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Director
Jornal da
deAcademia
Fotografia:doJosé Ferreira
Porto Directora
|| Ano||XXIII de paginação:
|| Publicação MensalJoana Koch Ferreira
|| Distribuição || Chefe de Redacção: Mariana Jacob
Gratuita
Directora Filipa Mora || Director de Fotografia Manuel Ribeiro || Directora de paginação Joana Koch Ferreira
Chefe de Redacção Mariana Jacob
MARÇO ‘10
história(s)
23 anos a contar
Jornalismo
Universitário
Destaque 2 || Educação 6 || Sociedade 10 || JUPBOX 13 || U.Porto 14 || FLASH 16 || Desporto 18
2 || JUP || MARÇO 10
Amador na opção, p
vatização do Palácio de Cristal,
Este é o mês do 23º aniversário do JUP. Via- que “merece atenção pelo
interesse público”, e
jamos pela história do Jornal Universi- o artigo e foto re-
portagem sobre
tário do Porto, onde histórias de luta as Quintas de
Leitura, “pelo
e dedicação o tornam um marco Desporto e Opinião.
A editoria de Internacional
interesse e
qualidade
obrigatório na vida da Universi- morativa
que o JUP
acabou por ser abandonada nes-
ta “reestruturação”, assim como
que des-
pertam
dade e da própria cidade do Porto. dedicou aos 30
anos do 25 de Abril.
Economia e Ambiente, que foram
integradas nas outras editorias. Os
no espec-
tro cul-
Dino Almeida realça temas agora abordados pelo JUP tural”. Já
que “quando alguém queria passaram a ter um enfoque maior Manuel
Era um grupo de alunos da Facul- aconteceu em 1989, dava o JUP os falar sobre um tema mais polémico no Grande Porto e na Academia. R i b e i ro
dade de Ciências da Universidade primeiros passos na sua história. e um pouco mais abertamente ia O livro de estilo do Jornal foi tam- destaca a
do Porto que decidiu reunir-se para Jorge Pedro Sousa refere também ter com o JUP”. bém actualizado. A diferença mais cobertura
criar o Jornal Universitário. “Uma os artigos sobre “as iniciativas estu- O espírito era sempre de expecta- notória, no entanto, registou-se às férias
voz activa, corajosa e determina- dantis europeias, sobre os jovens e tiva, de fazer algo novo, de marcar a nível gráfico: o jornal foi ob- desportivas
da”, capaz de apontar as falhas e os a Europa”, numa altura que come- a diferença. O primeiro editorial do jecto de estudo da tese de (organizadas
êxitos do sistema de ensino. Enfim, çavam os programas de intercâm- Jornal dizia que “ainda estamos lon- mestrado de Joana Koch pela Federa-
capaz de fazer a diferença. Em bre- bio. Anos mais tarde, o projecto A ge... muito longe... de dizer: missão Ferreira, directora de ção Académica
ve, tornar-se-iam independentes da Ponte “acompanhou entre 2000 e cumprida”. E agora, 23 anos depois, Paginação. do Porto - FAP) e
AEFCUP, para “vincar a sua indepen- 2002 as actividades da Porto 2001 será que o JUP continua com o mes- Actualmente, ainda a reportagem
dência e o seu carácter aberto”. Nas- – Capital Europeia da Cultura, apre- mo fôlego para cumprir a missão? O a impres- sobre os Jogos Galaico-
cia assim, no final da década de 80, sentando uma visão reflectiva dos que mudou, afinal, no JUP nas últi- são do Durienses, da edição de
o “Jornal Universitário do Porto”. estudantes sobre o que se passava mas duas décadas? Dezembro de 2009. Para o
Acima de tudo, a criação de um na cidade”, recorda Sara Moreira, actual director, “o “enviado-es-
Jornal de todos os alunos “impu- presidente do Núcleo de Jornalis- Novos tempos pecial” [Francisco Ferreira, editor de
nha-se quando estamos cansados mo Académico (NJAP). O mês de Dezembro de Desporto], que acompanhou a comiti-
de apontar (e de sentir) as falhas do Dino Almeida, jurista e um dos 2008 marcou um JUP va da UP à Galiza, virou de repórter a
nosso sistema de ensino”, conforme fundadores da revista “Águas Fur- novo ciclo na chega atleta e por sinal não desiludiu”. “En-
se podia ler no editorial da edição tadas”, salienta ainda as entrevistas história do aos 10.000 tra seguramente para a história deste
zero, em 1987, assinado por Jorge aos então Reitores Alberto Amaral J U P, exemplares por jornal com 23 anos”, destaca Manuel
Pedro Sousa, actualmente jornalista, e Novais Barbosa. Já Susana Mari- edição. Com cerca de Ribeiro.
professor e investigador na área de nho, antiga directora do NJAP, des- sete publicações por ano, é Dentre os antigos colaboradores, o
Comunicação. taca a reportagem “Deficientes distribuído “em todas as institui- carácter crítico do jornal é uma das
são as Faculdades”, sobre as ções da Academia do Porto”, afirma características que recordam com
Grandes reportagens pessoas com dificuldades que Sara Moreira, presidente do NJAP. mais saudade. “Estou convencido
Os primeiros números do JUP foram de locomoção nas ins- passou Mais recentemente, as reporta- que foi isso que marcou os leitores”,
marcados por reportagens sobre os tituições académicas. nesta altura gens que ficaram na memória dos ressalta Dino Almeida. João Teixeira
principais problemas que afectavam Refere ainda o ar- por uma remo- novos directores tratam de diferen- Lopes considera que o JUP ainda “é
os universitários: condições de alo- tigo sobre a in- delação, a vários ní- tes temas. Filipa Mora salienta o des- um bom exemplo de jornalismo crí-
jamento, as cantinas universitárias, cineradora do veis, a cargo do direc- taque de Novembro de 2009, sobre o tico, de um jornalismo interventivo,
as alterações no Ensino Superior, a hospital de tor Carlos Daniel Rego. fenómeno do Admirável Porto Novo sem deixar de ser rigoroso”. Apesar
Queima das Fitas. Foram várias as re- São João e Foi feita uma nova definição noctívago, “pela diversidade da repor- de considerar que o jornal está mais
portagens polémicas que causaram a edição das editorias presentes no Jor- tagem e pela equipa”. A actual direc- profissional, Jorge Pedro Sousa con-
burburinho no meio académico. come- nal: Sociedade, Educação, Cultura, tora refere ainda o artigo sobre a pri- sidera-o “não tão corrosivo” como o
João Teixeira Lopes lembra-se de foi nos seus tempos de estu-
um artigo de Ana Brandão “em que dante. “Infelizmente, talvez
ela acusava a comissão da Queima não seja tão impertinente e
das Fitas de ter utilizado dinheiro incomodativo, no bom sen-
do seu orçamento para financiar tido, como o foi no final dos
abortos”. Director na altura, confes- anos oitenta e princípios dos
sa que houve tentativas de retalia- noventa”, confessa o investi-
ção após a publicação da notícia. Tal gador. Susana Marinho, antiga
Destaque
JUP || MARÇO 10 || 3
rofissional na acção
directora do NJAP, reforça a impor- a conhecer o próprios estudantes, que
tância do espaço para a opinião no jornalismo aprenderam no jornal uni-
Jornal, “pois penso que uma das a todos os versitário novas formas
obrigações do JUP é defender os in- estudantes de se expressar e compre-
teresses dos estudantes, incluindo a do ensino ender o mundo académico.
crítica a alguns aspectos medíocres superior”, João Teixeira Lopes, professor
que possa haver no seu seio”. e xp l i c a. da FLUP e ex-deputado pelo Blo-
Filipa Mora realça o esforço diá- Não deixa de apontar ainda a falta em 1999 e teve 10 edições semes- co de Esquerda, conta como a
rio do JUP “em despoletar interesse de mais participantes, sendo esta a trais até 2006. Susana Marinho, an- quer participação no jornal lhe deu
nos temas que cobre”, considerando principal dificuldade do Jornal: “Fal- tiga directora do NJAP, considera c o m “uma noção muito mais vasta
que a maior evolução reflectiu-se ta gente ao JUP, com vontade de par- a criação desta revista como textos para das nossas semelhanças e das
“nos temas de teor mais investi- ticipar e manter este projecto”. “O um grande desafio, “não o JUP, quer nossas diferenças”. “Através do
gativo que tentamos publicar”. “É JUP sofre do síndrome Bolonha. Os só por toda a logística com o desenvolvi- JUP consegui aperceber-me de
com um misto de sangue, lágrimas estudantes têm menos tempo para que isso envolveu, mento de outras ac- realidades que me estavam dis-
e suor que cada jornal sai todos os desempenharem actividades em como também tividades e procurando tantes”, conta o docente.
meses”, exalta a directora. paralelo com os cursos que estão a pela qualida- sempre novos associados”. Os antigos colaboradores con-
frequentar”, lamenta o director. de que se A antiga directora fala ainda tinuam a ser leitores assíduos
E os estudantes? Sara Moreira, do NJAP, explica procu- da “resistência a vários tipos de do jornal do qual fizeram parte
É um lugar-comum dizer-se, hoje como é difícil gerir “a dicotomia ra- condicionamento editorial”. no passado. Para Dino Almeida,
em dia, que os alunos estão mais sempre latente no associativismo Sara Moreira está esperançosa “é como regressar a uma publi-
preguiçosos, menos motivados a voluntário versus a necessidade de quanto ao futuro do NJAP: “vejo o cação que sentimos nossa e nos
participar. No entanto, os próprios estabelecer e cumprir compro- Núcleo a despontar como estrutu- faz falta…Quando se trabalhou
alunos não o admitem. Após 23 missos para que a máquina ra viva, local de trabalho e convívio, num projecto sentimo-lo um pou-
anos de existência, o JUP continua continue a mexer”. Filipa ponto de encontro de pessoas, co nosso”. O jurista salienta que
a contar com vários colaboradores Mora corrobora, lembran- interesses e reflexões, após “todo o arquivo do JUP é de um
que têm uma visão nova e diferente do que “o JUP é feito por um período de 3 anos enorme capital cultural e social.
sobre o Jornal. pessoas que se dedicam vo- em que as portas Deu grandes coisas a esta cidade e
Mariana Catarino, aluna do Cur- luntariamente à causa, que é estiveram mais mais do que isso inspirou muitos
so de Ciências da Comunicação, en- o jornalismo amador na op- fechadas”. A outros projectos de jornalismo e
trou no Jornal Universitário “para ção, profissional na acção”. va imprimir à re- actual Pre- não só”. Dino Almeida considera
começar a ganhar alguma experi- vista”. E para Sara Moreira, sidente es- mesmo que o JUP “é um marco
ência” na área do Jornalismo. “Com não está esquecida: “continua a pera que na cidade universitária”.
o JUP sinto-me mais integrada na
UP e conheço melhor o Porto”, O NJAP: um ser um projecto acarinhado e esta-
mos a analisar formas de continuar
“nunca
seja des-
Entre elogios e reclamações,
não faltaram sugestões. João Tei-
confessa. Liliana Pinho, do primei-
ro ano do mesmo curso, acrescen- universo de a sua publicação”.
