sua casa naquele mesmo domingo
durante à noite e ele estaria me esperando. Seria um ritual
com ayahuasca e eu deveria participar sem falta. A despesa
com o ritual era de oitenta reais por participante. Fiquei
muito feliz porque percebi que entraria em um novo ciclo de
minha vida. Anotei o endereço do índio Romã. Estava muito
feliz e com aquele sentimento de "encontrei". Continuei na
Internet, em vários sites de xamanismo. Fui lendo e
começando a saber um pouco sobre a ayahuasca, bem como
sobre o tal xamanismo. Quanto mais eu lia mais apreensivo
eu ficava. O xamanismo era tudo o que eu já praticava há
muito tempo. Nada do que eu lera ali era novidade pra mim,
com exceção da tal da ayahuasca. Conhecia na prática tudo
aquilo que sabia que a maioria das pessoas apenas teorizava.
Mas por que então eu nunca havia ouvido sequer a palavra
xamã ou xamanismo?
Havia algo errado. Minha mente estava tomada por uma
grande sensação de que o mundo espiritual havia se
escondido de mim, propositalmente: todos os livros e
manuscritos, qualquer forma de literatura que fosse relativa a
ayahuasca e ao xamanismo. Conheço minha intuição e nunca
duvido dela. Mas, então, o que o astral superior não queria
que eu soubesse? Por que eu não deveria saber, seja lá o que
fosse? Fosse o que fosse, sabia que naquela noite tudo ficaria
às claras.
Convidei o meu filho Júnior para participar também, caso
desejasse. Como sempre, ele topou na hora e à noite fomos
para a casa do índio Romã participar do ritual. Lá chegando,
percebi uma boa energia. Um garotinho de nome Tomas foi
quem atendeu. Ele é filho da Cristina, esposa do Romã.
Fiquei conhecendo a Cristina e o Romã. Muito me
simpatizei com eles. Senti no Romã havia um conhecimento
ancestral grande, mas também senti nele certa energia nociva
de dinheiro.
Em pouco tempo, chegaram algumas pessoas também para o
ritual. Foram estendidos alguns cochonetes e cobertores no
chão. Nos foi servido em um copinho de café, um fundinho
da tal ayahuasca. Nada aconteceu. Nos foi servido
novamente um outro fundinho. Nada de novo. Pela terceira
vez, um outro fundinho de ayahuasca e o Romã me disse que
eu devia estar ansioso. Respondi que não. Seja lá o que
fosse, eu sabia que não era comigo. Mas voltei a deitar e dei
uma mãozinha rebaixando meu cérebro conscientemente
para o nível de teta, tal qual aprendi na Pró-vida. Foi então
que aconteceu. A princípio havia uma grande luz. Em
seguida, eu havia voltado à minha última encarnação. Eu
estava na tribo dos Lakotas novamente, eu estava em casa.
Junto com milhares de irmãos e irmãs e a Grande Paz se
fazia presente. Mitakue Oasin reinava. Me conheciam pelo
meu nome espiritual Gideon, mas havia um outro nome que
me chamavam desde criança. Tive o privilégio de nascer
filho de um grande xamã, que na tradução seria algo assim
como homem sagrado ou xamã de branco.
Nessa tribo, quando ainda bem menino fui iniciado na arte
das curas e dos espíritos pelos xamãs mais velhos e me
aprofundei muito nesta esfera. Dentre os curadores, cheguei
a ocupar a posição de curado r consagrado, após severos
testes. Esta foi um encarnação de muitas provas.
Nós, homens, estávamos fora em um ritual quando sentimos
dores em nosso plexo solar e a tristeza era visível no avô sol
e nas nuvens de elementais que chegavam a nós. Quando
chegamos, nos deparamos com algo que, mesmo agora, me é
difícil descrever. Então revivi toda a intensa dor de minha
última encarnação. Revivi o grande massacre e todo o
sofrimento que foi gerado a nós. Compreendi porque o astral
superior havia retirado de mim toda a consciência daquela
vida. Eu, juntamente com vários outros xamãs, havíamos
jurado vingança contra a raça branca séculos atrás. E isso é
algo muito sério quando parte de espíritos que já ocupam a
posição de xamãs. Somos fiéis à palavra empenhada e o
tempo não afeta nossas decisões. Por séculos, em silêncio,
mantive esse fogo dentro de mim e por esta mesma razão
levei séculos para poder reencarnar. Quando estava para
reencarnar, prometi ao meu povo que levantaria a bandeira
do bom caminho vermelho entre todos os povos e deixaria
bem demonstrado a firmeza e o amor dos Lakotas. Contudo,
escondido dentro de mim, ainda havia o intuito de dominar a
ciência dos brancos e provocar um grande extermínio. De
todos nós xamãs, que fizemos o juramento, somente eu ainda
insistia em cumprir aquele intento. Mas o Grande Pai que
tudo vê sabia da mágoa que ardia em meu coração.
Então, retornei. Agora estava ali, sentado ao lado de uma
fogueira feita pelo índio Romã, com meu filho e outras
pessoas em volta. As lágrimas rolavam, toda as dores de
antes estavam ali novamente. Mas desta vez eu precisava
perdoar. Precisava perdoar principalmente a mim próprio por
não ter conseguido fazer nada em relação ao grande
massacre. O Romã me perguntou por que eu chorava.
Respondi que era por meus irmãos mortos. Ele perguntou se
eles haviam morrido em São Paulo. Então vi que ele não
sabia o que se passava e apenas balancei a cabeça.
Finalmente, após um período de choro, encontrei forças para
perdoar, e séculos de magoas se foram junto de minhas
lágrimas naquela fogueira. Vou tentar pôr em palavras toda a
consciência que me foi devolvida naquele trabalho inclusive,
sobre o grande massacre que eu e muitos irmãos
presenciamos ainda ontem, quando o irmão Tatanka era nos
campos como as estrelas são céu.
Vivíamos em paz e livres. O Grande Espírito se fez ao nosso
redor. O trovão era sua voz e nas asas do vento ele
caminhava e passeava com nossos espíritos. A mãe Terra
cuidava de nós, o avô Sol sorria feliz e a irmã Lua, sempre
irradiando suas bênçãos ao nosso povo, dizia-nos: "Amo
vocês, irmãos. Mitakue Oasin."
Mitakue Oasin significa "Somos todos irmãos". Temos a
consciência do real significado desta frase. O grande irmão
búfalo era a nossa força e nossa raiz. Dele provinha nosso
sustento e seu couro nos dava roupagens e tendas, "tatanka"
em minha língua. Nos tornamos um portal do céu em um
planeta, nossa vida andava na luz e nos conformes do astral
superior. Por isso, minha tribo Lakota sempre foi conhecida
como a tribo do pai dos xamãs, pois fizemos da integração
com o universo um meio de vida.
Estávamos fora, em ritual com os espíritos da natureza, e
pela primeira vez vimos o irmão vento anunciar desgraça. O
olhar do avô Sol estava triste, a mãe Terra parou. Em
grandes nuvens, os amados elementais sobrevoam as
planícies em clara demonstração de desgosto. Paramos os
rituais e retomamos com os nossos cardíacos pesados e
nossos plexos solares com dores. Ao retornarmos a nossa
tribo, uma cena indescritível por palavras humanas nos
aguardava: eram milhares ao todo, mulheres, velhos e
crianças foram massacrados e mortos! Vimos nossas
famílias, mulheres, pais, filhos e filhas estirados em um chão
manchado de vermelho com o sangue daqueles que
amávamos. A raça branca havia chegado e junto deles a
ganância e o insaciável desejo do TER.
