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UCG – Universidade Católica de Goiás

Departamento de Enfermagem e Fisioterapia


Disciplina: Trabalho de Conclusão de Curso

ALONGAMENTO MUSCULAR NA FIBROMIALGIA

DENÍLSON DOS SANTOS


JULIANA QUEIROZ ARAÚJO

Goiânia

2003
ALONGAMENTO MUSCULAR NA FIBROMIALGIA

Trabalho de conclusão de curso elaborado


como exigência parcial para aprovação na
disciplina: Trabalho de Conclusão de
Curso II, e obtenção do Título de Bacharel
em Fisioterapia.

Orientador: Prof.Esp.Maurício Antônio de


Farias

Goiânia - GO
2003
DENÍLSON DOS SANTOS

JULIANA QUEIROZ ARAÚJO

ALONGAMENTO MUSCULAR NA FIBROMIALGIA

GOIÂNIA–GO, ___ / ___ / ___

_______________ ___________ ___________________ _____

Nome Assinatura Instituição Nota

_______________ ___________ ___________________ _____

Nome Assinatura Instituição Nota

_______________ ___________ ___________________ _____

Nome Assinatura Instituição Nota


ALONGAMENTO MUSCULAR NA FIBROMIALGIA

Resumo: O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica sobre a
fibromialgia (FM) e o alongamento muscular. Sendo a FM uma síndrome músculo-
esquelética crônica caracterizada por dores difusas, não inflamatória, com sítios
dolorosos específicos pelo corpo, sensíveis á palpação (tender points); e de
etiopatogenia desconhecida, que acomete principalmente o sexo feminino, em idade
produtiva de trabalho, interferindo na sua qualidade de vida, pois freqüentemente está
associado a distúrbio do sono, fadiga e cefaléia crônica, distúrbios psíquicos como
ansiedade e depressão além do cansaço constante.

O tratamento da FM tem como objetivo a melhora da qualidade de vida


destes pacientes, que inclui: medicamentos analgésicos e antidepressivos,
acompanhamento psicológico e fisioterapia.

A fisioterapia pode contribuir muito no controle da dor, na atividade física dirigida


e na melhora do padrão postural, e tem mostrado eficaz na redução dos sintomas e na
melhora significativa da qualidade de vida dos pacientes. Dentre os recursos utilizados pela
fisioterapia, o exercício de alongamento muscular é um componente importante do
programa de reabilitação, pois um músculo encurtado pode criar desequilíbrio e
instabilidade nas articulações, assim como um alinhamento postural incorreto que pode
levar a lesões e a disfunções articulares. Nesse sentido, o alongamento permite que o
músculo recupere seu comprimento necessário para manter um alinhamento postural
correto, manter a estabilidade articular, garantindo principalmente a integridade e a função.

Palavras Chave: alongamento muscular, fibromialgia, reabilitação.


Introdução

A patologia hoje conhecida como fibromialgia (FM) não é nova 1 . Esta


síndrome reumática representa desde a antiguidade, um importante segmento da
fenomenologia dolorosa do ser humano, através das queixas de dor profunda, exaustão e
distúrbios do sono 2 . Sendo atualmente uma síndrome de grande incidência, representada
por 5 a 8% da população geral e responsável por 25% das consultas nos ambulatórios de
reumatologia. Nos ambulatórios de pediatria as queixas dolorosas músculo-esqueléticas
representam 26% dos casos novos atendidos, onde 55 a 88% preenchem critérios de FM
3,4
.

A FM não é uma doença incapacitante, porém a qualidade de vida pode ficar


comprometida já que a sintomatologia não permite que o indivíduo produza com a
mesma eficácia, habitualmente levando ao sedentarismo 5 . A FM pode ser definida como
uma síndrome dolorosa músculo-esquelética crônica, não inflamatória, de etiopatogenia
desconhecida, caracterizada pela presença de dor difusa pelo corpo e sensibilidade
exacerbada à palpação de determinados pontos dolorosos (tender points); associado à
fadiga crônica, distúrbio do sono e humor, e outras manifestações 6 .