As Galerias JUP, localizadas na Rua
curada
a ex-
xeira Lopes considera que o jor-
nal tem que “ser capaz de criar
ta que “participar neste projecto é
muito gratificante”.
cooperações Miguel Bombarda, acompanham a
actividade cultural da zona onde se
trema
impor-
as suas próprias notícias, deso-
cultando muitas vezes o que está
Dentro dos outros cursos, o caso
muda um pouco de figura. Maria,
alargadas insere. O próprio edifício do NJAP
recebe debates, palestras e acções
tância
do papel
obscuro, fazendo investigação,
indo para além das fachadas, e
estudante de Ciências Farmacêu- O Núcleo de Jornalismo Académico de formação para os estudantes. do Nú- tendo um papel interveniente na
ticas, confessa que não lê o jornal do Porto (NJAP) reúne um conjun- Susana Marinho aponta os prin- cleo de própria academia”. Jorge Pedro
mais vezes “porque muitas vezes as to de diferentes projectos. A revista cipais desafios do cargo que ocu- Jornalismo Sousa corrobora esta opinião, já
capas não chamam a atenção”. de literatura, música e artes visuais, pou: “criar uma imagem do Nú- Académico que “o JUP volta-se muito para o
Uma colega sua comenta “Águas Furtadas”, tem o objectivo cleo como uma associação do Porto en- exterior, nomeadamente para o
que fazem falta mais ar- principal de divulgar artistas dinâmica, aberta a todos quanto agente campo cultural, o que é bom, mas
tigos sobre todas as promissores com pouca quantos quisessem e plataforma de que tem uma consequência nega-
faculdades, pois “po- visibilidade. Foi lan- contribuir reflexão e de cons- tiva, que é abandonar o olhar so-
diam falar do que çada ciência colectiva”. bre a Academia, a principal razão
se faz em toda a para que foi criado”. Dino Almei-
Universidade”. da também refere a importância
Manuel Ribeiro, di-
rector do JUP, salienta a “Caixinha de da actividade académica, insti-
gando-se ainda sobre os possíveis
necessidade de adaptar o jor-
nal a toda a Universidade, o que recordações” desafios para o JUP no futuro, que
podem passar pela adaptação ao
passa pela variedade de colaborado- Desde a sua fundação, as linhas acordo ortográfico e pela criação
res. “Uma das missões do JUP é dar do JUP foram delineadas pelos de edições electrónicas.
4 || DESTAQUE JUP || MARÇO 10
que se cumpre
dantes. Muitos assumem que os equipa!”, pensa Manuel Ribeiro,
jornais universitários, inseridos também director.
neste contexto de inovação, de- Enquanto isso, o jornal traça o
vem acompanhar essa evolução. seu caminho pelas redes sociais.
a cada edição
Mas isso não se passa da mesma Além da cobertura do Fantaspor-
forma em todos os jornais. to através de um blog em parceria
O JUP tenta aliar-se a estas no- com o portal Rascunho.net, está
vas potencialidades a passos cada presente no Twitter (ferramenta
vez maiores. Possui um site e um utilizada para a cobertura das
blog dos Espaços JUP, que destaca Férias Desportivas) e em outros
as actividades do NJAP (Núcleo de blogs, como o que cobriu a Quei-
Outros jornais universitários juntam-se também Jornalismo Académico do Porto). ma das Fitas 2009 além das noites
No entanto, ainda não tem do Queimódromo e outro para
à conversa, mostrando como cada um ultrapassa um espaço fixo para distribuir trabalhos que não são publicados
informação na Internet. A ideia em papel. A pouco e pouco, o ob-
as dificuldades neste (já não tão) novo mundo digital. do site de notícias do JUP ainda jectivo é chegar cada vez mais di-
é um projecto por concretizar. rectamente aos estudantes.
JUP || MARÇO 10 DESTAQUE || 5
josé ferreira
tério. A actualidade das notícias
junta-se ao multimédia, à capaci-
dade de dá-las a conhecer sob vá-
rios formatos, muito além do que
a tinta e o papel permitem. Os tex-
tos mais curtos, as imagens mais
apelativas, o “zapping cibernético”
pelos vários conteúdos disponíveis
podem ser a arma dos jornais para
que os estudantes continuem a
dar-lhes atenção. Para continuar a
fazer parte da sua vida.
Apesar de considerar ser difícil
Uma redacção à espera de mais colaboradores “pensar um jornal universitário
para arrancar com a edição online do JUP como o JUP que não seja (também)
impresso em papel”, Dino Almeida,
antigo colaborador, não deixa de
abordar a importância da adapta-
O meio académico é ção aos novos meios: “não nos po-
demos esquecer que as universida-
um meio privilegiado, des estão sempre na vanguarda e
em que o contacto por isso não me admira que surjam
com as novas redes alterações a esse nível”.
Demos aqui exemplos daqueles
são não só importantes que começam já a acompanhar
como essenciais para este clima de mudança. A Cabra
foi bem sucedida na transição, o
o enriquecimento dos ComUM começou directamente
estudantes. “na crista da onda”. O JUP, apesar
Jornalismo universitário: da falta de um site, encontrou
intervenção continua em força
aqui e ali soluções para informar
na era da Internet? A presença dos com imediatismo na Internet.
jornais na Internet Os jornais universitários são
tornou-se essencial, feitos por estudantes, para estu-
dantes. Abordam questões per-
particularmente os tinentes, como só o pode fazer
“É difícil pensar um jornal
universitário como o JUP que não jornais que têm os quem está por dentro de quais
seja (também) impresso em papel.” são os problemas que afectam o
universitários como seu mundo. Estará o público dos
público-alvo. nossos jornais realmente a migrar
para a Internet – onde teremos
A experiência apenas um semestre porque a hoje. As versões são distintas uma gráficas, reacções mais momentâ- que “armar a tenda” e voltar a ca-
dos bracarenses… equipa directiva, composta, na da outra, mas só desde o início neas”, explica a jornalista. E ainda tivá-los – ou terá mesmo perdido
A ideia de entrar de cabeça na sua grande maioria, por alunos deste ano lectivo é que, com a re- acrescenta: “O online é isso, é o grande parte do interesse sobre o
vida dos estudantes através do que estavam no 4º ano e foram modelação do site, houve maior explanar a realidade no agora”. que se passa no mundo imediata-
meio que mais utilizam – a Inter- estagiar, se desfez.”. Desde então, facilidade para gerir e articular mente à sua volta?
net – foi o que passou pela cabeça o ComUM voltou-se, mais uma os conteúdos da versão impressa Desafios da transição Apesar de a ligação com os jornais
dos fundadores do ComUM, jor- vez em exclusivo, à edição online, com a online. “Desta forma, por A presença dos jornais na Internet não ser a mesma de outros tempos,
nal dos estudantes de Ciências da onde continua de boa saúde. diversas vezes remetemos para tornou-se essencial, particularmen- ainda há quem não desista de procu-
Comunicação da Universidade do As dificuldades em manter a o site entrevistas na íntegra que te os jornais que têm os universitá- rar informação. Para Dino Almeida,
Minho. Nascido no meio online, edição online prendem-se com a saem na edição impressa, assim rios como público-alvo. É um facto é necessário manter algumas carac-
em Dezembro de 2005, sobrevive actualidade que se espera do que como foto-reportagens sobre te- que os jovens lêem cada vez menos. terísticas para continuar a suscitar
até hoje com vários colaborado- é publicado na Internet. “Muitas mas abordados no jornal”, explica O preocupante seria confirmar que o seu interesse e captar novos pú-
res e histórias para contar. vezes perdemos alguma actuali- João Ribeiro, director d’A Cabra. os estudantes perderam interesse blicos: “Bons textos, boa grafia, ac-
A experiência impresso/online é dade quando noticiamos, mas é Vanessa Quitério, coordenadora também por jornais feitos especi- tividade de reportagem intensa que
inversa aos outros congéneres: o complicado exigir mais numa re- do projecto online no ano passa- ficamente para si, como o são os cative leitores”. Na resposta a este
jornal na Internet veio primeiro dacção em que não há nenhum do, explica que existem diferen- jornais universitários. desafio estarão sem dúvida presen-
e, em 2008, lançaram uma versão elemento profissional”, justifica o ças entre a abordagem impressa e A solução passa por aproximar tes as próximas páginas do JUP – no
impressa do jornal... que durou 9 director do ComUM. online. “Ambas se completam. Na os jornais do seu público, apro- papel e na Internet – onde se con-
edições. Primeiro semanalmente, Internet, pelo poder do imediato, veitando o meio onde este passa tinuará a escrever novos capítulos
depois quinzenalmente devido … e a dos conimbricenses do hoje e agora, as informações grande parte do seu tempo – a da História do Jornal que completa
a “dificuldades em angariar fun- O Jornal Universitário de Coimbra antecipavam as reportagens de Internet – e as suas potencialida- hoje 23 anos de existência.
dos”, o projecto acabou por ser A Cabra nasceu em 1991, numa profundidade de campo, levan- des. “No online o objectivo é dar
abandonado. Paulo Paulos, direc- era onde ainda predominava o tavam o véu para o posterior as notícias da cidade e do mundo,
ALINE FLOR E TATIANa HENRIQUES
tor do jornal bracarense, explica analógico. Em 2004, lança a sua esmiuçar do papel. Bem como a do dia, acompanhando a realidade alinerflor@gmail.com,
que “o ComUM impresso durou versão online, que perdura até publicação de reportagens foto- noticiosa”, relembra Vanessa Qui- tatehenriques@gmail.com
Educação
6 || JUP || MARÇO 10
liliana pinho
no estudante a percepção de que
aquilo que se conhece hoje não é
um conhecimento sólido, mas algo
que está em “constante mutação” e
prepará-lo assim “para acompanhar
melhor as evoluções desse conheci-
mento”. Não deixa de referir tam-
bém o “papel nuclear deste projecto
na universidade”, que se constrói
com “muito trabalho”, afirma.
A interdisciplinaridade e a inter-
nacionalização são as palavras de
ordem, uma vez que “a Universida-
de do Porto pretende, cada vez mais,
O Vice-reitor da UP, Jorge motivar os estudantes e atrair estu-
Gonçalves é um dos mais dantes estrangeiros”. Encontravam-
entusiastas a esta iniciativa
se presentes na sessão delegações
da Universidade de São Paulo (USP)
e da Universidade Estadual Paulista
(UNESP), com quem a UP tem acor-
dos de investigação. Os responsáveis
das comitivas fizeram questão de
sublinhar a importância e a excelên-
cia do projecto. Segundo Jorge Gon-
çalves, são colaborações que ultra-
passam o IJUP. “A parceria com estas
universidades faz com que os jovens
conheçam como esse conhecimento
se cria em outros contextos, noutra
realidade” precisamente para adqui-
rirem a confiança no seu trabalho.
Quanto a possíveis acordos com ou-
tras universidades, Jorge Gonçalves
Investigação ganha
referiu que “nós [Universidade do
Porto] já estamos em diálogo com
algumas universidades espanholas
para os convidar a vir cá e obvia-
mente estamos abertos a esse tipo
destaque no IJUP
de colaborações, de experiências en-
riquecedoras para ambas as partes”.
