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Mehrsprachenwettbewerb 2004

Zweite Runde

1. Wettbewerbssprache: Portugiesisch

Relações luso-germânicas em tempos difíceis

«[…]
O conflito armado foi dolorosamente sentido por Portugal. De Janeiro de 1917 a Novembro de 1918, os
portugueses combateram em França, para onde enviaram duas divisões, perdendo milhares de homens entre
mortos, feridos e prisioneiros. Um dos pontos de ataque da grande ofensiva alemã da primavera de 1918 foi
exactamente o sector português junto ao rio Lys que, evidentemente, não pôde resistir ao formidável embate.
5 No mar, muitos navios portugueses foram atacados e afundados, enquanto outros chocavam em minas.
Registaram-se até ataques esporádicos de artilharia por parte de submarinos alemães contra ilhas dos
arquipélagos da Madeira e dos Açores. Mas também se registaram baixas no exército alemão causadas pelos
portugueses, por morte, ferimentos e aprisionamentos. Pode supôr-se igualmente o que, em tempo de guerra,
diziam e figuravam os jornais e as revistas de ambos os lados …
10 Finda a guerra, novo período se inaugurou na história das relações entre os dois países. A pouco e pouco,
as feridas abertas pela conflagração foram sarando. As realidades do pós-guerra traziam consigo a necessidade
e a inevitabilidade dos contactos comerciais, políticos e culturais. A nível de relações diplomáticas, o
restabelecimento verificou-se em 1920 relativamente à Alemanha e, no ano seguinte, relativamente à Áustria.
Mas as relações consulares tinham-nas precedido de algum tempo já, uma vez que os contactos comerciais se
15 reiniciaram logo em 1919. Produtos, firmas e, inevitavelmente, súbditos alemães voltaram a ser conhecidos
em Portugal. A colónia germânica aumentou de novo, com o peso cultural consequente. Os ideólogos
políticos austríacos foram conhecidos e admirados em Portugal. Monsenhor Ignaz Seipel, Primeiro Ministro
da Áustria em 1922-1924 e em 1926-1929, e o seu pensamento cristão-democrata influenciaram os políticos
portugueses de direita, mormente após 1926.
20 O estabelecimento de uma ditadura militar em Portugal, neste mesmo ano, e a sua evolução posterior para
um regime autoritário de tipo fascista presidido por Salazar, favoreceram a aproximação com as correntes
direitistas da República de Weimar e com o novo regime instaurado na Alemanha a partir de Janeiro de 1933.
Embora as principais influências recebidas pelo fascismo português proviessem de Itália e não da Alemanha,
o nacional-socialismo, mormente nos seus aspectos positivos, foi respeitado e apreciado por grande parte da
25 opinião pública portuguesa. Por sua vez, o salazarismo recebeu as bênçãos do regime hitleriano, que com ele
desenvolveu relações muito particulares. Técnicos alemães, por exemplo, foram contratados para tarefas tão
diversas como a construção de um porto em Ponta Delgada, nos Açores, o aperfeiçoamento das práticas
repressivas da Polícia Política ou para consultadorias várias relativas à organização juvenil conhecida como
Mocidade Portuguesa. Lisboa, a Madeira e os Açores foram escolhidos várias vezes como ponto de destino dos
30 cruzeiros de trabalhadores alemães em férias, integrados na organização «Kraft durch Freude». Várias missões
militares portuguesas se deslocaram à Alemanha, antes e no decorrer da guerra, com objectivos de
melhoramento das tácticas de combate.
Durante a segunda Guerra Mundial, Portugal adoptou uma política cautelosa de neutralidade, já que o seu
principal parceiro económico e aliado político continuava a ser a Grã-Bretanha. Mas a venda de minérios
35 bélicos à Alemanha, nomeadamente volfrâmio, em que Portugal é rico, não pôde ser estancada mau-grado as
pressões aliadas. A propaganda nacionalsocialista tinha, em Portugal, a mesma liberdade do que a inglesa ou a
americana, publicando-se dois hebdomadários ilustrados — A Esfera e Sinal — e ouvindo-se diariamente a
Rádio Berlim («A Alemanha fala e o mundo acredita!»). O governo português manteve relações diplomáticas
com o Terceiro Reich até ao final do conflito, indo ao ponto de mandar colocar a meia-haste, em sinal de
40 luto, as bandeiras nacionais em 30 de Abril, data da morte de Hitler, que a imprensa (censurada) proclamava
ter morrido em combate na Chancelaria.
1
Algumas palavras, ainda, sobre os contactos culturais. Vimos que o ensino do alemão fora introduzido
nos liceus portugueses desde meados do século XIX. Mas a nível de cursos superiores, só em 1901 surgiu, no
Curso Superior de Letras, em Lisboa, um curso trienal de «Línguas e Literaturas Alemã e Inglesa», confiado
45 geralmente a alemães ou a germanistas. Em 1911, a criação da Faculdade de Letras nas Universidades de
Lisboa e Coimbra foi de par com uma ampla reforma que instituiu cursos práticos de alemão com três níveis,
cátedras de língua e literatura alemã também com três níveis e uma cátedra de filologia germânica. Todo este
sistema permitiu o desenvolvimento da germanística em Portugal e a preparação de bons didactas e alguns
bons especialistas. Em 1925 foi criado, na Universidade de Coimbra, um Instituto Alemão, e em 1928, em
50 Lisboa, um Grémio Luso-Alemão, chamado depois Instituto de Cultura Alemã.
[…]»