Classificação

A FM é mais comumente dividida em duas categorias: primária e


secundária. O indivíduo com FM primária não tem nenhuma outra patologia
concomitante. A FM associada a qualquer outra doença como a Artrite Reumatóide é
considerada como FM secundária1 .

É considerada uma síndrome porque é identificada mais pelo número de


sintomas do que por uma má função específica. O paciente não necessariamente deverá
apresentar todos os sintomas, porém outros de origem disfuncionais podem estar
presentes7 .
Diagnóstico

A definição atual da FM é decorrente da aplicação dos critérios diagnósticos


da patologia, desenvolvidos pelo American College of Rheumathology (ACR) em 1990,
que utilizam duas variáveis:

1) Dor disseminada (com mais de três meses de duração).

A dor é considerada disseminada quando apresentar:

- Dor no hemi corpo direito

- Dor no hemi corpo esquerdo

- Dor acima do punho

- Dor abaixo do punho

E se, em adição, apresentar dor no esqueleto axial:

- Coluna Cervical

- Coluna Torácica

- Coluna Lombar

2) Dor á palpação de pelo menos 11 de 18 locais específicos do corpo (os


pontos dolorosos).

- Região occipital: bilateralmente, nos espaços intertransversos de C5 a C7;

- Músculo trapézio: bilateralmente, no ponto médio da borda superior;

- Músculo supra – espinhoso: bilateralmente, nas origens e acima da espinha


escapular e da borda medial da escápula;

- Segunda costela: bilateralmente, no 2º espaço intercostal e articulação


condrocostal;

- Epicôndilo lateral: bilateralmente, dois cm abaixo dos epicôndilos;


- Região glútea: bilateralmente, nos quadrantes superolalerais e abaixo do
músculo piriforme;

- Trocânter maior: bilateralmente, posterior à proeminência trocantérica;

- Joelho: bilateralmente, nas interlinhas mediais e no local de inserção dos


músculos da pata de ganso 7 .

A palpação digital deve ser feita com a força de aproximadamente quatro


kg, que corresponde á pressão necessária para empalidecer o leito subungueal do
polegar ou através do dolorimetro5, 8.

O diagnóstico é clinico, tendo como característica fundamental ausência de


achados e outros estudos ou exames subsidiários. Estes, porém, podem ser usados a
fim de um diagnostico diferencial9, 10 .

A utilidade clínica desses critérios para confirmação do diagnóstico de FM


tem sido comprovada por estudos em todo o mundo, onde a sua sensibilidade e
especificidade foram calculadas como 88,4% e 81,1% respectivamente, sendo a
identificação de pontos dolorosos o método mais eficaz em disseminar pacientes com
FM de controle com outras condições dolorosas7, 8.

Manifestações Clínicas

Além das características essenciais para a sua classificação, as manifestações


clínicas da FM exibem uma constelação tão variada de sintomas que formam um quadro
característico, dificilmente simulado por outras condições: Infecções virais e
bacterianas, candidíase, inflamação/dor, síndrome do colo irritável, síndrome da Guerra
do Golfo, síndrome da TPM, síndrome dismenorréica, síndrome de Raynaud, dispepsia
não-ulcerosa, cefaléia tensional, sensação de aumento do volume articular, distúrbio do
sono, acordar cansado, rigidez matinal, parestesia, alergias e sensibilidade química,
ansiedade, depressão e fadiga, enfim, queixas das mais diversas naturezas que, quando
apresentadas a médicos não familiarizados com a FM, geralmente significam
investimento inútil de tempo e recursos em exame, numa tentativa de encontrar
explicações para esta miríade de sintomas, relatados por estes pacientes “poliqueixosos”
1,3,5,6,9,10,11,12
.