Ó, Grande Espírito, por quê? Nada sabíamos ou
entendíamos. Apenas a dor quase que insuportável se fazia
presente... Mas nossa natureza guerreira em espírito nos
mantinha firmes. Chegaram nossos irmãos de muitas outras
tribos, incluindo a nossa tribo mãe, os Sioux. Um grande
ritual xamânico voltado à guerra aconteceu. Usando de todo
conhecimento real de xamanismo e magias, despertamos os
animais de força na forma física em centenas de irmãos... O
vento, o trovão e a força estavam em nós Partimos para a
batalha contra o algoz de nosso povo, um povo com pés
diferentes dos nossos. Com os corpos transformados, os
atacamos em campo aberto e chance alguma eles tiveram tal
qual fizeram com os nossos amados já velhos ou nenéns. A
batalha foi rápida e impiedosa. Não houve prisioneiro ou
feridos da raça branca e nenhum deles permaneceu com o
coração no peito. O que podiam eles contra a magia do
xamanismo voltada para guerrear? Raça cruel e insana, como
lhes chamar de irmãos? Os vermes imundos do limo têm
muito que aprender com vocês!
Grande Espírito, por quê? Por que, ó Misericordioso!? O que
fizemos de errado, Grande Espírito, para que tal mal
assolasse agora nossa alma? Presenciei meus irmãos
morrerem em batalha porque desejavam morrer, ou se
matarem após o último daqueles com pés estranhos ter o
coração arrancado. Senti o peso do meu povo em minhas
costas. Vi os ainda vivos e com seus corpos ainda
transformados lançarem um olhar de agradecimento ao ritual
realizado, então se matavam e partiam para o encontro da
Grande Luz. Para onde ir, o quer fazer, como suportar aquela
tristeza e, ainda pior, como compreender o que havia se
passado? Três dias depois desencarnei por desgosto.
Raça branca, de que adiantou? Nós voltamos, estamos aqui!
Embora agora em corpos de brancos permanecemos ainda
Lakotas em espírito e estamos nos reunindo de novo. Muitos
de nós juntos já nos encontramos, nossa tribo se reúne. Raça
branca, dominamos a sua ciência e entendemos como vocês
pensam, raciocinam. Aprendemos a usar o lado esquerdo do
cérebro e nos tornamos guerreiros ainda melhores, ficamos
mais fortes. O tempo não nos afetou, raça branca, e
retomamos para a grande vingança espiritual: "Trazer luz aos
corações dos brancos!" Raça branca, vocês não tem escolha.
Agora vão se iluminar ou terão que partir. Repararem todo
mal que causaram à Mãe Natureza e aos filhos da Terra.
Trazer luz ao coração da raça branca é a grande vingança
Lakota, e ainda lhes chamaremos de irmãos. Somos todos
irmãos. Mitakue Oasin voltará a reinar.
Após terminar, já de madrugada, o Romã me disse: "Você
tomou uma dose cavalar de ayahuasca". Fiquei admirado
com o que ele havia dito, afinal toda a ayahuasca que ele me
dera não dava sequer 50ml. Depois, ele me disse que
ayahuasca era o mesmo SANTO DAIME. Nem mesmo a
palavra SANTO DAIME eu ainda havia ouvido falar. Mas é
assim mesmo, o astral superior nada faz mal feito. Paguei ao
Romã cento e sessenta reais pelos trabalhos meu e do
Juninho. Nos despedimos e fomos embora.
Quando acordei fui direto para a internet. Agora eu iria
pesquisar muito sobre a ayahuasca ou SANTO DAIME.
Descobri que haviam várias igrejas do SANTO DAIME ali
mesmo na capital de SP e proximidades. O Céu de Maria, no
Pico do Jaraguá (Glauco e Bia); o Céu da Lua Cheia, em
Itapecerica da Serra (Leo Artese); o Céu Nova Era, em São
Lourenço; o Céu da Mantiqueira, em Camanducaia (Chico);
o Céu de Midan, em Sorocaba e muitos outros. Descobri que
os dirigentes das igrejas recebiam o nome de padrinho e
madrinha. Dessa parte eu gostei muito, porque onde eu nasci,
para o batismo, nossos pais convidavam sempre duas
pessoas que eles consideravam amigos, para se tornarem
padrinho e madrinha da criança batizada.
Então, resolvi ir ao Céu da Lua Cheia, em Itapecerica da
Serra, onde o padrinho era um homem de nome Leo Artese.
Consegui o número do telefone e liguei. Me atendeu um
rapaz de nome Caio. O telefone era de um restaurante na
cidade. Fui até lá e conversei com eles. Nenhuma entrevista
aconteceu. Nenhuma palestra foi dada. Eles apenas me
disseram o preço, que era 20 reais por pessoa, e que haveria
um ritual de lua cheia no próximo sábado. Eu disse que
queria ir e eles me explicaram como chegar lá. No sábado de
lua cheia, eu e meu filho Junior fomos ao Céu da Lua Cheia.
Como o bom mineiro não perde o trem, procurei chegar
muito mais cedo do que haviam me orientado. E isso foi
muito bom porque não foi tão simples, achar o local, mas
com a ajuda de moradores locais na beira da estrada de ferro
conseguimos.
A princípio, fiquei observando muito e havia poucas pessoas.
A energia do local que vinha da mata era muito boa, mas a
energia que vinha dos participantes era pesada. Havia ali
algumas pessoas com as quais eu me identificava. Mas,
mesmo assim, percebia nelas uma energia densa. Também
percebia muita arrogância em muitas das pessoas que
freqüentavam ali há mais tempo. Havia um certo ar de
autoridade imposta. Uma mulher dizendo ser médica estava
nervosa porque havia enfiado seu carro dentro de um buraco,
quando fora encher um galão de 20 litro com água potável.
Aquela mulher estava visivelmente fora de sintonia e
chegava inclusive a ser agressiva com os demais. Procurei
me aproximar e ela se afastava.
Havia lá um rapaz que morava próximo e treinava corrida
que foi tirar o carro dela do buraco. O rapaz me pareceu uma
boa pessoa e eu me ofereci para ir junto, Andamos por uns
20 minutos no máximo e nos deparamos com o carro da
médica. Era um carro bem velho. Um Chevette antigo,
marrom e em péssimo estado. Não havia caído em buraco
algum, apenas estava atravessado na estradinha de chão de
tal forma que bastou uma pequena manobra para tudo
resolver. Isso me fez ficar muito pensativo. Ou aquela
mulher era mesmo uma péssima motorista ou havia algo de
muito errado com ela. Teria ela bebido? Estaria ela drogada?
Aliás, seria mesmo uma médica? Ao retomar, entreguei as
chaves do carro a ela e pude perceber que ela não cheirava a
álcool, mas chupava sem parar balas de hortelã. Sabia o que
geralmente isso significava. Percebi que havia chegado uma
espiritualidade semelhante às que acompanhavam a
umbanda, mas definitivamente eram de pouca luz e
demonstravam muita ansiedade. Lidar com a espiritualidade
nunca me foi difícil e o domínio no manuseio das energias é
coisa que já trago de outras vidas. Apenas me mantive firme
e em paz, mas cobri com um manto energético de proteção o
Juninho e a todos que estavam ali pela primeira vez.
