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Assim, o projeto não é um simples relatório, mas um retrato sempre atualizado do Tribunal.
Hoje, vale a pena examinar o padrão de distribuição de processos a dois ministros desde 2003 (gráfico
acima). Os dois são Ellen Gracie e Cezar Peluso, este último para funcionar como referência, porque
seus números correspondem à média geral. Ellen Gracie é retratada porque seus números resumem
características de todos os ministros que já assumiram a Presidência da Corte e/ou do Tribunal
Superior Eleitoral.
Em 2004 e 2005 Ellen Gracie recebeu menos processos do que a média, porque no período presidiu o
TSE (no ano de 2002, quando essa Corte foi presidida pelo ministro Marco Aurélio, nenhum processo
foi distribuído a ele; em 2010, o ministro Carlos Britto, hoje presidente do TSE, não tem recebido
novos processos).
Assim, em anos eleitorais, em particular nas eleições gerais (que demandam mais do TSE), a
produtividade do ministro do STF que preside o TSE tende a cair. Isso prejudica o desempenho geral
do Tribunal.
A curva da ministra Ellen Gracie correspondente aos anos de 2006 e 2007 exibe também outra
característica do STF: o seu presidente não recebe processos e aqueles que estavam em suas mãos são
redistribuídos a outros ministros.
Dessa forma, dos onze ministros do STF, apenas dez de fato se ocupam da resolução de processos e,
em anos eleitorais, esse número pode cair a nove. Se ministros se afastam por motivos de força maior
(como ocorreu em parte de 2009 com os ministros Joaquim Barbosa e Menezes Direito, ambos por
doença), o número de ministros de fato ativos na resolução de processos pode cair ainda mais.
O gráfico mostra ainda que, no ano seguinte ao do exercício da Presidência, a ministra Ellen Gracie
recebeu processos que superaram em cerca de 40% a média dos demais ministros.
Isso ocorreu porque boa parte dos processos que estavam com a ministra Ellen antes de seu exercício
presidencial e que haviam sido redistribuídos a outros ministros voltaram às suas mãos depois que ela
deixou a Presidência. Como esses processos voltaram, significa que não foram finalizados.
Em outras palavras, boa parte dos processos cujos relatores são ministros que assumem a Presidência
tendem a permanecer sem resolução por um período adicional de 48 meses além da média geral do
respectivo ministro, pois ficam à espera de que este retorne às suas funções normais.
Evidentemente, as partes interessadas nesses processos "presidenciais" terão de esperar mais tempo,
em média, para ter suas causas finalizadas do que outras pessoas.
Será que não existiriam formas mais equânimes de lidar com a circunstância de o STF necessitar de
um presidente com funções que extrapolam a sua prestação jurisidicional?
Será que não haveria formas de compensar a menor dedicação dos ministros que assumem a
Presidência do TSE?