Os pacientes com FM apresentam aptidão física cardiovascular diminuída e


alterações posturais onde há encurtamento da cadeia muscular posterior e respiratória,
onde seus músculos não utilizam adequadamente o oxigênio disponível, o que diminui
sua eficiência cardiovascular e circulação periférica. Em muitos casos a FM leva a uma
redução na atividade habitual, que se sustenta e causa um ciclo de descondicionamento
físico e diminuição da flexibilidade1, 8.

Patogenia

Sua patogenia, ainda não está bem esclarecida, vários estudos levam a
evidencias de que, alguns fatores interagem para o aparecimento da SFM, como:
predisposição genética, disfunção neuroendócrina, doença de Lyme, Epstein-Barr,
infecção pelo parvovirus, HIV, hepatite C, condições externas de estresse e/ou trauma
físico, distúrbio de ansiedade/depressão, estado psicológico alterado que caracteriza sua
personalidade como indivíduos perfecsionista, descondicionamento físico e distúrbio do
5,13
sono ; estes fatores provocariam uma disfunção no sistema nervoso central em
regular ou modular a resposta dolorosa em nível medular e cerebral, com aumento de
estímulos nociceptivos e neurovasculares, oriundos do sistema músculo-esqueletico
2,5,9,13
.

Gutstein apud Chaitow5 , relata que as mudanças ocorridas no tecido


envolvido na origem da FM são iniciadas por predominância simpática localizada,
juntamente com mudanças na concentração de íons hidrogênio e no equilíbrio de cálcio
e sódio; associado á vasoconstrição, hipóxia e isquemia. A dor resultaria dessas
disfunções que percutem nos sensores e proprioceptores da dor, levando á espasmos
musculares e contrações tetânicas fortes, nodulares, que se encontram nos feixes
musculares junto à estimulação vaso motora e músculo motora, intensificando-as uma
nas outras e criando um círculo vicioso de impulsos autoperpetuantes.
Tal disfunção neuro-hormonal incluiria uma deficiência de
neurotransmissores como a serotonina e outros, ou uma hiperatividade de
neurotransmissores excitatórios como a substancia P; ou ambas condições2 .

A serotonina é um neurotransmissor inibitório envolvido na iniciação e


manutenção do sono restaurativo, e atua no tálamo como regulador de percepção da dor
14
e de liberação hormonal, incluindo o hormônio de crescimento. Segundo Roizenblatt ,
os pacientes com SFM tem o ciclo vigia/sono alterado, caracterizado por latência do
sono, baixa eficiência do sono e aumento da quantidade de estagio 1 do sono não REM,
além disso, redução da porcentagem do sono de ondas lentas do REM, despertares
intermitentes e movimentos de membros inferiores. O sono não REM é dividido em
quatro estágios (1 a 4 ), sendo cada estágio um estado progressivo mais profundo do
sono, onde a falta do estágio 4, apresentada por estes pacientes tem relação direta com
as queixas de fadiga, sensação de vigília durante o sono, sonolência diurna e sensação
do sono não restaurador, caracterizando o distúrbio do sono, que altera diretamente o
estado muscular5,9,14 .

A substância P é um neuro-hormônio excitatório que ajuda na transmissão


de mensagem de dor periférica ao cérebro, e estará aumentada em pacientes com a FM,
o oposto da serotonina, ocorrendo uma amplificação na transmissão da dor 5 .

Tratamento

O tratamento de uma patologia crônica como a FM deve constar de uma equipe


multidisciplinar, combinando medicamentos, terapia comportamental, fisioterapia
associada a orientações afim de que, o paciente seja capaz de assumir responsabilidades
na conduta do seu próprio tratamento1, 3
. O tratamento para a FM objetiva
principalmente a redução dos sintomas, em relação à cura da doença em si. O
tratamento medicamentoso inclui antidepressivos tricíclico, em baixas doses, associados
a outras drogas, como ibuprofen, fluoxetina e ciclobezaprina promovendo a redução da
dor, melhoria do sono e da fadiga ao acordar; que são considerados resultados
indicadores de sucesso no tratamento, pois possibilitam ao paciente maior capacidade
em lidar com as tarefas da vida diária de maneira eficiente e há diminuição dos pontos
dolorosos em 20 a 30% dos adultos com fibromialgia5, 9.