Então, chegou à hora do ritual e já havia ali, acredito, umas
25 pessoas. Disseram que eu fosse até uma cabana de
madeira. Eu e meu filho nos dirigimos para lá achando que
agora haveria alguma explicação sobre o daime e sobre
como aconteceria o ritual. Mas, que nada, apenas assinei um
livro e paguei vinte reais que cobravam. Não houve nenhuma
explicação ou palestra. Não houve qualquer orientação ou
explicações nem a mim, nem ao meu filho e nem a outros
que ali também estavam pela primeira vez. Fomos para
dentro da igreja sem ao menos ter noção do que lá
aconteceria. Não precisa ser uma pessoa muito experiente
para perceber que as coisas certas não são assim.
O RITUAL
Dentro da igreja do Céu da Lua Cheia, observei que
homens e mulheres ficavam separados, um de cada lado da
igrejinha. Disso eu gostei muito. As mulheres usavam saias
brancas compridas e os homens calças brancas. No centro
havia uma mesa redonda com a forma de uma estrela.
Alguns músicos estavam sentados. Os membros de lá tinham
um hinário na mão. Em seguida foi aberta a sessão e
começaram a servir o daime ou ayahuasca. Vi que o moço do
restaurante, o Caio, era quem servia o daime a todos, sempre
no mesmo copo. Questionei a mim mesmo o porquê deles
não usarem copos descartáveis, assim seria higiênico e não
haveria o risco de transmissão de alguma doença como a
hepatite, por exemplo.
Enfim, provei do tal SANTO DAIME. Deram-me um copo
americano cheio. O gosto era forte e ácido. O cheiro me
lembrava um pouco o vinagre. Então, me lembrei do Romã
dizendo que no ritual dele que eu havia tomado uma dose
cavalar. Que história furada aquela! Todo o daime que tomei
com ele durante todo o trabalho não chegou sequer a 50 ml.
Esse foi o primeiro contato com o comércio que tive dentro
do SANTO DAIME ou com a ayahuasca.
Após todos terem ingerido o daime, os músicos começaram a
tocar e todos começaram a cantar. Em vinte minutos comecei
a ver uma infinidade de cores. Houve uma explosão de cores
maravilhosas e depois aconteceram às visões que eles
denominam de mirações. À medida que todos cantavam os
hinos, as mirações começavam e, conforme o cântico
terminava as mirações acabavam. Eu estava maravilhado.
Nunca havia passado por uma experiência assim tão intensa.
O tempo e o espaço deixaram de existir, coisa que eu já
estava acostumado, pois sempre ia para a quarta dimensão
durante os exercícios de meditação que fazia com
freqüência. Mas com ayahuasca era muito mais intenso e
maravilhoso. Eu estive consciente o tempo todo. Embora eu
estivesse em pleno contato com o mundo espiritual, também
me mantinha em contato com o mundo da matéria. A minha
percepção havia se ampliado muitas vezes e isso era
fantástico. Podia ouvir e ver de uma forma que nunca antes
eu havia ouvido ou enxergado. A clarividência e a
clariaudiência eram plenas.
Depois de um tempo, todos nós tomamos mais um copo
americano de daime. Aquilo que já era intenso se tornou
ainda mais. Eu estava encantado. Pensei mesmo ter
encontrado o paraíso, a pedra filosofal. Um tempo depois
senti náuseas. Saí da igreja procurando um banheiro e um
dos fiscais me disse para seguir uma trilha que daria no
banheiro. Assim eu fiz. Segui aquela trilha para dentro da
mata acredito que por mais de 50 metros e por fim achei uma
barraca de lona onde dentro havia uma fossa coberta por uma
tábua furada que servia de privada. Vomitei um pouco.
Quando retornava, me deparei com um rapaz que também
procurava o banheiro, mas estava visivelmente confuso. Ele
não sabia se estava indo ou voltando. Conversei com ele, o
segurei pelo braço e o levei ao banheiro. Vendo o estado
daquele moço e o fato de que até então ele estava sozinho,
fiquei um pouco preocupado com o meu filho. Ele vomitou
também e depois eu o acompanhei de volta até a igrejinha.
Foi então que vi que havia muita gente vomitando ali mesmo
próximo a igreja. Eram tanto as pessoas mais antigas quanto
as que iam pela primeira vez.
Entrei na igrejinha e não vi o meu filho. Voltei, perguntei
aos fiscais que estavam ali fora e eles não souberam me dizer
nada de concreto. Ainda vieram com uma história de que eu
não me preocupasse com o meu filho porque tudo estava
bem. Então perguntei a eles: "Se podem afirmar que está
tudo bem, me digam onde o meu filho está". Eles ficaram
com um sorriso amarelo, sem saber o que falar e dei as
costas para eles e fui procurá-lo em volta da igreja. De
irresponsáveis sorridentes o inferno está cheio. Achei o
Juninho se apoiando em uma árvore vomitando também.
Conversando com ele vi que ele estava bem e tão lúcido
quanto eu. Orientei a ele que evitasse sair de dentro da igreja
e eu também fiz o mesmo. Contudo, era claro que os fiscais
deveriam acompanhar os iniciantes. Na maior parte dos
iniciantes falta à firmeza necessária. O ritual continuou e
tudo foi lindo. Depois, deram um intervalo e acenderam uma
fogueira, mas tanto eu quanto o Junior permanecemos dentro
da igrejinha. Havia alguns rapazes que comiam bananas e
nos ofereceram. Meu Deus, que delícia! Eu nunca havia
comido uma banana tão gostosa. Até o paladar a ayahuasca
havia ampliado.
Uma moça muito simpática, de nome Daniela, se aproximou
e perguntou meu nome. Depois me perguntou como eu
estava. Respondi que muito feliz e que durante o ritual eu
havia reencontrado antigos conhecidos de jornadas. Senti por
está moça uma profunda ternura. Desde esse dia eu guardo
essa moça no meu coração e tenho por ela um carinho de
irmão. Percebi que esta moça passava por problemas
financeiros, pois, quando lhe dei um pote de mel puro e ela
disse que o usaria fazendo um ritual dentro da floresta, para
conseguir uma solução financeira. Sei que as coisas da
matéria não se resolvem assim e que aquele ritual não ia
resolver de verdade. Pensei em auxiliar Daniela
financeiramente, mas minha intuição me disse que não.
Mesmo hoje eu às vezes me lembro dessa irmãzinha. Como
será que ela se encontra e que caminho terá tomado? Será
que, assim como muitos que ali conheci, também se perdeu
nas drogas? Será que ela hoje é mais um daqueles que, em
defesa da maconha santa maria, praguejam contra meu nome
devido às verdades que exponho a todos e que a ciência
inclusive confirma? Às vezes penso em procurá-la e ver
como ela está. Por diversas vezes eu lhe presenteei com
vidros de mel puro. Na época ela tinha uma filhinha e sérios
problemas com o aluguel. Muitos anos se passaram, mas às
vezes me recordo dela e penso em lhe dar uma casa de
presente se ela ainda pagar aluguel. Quem sabe se eu a
encontrarei novamente.