Quer “para descobrir novas vocações
e termos em breve novos jovens a
engrossar o grupo de investigação
da Universidade”, quer pela “possi-
bilidade de abrir novos contactos
A Reitoria da Universidade do Porto foi palco de mais uma edição entre a Universidade e a Sociedade.”
do Encontro de Jovens Investigadores. O evento decorreu entre os dias Iniciativa promove diferentes
áreas de investigação
17 e 19 de Fevereiro e contou com a participação de mais de 700 jovens. Durante estes três dias foram apre-
sentados diversos trabalhos de in-
vestigação realizados por alunos de
todas as faculdades em sessões orais
Promovido por uma vasta equipa “a UP tem tido uma contribuição a de hoje, tão exigente em termos buição importante. É um exemplo simultâneas em todo o edifício, des-
de organização da Universidade do considerável”. Destacou ainda a im- de conhecimento, isto é uma men- que nós esperamos que possa vir a tacando mais uma vez o espírito
Porto (UP), o encontro de jovens portância das novas competências sagem e uma lição, que eu acho que marcar a evolução da universidade empreendedor da Universidade do
investigadores tem “a investigação que os jovens adquirem com este está a ser apreendida por um grande para o futuro”, salienta. Porto. Os alunos participantes no
como pilar fundamental do conhe- tipo de eventos, uma vez que este é número de jovens”, exalta. Este tipo Além de que incute nos partici- IJUP parecem estar de acordo quan-
cimento”. Foi o Reitor da Academia dirigido a alunos do 1º e 2º ciclos das de iniciativas “vai permitir descobrir pantes valores como auto-confian- do à importância deste tipo de ini-
do Porto, Marques dos Santos, que diferentes unidades orgânicas. novos talentos” e promover “a for- ça, auto-estima e segurança que ciativas para a sua formação e para
procedeu à abertura da 3ª edição do Jorge Gonçalves, vice-reitor, con- mação nas empresas”, mas, acima para o vice-reitor são fundamen- a Academia do Porto. Sandra Soares
evento no Salão Nobre da Reitoria. sidera o IJUP uma “iniciativa funda- de tudo, contrariar a teoria do estu- tais para preparar os jovens quer está no 4º ano de Ciências Farma-
Para o Reitor, o IJUP pretende “entu- mental”, já que a “universidade é dante passivo. “Ao envolver o estu- para enfrentar o futuro com mais cêuticas e é a terceira vez que par-
siasmar novos actores e promover como o membro de um ecossiste- dante, passamos todos a fazer parte confiança, mas também com mais ticipa no IJUP: “comecei o primeiro
novos investigadores” no plano na- ma – precisa do conhecimento para de uma comunidade de criação do humildade, “para ouvir as críticas trabalho e foram surgindo novas
cional de investigação, para o qual sobreviver”.“Numa sociedade como conhecimento. E isto é uma contri- que outros lhe vão apresentar”. Cria oportunidades, por isso fui continu-
JUP || MARÇO 10 EDUCAÇÃO || 7
ando”. Considera que este tipo de Yuri Prado, aluno da delegação e porque divulga um espaço onde pações em cada edição é um sinal
iniciativas são “óptimas pelo conví- da Universidade de S. Paulo, apre- se pode trocar ideias”. No Brasil optimista e que permite que o
vio e pelas ideias que podem surgir sentou uma investigação na área o número de eventos deste géne- projecto cresça na Universidade.
para aplicar nos nossos projectos. É da música, sobre o Samba-enredo. ro é muito maior, mas para Yuri Quanto ao futuro, este é risonho.
uma mais-valia para todos”. Optou pela cidade do Porto pois Prado “aqui a tendência também Já a pensar em futuras edições, o
Tiago Garcia, aluno de Línguas, “era o sítio ideal para a pesqui- é para crescer cada vez mais”. vice-reitor da UP espera que este
Literaturas e Culturas da Faculdade sa que estava a desenvolver, tem Para Jorge Gonçalves, o balanço número continue a crescer e que
de Letras, participou no IJUP com o ligações com a cultura brasileira. da 3ª edição do IJUP é positivo. crie uma “nova geração de investi-
trabalho “Arte da repetição: sobre Eu sabia que o povo português já “Houve muita participação, inte- gadores nas diferentes áreas”. Por-
a possibilidade de reprodução do tinha uma ligação com a música racção, trabalhos de qualidade e, tanto, há todas as garantias de que
stencil graffiti”. Para o participante, brasileira, mas não pensei que fos- portanto, sob esse ponto de vista “o projecto vai correr e crescer. Va-
a principal vantagem do IJUP (no o IJUP contribui se tanta”. O jovem brasileiro in- os objectivos foram atingidos”. mos ter aqui uma sementeira de
qual já participa pela segnda vez) é
que este “permite que, ao estarmos
em muito para centivou ainda a participação dos
jovens na investigação científica,
Além disso, “se pensarmos que a
maior parte dos estudantes que
uma nova geração de investigado-
res em Portugal”, conclui.
seguros da nossa investigação, que
esta ganhe visibilidade”. O nervosis-
a confiança dos algo que para este “não é uma
coisa maçante, mas que dá real-
estão cá desempenham estas ac-
tividades sem qualquer incentivo Ana Rocha, Júlia Rocha, Liliana
mo é inegável, “mas depois de estar estudantes” mente prazer”. Yuri Prado exaltou financeiro, então, o balanço é mais Pinho, Sofia Cristino
ana.rocha93@gmail.com, julia_margari-
em frente à audiência, a única pre- a importância destas iniciativas, que positivo”. Considera ainda que da@hotmail.com, eahlan@hotmail.com,
ocupação é a de manter o público Tiago Garcia já que “incentiva quem não faz, o aumento do número de partici- sofia.cristino.90@gmail.com
interessado”. Tiago Garcia salienta
que “o IJUP contribui em muito
para a confiança dos estudantes”.
Todavia, não deixa de referir que
“as sessões são pouco mais povo-
Porto Poliglota
Testing System), um sistema que
mede através de exames extensivos
(versando todas as partes do em-
prego da língua falada – compreen-
são oral e escrita, uso da gramática,
expressão oral e escrita) o Inglês do
examinado e o classifica em rela-
ção a um quadro de competências
Numa época em que falar mais de que uma língua é natural até para reconhecido universalmente. No
Porto, este tipo de avaliação está
os mais pequenos, dar uns toques no Inglês já não basta. disponível no British Council, que
aceita candidaturas de alunos ex-
ternos que queiram fazer o teste.
Sempre que possível, há que op-
tar por credenciais facilmente reco-
E se ‘de pequenino é que se torce Os cursos disponibilizados pelo locação no nível apropriado. tradicional, mas um dos mais esco- nhecíveis no mundo do trabalho ou
o pepino’, a verdade é que nunca gabinete de Formação Contínua De apontar que certas línguas são lhidos no formato intensivo. mesmo no mundo académico, caso
é tarde demais para aprender uma da FLUP, que vem em vários for- próprias ou tradicionais, em certos Para aqueles que vêem no inglês esteja aberta a opção de estudar no
nova língua. Os estudos confirmam: matos, é um dos exemplos. campos profissionais e académicos. uma aposta segura, talvez seja me- estrangeiro. O Quadro Europeu Co-
aprender e dominar uma língua que O formato mais tradicional, com É preciso ter em conta, para além lhor reconsiderar – alguns sugerem mum de referência para as Línguas
não a materna traz confiança, versa- duração de um ano, ronda entre os do sempre obrigatório prazer em que o inglês está banalizado hoje é a alternativa europeia e foi criado
tilidade, além de uma nova sensibili- 300 e os 600 euros (para alunos ex- aprender uma língua nova, as futu- em dia. De facto, o Inglês é hoje como parte do projecto ’Aprendiza-
dade para as subtilezas do falar. ternos) e os 200 e 500 euros para ras aplicações e a real relevância no mais uma exigência que uma mais- gem de Línguas para a Cidadania Eu-
Confrontado com uma cultura alunos da UP. Oferece desde os mais seu dia-a-dia. Por exemplo, apesar valia. Mas se a aposta for mesmo ropeia’, entre 1989 e 1996. Descreve
multilingual que produz conhe- tradicionais, como o Inglês, Alemão, de o Mandarim estar na moda, não essa, convém investir na aprendiza- 6 níveis, baseados no domínio das
cimento em quantidades - e qua- Espanhol e Francês, até ao Romeno, será a língua mais útil para o traba- gem de um inglês técnico. Vale a competências orais e escritas, desde
lidades - diferentes, e na qual a Sueco, Húngaro, Hindi, Japonês e lhador comum. pena recorrer aos chamados IELTS o utilizador elementar ao utilizador
tradução é ainda deficiente, o es- mesmo Persa. São vários os níveis Quanto as línguas da moda e às (International English Language proficiente, a ser avaliadas por um
tudante vê-se constantemente na para cada Língua. Em alternativa, apostas seguras, não é fácil distin- Instituto ou pelo próprio utilizador
necessidade de compreender e ex- existe ainda o formato intensivo que guir o rumo que se toma. Olhando que verifique as suas competências.
plorar conhecimento em línguas oferece os cursos de Inglês, Alemão, para os dados fornecidos pelos cur- o Inglês continua É esta grelha que serve de base ao
que não o português. As soluções Francês, Espanhol e Italiano, com 2 sos de línguas da FLUP, o Inglês con- preenchimento do modelo de Curri-
por vezes não são as melhores: os níveis de dificuldade, entre os 100 e tinua a ser o curso mais procurado,
a ser o curso mais culum Vitae proposto pela União Eu-
tradutores online falham e a tra- os 200 euros. Por norma, o período seguido pelo Alemão e Espanhol, procurado, seguido ropeia. Tanto os IELTS, como outros
dução palavra a palavra pelo dicio- de inscrição dos primeiros é logo no que nos últimos anos revelou um pelo Alemão e métodos de classificação usados nos
nário nem sempre é concordante início do ano, entre Julho e Setem- crescimento exponencial. Segue-se, grandes institutos, como o Alliance
com o sentido original. Entre o es- bro. Os cursos intensivos têm datas surpreendentemente, o Mandarim, Espanhol, que nos Française e o Goethe Institut (que
forço exigido pelo descortinar de específicas que convém consultar o Japonês e o Russo. O Francês, nor- últimos anos revelou oferece adicionalmente Cursos à
um texto complexo ou técnico e o com antecedência para a candida- malmente no grupo das línguas tra- Distância), estão equiparados com
ignorar de uma potencial fonte de tura. Alguns destes cursos pedem dicionais, é um dos cursos menos
um crescimento a classificação do Quadro Europeu.
conhecimento, muitos optam pela uma prova de diagnóstico, para co- escolhidos dentro deste formato exponencial Ana Pelaez e Inês Antunes
segunda opção. As consequências inês antunes
são francamente nefastas.
A prova da importância crescen-
te da capacidade de dominar uma
Para consultar
língua estrangeira e do seu peso na
educação e formação dos jovens es- 1. O quadro Europeu
tudantes, reflecte-se, por exemplo, Comum de Referências
nos vários cursos ligados às línguas para as Línguas
disponíveis na Universidade do Por- Link: http://europass.cedefop.
to. Apesar de, para os leigos, poder europa.eu/LanguageSelfAssess-
soar tudo à mesma coisa, os cursos mentGrid/pt
de Línguas Aplicadas, Línguas e Re-
lações Internacionais, e de Línguas, 2. British Council
Literaturas e Culturas – já para não Sede: Rua do Breiner, 155. 4050-
mencionar os cursos de Ciências da 126 Porto. Tlf.: 222 073 060
Linguagem - versam aspectos dife- Link: http://www.britishcouncil.
rentes da Língua, sempre assente org/pt/portugal
na aprendizagem de uma ou mais
línguas estrangeiras. 3. Goethe Institut
Link: http://www.goethe.de/ins/
Oferta para todos Falar fluentemente mais que uma pt/lis/
língua continua a ser uma mais-
os gostos no Porto valia no mercado de trabalho
Para os menos dedicados, existem 4. Alliance Française
muitas opções para quem quer Link: http://www.alliancefr.pt/
aprender línguas no Porto.
JUP || MARÇO 10 EDUCAÇÃO || 9
Mariana Catarino
10 || JUP || MARÇO 10
A vida de
um Jovem
Investigador
Numa actividade exigente e de desgaste, existem
jovens investigadores que esquecem as dificuldades
e os poucos apoios para prosseguirem o seu sonho.