A fisioterapia também pode contribuir muito no controle da dor, na atividade


física dirigida e melhorar o padrão postural, já que todo o quadro da FM causa
diminuição da capacidade física e mudança na postura, como forma de proteção contra a
dor3 . Porém, antes de iniciar o tratamento fisioterápico será necessário realizar exames e
avaliações quanto aos aspectos da patologia do paciente15 .

O tratamento fisioterápico pode ser aplicado de forma geral e local. O


tratamento local atuará diretamente sobre as zonas dolorosas e sobre os nódulos; inclui
1
agentes térmicos, eletroterapia, pressão e contra pressão dos pontos dolorosos . O
tratamento geral é o tratamento propriamente dito da FM e basicamente consiste em
exercícios físicos que incluem atividades aeróbias, de flexibilidade, fortalecimento
muscular, terapias manuais, hidroterapia, acupuntura e técnicas de relaxamento que
apresentam papel importante, pelo grande componente psicoemocional que apresentam
estes pacientes 5 ,9 ,15 .

Há evidências de que o alongamento muscular tem efeito positivo na melhora


da dor e na qualidade de vida dos pacientes, sendo benéficos no tratamento da FM, por
reduzir alguns sintomas do tipo fibrosite causada pelo distúrbio do sono, diminuição da
dor nos tender points1 .

Flexibilidade e Alongamento

Geralmente o termo “flexibilidade” é usado para referir-se à habilidade da


unidade musculotendínea alongar-se, enquanto um segmento corporal ou articulação
move-se através da amplitude de movimento 16 .

A flexibilidade pode ser definida como a qualidade física responsável pela


execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por uma
articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem o risco de
provocar lesão17 . Uma boa flexibilidade permitirá a realização de determinados
movimentos que de outra forma, seriam impossíveis. Além disso, esta qualidade física
aumentará a eficiência mecânica e reduzirá o risco de lesões músculo-articulares. Uma
flexibilidade adequada auxilia o ser humano, tanto a encontrar seu equilíbrio funcional
nas diversas vivencias, quanto a participar integralmente de inúmeras atividades, seja de
lazer, seja na instância comunitária 19 . Está relacionados ao biótipo, sexo, idade,
estrutura óssea e articular e outros fatores fora de controle pelo indivíduo 20 . Não se
consegue facilmente altos níveis de flexibilidade, a não ser que haja predisposição
genética ou que se enfatize exercícios de alongamento1.

Alongamento muscular são exercícios físicos para manter ou desenvolver a


flexibilidade21 . O alongamento é uma das mais importantes categorias de exercícios que
podem ser prescritos para manter e restaurar o equilíbrio normal em cada uma destas
estruturas: o músculo, a fáscia, o tendão e o ligamento. Estes podem exibir um grau de
rigidez aumentado – que conduz ao funcionamento não-ótimo em determinada
22
articulação secundária – e restringir a amplitude de movimento disponível .

O alongamento muscular permite modificar o comprimento do músculo,


visando manter ao mesmo tempo, características mecânicas e funções neuromusculares.
É utilizado como conduta terapêutica tendo em vista que a célula muscular estriada é
altamente especializada em transformar energia química em mecânica 23 .

Exercícios de alongamento ocasionam deformação elástica no tecido


(recuperação da extensão original do tecido após liberação da tensão) ou plasticidade
(não retorno do tecido ao seu tamanho original após liberação da tensão)21 .

