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nesse texto, uma grande variao entre um testemunho e outro, sugerindo assim que a situao de contato entre culturas e lnguas diferentes estimularia o aparecimento de especulaes sobre a lngua/linguagem com base na conscincia do falante, nem sempre intermediada
por uma metalinguagem predefinida (p. 39).
Como se v, o antigo debate sobre a relao entre o tupi e a lngua
geral est longe de esmorecer. O terceiro captulo, assinado por Consuelo
Alfaro Lagorio, investiga os aspectos normativos das polticas lingsticas. Em fins do sculo XVI, um conclio episcopal, reunindo representantes do conjunto da Amrica espanhola, defende a uniformidade dos
catecismos. O idioma a ser adotado um tema central nas discusses.
Defende-se ora o castelhano, ora a lngua geral esta ltima baseada
no quechua, idioma indgena escolhido entre vrios, pois antes mesmo
da colonizao desempenhava um papel de lngua geral no imprio
inca. O autor no deixa dvidas a respeito da posio defendida:
o modelo arquetpico da lngua quechua se fez a partir da variante
cusquenha, que ideologicamente representada como a lngua do
centro do poder e das elites. Porm, devia passar por processos de
depurao das esquisitices, formas arcaizantes e obscuridades.
Assim, o processo de planejamento produziu uma lngua escrita que
no se identificava totalmente com qualquer das lnguas faladas
pelos povos andinos (p. 50).
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ABISMOS OU CONTINUIDADES?
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