Empreender: a arte de
dar forma ao sonho?
manuel ribeiro
pelas leis da eficiência económi- aponta são “o cuidado em esco-
ca, mas vive-se com a leitura de lher a equipa e em tratar as pes-
poesia e lançamento de livros, soas que trabalham na empresa
a projecção de documentários, como se fossem da família”. Isto
o debate e o exercício de uma porque, “os primeiros colabora-
cidadania que gera movimentos dores que se contratam são os
de intervenção social (exemplo que fazem a empresa” e, conti-
da plataforma pela Economia nua, afirmando que “as pessoas
Social e Solidária). para serem criativas têm de ser
Mesmo os princípios de orga- estimuladas intelectualmente e
nização laboral do Gato Vadio de estar num ambiente caseiro
desafiam os canônes tradicio- e agradável”.
nais da sociedade capitalista: No último ano e meio, a Jump
existe igualdade salarial entre Willy executou projectos para
todos os que trabalham e não empresas como a SAAB, BMW,
há lugar para a distinção entre Sony Ericsson, KIA, Stella Artois,
trabalho intelectual e manual. focando-se essencialmente no
Ou seja, a todos cabe limpar as mercado Escandinavo, mas tam-
teias de aranha. bém nos principais países da
Europa e nos EUA. Não apostam
Do Porto para o mundo tanto no mercado nacional, por-
Juntaram-se dois amigos, João que “ir a Londres a partir do Por-
Seabra e Pedro Marques, o mes- to é mais rápido agora do que ir
No Gato Vadio “o que se empreende mo é dizer imagem e som, com o a Lisboa”. “A existência de ferra-
é a vitalidade da existência”
objectivo de produzir animação mentas de trabalho colaborativo
para publicidade e cinema e criar como o Skype que nos permitem
um projecto em nome próprio. dirigir uma orquestra a partir de
A Jump Willy, uma empresa de um local distante e a excelente
O dicionário diz-nos que empreender é agir, é dar os animação 3D, efeitos visuais e
composição musical, nasceu na
rede de internet que o país pos-
sui abrem caminho para o traba-
rita gouveia
“Estados”
de Sítio
entanto, após vários anos de um mente diferente, cheia de movi- vez uma situação mais precária. da em mobiliário vintage aberta
Rua do Almada
gradual abandono de comercian- mento e prosperando em riqueza. Manuel Fernandes, dono da FZ, desde 2007, Susana Beirão refere
Com a mutação constante da ci- tes, a rua revitaliza-se com a aber- Vinham até compradores de fora, acrescenta que muitas lojas e que se considera satisfeita com
dade do Porto, o JUP vem reservar tura de novos espaços comerciais. de Trás-os-Montes e Minho. armazéns desertaram porque já as vendas no caso da sua loja,
o espaço desta rubrica para dar a O JUP através dos depoimentos Considera também que há muitos não tinham condições de traba- isto porque têm um nicho de
conhecer o que os moradores e de vários comerciantes dará a co- problemas legais a serem resolvi- lho, manifestando grandes difi- compradores muito específico.
comerciantes de um sítio em par- nhecer o estado de espírito da rua dos para que se possa melhorar culdades nas cargas e descargas Contudo esperavam mais apoio
ticular da cidade do Porto, pensa, através de quem da vida ao sítio. as condições de vida e trabalho na da mercadoria, situação que se por parte da Câmara Municipal,
sente e como pretende melhorar o O amontoar de caixas nas estantes rua. Acredita que a rua não vai vol- intensificou com as alterações no que respeita ao tratamento da
seu local. Como ponto de partida e o expositor de maçanetas nas tar a ser o que era, pelo contrário, feitas nos passeios da rua há uns rua. Escolheram a Rua do Almada
escolhemos a Rua do Almada. paredes que forram a sala dão for- a tendência é que desapareça o atrás. As únicas lojas de ferragens para estabelecerem o seu negó-
Foi aberta entre 1761 e 1768 no ma e cor ao ambiente que sempre comércio tradicional das ferragens. que permanecem são aquelas mais cio “devido à sua carga histórica
seguimento da reestruturação caracterizou a mais antiga casa de O depoimento de José Baptista, pequenas de venda a retalho e que, ligada ao comércio” e porque
urbanística da cidade do Porto pela ferragens ainda em actividade da empregado da Raul Santos, Lda como diz “se vão aguentando”. Na garantem que “a nossa loja tinha
Junta de Obras Públicas, adminis- rua, a Viúva Victória. confirma o que se ouviu na Viúva sua opinião a abertura de novas de estar na Baixa”, portanto de-
trada por João de Almada e Melo, Activa e intocável desde 1876, Victória. Acredita que a Rua do lojas, concentradas sobretudo na cidiram unir estes factores a um
grande reformista que doou o carregada de história é a única Almada já não é o que era. “Sofreu parte superior da rua junto à Praça bom preço de compra do imóvel.
nome a rua. Durante muitos anos casa que permanece dos tempos uma transformação brutal nos da República, é um factor positivo Como aspectos negativos, assinala
o comércio sempre foi a principal gloriosos do Almada. Em conversa últimos vinte anos. Os comercian- porque vai mantendo a rua viva. também a falta de estacionamen-
actividade e a burguesia o principal com o responsável da loja que não tes tradicionais desapareceram Em relação às pinturas de streetart to, a falta de limpeza e acrescenta
grupo dinamizador, fazendo com se quis identificar refere que os em grande parte, restando apenas manifesta desagrado dizendo que o perigo de derrocada a qualquer
que fosse uma rua repleta de lojas problemas da rua são a desertifica- meia dúzia das lojas originais ou dão uma má imagem à rua. Como momento, assim como acredita
de ferragens e outras actividades. ção dos comerciantes, o desapare- de lojas de ferragens”. A falta de alternativa para o melhoramento que por detrás do melhoramen-
Hoje em dia, descendo a rua cimento dos grandes armazéns, a estacionamento e de condições de da rua, quer a nível comercial quer to da rua estão questões sociais
desde a Praça da República até falta de estacionamento e a falta de trabalho são apontadas como o a nível social, aponta a recuperação ligadas aos habitantes.
a Rua dos Clérigos, podemos ver condições de trabalho. “Cada porta principal factor de desertificação dos prédios, de modo a melhorar
que muitas lojas se encontram da rua era uma loja de ferragens; dos comerciantes.Acrescenta ainda as condições de vida dos poucos
Leandro Rodrigues E Rita Gouveia
abandonadas e larga parte dos era a rua mais rica da cidade”! Há que na rua habitam maioritaria- habitantes e dos comerciantes. leandro_rodrigues1982@hotmail.com,
edifícios estão degradados. No 40 anos atrás a rua era completa- mente idosos, e que esta é cada Na Casa Almada, loja especializa- ritagram2@gmail.com
UPorto
14 || JUP || MARÇO 10
dias de informação, experimentação e descoberta” de Kenneth Branagh A primeira fase do concurso para
monitores da Universidade Júnior
18 DE MARÇO decorrerá entre 5 e 16 de Abril. Os
direitos reservados A 27 DE MAIO concorrentes deverão ter conclu-
dústrias criativas e o mar. CENTENÁRIO DA REPÚBLICA – ído, no mínimo, o segundo ano
CICLO DE CONFERÊNCIAS lectivo do ensino superior e pos-
Novo mapa da Universidade Dia 18: Salão Nobre da Reitoria, suir formação adequada aos pro-
As competências transversais reque- 18h: Fátima Marinho (FLUP); Dia jectos a que concorrem.
ridas por cada área e a conjugação 25: Anfiteatro Nobre da FLUP, 18h: Os interessados deverão con-
do know how extistente em direc- António Ventura (FLUL). sultar o portal desta iniciativa da
ções que surgem da intersecção de Universidade do Porto, em http://
interesses, meios, agentes e tecno- 12 DE MARÇO universidadejunior.up.pt, procu-
logias, constituem uma mais valia A 17 DE ABRIL rar os projectos com concurso
para a produção de conhecimento e EXPOSIÇÃO “IMAGENS PARA A aberto para monitores e reunir
criam oportunidades de negócio. DIGNIDADE” os elementos pedidos. Caso as
Certo é que a concentração de Antigo átrio de Química, Reitoria vagas não tenham sido preenchi-
esforços se concretizou em espaços da Universidade do Porto das, está prevista uma segunda
A Mostra da U.Porto físicos: o centro da cidade para o fase de concurso.
decorrerá no Palácio de Cristal
PINC (pólo de Indústrias Criativas) ATÉ 15 DE MARÇO As funções de monitor desem-
que reúne a formação, produção CONCURSO DE IDEIAS PARA penhar-se-ão no tempo corres-
Esta é a oitava edição deste even- de conteúdos, tecnologias e equi- ARRANJO EXTERIOR E DESENHO pondente à duração do projecto.
to anual no qual a Universidade
do Porto se apresenta à cidade e
22 de Março pamentos, albergando na Praça Co-
ronel Pacheco o curso de Ciências
DE COBERTURA EXTERIOR NO
JARDIM DO E-LEARNING CAFÉ
Os candidatos seleccionados par-
ticiparão num curso de formação
aos seus potenciais estudantes. Em da Comunicação, o Jornal Público, a Equipas de 5 elementos, incluindo pedagógica de um dia, a decorrer
2009 a mostra foi visitada por mais Viriato Soromenho Marques (Pro- Rádio Nova e a agência Lusa, e que pelo menos: 1 da FAUP; 1 do na Faculdade de Psicologia e Ci-
de 14.000 pessoas. fessor da Faculdade de Letras da vai acolher uma delegação da em- Mestrado em Arte e Design para ências da Educação da U.Porto e
A aposta da Universidade é a de UL), responsável pelo Programa presa Produções Fictícias; uma zona o Espaço Público da FBAUP e 1 de receberão 187,5 euros por sema-
se mostrar no seu melhor dando Ambiente da Gulbenkian é o relevante do Porto de Leixões para o Arquitectura Paisagista da FCUP. nas de actividade.
a conhecer as suas actividades de orador convidado para a sessão pólo do mar, com espaços destina- O período de inscrições na Uni-
ensino, investigação, inovação e in- solene de comemoração do 99º dos ao CIIMAR no novo terminal de 22 DE MARÇO versidade Júnior, para os jovens
teracção com a comunidade. Esse o aniversário da Universidade do cruzeiros (a sul) e, junto do antigo DIA DA UNIVERSIDADE DO em idade escolar, abre dia 25 de
motivo que tem deslocado para a Porto. Fala sobre “Ambiente, edifício sanidade (a norte), uma ex- PORTO Março, segundo dia da Mostra da
Mostra professores e investigadores Energia e Sustentabilidade”. tensão da UPTEC para o sector do Reitoria da Universidade do Porto, U.Porto.
de renome, concentrando no Pavi- Programa: abertura - Luís Portela, mar, com incubação de empresas 9h30.
