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LEITURAS CORPORAIS
UM TERATOMA INERTE:
EXEMPLOS DO CORPO FREUDIANO EM SAMUEL
BECKETT
RESUMO
ABSTRACT
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Jos A. Gaiarsa
1 INTRODUO
pr-conhecidos
pelos
interlocutores
das
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corporal e verbal:
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O palco onde o corpo se apresenta inteiro. No h
sada para o corpo. No palco, a exposio total. O teatro de
Beckett opta pelo caminho metafrico. Inicialmente, em suas
primeiras peas de teatro, o autor coloca em cena
personagens com algum tipo de deficincia ou simplesmente
incapazes de se moverem. Corpos cegos, paraplgicos,
imveis e amputados povoam a cena beckettiana da primeira
fase das peas escritas nas dcadas de 1950 e 60. Nas peas
do perodo final de sua obra, o autor ir radicalizar a
composio corporal de suas personagens utilizando apenas
fragmentos corporais. As personagens ento passam a ser
apenas uma boca, uma voz que fala, corpos no falantes ou
at personagem algum (como o caso da pea Breath, em que
no h personagens, apenas objetos espalhados no palco, que
so vistos durante cerca de 30 segundos).
Logo em sua primeira pea, Eleutheria, escrita em 1947,
Beckett coloca em cena personagens com um certo grau de
decadncia fsica corporal. Nesta pea, j os nomes das
personagens trazem significados repletos de metforas
corporais. O primeiro deles o M. Henri Krap, um velho
escritor cnico, de humor afiado, lascivo que, cansado do
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diz:
VLADIMIR Quando paro para
pensar... estes anos todos... no fosse
eu... o que teria sido de voc... ? (Com
firmeza.) No seria mais do que um
montinho de ossos, neste exato
momento, sem sombra de dvida.
(BECKETT, 2005, p. 19).
ESTRAGON No me toque! No
pergunte nada! No fale nada! Fique
comigo!
(BECKETT, 2005, p. 111).
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6 REFERNCIAS
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