Algum tempo depois começou novamente o ritual. O coral
começou a cantar hinos para Yemanjá. Senti quando uma
grande luz amarela esverdeada adentrou naquela igrejinha e
me deu um abraço enorme. Entrei em um êxtase ainda muito
maior do que o que eu já me encontrava. Senti ser um abraço
de uma mãe para um filho. Como sorri, como fiquei feliz. É
impossível colocar tais coisas em palavras. A noite seguia
em cores e mirações e de vez em quando passava um trem na
ferrovia próxima à igrejinha, mas que em nada me
atrapalhava. Foi a experiência mais incrível que eu já
vivenciei nesta vida. Pude ver com clareza o poder que a
ayahuasca contém. Ao final do hinário se encerrou o ritual.
Conversamos com muitas pessoas, inclusive com os mais
antigos que tinham o nome de fardados. Pude perceber que
eles estavam aéreos, pensei que talvez fosse cansaço.
Procurei não falar do meu trabalho e continuando a conversa,
com muito jeitinho, consegui que eles me contassem um
pouco do trabalho deles. Definitivamente eles não haviam
entrado no êxtase e nem mesmo percebidos a presença da
Yemanjá. Isto me fez ficar muito pensativo, pois já conhecia
bem as leis da causa e efeito, e a lei do merecimento. Percebi
também que muitos grupinhos com homens e mulheres
entravam floresta adentro. Pensei: "Acho que eles vão ver o
sol nascer em algum local mais alto". Muito, mas muito
felizes, eu e meu filho entramos em nosso Gurgel e fomos
embora. Naquele mesmo domingo, durante à tarde, eu já
ansiava por um próximo trabalho. Recordando todo o
acontecido, eu mantinha um sorriso largo no rosto.
Na segunda-feira à tarde, entrei na Internet e intensifiquei em
muito as pesquisas que queria fazer. Queria saber como era
aquele cipó e o arbusto da rainha da floresta. Queria saber
como cultivá-los e, principalmente, como é que se produzia
o daime. Queria saber a história do SANTO DAIME, de
onde ele veio e como ele surgiu. Eu tinha muito tempo livre
naquela semana e aproveitei para ir o mais fundo quanto
possível. Na terça-feira à tarde, eu telefonei para o Romã.
Disse a ele que eu havia participado de um ritual no Céu da
Lua Cheia. Conversamos um pouco e então combinamos de
nos encontrar à noite na casa dele. Contudo, já estava muito
claro para mim que o Romã comercializava com a
ayahuasca, com o que é sagrado. Retornei ao Céu da Lua
Cheia do Leo Artese por diversas vezes. O uso de drogas é
comum entre eles.
CÉU DE MARIA
Pela internet fiquei sabendo o telefone do Céu de Maria, que
fica no Pico do Jaraguá. Telefonando lá, me confirmaram
que haveria trabalho no sábado seguinte, às 20h. Cheguei lá
às 18h. A igreja era grande e bonita, acredito que tem
capacidade ali dentro para umas 300 pessoas. Observei as
pessoas que iam chegando. Pessoas mais antigas, fiscais e as
novatas também. Não eram bem recepcionadas, havia um
mau humor e certo ar de prepotência nos fardados de lá.
Ouvi-os mencionarem, por diversas vezes, o nome do
padrinho Sebastião e do padrinho Alfredo, tanto que resolvi
me informar melhor. Foi quando alguns deles me disseram
que o padrinho Sebastião era o sucessor do mestre lrineu e
que ele era a reencarnação do profeta João Batista. Um
homem iluminadíssimo que trouxe a doutrina da floresta, o
SANTO DAIME, para o sul e para o mundo. Afirmaram
inclusive que o padrinho Sebastião era o patrono do SANTO
DAIME. Esta afirmação eu já comecei a questionar, com
base em todo material que eu havia estudado na Internet. Lá,
a história mostrava o mestre Irineu Serra como o primeiro
daimista, então como poderia ser o padrinho Sebastião o
patrono do SANTO DAIME? E quanto ao Sebastião Mota
ser a reencarnação de João o Batista (aquele que prega no
deserto), nem precisei questionar, pois era evidente se tratar
de uma grande mentira e fanatismo.
Assinei o livro de presença e paguei na época o valor de
vinte reais. Sempre tive bom tirocínio comercial, sempre
soube avaliar o valor real de qualquer coisa, se está havendo
exploração ou não, baseado no custo do produto. Por isto eu
pensava: Quanto será que custa um litro de daime? Trezentas
pessoas, que é o que imagino que comporta a igreja, vezes
vinte reais, são seis mil reais! O litro de daime deve ser
muito caro. Mas se é assim tão caro e provém apenas de duas
plantas, por que eles não fazem plantios aqui em São Paulo e
produzem o próprio daime?
O ritual começou com um grupo de pessoas em pé dentro da
igreja rezando a Ave Maria e o Pai Nosso. Eles rezavam,
rezavam e rezavam estas duas rezas. Perguntei a um rapaz na
entrada da igreja se eles oravam sempre. O rapaz me disse
que sempre se abre o trabalho com aquelas orações. Percebi
que eles não conheciam a diferença marcante entre o que é
uma reza e o que é uma oração, coisa que qualquer pessoa
com um pouco de luz ao menos, conhece! Depois esse rapaz
me mostrou a fotografia do padrinho Sebastião. Olhei de
perto a fotografia, observando atentamente os traços físicos
do padrinho Sebastião. Em estudos da alta magia eu já havia
aprendido a reconhecer a situação real do espírito encarnado,
pelos traços físicos do seu corpo, principalmente os traços
que possui no rosto. É a lei da causa e do efeito, a qual atinge
o ser humano em todos os aspectos. Definitivamente se
tratava de uma pessoa sem luz.
Havia um rapaz no Céu de Maria, cujo nome é Luís. Ele é
magro e tem um filho de nome Acauã. Como gostei deste
moço! Lamentei muito por vê-lo perdido na maconha, nas
drogas. Ele acendia um baseado novo com o final do
anterior. Depois ele me contou que estava desempregado
fazia tempo, a esposa o tinha largado. Contou que vinha aos
feitios para ajudar em qualquer coisa para poder fazer os
trabalhos depois. Contou também que o padrinho Valter Dias
estava abrindo um novo céu do Cefluris em
Pindamonhangaba, próximo aos Hare Krishnas. Eu disse a
ele que conhecia bem a região. Passados uns dez dias, junto
de um outro rapaz, eu resolvi ir lá para ver de perto como
que era o surgimento de uma nova igreja. Cheguei lá e de
cara percebi que as drogas já rolavam soltas o dia todo,
mesmo ainda sendo apenas a construção. Me surpreendi
quando lá vi o Luís do Céu de Maria. Ele tinha um facão na
mão e cortava um caibro, mas na boca mantinha um cigarro
de maconha. Puxa vida, que tristeza me deu, aquele céu seria
mais um ponto de drogas!