lhão Rosa Mota parte significativa presidente do CG da U.Porto; (quatro já instaladas) e serviços à
da “massa crítica” da instituição, o Sérgio Joaquim Guedes da Silva comunidade. 23 A 25 DE MARÇO
que por si só seria razão suficiente (antigo aluno da FEUP, consultor Para antecipar o que poderá vir “FEUP FIRST JOB”
para uma visita atenta e com tem- da ONU para o Programa Mun- a ser o seu alcance, foi privilegiada Faculdade de Engenharia da
po para o diálogo com profissionais dial de Alimentação); entrega do a vertente experimental. Via Labo- Universidade do Porto (FEUP)
que habitualmente só poderia acon- Prémio Incentivo; Rui Ferreira ratório de Sistemas e Tecnologias
tecer na sala de aula, no laboratório e Reis, em representação dos Subaquáticas (FEUP), diversos sen- 25 A 28 DE MARÇO
ou em conferências especializadas estudantes; Felicidade Lourenço sores irão monitorizar o estado do 8ª MOSTRA DA U.PORTO
e com estudantes que acolhem os (FMDUP), em representação ambiente no Pavilhão e na cidade. Pavilhão Rosa Mota
interessados no espaço próprio de dos funcionários não docentes; Do lado das Indústrias Criativas um Quinta e sexta-feira, das 10h
cada faculdade e unidade de inves- entrega do Prémio Excelência video wall promete passar continu- às 19h; sábado, das 11h às 23h,
tigação e podem dar conta da sua e-Learning U.Porto; Proclama- amente conteúdos produzidos para domingo, das 11h às 19h.
experiência. ção dos Professores Eméritos da o local e, durante o evento, as mui-
Sem fronteiras, como o conheci- Universidade; encerramento pelo to mediáticas Produções Fictícias, ATÉ 26 DE MARÇO
mento, a instituição vive também Reitor da Universidade. deslocam para a Mostra a marato- EXPOSIÇÃO “ARTISTAS DO JOGO
das transversalidades que cria. Essa na de 24h de produção e edição de – A ARTE COMO LUGAR DE
é a temática principal da edição des- vídeo “Faz-me um bídeo”. Também PASSAGEM ENTRE DESPORTO E
te ano, que se assinala pela apresen- a partir de sinergias entre investiga- ligado ao PINC e na vertente ligação CIÊNCIA”
tação à cidade de dois pólos criados ção e inovação, e que cobrem duas da electrónica ao movimento, está FADEUP
recentemente pelo Parque de Ciên- grandes áreas de desenvolvimento a ser produzido um espectáculo de http://nomadic.up.pt U.Junior: concurso para
monitores de 5 a 16 de Abril
cia e Tecnologia da U.Porto (UPTEC) estratégico da Universidade: as in- ginástica rítmica e multimédia.
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JUP || MARÇO 10
16 || JUP || MARÇO 10
31 de janeiro:
no passado e no presente
1 4
Revive-se os combates entre Imortalizada nesta fotografia temos texto de josé ferreira
republicanos e monárquicos o momento em que militares e pop- fotos de manuel ribeiro
ulares se reúnem na actual Praça da hermesmarana@hotmail.com,
jozeribeiro@gmail.com
2 República para avançar para a luta
Na recriação os populares avançam
juntamente com os militares 5
e aclamam a república Nesta maqueta podemos ver
o percurso seguido pelos militares
3 e os locais defendidos pela guarda
Os revoltosos fogem à fuzilaria leal à monarquia
monárquica
3
18 || JUP || MARÇO 10
Stefanie Harzbecher
O Porto vai receber pela primeira vez o Campeonato do Mundo de Rugby ção do Mundial de Rugby Sevens
(26 masculinas e 17 femininas). Na
Pedro Janeirinho
Campeonato Mundial de Rugby
Universitário. A proposta da Gil-
bert foi aprovada pela Federação
Rugby Sevens
Portuguesa de Rugby.
Fora do campo, a competição
também ganha forma. O palco do
Mundial já está confirmado há al-
gum tempo: o Estádio do Bessa Sé-
culo XXI vai acolher todos os jogos
da prova, graças a uma parceria
entre o Comité de Organização do
Mundial, a Câmara Municipal do
Porto e o Boavista FC. O Bessa, re-
modelado totalmente em 2003, é
O Rugby de 7 ganha um Estádio de grande dimensão,
cada vez mais adeptos
que pode receber cerca de 30 mil
espectadores. Segundo os respon-
sáveis pelo Mundial Rugby Sevens
2010, o Estádio do Bessa oferece
excelentes condições para a reali-
zação da prova.
As parcerias estendem-se ainda
a outras áreas. A UP e a Organi-
zação do Mundial já anunciou
que existe um protocolo entre o
Campeonato Mundial 2010 e os O rugby de sete surgiu em
dois maiores hospitais da cidade 1883, na Escócia, mas foi
do Porto, o Hospital S. João e o apenas na década de 70 que
Hospital Sto. António. Estes dois se espalhou pelo mundo. As
hospitais estarão preparados para principais competições são o
receber qualquer atleta que sofra Campeonato Mundial de Rugby
alguma lesão gravidade, ou para Sevens, disputado desde 1993,
responder a qualquer acidente e a IRB Sevens World Series,
que ocorra durante a competição. criada em 1999. A modalidade
Ao mesmo tempo, no site oficial será incluída, pela primeira vez,
da prova, pode-se ainda ler que nos Jogos Olímpicos em 2016.
estão a ser finalizados protocolos O rugby sevens distingue-se
com os Bombeiros, médicos de da modalidade tradicional pelo
emergência (INEM) e outro pesso- menor número de jogadores –
al médico. Por fim, já foram esta- sete, em vez de quinze – e por
belecidas parcerias com os STCP, regras que tornam o jogo mais
lo. No entanto, a luta deverá ser Tomaz Morais é importante para Metro do Porto e CP, para asse- rápido e fluído. Os jogos têm
intensa. É que os africanos terão esse objectivo, porque é muito
África do Sul gurar o transporte dos atletas, e duas partes de sete minutos,
pela frente equipas de grande va- respeitado e conhece muito bem (Masculinos) com um hotel em Gaia, que de- em vez de 40, pelo que as com-
lor. A Espanha, actual vice-campeã os jogadores”, acrescenta.Vários e Espanha (Feminino) verá assegurar o alojamento das petições costumam fazer-se
mundial universitária, surge tam- jogadores da Selecção Nacional de comitivas presentes no Porto. em poucos dias. As equipas são
bém como forte candidata. Já a Rugby são ainda estudantes uni- levantaram o troféu Neste momento ainda decorre formadas por três avançados e
Rússia e a Austrália partem no lote versitários, e portanto poderão re- na última edição uma campanha de recrutamen- quatro defesas (um dos quais
dos favoritos, mas sem a pressão presentar a Selecção Universitária to de voluntários para colaborar faz a ligação entre as duas
das outras duas selecções. Portu- de Rugby Sevens neste Mundial.
da prova na organização do Rugby Sevens partes, o scrum-half). O sistema
gal ficou em 7º na última edição Portugal tem um historial forte no 2010. O programa de voluntariado de pontos é igual ao do rugby
do Mundial Universitário, mas o Rugby Sevens, com as seis vitórias do Sul. Portugal vai-se estrear no foi lançado pela própria Universi- tradicional. Muitos jogadores de
factor casa pode ajudar os portu- no European Sevens, ou o segundo Rugby Sevens Universitário Femini- dade do Porto. sevens pertencem também a
gueses a melhorar essa prestação. lugar nos World Games. A prova no, e há alguma expectativa para Recentemente, o Professor Ma- equipas de rugby de 15.
De resto, a aposta é forte: Tomaz masculina contará ainda com a ver até onde podem chegar as jo- nuel Janeira, um dos principais
Morais está confirmado como trei- presença de várias selecções mais gadoras portuguesas. promotores do Rugby Sevens
nador da selecção universitária, e “exóticas”, como o Cazaquistão, o 2010, referiu, numa entrevista, que gumas empresas”. No entanto, o
o bom momento que os “Lobos” Uganda ou o Guam. Protocolos e parcerias con- esta competição poderá lançar as grande obstáculo, segundo Janei-
atravessam pode ajudar a conse- Na prova feminina, a Espanha é a firmados bases para a UP conseguir orga- ra, poderá ser o Mundial de Fute-
guir maior apoio do público. Bru- principal candidata, entre as 17 se- Nos últimos dias, a organização do nizar outros eventos desportivos bol, que acaba apnas 15 dias antes
no Almeida, Director do Gabinete lecções presentes. Na última edição Rugby Sevens 2010 anunciou que desta dimensão. Ao mesmo tem- do início do Rugby Sevens 2010,
de Desporto da UP, refere que Por- do Mundial Universitário, foram as já está escolhida a bola oficial para po, o académico refere que existe o que pode relegar o campeonato
tugal tentará chegar mais longe. “nuestras hermanas” a subir ao lu- a competição. A escolha recaiu a possibilidade de a competição universitário para segundo plano.
“Como anfitrião, Portugal tem que gar mais alto do pódio. A rivalizar sobre a bola Gilbert (da empresa ser transmitida em directo na te-
fazer boa figura!”, afirma o respon- com as espanholas deverão estar com o mesmo nome), que já foi levisão, o que seria “uma grande francisco ferreira
sável do GADUP. “A presença do países como a Austrália ou a África utilizada nas últimas edições do oportunidade de negócio para al- fd.francisco@gmail.com
20 || DESPORTO JUP || MARÇO 10
Desafio Seat
nacional, 2 de cada Instituição de
Ensino Superior. Estes 40 pilotos
breves
vão competir pela vitória final,
atribuída à Universidade que fizer
UP domina Campeonatos
já arrancou
mais pontos no Estoril.
Neste momento, estão ainda 20
concorrentes por apurar. A última
prova de selecção vai-se realizar no
Nacionais de Pista Coberta
Circuito de Palmela, no dia 3 de Mar- Com 7 primeiros lugares, a Uni- IP Leiria (62 pontos).
ço. Assim que estiverem conhecidos versidade do Porto foi a grande No total, foram 180 atletas que
os 40 apurados, começa o Curso de vencedora dos Campeonatos Na- marcaram presença na prova que
A 4ª edição do Desafio Seat conta Pilotagem, no Circuito do Estoril (14
de Abril). Por fim, no dia 17 de Abril,
cionais Universitários de Atletis-
mo em Pista Coberta.
abriu o calendário de provas de
2010. De entre as 17 Universidades
com novidades no formato dos testes os alunos vão competir na corrida
final, a última fase do desafio.
A Universidade do Porto partia
como favorita nos Campeonatos
em competição, a UP foi a que
teve mais atletas presentes (29).
de selecção e na prova final. Algumas novidades em 2010
Nacionais de Atletismo em Pista
Coberta, disputados em Pombal, e
Já o IPP (Instituto Politécnico do
Porto), contou com a presença de
Mónica Anjos, responsável pela di- cumpriu as expectativas. Com uma 17 atletas.
direitos reservados
vulgação e promoção do evento, pontuação final de 129 pontos, os De referir ainda que, graças
Duarte Sá Mota (FEUP) e Roberto revelou que a edição deste ano con- portuenses foram os mais fortes à parceria entre Federação Aca-
Manuel Silva (FEUP) vão ser os re- tou com um “recorde de mais de 5 em quase todas as provas. Os atle- démica de Desporto Universitá-
presentantes da Universidade do mil inscritos”. Além disso, a respon- tas portuenses conquistaram sete rio e a Federação Portuguesa de
Porto no Desafio Seat by Vodafone. sável da Publiracing sublinhou que primeiros lugares, com destaque Desporto para Pessoas com De-
Os dois pilotos vão agora frequen- as fases de testes vão “continuar a para os triunfos nas estafetas de ficiência (FPDD), 12 atletas com
tar um pequeno curso no Cirucito ser feitas em Kartódromos”, ao con- 4x200 (Masculinos e Femininos), e deficiência também competiram
do Estoril, para depois disputar a trário do que acontecia em anos para o Salto em Altura (Feminino), neste Campeonato de Atletismo
corrida final, também na pista do anteriores. Também na fase final em que o pódio foi todo composto em Pista Coberta. Os desportistas
Estoril. A final da prova está mar- há uma novidade: nas edições an- por atletas da UP. Na classificação inscritos na FPDD disputaram 3
cada para 17 de Abril. teriores, existiam duas corridas dife- final, a UP surge no primeiro pos- provas: 60 metros planos, Salto
Os dois estudantes da FEUP fa- rentes para os dois alunos de cada to (129 pontos), seguida da Univer- em Comprimento e 200 metros
zem parte de um grupo de 20 apu- universidade. No entanto, este ano, sidade de Lisboa (110 pontos) e do planos. Francisco Ferreira
rados após uma série de testes no vai haver apenas uma única corrida,
Kartódromo de Braga, que contou com troca de pilotos a meio, para
com mais de 200 participantes, no “criar mais espírito de equipa en-
dia 3 de Fevereiro. No total, serão
seleccionados 40 alunos a nível
tre os alunos”, refere Mónica Anjos.
