Presidente da Assembleia do Agrupamento Vertical de Escolas
de Azeitão
Maria Isabel Viegas Liberato, professora do quadro de nomeação definitiva, vem, ao
abrigo do disposto no ponto 1 do art. 63º, do Decreto-Lei n.º 75/2008, solicitar a V. Exa. a sua demissão do cargo de Vice-Presidente do Conselho Executivo. Com a publicação do Decreto-Lei n.º 75/2008 é imposta uma reorganização do regime de administração escolar estruturada em dois vectores essenciais: por um lado, centralizar a gestão administrativa, financeira e pedagógica na figura de um director eleito pelo conselho geral; por outro, diminuir de forma significativa os direitos de participação dos professores, reforçando a intervenção efectiva das famílias e da comunidade na direcção estratégica dos estabelecimentos de ensino. É de salientar que, neste diploma, as funções a desempenhar por estes elementos não estão claramente definidas, assim como não se faz qualquer referência a mecanismos de regulação e de avaliação do seu desempenho nos vários órgãos de direcção e gestão. Estas alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 75/2008 não são resultantes de nenhum processo rigoroso de avaliação sobre o regime até agora vigente de administração escolar, pelo que as novas disposições carecem de uma fundamentação séria, não podendo, portanto, ser apresentadas como uma solução para os problemas com que se debatem diariamente os principais intervenientes do processo educativo. Consequentemente, esta falta de rigor constitui, em primeira instância, uma grave falta de respeito pelo trabalho desenvolvido por todos aqueles que, ao longo de mais de três décadas, estiveram envolvidos na gestão das escolas públicas portuguesas. Este novo modelo de gestão, administração e direcção não se coaduna com os princípios do projecto de intervenção apresentado nas últimas eleições para o Conselho Executivo, que foi sufragado pela maioria dos eleitores da comunidade escolar. Nesse projecto, enquadrado pelo Decreto-Lei n.º 115-A/98, defendia-se a natureza colegial do órgão de gestão, a eleição directa pelos pares dos responsáveis por todas as estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica e a separação de poderes entre os diversos órgãos de direcção, administração e gestão. Propunha-se exercer uma gestão aberta ao diálogo, à participação e ao envolvimento de todos os elementos da comunidade educativa e, assim, pretendia-se que a implementação do projecto de intervenção apresentado por um grupo se constituísse num objectivo de todos os agentes do processo educativo. É esta a verdadeira força de qualquer liderança. Em suma, este pedido de demissão tem como principal fundamento o facto de este novo modelo de gestão não permitir implementar uma escola pública em que os valores da cidadania e da democracia sejam uma prática quotidiana.