Numa outra ocasião, durante um trabalho no Céu de Maria,
um homem desmaiou. Caiu tremendo de cara no chão,
machucando o rosto. Era apenas um ataque de epilepsia,
nada mais. Mas os fiscais ficaram em volta, dizendo para
deixarem ele porque era caso de incorporação. Isto não foi o
cúmulo. Pedi aos fiscais que se afastassem e comecei os
procedimentos de socorro daquele homem. Um rapaz
branquinho do cabelo arrepiado se ressentido por eu não
acatar as orientações dos fiscais, com estupidez disse para eu
parar, porque era uma incorporação problemática e ele ia
chamar lá uma outra pessoa da igreja que lidava com estas
coisas. Respondi com energia, devido à necessidade da
situação: "Moço, já trabalhei como enfermeiro de uma UTI
por muitos anos. Isso aqui é apenas epilepsia". O senhor
moreno alto que estava do lado, nada sutil, disse: "Se não vai
ajudar também não atrapalhe, seu moleque". E ainda mandou
o rapaz procurar sua turma. Graças a Deus aquele senhor
moreno abaixou e começou a ajudar, porque logo em seguida
outras pessoas também ajudaram e levamos o paciente para
fora do salão de trabalho, onde foram realizados os
procedimentos padrões para o caso. Quando tudo passou e o
senhor se encontrava apenas na ressaca epilética, um fiscal
chegou e disse que haviam preparado um colchão com
cobertas num cantinho da igreja. Lá o colocamos e ele ali
permaneceu em paz até de manhã.
Deixo aqui registrado que continuei a freqüentar o Céu
da Lua Cheia do Leo Artese e o Céu de Maria do Glauco
e da Bia, por diversas vezes ainda. E tanto em um como
no outro o uso de drogas era bem intenso, mas no Céu de
Maria a coisa é muito pior.
A APARIÇÃO
Numa outra ocasião, havia um feitio, que é o nome que eles
dão quando produzem o daime. Eu participei junto dos meus
dois filhos, Juninho e Leonardo, Lá conheci muita gente.
Com alguns deles caminhamos juntos até hoje. Durante o
feitio também se serve daime a quem desejar. Fiquei
impressionado com a quantidade de gente que pitava
maconha durante o feitio. Nossa, como se drogavam! Será
que eles não sabiam que aquela energia pesada das drogas
que tanto usavam era absorvida pelo daime e que ela passaria
a quem o ingerisse depois?
Mas estávamos ali para observar e aprender, então apenas
colaboramos com a mão de obra, lavando manivas de
jagube, rachando lenha para a fornalha, lavando panos e
vasilhas, carregando panelas e ajudando na bateção do
jagube. Por vários dias eu participei. Chegava cedinho e ia
embora entre as 22h e 1h da madrugada. De um grupo que
limpava o jagube, quase todos ficavam um pouco e saíam.
Somente eu e um outro homem estávamos firmes ali
trabalhando há mais de oito horas. Então, perguntei o nome
dele para puxar assunto. Ele me disse que seu nome era
Eugênio e que morava em Piedade. Perguntei o que ele
sentiu durante àquelas horas de serviço. Ele disse: "Estou
aqui no mesmo serviço desde de manhã, que foi quando você
chegou. Comunguei o daime e me mantive aqui, como você.
Mas as experiências são diferentes para cada um. Passei por
diversos estágios. Houve momentos em que senti vontade de
parar; vontade de ir embora; vontade de relaxa; vontade de
comer e beber. Mas me mantive na firmeza do daime e agora
eu posso só parar com alegria no coração". Fiquei muito
admirado com as palavras desse moço. Ele me pareceu uma
boa pessoa.
A grande parte das pessoas dali era boa, apenas cometiam o
erro de se refugiar na ilusão das drogas, fugindo das
obrigações e responsabilidades da realidade que todos nós
temos que lidar todos os dias. Durante a noite, o uso das
drogas se intensificava ainda mais. Na bateção noturna eles
passavam de mão em mão a maconha, a qual denominavam
de santa maria. Quando veio para mim eu simplesmente a
passei a quem estava do meu lado. Um rapaz de nome Pedro
que eu já o conhecia do Céu da Lua Cheia do Leo Artese, me
indagou: "Você não faz uso da santa maria?" Respondi que
não. Então ele me disse que ao menos quando eu a pegasse
na mão fizesse o sinal da cruz com ela antes de repassá-la a
quem estava do meu lado. Olhei para ele com firmeza e
também respondi que não. Rapidamente, ele desviou o olhar
e não tocou mais no assunto. Aquele feitio teria sido lindo,
se não fosse pelas drogas que tanto usavam.
Mas num certo domingo, durante a noite desse feitio, senti
algo diferente, A intuição me avisava que era para me afastar
um pouco para ficar a sós. Eu havia conhecido um homem
com quem travei uma grande amizade, seu nome é Rafael
Soriano. É muito esforçado, estava ali desde o início do
feitio e se alojava em uma barraca. Juntos, assumíamos a
bateção do jagube por horas a fio. Dirigi-me a ele dizendo
que iria me afastar um pouco, mas depois voltaria para
continuar o trabalho. Fui para uma parte do Pico do Jaraguá
onde se enxerga a cidade lá embaixo. Eu havia comungado
um pouco de daime umas horas atrás. De repente olhei para
o céu e vi a santa pretinha que sempre me consolava quando
eu era criança. Era linda e estava cercada por um manto de
estrelas. Só que desta vez o contato era muito mais intenso e
me eram passadas mensagens claras. Lembrei dos santos da
igreja católica, coisa que nunca gostei. Neste momento o
Mestre Jesus também apareceu e me disse: "Gideon, é com a
minha autorização".
Então tudo ficou certinho, se era da vontade do meu Mestre
nada podia ter mesmo de errado. Fui tomado por uma
felicidade e um êxtase que não é possível pôr em palavras.
Ali aquela santa pretinha me disse que havia chegado a hora
de eu realizar a obra que vim para fazer. Que agora meus
recursos materiais (que já eram abundantes) seriam
acrescidos inúmeras vezes. Que as terras que haviam sido
prometidas a mim, agora seriam entregues e neste momento,
mirando, vi as terras sagradas. Um sol amarelado veio e as
folhas das árvores ficaram mais verdes, então escutei o canto
de uma araponga. Muito mais coisas me foram ditas, mas
uma foi frisada mais dos que as outras: "Que eu devolvesse o
daime para a seriedade com que Irineu caminha". Depois de
tudo que vi, retornei ao feitio apenas para me despedir do
Rafael Soriano e de alguns outros. Fui para casa.
A COMPRA DAS TERRAS SAGRADAS
No dia seguinte, de manhã cedinho, eu estava com três
enfermeiros amigos meu, pelos quais tenho profundo
carinho: Gomes, Aluísio e Marquinhos. Tempos atrás eu já
havia comentado com eles que minha intuição apontava o
Vale do Ribeira, que acreditava que seria ali onde eu
compraria as terras.
Nesta manhã de segunda-feira, nós quatro conversávamos e
ríamos muito, quando o Marquinhos abriu, do meu lado, um
jornal, bem na página dos classificados... Minha intuição
acusou na hora um ponto pequenininho do jornal, algo não
maior que uma unha. Ali dizia apenas "vende-se fazenda
boa" e dava o número de telefone. Eu disse, feliz, que havia
achado as terras. Os três ficaram surpresos.
O Marquinhos, sempre muito cético e brincalhão disse após
olhar no jornal o que eu havia apontado: "Mas você não
tinha nos dito que sentia que as terras seriam no Vale do
Ribeira? Este telefone é da capital!"
Então, telefonamos. Atendeu um senhor de nome Sebastião.
Perguntei sobre o anúncio e ele ficou surpreso do jornal
ainda tê-lo publicado, porque já tinham publicado no sábado.
Perguntei onde eram as terras. Ele me respondeu "Em
Pariquera-Açu". Neste momento, o Marquinhos bateu a
palma da mão na testa e disse: "É no Vale do Ribeira, eu
nasci lá!" Eu disse ao Sr. Sebastião que queria ver a fazenda.