Sara Sousa e Diana Ferreira
UP vira-se para o mar
JP Rocha
Surf e Kitesurf são as novas apos-
tas do Gabinete de Actividades
Filipe Pedro
Segundo Adolfo Luxúria Canibal, meus livros. O discurso que eu
vocalista dos Mão Morta e con- construo procura explicar-me,
vidado especial no lançamento sobretudo, a mim como cidadão
do livro, no Porto, em meados e como ser humano, explicar
de Fevereiro, a máquina de fazer o mundo e os outros. Por isso
espanhóis “é angustiante e di- há uma componente de grande
vertida, com uma forte memória gozo artístico na obra, mas tam-
analítica do que é Portugal aliada bém de quase uma certa utilida-
às histórias pessoais das persona- de da obra. Cada livro funciona
gens”. Para o actor Rui Spranger, para mim, de facto, como uma
trata-se de “uma obra que nos oficina de aprendizagem.
leva do choro ao riso e que con- Se os personagens não fazem
segue na prosa manter a poesia parte efectivamente do seu mun-
num estado muito elevado”. do, então o processo de alterida-
O que o público pode esperar de de ocorre com a descoberta de
“a máquina de fazer espanhóis”? si em personagens distantes do
Um livro com uma ligação mui- mundo em que você vive?
to forte ao tema da terceira ida- É realmente uma relação de al-
de e à ideia da precipitação para teridade. As personagens, ainda
o fim da vida. Uma história con- que factualmente não existam,
tada a partir de episódios com propendem para uma evidência
um certo humor e sobre gente humana, uma sensação humana
comum, gente simples que en- que tanto quanto possível pre-
frenta a vida tal qual ela é. A tende criar em mim e no leitor
vida, o instinto de sobrevivência uma veracidade, uma ideia de
já é uma grande aventura e esse verdade. Eu costumo dizer que
livro é mais uma aventura de es- a grande vitória de um livro
tar vivo.
O seu romance está sempre à
margem, isto é, explora frontei-
Entrevista Valter Hugo Mãe meu está no facto de alguém
dizer que uma personagem, por
mais irreal que possa ser, chega
ras muitas vezes ignoradas? à memória como um patrimó-
A máquina de
Sim, eu parto para os meus ro- nio afectivo e emotivo. Os gran-
mances sempre por aproxima- des livros de que eu sempre
ções, tento chegar ao entendi- mais gostei são aqueles que me
mento do que pode ser a vida deixam um personagem para a
de outra pessoa que não eu. Por vida, que me deixam a memória
fazer espanhóis
isso os meus romances nunca de ter conhecido e de ter con-
são autobiográficos, eu procuro vivido com alguém. Eu gosto
fazer essas aproximações a par- de recorrer a essa utopia e fico
tir de quem vê, de quem assiste, felicíssimo quando as pessoas
de quem presta atenção àquilo me dizem que não conseguem
para explicar a
que não é óbvio ou que não está esquecer a Maria da Graça ou o
propriamente no lugar central Baltazar Serapião, por exemplo,
das preocupações. Interessa-me e agora o seu António Silva, que
esse cuidado com as pessoas que é profundamente inquietante a
estão de alguma forma desfavo- ponto de depois de lerem o li-
recidas, injustiçadas, interessa- vro continuarem dias a pensar
engrenagem
me entender porque o estão e acerca dele.
como poderíamos ultrapassar O envelhecimento é uma das
esses problemas. temáticas que surge a partir de
Na sua escolha estética não há uma reflexão filosófica e só de-
uma pureza na linguagem literá- pois é que se estende para a re-
portuguesa
ria. Existe sempre a recorrência a flexão do que é Portugal hoje.
outros âmbitos, como a Filosofia O ponto fundamental do livro
e a Sociologia, por exemplo. tem que ver com essa entrada
Há uma tendência para não es- dramática na cabeça de um oc-
gotar a literatura somente na li- togenário para percebermos que
teratura. O exercício puramente revolução é essa a de estar vivo
estético – sem um conteúdo que tão ao pé da morte, de estar vivo
seja relevante axiologicamente, quando a morte é mais do que
que humanamente não tenha Em seu mais novo livro, o escritor faz importantes uma possibilidade, é uma pro-
relevo – não me interessa muito. babilidade. Todos os restantes
Posso apreciar na obra de outros reflexões sobre o século passado e que culminam temas, como aqueles que envol-
autores a proposta e o debate vem temáticas portuguesas, são
puramente estéticos, mas isso numa análise da actual conjuntura do país. uma roupagem que vão subli-
não me é natural esgotar nos nhando a ideia fundamental
s
22 || CULTURA JUP || MARÇO 10
isso os meus
romances
nunca são
autobiográficos, eu
procuro fazer essas
aproximações a
partir de quem vê,
de quem assiste”
Filipe Pedro
No seu processo criativo, isola-se
do mundo?
Sim, preciso ficar sozinho, não
marco nada, não pode haver
compromissos. Escrevo mui-
to por intensificação e durante
muito tempo seguido. Os textos,
a ficção acontecem ganhando
muita evidência em mim, quase
criando uma tridimensionalida-
de muito grande, por isso isolo-
me muito.
Escrever dói por meio de um pro-
cesso catártico?
Não sei se alguns dos meus livros
ou algumas passagens poderão ter
contribuído como uma certa tera-
pia da minha pessoa, mas escre-
ver para mim não começa exacta-
mente no sentido terapêutico. Eu
escrevo sempre pela necessidade
de perceber, de compreender al-
gum assunto. Nesse processo de
conhecimento existe sempre al-
guma cosia dentro de mim que
pode ser apaziguada e por isso
eu creio que melhoro sempre,
que aprendo sempre depois de
escrever um livro. Essa é a escola
da minha vida adulta, pois são os
períodos de escrita um tempo de
grande aprendizagem, inclusive o
momento exterior, em que o livro
chega às pessoas e elas conver-
sam comigo, interpretam à sua
maneira e criam as suas visões.
Toda essa partilha é incrível.
Você nasceu em Angola e aos
nove anos foi viver para Vila do
Conde. Qual a importância desse
período para a sua reflexão sobre
a cultura portuguesa?
por nós e que a pessoa, se não mais a Billie Holiday, a Amália e [risos] Sim, há um lado selvagem, a pensar na sua massificação. O A minha relação com Angola
for feliz agora, depois de morta ao Kafka, por exemplo, mais do um lado agreste, um lado que acréscimo de vendas não signifi- permitiu-me entender que um
será muito feliz no tal campo que rezo a outras coisas, eu te- pretende desconformar alguns ca ainda, e longe disso, qualquer dia vivi num sítio diferente, com
de flores. Isso é uma maneira nho os meus santos. consensos, digamos assim, des- massificação, o que há é uma gente diferente e com hábitos di-
de nos desresponsabilizarmos, Acredita que o ser humano in- pentear algumas coisas – eu, ca- presença mais notada da minha ferentes e que, por isso, o lugar
um modo de deixarmos as coi- venta Deus porque não acredita reca, gosto de despentear as coi- obra e isso deixa-me bastante onde depois fui morar era apenas
sas por existir porque atiramos em si mesmo nem no outro? sas, a mim ninguém despenteia grato. Agora, não sou a pessoa mais um lugar em que as pessoas
para as mãos de uma abstracção Exactamente, essa é uma das fra- [risos]. Mas há esse lado mais indicada para ser transformada possuem apenas mais um modo
a hipótese das pessoas serem ses do meu romance. Acho que provocador, mais propendo para em grande olímpico de vendas, de ser. Desde criança tenho a per-
redimidas. Eu acho isso inacei- o facto de nos menosprezarmos uma sensibilização, até uma cer- acho que nunca vou ter vendas cepção de que há uma diferen-
tável, pois nós temos que pro- uns aos outros levou-nos a criar ta delicadeza eu acho que fun- olímpicas, não é isso que me faz ça fundamental e natural entre
pender para uma sociedade que essa Identidade que depois dis- ciona como esse apanágio de correr. As minhas corridas não as pessoas e eu convivo sempre
faça felizes as pessoas enquan- tribuiria a justiça uma vez que esperança. É no fundo partir de são pelas medalhas, e se acon- magnificamente bem com todas
to estão vivas, porque acerca não somos capazes de nos fazer- um terreno duro e contribuir tece alguma medalha não são as diferenças, sejam elas quais fo-
do que elas são quando mortas mos justiça uns aos outros. In- para que ele possa florir. propriamente as vendas que eu rem. Foi assim que aprendi esse
não sabemos nada. Por isso não ventamos uma espécie de justi- António Lobo Antunes afirmou considero as mais importantes. meu modo integrador. Não com-
podemos apaziguar-nos, não po- ça póstuma que eventualmente que “a maior parte dos livros é Acho que o reconhecimento en- pete a mim ajuizar nem julgar as
demos baixar os braços e temos não acontecerá e, assim, baixa- escrito para um público e este tre os pares e o reconhecimento pessoas, compete-me apenas res-
mesmo de melhorar esse tempo, mos os braços, ficamos desmo- livro [“a máquina de fazer espa- dos leitores ou mesmo uma certa peitar a esfera de liberdade delas,
o nosso tempo enquanto puder- bilizados. nhóis”] é escrito para leitores”. O felicidade que vem de uma boa fazê-las respeitar à minha esfera
mos e urgentemente. Quando pensamos na estética de que é escrever para as massas? crítica, tudo isso é realmente a de liberdade e ser feliz.