Fazer alongamento não provoca tensões. É algo pacífico, relaxante e não


competitivo. As sensações sutis e revigorantes do alongamento permitem-nos entrar em
sintonia com nossos músculos. Trata-se de uma atividade completamente ajustável à
pessoa. Não é preciso submeter-se a disciplinas inflexíveis de tipo algum24 . Em geral,
exercícios de flexibilidade são elaborados para aumentar a amplitude de movimento
com músculos dos membros passivos (estáticos) ou com um ou mais músculos tentando
auxiliar no alongamento (dinâmico)25 .
Tipos de Alongamento

Existem inúmeros métodos para desenvolver a flexibilidade e alcançar


amplitudes ótimas de movimento18 . Segundo Chaitow5 , Kisner16 e Powers26 existem
duas técnicas de alongamento muscular utilizadas atualmente:

Ø Estático/contínuo, onde o músculo é levado a seu limite e é mantido numa


posição de alongamento durante pelo menos de 15 a 30 segundos (embora
muitos autores sugiram menos ou mais tempo).

Ø Dinâmico/balístico, em que os exercícios dinâmicos, pendulares e rítmicos


são executados nos limites de extensão do músculo.

Ambas as técnicas produzem aumento da flexibilidade, porém o


alongamento estático é considerado mais seguro ao alongamento dinâmico, pois o
alongamento lento e mantido tem menor possibilidade de facilitar o reflexo de
estiramento e aumentar a tensão do músculo, já o alongamento brusco de alta
intensidade e duração curta, tem maior chance de lesões, maior atividade dos fusos
musculares e a maior chance de dor muscular tardia comparado ao alongamento
estático. Durante o alongamento dinâmico a estimulação dos fusos musculares produz o
reflexo de estiramento acarretando contração muscular; onde este tipo de contração
muscular contrapõe-se ao alongamento desejado, podendo aumentar as chances de
lesões 26,27 .

Achor Jr18 e Powers26 apresentam, o método de facilitação


neuroproprioceptiva (FNP), que combina alternadamente contração e relaxamento; onde
se realiza uma contração isométrica do músculo á ser alongado, antes do alongamento
estático. Através das técnicas de contrair-relaxa(CR), manter-relaxa(MR) e contrair-
relaxar-antagonista-contração(CRAC) A sua fisiologia é explicada, pela estimulação
dos órgãos tendinosos de Golgi, os quais inibem a contração durante o exercício de
alongamento subseqüente.Tendo como vantagens: desenvolver a flexibilidade em
menor tempo e combinar força e flexibilidade para o mesmo ângulo muscular.
Fisiologia do Alongamento

O tecido muscular e articulações possuem componentes elásticos, plásticos


e inextensíveis17 .

Os componentes elásticos são os que submetidos ao alongamento, retornam


a sua forma original após o relaxamento da musculatura. São os miofilamentos, que
representam os elementos contráteis fundamentais, e o tecido conjuntivo que é disposto
tanto em séries (componentes elásticos em série, CES), como em paralelo (componentes
elásticos em paralelo, CEP) com as fibras musculares. Durante o alongamento muscular
os CES se deformaram quase totalmente, para depois se fazer sentir nos CEP e nos
elementos contráteis.

Os componentes plásticos são aqueles que não retornam a sua forma


original depois de cessado o alongamento. São divididos basicamente em: mitocôndrias,
reticulum e sistema tubular, ligamentos e disco intervertebral. Os componentes
inextensíveis são aqueles que não trabalham durante á ação de uma força longitudinal,
ou seja, não provoca deformações, são eles: os ossos e tendões 17, 21.

Existem quatro sistemas orgânicos sensoriais proprioceptivos que


respondem a um estímulo de alongamento27 :