Na terça de madrugada, viajamos de São Paulo a Pariquera-
Açu, no Vale do Ribeira. Chegamos de manhãzinha. Desci
do carro e pedi ao Sr. Sebastião que ficasse em silêncio por
um instante e assim fiquei a contemplar um pouco a beleza
do lugar. Neste instante um sol amarelo desceu e as folhas
das árvores ficaram mais vívidas, então uma araponga
pousou e cantou forte. Era a mesma visão que a minha Mãe
pretinha tinha me mostrado na miração. Perguntei ao Sr.
Sebastião o preço que ele queria. Fechamos negócio e foi
nesse lugar que começou todo o trabalho abençoado do Céu
Nossa Senhora de Conceição
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APÊNDICE Voltar ao sumário
MORTE NA FOGUEIRA
Dois livros lançados nas últimas semanas reúnem o mais
grave pacote de acusações até hoje levantado contra os
daimistas. No primeiro deles, Santo Daime - Fanatismo e
lavagem Cerebral, a terapeuta Alicia Castilla relata o
penoso caminho que tem percorrido para recuperar sua
filha, Verônica. Em 1990, então com 13 anos, Verônica
começou a freqüentar o Daime no templo que a seita
mantém em Visconde de Mauá, uma cidade turística na
Serra da Mantiqueira, no Estado do Rio de Janeiro. Mudou-
se para lá, nunca mais voltou para casa e hoje mora na
Colônia 5000, núcleo da seita em Rio Branco, no Acre.
Alicia arrola uma série de argumentos para provar que
Verônica foi vítima de uma manobra do Daime para
seqüestrá-la e aliciá-la. No segundo livro, Tragédia na Seita
do Daime, o jornalista Jorge Mourão relata o suicídio de
seu filho adotivo, Jambo, ocorrido há três anos na colônia
do Céu do Mapiá. Num acesso de loucura, Jambo, na época
com 20anos, armou uma fogueira, acendeu-a e atirou-se
sobre ela. Mourão está processando a seita. Em torno do
relato desses dois dramas familiares, tanto Alicia quanto
Mourão costuram um rosário de denúncias contra o Centro
Eclético da Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra,
conhecido pela sigla Cefluris, a maior entre as várias
correntes do Santo Daime. O integrante mais conhecido do
Cefluris, que ocupa o cargo de secretário-geral e principal
administrador, é Alex Polari, ex-terrorista que na década de
70 militava nas organizações clandestinas de esquerda e por
isso passou vários anos na cadeia. [Polari ganhou certa
notoriedade por ter sido a última pessoa a ver vivo o colega
de luta armada Stuart Angel Jones, filho da estilista Zuzu
Angel, morto nos porões do DOI-Codi. Há 14 anos,
abandonando o ateísmo marxista, Polari ingressou no Santo
Daime, transformando-se em sua principal autoridade e
porta-voz. Hoje, usa até a longa barba branca de Matusalém
que caracteriza os "padrinhos" - líderes religiosos da seita -
e tem dois livros publicados sobre o Daime. Para Alicia
Castilla e Jorge Mourão, Polari é uma espécie de Jim Jones
amazônico que comanda uma organização inescrupulosa.
Em seu livro, Alicia conta as diversas etapas de sua luta
para recuperar a filha junto aos membros do Cefluris e à
Justiça. Em junho de 1990, os daimistas conseguiram a
guarda de Verônica junto a um juiz de Resende, no Estado
do Rio de Janeiro, alegando que em casa ela era maltratada
pela mãe. Alicia recorreu à promotoria e, em outubro, um
outro juiz determinou que Verônica voltasse para casa.
Como ela relutasse em acatar a decisão, a promotora deu-
lhe uma alternativa: "A única chance, não sendo a casa da
tua mãe, é a casa do menor de rua". Verônica preferiu a
segunda opção. Depois de dividir o mesmo teto com
menores delinqüentes, nos dois anos seguintes ela foi
acolhida por diversas famílias de Resende e morou um
tempo na casa do ator Carlos Augusto Strazzer, também
adepto do Daime e morto pela Aids em 1993. Foi para São
Paulo e se abrigou com o cartunista Glauco, autor das tiras
do Geraldão, também daimista. Finalmente, tomou dinheiro
emprestado de Glauco e comprou uma passagem de ônibus
para Rio Branco, onde se instalou na comunidade da
Colônia 5000. Alicia nega que maltratasse a filha. Verônica
diz apenas que "sofreu muito" com as brigas na Justiça e
com a constante troca de lares.
ARTISTAS
Jorge Mourão, em seu livro, acusa o Cefluris de ter
submetido Jambo a torturas psicológicas que o teriam
levado ao suicídio. Em 1991, Jambo deixou Porto Seguro,
na Bahia, onde morava com a família, e mudou-se para
Visconde de Mauá, passando a freqüentar o centro daimista
local. Lá trabalhava como aprendiz de marceneiro. Segundo
o relato de Mourão, um ano depois ligou para a família,
aflito. Considerava o trabalho insalubre por ter de respirar
pó de serragem e agüentar o barulho da motosserra horas
seguidas. Fez as malas e tentou deixar a comunidade, mas
foi impedido. Teriam dito que ele estava desequilibrado
mentalmente e que poderia até ser amarrado se tentasse
deixar o local. Jambo fugiu, abrigando-se na casa de
parentes no Rio, e pouca semana depois seguiu para o Acre,
certo de que no Céu do Mapiá encontraria melhores
condições de vida dentro da comunidade daimista. Acabou
se matando.O Cefluris procura minimizar os casos de
Verônica e de Jambo. Para Alex Polari, Verônica optou, por
conta própria, viver na Colônia 5.000, e o livro de sua mãe é
"fruto de uma mente transtornada, danificada" Quanto a
Jambo, Polari afirma que ele foi para o Céu do Mapiá
contrariando a própria orientação da comunidade, e que ele
era viciado em cocaína. "Casos como o de Verônica e de
Jambo, de jovens que abandonam a família ou se suicidam,
acontecem entre gente de qualquer credo, católicos,
protestantes ou umbandistas, mas ninguém culpa essas
religiões pelas fatalidades", pondera Alex Polari. "Por que
então responsabilizar o Daime nesses dois episódios?", ele
pergunta. Polaris tem razão. É impossível avaliar até que
ponto a convivência com os daimistas teria influenciado a
fuga de Verônica ou o suicídio de Jambo. Mas não há como
negar que o Santo Daime é uma seita com características
muito peculiares. Sua maior concentração de fiéis vive num
local da selva amazônica acessível apenas a barcos
pequenos. Embora vivam quase como índios muitos deles
são egressos da classe média das grandes capitais
brasileiras. Há também filhos de famílias ricas. Embalam
sua fé com uma droga alucinógena, consumida fartamente
até pelas crianças, Atraem artistas de sucesso e turistas
estrangeiros. São comandados por um ex-terrorista
transformado em líder espiritual. Finalmente, concorre para
a estranheza da seita o fato de que muitos de seus adeptos a
abandonam com denúncias sobre o que acontece no dia-a-
dia do Céu do Mapiá.Tanto as acusações de Alicia quanto
às de Mourão devem ser encaradas com certa reserva -
ambos têm sua parcela de responsabilidade pelo que
aconteceu a seus filhos. Alicia foi adepta do Santo Daime
durante vários anos - ela mesma levou Verônica à seita, em
Mauá, pela primeira vez, permitindo que consumisse a
ayauhasca. Jambo foi parar no Céu do Mapiá com a
anuência de Mourão, que chegou a ajudá-lo na viagem. Se a
experiência do garoto em Mauá fora tão assustadora, é
estranho que ele logo a seguir se tenha mudado para o QG
dos daimistas, e mais estranho ainda que seu pai adotivo o
tenha ajudado na mudança. Mourão, que no prefácio do
livro se orgulha de ter vivido uma juventude aventureira,
com longas peregrinações pelo mundo e mergulhos fundos
em todas as drogas, alega que Jambo apenas seguiu o
caminho que escolheu.