És ateu? Valter Hugo Mãe, podemos falar Eu tenho cada vez ais leitores e grande contribuição que podem
Sou ateu e tenho outros tipos de em selvagem delicadeza ou mes- com isso fico muito contente, dar a um escritor, sobretudo a Manaíra Aires
deuses, sou como os gregos. Rezo mo em sensibilidade objectiva? mas não escrevo os meus livros um escritor como eu. mana_aires@hotmail.com
24 || CULTURA JUP || MARÇO 10
edgardo cecchini
GRAÇA MARTINS
PINTORA
A cidade de névoa
e granito
frequentam a cidade exibem um
comportamento urbano e aspec-
to mais agradável. Relacionam-
Jazz à moda
Entre 02 e 07 de Março a Casa dos músicos do Conservatorio di violoncelo nas apresentações no
Música irá receber a 4ª edição Musica E.F.Dall’Abaco di Verona. festival, enquanto o soprano e o
do Harmos Festival, que reúne No dia seguinte, é a vez da Escola piano ficam por conta dos britâ-
os melhores músicos/alunos das Superior de Música, Artes e Espec- nicos da Guildhall School of Mu-
do Porto
mais conceituadas escolas supe- táculo do Porto, numa apresenta- sic and Drama, Royal Academy of
riores de música da Europa. A no- ção com violino, viola e cello, se- Music. O Koninklijk Conservato-
vidade para este ano é a estreia guida pelo Conservatório Superior rium Brussel fecha a noite.
da Harmos Festival Orchestra, di- de Música da Corunha. Já no encerramento, a Sala Su-
rigida pelo maestro Dirk Vermeu- Na Quarta-Feira, a Lithuanian ggia recebe uma orquestra com-
len e composta pelos 40 músicos Academy of Music and Theater leva posta por todos os músicos que
presentes no evento. ao palco o Trio Claviola, composto passaram pelo palco ao longo da A Esmae (Escola Superior de equipamentos e instrumentos
“O objectivo é juntas as escolas por viola, clarinete e piano. O Con- semana, algo nunca realizado an- Música e Artes de Espectáculo) de qualidade para o Núcleo de
numa componente física para que servatório de Superior de Música da tes. Está prevista a apresentação corresponde à ideia de escola Jazz e para pagar a educação
elas possam mostrar os projectos Corunha volta a se apresentar com da abertura da ópera “Le Nozze di de talentos, de música e de te- dos alunos de mestrado, «coisas
que desenvolvem. É a reunião da um quarteto e em seguida os ale- Fiagro”, de Mozart; o concerto tri- atros, com pautas, setlists e fo- que a escola não pôde fornecer
música pela música, sem a compe- mães da Hochschule für Musik und plo para violin, violoncelo e piano lhas de castings penduradas nas ao longo dos anos» – segundo
tição que existe no mundo da mú- Theater Leipzig encerram a noite. em Do M, op.56, de Beethoven; e a paredes dos corredores longos Michael – «é verdade que acal-
sica erudita”, afirma o director do Na Sexta-Feira, penúltimo dia Sinfonia nr. 4 em La M, op. 90 Ita- e ecos de música longínquos. mou, mas a iniciativa nunca foi
festival, Rui Couto. (não há programação para Sába- liana, de Mendelssohn. Os ingressos Para encontrar o pavilhão onde pelo dinheiro, mas pela opor-
Na abertura, que ocorrera em do), a Academia Nacional Supe- custam 5 euros por dia para o públi- decorrem as jam sessions, actu- tunidade de tocar, aprender e
período diurno, o público poderá rior de Orquestra concretiza o co em geral e 3 euros por dia para ações dos alunos de jazz reali- crescer, por isso, acaba por não
acompanhar a clarinete e o piano enfoque no trio violino, viola e estudante. Manaíra Aires zadas às terças-feiras, bastou, fazer grande diferença».
josé ferreira
literalmente, seguir a música. Desde então, as Jams da Esmae
A sala está a meia-luz. Os ins- tornaram-se um evento quase
trumentos reflectem as luzes underground, pouco conhecido
douradas dos holofotes, a corti- entre aqueles que não perten-
na de veludo vermelho desbota- cem à pequena, mas saudável,
do completa o palco simples. À comunidade de jazz do Porto,
chegada, já havia música no ar. embora sejam bem conhecidas
Estariam perto de 60 pessoas pelos estudantes de Erasmus. A
na sala, talvez 100 entre entra- ESMAE tornou-se a principal es-
das e saídas, o ambiente era de
descontracção, de convívio e de As Jam Sessions
grande apreciação pela música
que se tocava. Mas nem sempre
começaram como
foi assim, conforme nos contou uma oportunidade
Michael Lauren, responsável pelo
departamento de Jazz da ESMAE.
dos estudantes
«Esta escola tornou-se uma esco- e da comunidade
la de jazz há sete anos. Foi uma jazz do Porto
O virtuosismo vai estar oportunidade dos alunos toca-
à solta pelo Porto
rem, trabalharem com música e se reunir à volta
se divertirem». É também uma de um palco só.
oportunidade para os músicos
de fora: o palco está aberto a to-
dos que conheçam o repertório cola de Jazz do país nos últimos
de jazz tradicional e que toquem anos apesar da abertura de ou-
com qualidade e paixão. tros centros, maioritariamen-
As Jam Sessions começaram te privados, em Lisboa e Évora
como uma oportunidade dos apenas no ano passado, algo
estudantes e da comunidade que contrasta com as valiosas
Harmos Festival
jazz do Porto se reunir à vol- décadas de tradição do género
ta de um palco só. Depressa em Portugal, lembrando alguns
se converteram num aconteci- grandes talentos como Bernar-
mento in do Porto: «era uma do Sasseti e Mário Laginha. E
na Casa da Música
loucura, tiveram que proibir foi talento mesmo que vimos
entradas pois já estavam a ficar em palco no Esmae. Mas ape-
500, 600 pessoas, não havia es- sar da qualidade dos concertos
paço suficiente» revelou Carlos e da descontracção do evento,
Azevedo, um dos professores da “pouca publicidade há”, lamen-
escola. O barulho e o extravaso ta Michael. Fica aqui portanto,
De 2 a 7 de Março a Casa da Música vai receber era tanto que se optou pelo re-
torno a um formato mais fami-
uma sugestão para um serão
bem passado, em proveito do
os mais jovens talentos da música clássica europeia. liar. O dinheiro da entrada (2€
actualmente), quase simbólico,
que melhor se faz no Porto e
no Ensino Superior. Ana Pelaez
era utilizado para providenciar e Inês Antunes
26 || CULTURA JUP || MARÇO 10
abaixo
Estudar por um bom futuro!
Para quem deixa o estudo
para o fim do semestre este
mês de Março é um descan-
so. Para quem tem a saudá-
vel disciplina de ir estudan-
do todos os dias para que os
exames no fim do semestre
não serem tão dolorosos já
vive com a pressãozinha nes-
te começo de semestre. Uns
e outros estão condenados a
pensar num futuro sombrio.
Para quem é finalista e não é Sr. José Pinto, o mestre
extraordinário no aproveita- das francesinhas
mento académico sente uma
corda no pescoço. O véu que
cobre o futuro está descain-
do mas o pouco que se vê é
sombrio. A licenciatura não
tem muito peso nos dias de
hoje e mesmo o mestrado
não garante o desejado em-
prego. Mas andam milhares
de estudantes a procurarem
esse futuro que não existirá.
De quem é a culpa? O que
fazer? A culpa é do governo.
Só o governo pode redi-
reccionar esses estudantes.
A bagagem intelectual de
tantos anos a estudar não se
pode deitar pela cano a bai-
xo. Será impossível para as
faculdades criarem contac-
Bufete Fase deste prato e eu tive que abdicar
de todo o outro tipo de serviços
para me dedicar exclusivamente
às francesinhas».
habitual, mas se quiser comer, em
pé, ao balcão, passa à frente».
A Francesinha do Bufete Fase
é confeccionada sempre ao mes-
tos que garantem a aquisi- A casa com cinco mesas tem mo ritmo e o resultado é o pão
ção profissional de 50% dos A Francesinha é um prato típi- capacidade para um máximo de torrado, o molho a escorrer pelo
seus alunos? Será impossível
que as faculdades garantam
co das noites do Porto. O Bufete
Fase impõe-se, qual santuário de
História quinze pessoas e é usual chegar-
se à porta do Bufete Fase e, ao
bife de novilho e pelos enchidos e
o queijo que derrete com a tem-
estágios para todos os cur- degustação desta iguaria, pois perguntar se temos mesa, obter peratura do líquido. Segredo? «O
sos? Será impossível para os quem lá entra tem apenas o ob- A Francesinha foi criada, nos como resposta: «Vai ter de es- bife, o fiambre e os enchidos são
alunos entrarem para uma jecto de se deliciar com este belo anos sessenta do século XX, perar um bocadinho». Não se sempre de óptima qualidade. Os
universidade sem receios de petisco. pelo Sr. Daniel David Silva, no fazem reservas em circunstância produtos e o molho são sempre
desperdiçar anos de estudo? Este pequeno restaurante fa- restaurante A Regaleira. Tendo nenhuma e «quando os clientes do dia. Se as quantidades do dia
Será utópico tomar como miliar de José Menezes Pinto, trabalhado em França, Daniel entram na porta têm de respeitar acabarem eu não aldrabo, sou
medida a redução de vagas que actualmente conta com o Silva criou este prato típico da a ordem de chegada. Não impor- sincero com os meus clientes e
por cursos, a criação de apoio da filha, Filipa Menezes, e gastronomia portuense, adaptan- ta se é familiar, amigo ou cliente tenho o dia ganho». E o segredo
mais cursos específicos com do genro, existe desde 1984, mas do um tipo de tosta designada do molho? «Bem isso não posso
menos pessoas mas com a foi precisamente há quinze anos por croque-monsieur, e adicio- O Bufete Fase impõe- revelar. A receita foi inventada
segurança de empregabili- que surgiu a ideia de apenas ser- nando o molho da cobertura, que por mim e não uso bases pré-
dade? Pode parecer utópico vir Francesinha: «Tudo começou
se, qual santuário
o torna tão característico. confeccionadas. A única coisa
mas não será impossível com uma brincadeira. Na época Questionada sobre a opção pelo de degustação desta que posso acrescentar é que o
que surjam vários proto- tinha um cliente que trabalhava nome do prato – a “Frances- iguaria, pois quem molho tem que ser feito em gran-
colos que munam cada na revista Ideias e Negócios e inha” –, Filipa Menezes, deixa de quantidade para ficar bom. É
curso com o destino dos um dia decidiu fazer uma repor- uma hipótese interessante ao lá entra tem apenas como as carnes do cozido!». E o
estudantes. Se estes não o tagem sobre a casa e as francesi- relacionar o picante do prato com o objecto de se preço? «Por 10,00 euros comem
desejarem, terão a liberdade nhas. Eu na altura não liguei mas as francesas que eram mulheres francesinha, batata frita e acom-
de procurar outro. depois de sair a reportagem foi muito modernas para a época.