1) Órgão tendinoso de Golgi (OTG), 2) fibras musculares intrafusais do


fuso muscular, 3) corpúsculo de Pacini e 4) órgãos terminais de Ruffini no tecido
conjuntivo profundo e nas cápsulas articulares27 . Esses receptores são ativos durante
uma contração vigorosa ou alongamento. Eles inibem ou facilitam a contração com um
efeito coordenado destinado a proteger o músculo destas contrações ou de um
alongamento excessivo. Os OTG localizam-se no tendão e estão em série com as fibras
extrafusais do músculo e, quando ativados, inibem reflexamente a contração do agonista
e enviam um sinal a medula espinhal através dos neurônios sensoriais os quais inibem
os neurônios exitatórios para que o músculo relaxe, servindo de dispositivo de
segurança. Os fusos musculares são órgãos sensoriais espalhados por todo o tecido
muscular, composto por 3 a 12 fibras musculares finas (fibras intrafusais) circundadas
por uma bainha do tecido conjuntivo, tendo de 3 a 10mm de comprimento e que ativam
reflexamente o músculo e inibem simultaneamente o músculo oponente ou antagonista(
resposta conhecida como reflexo de estiramento). Se o impulso do alongamento for por
demais significativo, o influxo proveniente do fuso muscular acarreta uma contração
protetora funcionando como um detector do comprimento. O corpúsculo de Pacini e os
órgãos terminais de Ruffini são estimulados pela pressão exercida pelas estruturas
circulantes quando as articulações são movimentadas. A pressão externa resulta em
percepção dolorosa e afastamento de um estímulo de estiramento nocivo16, 18, 27, 28, 29,30.

Materiais e Métodos

Este trabalho foi elaborado a partir de uma revisão literária durante o ano de
2003, embasada em livros nacionais e internacionais, periódicos, revistas científicas,
jornais e artigos coletados em bibliotecas virtuais (Medline, Pubmed, Lilacs, Scielo,
Biblioteca Cochrane). Utilizou-se como palavras-chave: alongamento muscular,
fibromialgia, fisioterapia, doenças reumáticas, reabilitação, e as similares em inglês.
Foram selecionados os artigos e materiais de interesse para o estudo, ou seja, aqueles
que faziam referência sobre FM, alongamento muscular e demais recursos e métodos
fisioterápicos para tratamento da FM.

Discussão

Declara-se que a FM pode ter começado com um dano psicológico ou coexistir


com problemas músculo-esquelético e dor difusa. Os pacientes fibromiálgicos
apresentam baixa tolerância aos exercícios físicos e alterações posturais relatando
sensação subjetiva de impotência muscular 5,8,31 .

Em trabalho realizado por GASHU et al32 , comprovou-se a eficácia dos


exercícios de alongamento muscular associado à estimulação elétrica nervosa
transcutânea (TENS), no que se refere à diminuição do quadro álgico, rigidez, aumento
da flexibilidade e melhora da qualidade de vida em pacientes com FM.
Marques et al31 , aponta em seu estudo descritivo, que os exercícios de
alongamento e de percepção corporal refletem na melhora da sintomatologia do
fibromiálgico, relato feito por vinte pacientes com FM durante seis sessões de
Reeducação Postural Global (RPG).

Sette et al6 , estabeleceram um protocolo de tratamento fisioterápico, composto


por 10 minutos de caminhada, 30 minutos de alongamento muscular das cadeias
encurtadas e 10 minutos de exercícios de relaxamento. Após o tratamento as dores
permaneceram, porém houve melhora na ansiedade e intensidade da dor e tensão,
sugerindo que o protocolo apresentado pode contribuir no tratamento da FM.

Em tratamento realizado com um grupo de 10 (dez) pessoas de ambos os sexos,


portadores de FM com idade entre 38 e 69 anos, aplicou-se um programa de atividades
de hidroterapia, alongamentos muscular, relaxamento muscular globalizado, exercícios
de resistência, coordenação, associados a musicoterapia e exercícios respiratórios. Na
conclusão os autores verificaram que a hidrocinesioterapia incluindo alongamento
muscular no programa é excelente para o tratamento da FM e conseqüentemente ajuda
na melhora da qualidade de vida13 .

Conclusão

Através desta revisão podemos detalhar sobre a FM, seus aspectos clínicos e
atuação do exercício de alongamento muscular na reabilitação dos pacientes com FM.

Diante de estudos pesquisados, concluímos que o alongamento muscular


isolado ou associado a outras terapias promove melhora do quadro álgico e da rigidez
articular e um aumento da flexibilidade por estar diminuída nos portadores de FM, além
do bem estar psíquico possível.
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