SOTAOUE CABOCLO
Por trás dos casos de Verônica e de Jambo, o que existe é o
comportamento típico dos fanáticos religiosos, dos adeptos
de seitas exóticas que prometem mundos ilusórios a seus
fiéis. Muitos deles se dão por satisfeitos e seguem em frente
sem transtornos aparentes. Alguns, mais suscetíveis a danos
mentais nessas experiências, acabam como vítimas.
Verônica, que teve uma infância confortável, hoje mora de
favor no casebre de uma colega de seita da Colônia 5.000.
Passa o tempo fazendo serviços domésticos nas casas das
catorze famílias que compõem a comunidade. Tem o olhar
perdido de quem vive em outra dimensão. Fala pouco, em
português errado, e sempre num carregado sotaque caboclo
- o sotaque urbano e o português polido não são bem-vistos
pelos daimistas. Verônica diz que não volta para casa de
jeito nenhum e que sua vida, agora, "é só o Daime". Basta
assistir a uma cerimônia do Santo Daime para verificar
como seus rituais podem facilmente induzir ao fanatismo.
Portando as obrigatórias roupas cerimoniais, chamadas de
"fardas", eles se reúnem no templo e chegam a passar doze
horas seguidas dançando e cantando hinos religiosos. O
ritmo da cerimônia é frenético, obsessivo. O combustível,
tanto para empreender o mergulho espiritual quanto para
suportar a maratona física, é a ayauhasca, o chá
alucinógeno, consumido repetidamente durante o culto. Em
pouco tempo estão tomados pelo que chamam de "mirações"
- algo parecido com as "sacações" dos hippies que tomavam
LSD. A ayauhasca é usada tradicionalmente por vários
grupos indígenas da Amazônia. Ela entrou no Santo Daime
através do criador da seita, o agricultor Irineu Serra, morto
em 1971 aos 79 anos. Ele próprio escreveu as centenas de
hinos entoados nos cultos. Os hinos, que misturam o
cristianismo e o espiritismo, falam de Deus e do amor, das
virtudes do trabalho e da justiça. Juntos, formam um livro
de mais de 300 páginas, cujos exemplares hoje costumam
ser impressos na gráfica do Senado Federal como uma
homenagem dos políticos do Acre aos eleitores daimistas.
ENZIMA
A ayauhasca é uma dessas criações espantosas da medicina
indígena, uma combinação química feita intuitivamente
pelos nativos a partir de dois vegetais que nem sequer
crescem um perto do outro. O psicobiologista Elisaldo
Carlini, da Escola Paulista de Medicina e atual secretário
de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, explica que
o cipó, conhecido como jagupe, contém dimetiltriptamina,
ou DMT, uma substância que, quando ingerida, produz
fortes alterações mentais. Ocorre que uma das enzimas
presentes no intestino humano impede a absorção do DMT.
A função do segundo ingrediente da ayauhasca, a planta
conhecida como rainha, é neutralizar essa enzima."O DMT
pode levar a vários estados de alteração mental", explica o
médico Carlini. "A pessoa pode entrar em delírio, ter
alucinações ou apenas ilusões visuais." Desde 1961, o DMT,
em sua forma sintética, é proscrito para uso humano pelo
International Narcotics Control Board, órgão da ONU que
estuda as substâncias químicas e aconselha os países
membros da entidade quanto à sua regulamentação. A ONU,
porém, nunca se manifestou sobre a ayauhasca. No Brasil, o
Conselho Federal de Entorpecentes, Confen, encomendou
estudos sobre a ayauhasca em 1992 e entendeu que não
deveria proibi-la. "Na época, constatou-se que sua
utilização era ritualística e que não havia motivos para o
Estado intervir no assunto, mas é possível que essa posição
mude no futuro", diz Luiz Matias Flach, presidente do
Confen. "A ayauhasca sem dúvida tem propriedades
alucinógenas", ele completa. No início do ano passado, o
Confen determinou que o chá não seja ministrado a menores
de idade nem a portadores de qualquer forma de distúrbio
mental. A primeira determinação é solenemente ignorada
pelos daimistas. Quanto à segunda, não há nenhum controle
a respeito da saúde mental dos que consomem o chá.
MERCADO NEGRO
Os médicos concordam que a ayauhasca, quando tomada
apenas durante a cerimônia, para atingir o transe espiritual,
é inofensiva. Acontece que cada vez mais ela vem sendo
usada indiscriminadamente. Os grandes centros daimistas
fabricam cerca de 8 000 litros de chá por ano. É impossível
exercer um controle rígido sobre a utilização do produto.
Nos últimos tempos, até em centros de candomblé de Rio
Branco pode-se ver gente consumindo ayauhasca. "Muitas
pessoas estão pirando com o daime, largando a família, o
trabalho, porque tomam a bebida sem acompanhamento
espiritual", diz um veterano daimista de Rio Branco. Parte
do chá produzido no país é exportada para os dez centros
daimistas que hoje funcionam no exterior, na França,
Espanha, Holanda e Finlândia. Teoricamente, ele deveria
chegar a esses países de graça, ou em troca das pequenas
doações mensais de 5 ou 10 reais que os adeptos do daime
costumam destinar aos centros para cobrir os custos de
produção. Sabe-se, no entanto, que a ayauhasca no exterior
já é comercializada no mercado negro, a 30 dólares o litro,
suficiente para meia dúzia de doses. Por coincidência ou
não, as pessoas que acabam se indispondo com a seita
depois de freqüentá-la são egressas na maioria dos casos
justamente do Céu do Mapiá, o principal centro do Cefluris.
A aldeia do Céu do Mapiá reúne hoje cerca de 800 pessoas
que vivem em regime comunitário. Está instalada dentro da
Floresta Nacional Mapiá-Inauini, criada pelo governo
Sarney em 1989 numa área de 311.000 hectares no sul do
Amazonas. Nessa área, o Ibama delimitou oito territórios
para o desenvolvimento de projetos-modelo de ocupação e
manejo sustentado da floresta. Um deles foi entregue ao
Cefluris. Nele, os daimistas dedicam-se a atividades
extrativistas, beneficiam frutas e castanhas, realizam seus
cultos e, no dia-a-dia da comunidade, praticam o escambo
com alimentos e serviços.
"MESSIANISMO"
Não faltam testemunhos, porém, de que o Céu do Mapiá está
longe de ser um paraíso. Um publicitário paulista que
passou três anos no local diz que o espírito comunitário do
Cefluris vale apenas para os habitantes mais humildes. "Os
mais esclarecidos formam uma classe dominante, que come
melhor e tem acomodações mais confortáveis" , afirma ele.