deliciar com este panham com uma cerveja de bar-
a explosão de clientes à procura belo petisco. ril fresquinha». mariana jacob
Críticas
JUP || MARÇO 10 CULTURA || 27
9/10 9/10
Invictus Arctic Monkeys
Clint Eastwood Coliseu do Porto
Clubbing
Blasted Mechanism,
Sofa Surfers Yo La Tengo
Casa da Música vão estar
presentes
na Casa da
27 de Março Música
Pantha du Prince
Teatro Sá da Bandeira
Opinião
JUP || MARÇO 10 || 29
Momento de contemplação
antes ou depois de uma
reza, junto ao rio Ganges
Em directo da Índia
zo com vacas, macacos e elefantes, China pode provocar um furacão
quer seja nas viagens de fim-de-se- nos Estados Unidos e, neste sen-
mana onde já pude constatar que tido, temos de estar preparados
a colorida Índia, um paraíso para para pensar global e agir local-
os fotógrafos, é culturalmente ri- mente, sendo importante estar-
quíssima nas várias perspectivas, mos conscientes do quão vital é
seja na religião, arquitectura, mú- ter uma experiência internacio-
Em Junho do ano passado, mo- deixou-me, em primeiro lugar, Depois dos primeiros dias terem sica, gastronomia, etc. nal, algo que o ERASMUS deixa
mento em que me inscrevi no apático, quase que incrédulo e, sido ocupados na procura de casa Neste primeiro mês já tive o muito a desejar. Vou ser directo
program Inov Contacto, era-me em segundo lugar, pensativo, ten- e nos normais preparativos para prazer de visitar Jaipur, uma ci- e lanço-vos o repto. Numa altura
impossível adivinhar que hoje, tando compreender a dinâmica iniciar o meu estágio na embaixa- dade com belos e coloridos mo- em que se fala em tantas dificul-
finais de Fevereiro de 2010, pode- social que este país atravessa, em da de Portugal, nos dias seguintes numentos, incríveis palácios e dades de emprego, porque não vir
ria estar na incrível Índia. Em boa particular a cidade de New Delhi. tive a preocupação de estabelecer fortes; Agra, local do fantástico cá para fora? Não tenham medo
verdade, no final desse 6º mês de Para mim, as diferenças religio- contactos com outros estagiários Taj Mahal; Varanasi, cidade sagra- de partir. Outrora, os Portugueses
2009, faltando-me ainda 5 cadei- sas, os novos costumes, as dife- internacionais e jovens locais. Fe- da para a religião Hindu, onde se lançaram-se pelo mar fora à des-
ras para acabar o curso de eco- rentes formas de relações sociais lizmente, pude usufruir da minha dão as conhecidas cerimónias fú- coberta do mundo (aqui, tantas
nomia pela FEP, tinha apenas uma e tudo o resto que se pode en- rede de contactos que adquiri en- nebres e os banhos de purificação vezes já me perguntaram acerca
ideia em relação à minha futura quadrar no plano do denomina- quanto membro da AIESEC, maior no rio Ganges e, a cidade onde disso), tal como nesses tempos,
vida profissional: a de que queria do choque cultural, é tudo uma organização mundial gerida exclu- vivo e trabalho, New Delhi, palco devemos ser ambiciosos, aventu-
ter uma experiência internacio- fonte de curiosidade, de conheci- sivamente por estudantes que, en- de uma enorme riqueza cultural reiros e empreendedores. Façam-
nal! Mas daí a vir para a Índia… mento e de aprendizagem. Enten- tre outras coisas, tem também o e patrimonial. Na calha já há pla- no de forma planeada e objectiva,
Chegado dia 15 de Janeiro à Ín- do que esta deve ser a postura de seu próprio programa de estágios nos para visitar sítios conhecidos dessa forma poderão retirar ainda
dia, sozinho e só com 1 ou 2 con- quem trabalha “abroad”, para que internacionais. Ora, depois de ter como Mumbai (Bombaim), Goa e mais dividendos da vossa experi-
tactos de algibeira, os primeiros se possa assim crescer pessoal e conhecido alguns estagiários da os Himalaias, mas também outros ência. Este é um mundo demasia-
dias foram mentalmente devas- profissionalmente com sensibi- AIESEC e de iniciar também algu- locais menos conhecidos, como do pequeno e belo para não ser
tadores mas fortificantes para o lidade para outro tipo de factos, ma vida social, estavam reunidas Jaisalmar (deserto), Amritsar, conhecido e, como diz um amigo
resto da estadia. De facto, o cho- questões e factores com os quais as condições para iniciar um ritmo Rishikesh ou Udaipur. meu que trabalhou em Hong-
que cultural é enorme, todavia, temos que lidar. E nesta perspecti- de vida já minimamente normali- Neste mundo global em que vi- Kong, “siga em frente que atrás
pessoalmente penso que se aplica va, esta minha experiência India- zado, com normal trabalho de 2ª vemos, há cada vez menos espaço vem gente”.
melhor o termo de choque social. na é ideal, pois coloca-me fora da a 6ª, interrompido pelas entusias- para mentalidades retrógradas e
A miséria e a pobreza que se pode zona de conforto, especialmente mantes e sempre deslumbrantes fechadas no seu umbigo, no seu Ricardo França
constatar facilmente pelas ruas, no plano da realidade social. viagens de fim-de-semana. cantinho de terra. Como se cos- Ricardo.franca.alves@gmail.com
30 || OPINIÃO JUP || MARÇO 10
Vieram de longe
editorial
Passas aqui todos os dias, olhas
para as letras gordas impressas
na primeira página mas não
paras, continuas o teu percur-
Dana Elborno
so e eu, cá fico, neste corredor,
o Governo do Egipto. Israel en- à espera que voltes, que me
controu um aliado para asfixiar a levantes desta banca, dobres
Faixa de Gaza: o Egipto. ao meio e metas debaixo do
O Governo de Hosni Muba- braço. Que me leves contigo.
rak prepara neste momento um Leias as minhas crónicas e as
“muro de aço” para vedar os tú- reportagens.
neis subterrâneos de acesso a Muitas vezes sirvo para te
Gaza, alegadamente, como forma abrigar da chuva, deitas-me ao
de impedir o “tráfico de armas”. chão, limpas o sopé da porta
De facto, este muro irá travar o com as minhas páginas para
Bandeira palestiniana que tráfico de armas, mas também irá te sentares, fumas um cigarro,
acompanhou a “Gaza Feedom March”
bloquear a única artéria de man- convives com os teus colegas.
timentos que mantém as pessoas Desprezas-me por completo,
de Gaza vivas. mas sabes que estou aqui, à
Gaza viveu em 2008, 23 dias de tua espera!
guerra militar. Porque é impor- Outras vezes, seguras-me com
tante que se faça justiça, deixa- carinho, juntas-me com os
mos uma lista de violações da lei teus apontamentos e levas-me
internacional por parte do Estado para a aula, para casa. Aguardo
de Israel: pelo teu tempo, pela tua
O cerco a Faixa de Gaza viola disponibilidade. Para que te
directamente o Artigo 43 dos Re- apercebas que muitos como tu
gulamentos de Haia, os Artigos 33, se juntam todos os meses com
55 e 56 da 4ª Convenção de Gene- um único propósito: Informar!
bra, o direito à vida, o direito a É de tempo que te falo, de tudo
um padrão de vida decente, o di- o que tenho feito desde que
Dana e Lara Elborno, estiveram no Mas apesar disso, A Faixa de Gaza sofre uma reito à saúde, o direito à liberdade nasci (1987) para te dar voz!
Porto a convite do SOS Racismo, crise humanitária deste Abril de circulação e ao direito a viver Passei por muitas aventuras,
vieram de longe falar do Oriente, nós o Ocidente de 2006 quando Israel fechou a humanamente. Gaza é, assim, um estive em inúmeras manifesta-
dos “outros”. Ouvimos testemu- e nós, Portugal, sete chaves as fronteiras, impe- epicentro da violação dos direitos ções, procurei reivindicar pelos
nhos que nunca são dados pelas dindo que bens essenciais como internacionais. teus direitos. Dei-te a conhecer
televisões. Vieram falar da sua ex-
somos cúmplices medicamentos, gasolina e comi- Mas apesar disso, nós o Oci- a academia e a cidade. Levei-te
periência como palestinas e acti- na violação da lei da entrassem. É uma punição dente e nós, Portugal, somos à queima das fitas, ao teatro
vistas e comprovaram factos que colectiva por exercerem a sua cúmplices na violação da lei e a concertos. Mostrei-te
internacional
nunca nos tinham sido apresen- “liberdade” e por terem, demo- internacional sendo que sob os cultura, ciência, história e arte.
tados. Ouvimos falar da ocupação Isto tudo para dizer, que fala- craticamente, elegido o Hamas, acordos de Genebra, a comuni- Ajudei-te a reflectir, a criticar e
Israelita, tal como ela é. ram da Palestina. Numa rápida eleição que Jimmy Carter, antigo dade internacional é obrigada a a opinar. Recebi-te em minha
Falaram de pessoas e de sofri- análise da sociedade em Gaza, Presidente dos Estados Unidos garantir que a convenção seja casa, dei-te formação, debates
mento. Deram rostos às estatísti- alguns números: a população de da América, classificou como respeitada. Ricardo Sá Ferreira e festas. Ciclos de cinema e
cas e vieram dar visibilidade a um Gaza é de 1,500,202 em que 70% uma das mais democráticas que e Nuno Moniz exposições. Disse-te como
conflito que é relegado para roda- destes são refugiados; o desem- já teria presenciado. escrever e fotografar.
pé dos noticiários. Ouvimos rela- prego é de 45.4% e a idade média Existem múltiplos causadores Fontes: CIA World FactBook, UNRWA, Pa- Ao fim de todo este tem-
tos de opressão e de humilhação, é de 17.2 anos; a dependência de desta catástrofe: de forma direc- lestinian Monetary Authority, Palestinian po continuo a percorrer os
de uma prisão ao ar livre e de um ajuda externa é de 86% e o nível ta, o Estado de Israel; de forma Central Bureau of Statistics, Palestinian corredores da tua faculdade.
povo que sofre há seis décadas. de pobreza é de 80%. indirecta, com o cruzar de braços, Economic Policy Research Institute Insisto nesta árdua missão de
unir toda a academia. Tenho
mais ou menos a tua idade e
FICHA TÉCNICA Aline Flor || Ana Rocha || Ana Pelaez || Artur Costa || Dana Pré-Impressão Jornal de Notícias, S.A Impressão Nave- é precisamente sobre o meu
DIRECÇÃO
Elborno || Diana Ferreira || Edgardo Cecchini || Eliana Printer - Indústria Gráfica do Norte, S.A. Propriedade Núcleo aniversário que te vou falar no
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ÇÃO Joana Koch Ferreira DIRECTOR DE FOTOGRAFIA
Manuel Ribeiro chefe de redacção Mariana Jacob
Henriques || Teresa Castro Viana || Vera Tavares cial da Universidade do Porto, Universidade Lusófona do Jornal da Academia do Porto,
Porto, Instituto Português da Juventude.
EDITORES E SUB-EDITORES
imagem da capa Arquivo JUP Depósito Legal
tenho 23 anos, vivo na Miguel
EDUCAÇÃO Filipa Mora SOCIEDADE Manaíra Athayde
CULTURA Filipa Mora e Tiago Sousa Garcia OPINIÃO
nº23502/88 Tiragem 10.000 exemplares Design logo Bombarda e a minha casa é a
JUP Bolos Quentes Design Editorial/Grafismo Joana
Pedro Ferreira DESPORTO Francisco Ferreira
Koch Ferreira Paginação Joana Koch Ferreira
tua casa! manuel ribeiro
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO
JUP || MARÇO 10 OPINIÃO || 31
Pedro Ferreira
Devaneios
Cansei-me…
Cansei-me de acreditar em quem promete e não cumpre.
De esperar por quem diz vir e nunca vem.
Cansei-me de gostar do mesmo que os outros.
De ver os mesmos filmes.
De ouvir as mesmas músicas.
Cansei-me de ser inútil.
Cansei-me do preto.
E do branco.
Cansei-me dos meios-termos.
Cansei-me de ser prática.
Comodista.
Cansei-me de ceder.
Cansei-me de compromissos.
De memórias inabaláveis.
Cansei-me da desarrumação.
Das faltas de respeito.
Dos “mal agradecidos”.
Cansei-me dos invejosos.
E dos oportunistas.
Cansei-me de ter vergonha.
De me controlar.
De ser “politicamente correcta”.
De respeitar tudo e todos.
Cansei-me de discussões.
De momentos de desespero.
Cansei-me de meias palavras.
E de palavras em vão.
Cansei-me de ter medo.
Cansei-me da ponderação.
Da sensatez.
Cansei-me dos “ses”, dos “quases” e dos “talvez”.
Cansei-me de não alargar horizontes.
De não me ultrapassar.
Cansei-me de tentar ser aquilo que não sou.
Cansei-me de ser.
Cansei-me de parecer.
Cansei-me do cansaço e afastei-o…
Teresa Viana
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