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VERSOS NTIMOS
Vs?! Ningum assistiu ao formidvel
Enterro de tua ltima quimera.
Somente a Ingratido esta pantera
Foi tua companheira inseparvel!
Acostuma-te lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miservel,
Mora, entre feras, sente inevitvel
Necessidade de tambm ser fera.
Toma um fsforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, a vspera do escarro,
A mo que afaga a mesma que apedreja.
Se a algum causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mo vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
A IDEIA
De onde ela vem?! De que matria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incgnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
Vem da psicogentica e alta luta
Do feixe de molculas nervosas,
Que, em desintegraes maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!
Vem do encfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida s cordas do laringe,
Tsica, tnue, mnima, raqutica ...
Quebra a fora centrpeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da lngua paraltica.
PSICOLOGIA DE UM VENCIDO
Eu, filho do carbono e do amonaco,
Monstro de escurido e rutilncia,
Sofro, desde a epignese da infncia,
A influncia m dos signos do zodaco.
Profundissimamente hipocondraco,
Este ambiente me causa repugnncia...
Sobe-me boca uma nsia anloga nsia
Que se escapa da boca de um cardaco.
J o verme este operrio das runas
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para ro-los,
E h-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgnica da terra!
AO LUAR
Quando, noite, o Infinito se levanta
A luz do luar, pelos caminhos quedos
Minha tctil intensidade tanta
Que eu sinto a alma do Cosmos nos meus dedos!
O DEUS-VERME
Fator universal do transformismo.
Filho da teleolgica matria,
Na superabundncia ou na misria,
Verme -- o seu nome obscuro de batismo.