"O Mapiá tem também um ditador, o Polari, que se perdeu
no messianismo e no despotismo", diz o publicitário, que
prefere ficar no anonimato. Um estudante gaúcho que há
pouco tempo passou um período no Mapiá também voltou
com má impressão. "Há muita gente que está lá apenas para
ficar doidona, e quem tem dinheiro vive muito melhor", ele
diz. O carioca Carlos Alberto Macedo, sócio de uma firma
de produção de vídeos, passou três anos entre os daimistas
do Cefluris, no Rio e no Mapiá, e não gosta de lembrar o
que passou. "Quando se começa a freqüentar o Santo
Daime, entra-se numa microssociedade que tem todos os
defeitos das sociedades grandes: corrupção, privilégios etc".
E é muito difícil sair dela, pela própria pressão dos fiéis.
Tem muito mais gente pirando lá dentro do que se noticia.
Quando alguém não agüenta a barra, começa a ouvir que
não está agüentando 'a luz', e que isso é muito grave. As
pessoas acabam desvitalizadas, amorfas."
CRIME PASSIONAL
O pai de Carlos Alberto, Luiz Macedo, publicitário e vice-
presidente do Jockey Club do Rio de Janeiro, conta que
passou por um sufoco para tentar tirar o filho do Santo
Daime. "Ele estava à beira do fanatismo, sofreu uma
lavagem cerebral, foi explorado. Quando vi a situação,
resolvi resgatá-lo. Fui falar com o padrinho Sebastião Mota,
um pobre caboclo que se achava enviado de Deus. Não
adiantou - havia um cerco em volta do meu filho. Duvido
que algum pai cujo filho tenha freqüentado o Santo Daime
tenha alguma palavra de simpatia pela seita."O padrinho
Sebastião Mota a que Macedo se refere, morto há cinco
anos, era o principal discípulo de Irineu Serra, o fundador
do Santo Daime. Mota criou o Cefluris e
foi também o responsável pela introdução na seita do
hábito, hoje teoricamente abandonado, de acompanhar a
beberagem da ayauhasca com cigarros de maconha.
Batizada de "santa maria" pelos daimistas, a maconha fazia
parte dos rituais do Cefluris até 1992, quando a Polícia
Federal resolveu acabar com a festa. Numa visita à Colônia
5000, os policiais queimaram uma enorme plantação de
maconha e receberam a promessa do padrinho Raimundo
Nonato, neto de Mota, de que a
partir daquele momento a erva estaria fora dos cultos.
Nonato já recebera outras visitas da polícia. Pouco antes do
episódio da maconha, seu ex-sócio no comércio de secos e
molhados foi preso por tráfico de cocaína. E há vinte anos
ele foi indiciado num processo de crime passional por ter
matado e cortado os órgãos sexuais de um desafeto que
andava tentando seduzir as mulheres da colônia. No
julgamento, foi absolvido sob a tese de legítima defesa da
honra. O Céu do Mapiá é hoje freqüentado por turistas
brasileiros e estrangeiros que buscam conforto espiritual ou
apenas uma aventura exótica. Quem não tem dado as caras
pm lá são os artistas, que transformaram o Santo Daime na
seita da moda nos anos 80. Muitos deles são reticentes ao
falar sobre o assunto, o que indica que suas experiências
não teriam sido tão positivas quanto eles alardeavam na
época. O cantor Eduardo Dusek guarda boas lembranças:
"O Daime é uma terapia natural, se parece com as viagens
de regressão conduzidas pelos psiquiatras" , diz. Ney
Matogrosso acha que o Daime "proporciona uma
experiência diferente para cada pessoa". Já a atriz Maitê
Proença, que tomou ayauhasca até o sexto mês de gravidez
de sua filha Maria, simplesmente se recusa a falar no
assunto. Sua colega Lucélia Santos, que chegou a ser a
garota-propaganda do Santo Daime, também não abre a
boca pé\ra avaliar sua passagem pela seita. O ator Raul
Gazolla, porém, que na época era casado com Lucélia, tem
reclamações a fazer. "Eles passaram a perna na Lucélia,
que arrecadou 30.000 dólares para a seita e, quando foi ver,
o dinheiro havia sumido", acusa Gazolla. "O Santo Daime
tem muita gente com fé, mas os que administram a seita só
têm má-fé. Onde já se viu gente criada na Zona Sul do Rio
falar com sotaque caboclo de uma hora para outra?",
questiona Gazolla. Funciona em Rio Branco, meia dúzia de
outras correntes daimistas, como o Barquinho e o Alto
Santo, freqüentadas e administradas por gente simples e
humilde, que busca preservar as tradições primitivas da
seita. Nesses centros não há turistas, projetos comunitários
ou líderes messiânicos. Mas é outra a situação do grupo
instalado no Céu do Mapiá. Tanto em Rio Branco quanto em
Boca do Acre - cidadezinha que funciona como base para
tomar as embarcações até o Mapiá - todos parece ter uma
história para contar de um parente ou amigo que teve uma
experiência ruim com o Santo Daime. Histórias assim já
fazem parte do folclore das duas cidades. Invariavelmente, o
personagem em questão freqüentava algum dos centros
ligados ao Cefluris. Agora, com as denúncias de Alicia
Castilla e Jorge Mourão transformadas em livros, o coro de
ataques a essa corrente da seita torna-se ainda mais
carregado.
TRAGÉDIA POR MEMBRO DA SEITA
"SANTO DAIME"
Data: 07 de Janeiro de 2004 às 16:47:31
Tópico: Notícias
Braçal que matou amigo é levado à Penal
A Polícia Civil já concluiu o inquérito que apura a morte do
trabalhador Arnoldo da Silva Franquino, ocorrido dia 20 de
novembro deste ano. Na manhã de ontem, o juiz da Vara do
Tribunal do Júri determinou a prisão preventiva do
trabalhador braçal Alessandro Arruda dos Santos.
De acordo com o inquérito policial presidido pelo diretor da
polícia Civil, Walter Prado, Alessandro é acusado de crime
de homicídio qualificado e ocultação de cadáver, com
agravante do crime haver sido cometido com requinte de
extrema crueldade.
Após matar o colega, Alessandro usou um machado para
esquartejar o corpo dividindo em várias partes. Em seguida
ateou fogo nos restos mortais e enterrou em uma cova rasa
nas proximidades do acampamento onde trabalhavam.
Alessandro, que confessou o crime, relatou que estavam num
casebre na fazenda do senhor Hermítlio, localizada em
território boliviano, onde ingeriam daime."O santo daime".
Ele conta que Amoldo teria incorporado um espírito
maligno e tentado lhe matar, depois de misturar o chá com
bebida alcoólica. Após luta corporal, Alessandro matou
Arnoldo e temendo que o espírito o ressuscitasse,
esquartejou a vítima a golpes de machado e facão.
O crime só foi descoberto porque o próprio criminoso, após
consultar seu o patrão e guia espiritual, Hermínio Feitosa
do Nascimento, procurou a polícia para se entregar e contar
sua versão sobre o crime. Conforme resultado do exame
produzido pelo Instituto de Criminalística, no local não
houve luta e conclui que a vítima foi atacada de surpresa
quando dormia.
O inquérito será entregue a Justiça dentro do prazo legal. O
preso já cumpre prisão preventiva e vai aguardar decisão da
Justiça no complexo penitenciário Dr. Francisco D' Oliveira
Conde.
(Fonte: Jornal A Gazeta, em 12.12.2003.)