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Fax Nº (011) 3856-2940

A medida
da marolinha

✽ dos os valores dos índices foram
149,6 e 150,6, respectivamente.
acelerem a produção.
Não podemos ficar esperan-
ROBERTO Na realidade, portanto, o Brasil do o tal país do futuro sem nos
MACEDO foi bastante afetado pela crise, esforçarmos em bem construí-

O
só recentemente saindo dela. lo no presente. Hoje continua-
presidente Lula Também não cabe dizer, co- mosdopadospelavisãofinancis-
continua às vol- mo faz muita gente dentro e fo- ta – e a crise mostrou que sem-
tas com o pro- ra do governo federal, que - prehá gente para financiartudo,
blema que criou 0,2% tenha sido uma taxa boa. atétítulos podres–de queocon-
quando, em re- Quem diz isso se baseia na com- sumo interno vai se expandir in-
cente visita ao paração com os muitos países definidamente com a ampliação
companheiro Fidel, comparou que se saíram pior que o Brasil, do crédito. E ainda, dada a pers-
dissidentes cubanos a crimino- sendo um sinal da mediocrida- pectiva de enormes déficits nas
sos presos no Brasil. Sem uma de aqui reinante que compara- contas correntes com o exte-
explicação capaz de contornar ções sejam feitas com os piores. rior, de que o País também con-
o mal-estar geral criado por Isso serve até como justificativa seguirá financiá-los com o fluxo
suas palavras, vem recebendo para corruptos: “Sou, mas mui- derecursosexternos,particular-
críticas contundentes, no Bra- ta gente é.” mente de investimentos dire-
sil e lá fora. Assim, em lugar de achar bom tos. Ora, esses investidores não
Contudo,quantoaoutracom- nos sairmos menos mal, por que são bobos, e aqui vêm buscar re-
paração que fez, dos efeitos da não olhar os países que se desta- muneração que terá de ser paga.
crise nos EUA e no Brasil, a re- caram com um bom desempe- Além disso, seguem com maior
centenotíciadequeonossopro- nho mesmo na crise, e examinar vigor para países que se esfor-
duto interno bruto (PIB) caiu no que precisamos melhorar o çam mais para investir com re-
0,2% em 2009 já lhe permite re- nosso, em crises ou fora delas? cursos desua própria poupança.
correr a uma saída, como outras Assim, a perspectiva efetiva é
suas capaz de iludir muita gen- A dificuldade está nas adeumfuturocommaiordepen-
te. Recorde-se que no início de dência externa, aumentando a
outubro de 2008, ainda sem sa-
cabeças duras dos falsos vulnerabilidade da economia a
ber bem o que vinha pela frente, messias e daqueles que crises que em algum momento
deixou de lado sua marca regis- se iludem com eles virão,ao mesmotempo queaca-
trada,ométodoNanp(nuncaan- pacidade de endividamento in-
tes neste país), ou do retrovisor Olhando o próprio grupo a ternoacabaráporse esgotar,im-
opaco, e voltou-se para o nosso que nos orgulhamos de perten- pondo limites ao crescimento.
futuro ao afirmar: “Lá (nos cer, o Bric, nele dois países se No fundo, muita água vai pre-
EUA), ela (a crise) é um tsuna- destacaram ao sofrerem muito cisar cair em cima das pedras,
mi; aqui, se ela chegar, vai che- pouco em 2009. Na China e na pois a dificuldade está nas cabe-
gar uma marolinha que não dá Índia,o crescimento doPIB,que ças duras, em particular a do fal-
nem para esquiar.” jáera bemmaisforte que no Bra- so messias e dos que se iludem
Agora, com esse resultado do sil, caiu muitíssimo menos do com ele.
PIB, na sua quase-lógica, pode- que aqui. No primeiro caso, a
ria dizer: “Eu estava me referin- queda foi de cerca de 10% para ✽
do apenas à taxa de variação do 8% ao ano, e de perto de 8% para ECONOMISTA (UFMG, USP E HAR-
PIB em 2009, negativa, mas pe- 6% no segundo. VARD), PROFESSOR ASSOCIADO À
quenina.” Se contestado com a Quantoaoquecausaessadife- FAAP, É VICE-PRESIDENTE DA ASSO-
menção ao vagalhão, que redu- rença relativamente ao Brasil, CIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO
ziu em cerca de 1,5% o valor que várias vezes já tratei disso neste
na ausência da crise o PIB pode- espaço, e vou continuar por ter
ria ter atingido 2008, mais 5% fé no velho dito de que água mo- SINAIS PARTICULARES
que, por baixo, seria o cresci- le em pedra dura tanto bate até
mento do de 2009 na mesma si- que fura. A grande diferença é
tuação,com suacriatividade po- que no Brasil é muito pequena a
deria dar uma contribuição à taxa de investimento, aquela
ciência dos movimentos do mar parceladoPIBqueampliaacapa-
comestaproposição:“Acadava- cidade produtiva do País, entre
galhão, em algum momento se outras formas, via expansão do
segue uma marolinha.” que já existe ou por meio de no-
Quanto ao vagalhão, ele está vas fábricas, fazendas, ativida-
muito evidente nos dados que des de serviços e obras de in-
vieram do IBGE a mostrar que fraestrutura,entreoutrosaspec-
asquedasdoPIBnosdoistrimes- tos. Essa taxa, também segundo
tres subsequentes à eclosão da o IBGE, foi de 16,7% do PIB no
crise (o último de 2008 e o pri- ano passado. Mas, na China, por
meiro de 2009) foram tão fortes muito tempo ela se tem manti-
que a economia tomou três tri- do em torno de 40% e na Índia,
mestresparaserecuperar(dose- próxima de 30%.
gundoatéo quartodo anopassa- Visto de outra forma, nosso
do). Mesmo assim, a série enca- desenvolvimento segue hoje
deada do índice trimestral do um padrão em que, tanto no go-
PIB, que tem como base 1995 = verno federal como em geral, a
100, revela que o índice do quar- ênfase é no consumo, com pre-
to trimestre de 2009 (151,2) ain- juízo da poupança e do investi-
da estava levemente abaixo do mento.Predominaumavisãoes-
índice do terceiro trimestre de tática e míope do processo pro-
2008(152,5),o queestariaaindi- dutivo na qual, particularmente
car que a recuperação completa no governo Lula, a preocupação
só se daria no trimestre corren- maior é redistribuir a riqueza já
te. Contudo, com o chamado acumulada, sem equilibrar isso
ajuste sazonal, isso já ocorreu com a necessidade de dinamica-
no trimestre passado, ainda que mente produzir mais, poupan-
também por uma pequena dife- do, investindo e buscando avan-
ços tecnológicos que também
O Nobel. No mínimo
rença, pois nos mesmos perío-

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