(776 palavras)

Prof. Dr. A. H. de Oliveira Marques (Lisboa): «Dezasseis séculos de relações luso-germânicas», em: Lusorama
43-44 (Oktober 2000), págs. 34-36.

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Die Aufgaben:
Die Reihenfolge, in der Sie die Aufgaben bearbeiten, ist Ihnen freigestellt.
Beginnen Sie jeden Aufgabenteil auf einem neuen Blatt. Sie haben für alle Aufgaben Ihrer
ersten Wettbewerbssprache insgesamt 4 Stunden (240 Minuten) Zeit. Bearbeiten Sie alle
Aufgaben vor dem Hintergrund der vorliegenden Materialien.
Ein einsprachiges Wörterbuch darf verwendet werden.

I. Compreensão de texto (em português): pontos: língua: 5; conteúdo: 5

1. Descreva o que se diz no texto sobre as relações políticas, económicas e culturais


entre os dois paises e a influência alemã em Portugal depois do ano de 1920.
(150-200 palavras).

II. Análise de texto (em português): pontos: língua: 5; conteúdo: 5

Responda às seguintes perguntas (150-200 palavras):

1. Como e porquê Portugal pretendeu imitar a Alemanha fascista?

2. Pode-se verificar uma atitude crítica, imparcial ou parcial do autor no que diz
respeito ao fascismo alemão, considerando especialmente frases como «Embora as
principais influências recebidas pelo fascismo português proviessem de Itália e não a
Alemanha, o nacional-socialismo, mormente nos seus aspectos positivos, foi
respeitado e apreciado por grande parte da opinião pública portuguesa.»?

III. Tradução: pontos: 10

1. Traduza o terceiro parágrafo do texto (de «O estabelecimento de uma


ditadura […]» a «[…] tácticas de combate»).

IV. Redacção de texto (em português): pontos: língua: 15; conteúdo: 15

Escolha um dos três temas seguintes e escreva um pequeno ensaio de aprox. 350-400
palavras, expondo a sua opinião:

1. Como é que o professor Oliveira Marques descreve as relações entre Portugal e a


Alemanha entre 1917 e 1945?

2. Qual foi, segundo o autor, a imagem da Alemanha em Portugal entre 1926 e 1945?

3. Quais são as informações principais que um leitor atento pode obter deste texto?

Zu erreichende Gesamtpunktzahl : 60

Die Ausschreibung des Bundeswettbewerbs Fremdsprachen 2004 erfolgte mit freundlicher Unterstützung von STEP IN.

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