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Talvez
encontre uma sada. Mas sinto que esto a crescer em mim
seres sem nome. Que farei contra eles? (volta-se para ela.)
Oh! Cesnia, eu sabia que podamos desesperar, mas
ignorava o que essa palavra queria dizer. Acreditava, como
toda a gente, que estar desesperado era uma doena da
alma. Estava enganado, o corpo que sofre. Doem-me, os
membros, a pele, o peito. Tenho a cabea vazia e o corao
sobressaltado. Mas, o mais horrvel este gosto na boca.
No a sangue, nem a morte, nem a febre, e a tudo isso ao
mesmo tempo. Basta que mexa a lngua para que tudo se
torne negro, para que os seres me repugnem. Como duro,
como amargo a gente tornar-se um homem!
O CALGULA DE CAMUS
Por ocasio da montagem da pea Calgula, do escritor
franco-argelino Albert Camus, feita pelo diretor Gabriel
Villela (ainda em cartaz em So Paulo), tive a oportunidade
de ler a traduo do texto original feita pelo jornalista e
dramaturgo Dib Carneiro. O texto me surpreendeu pela
fora e por trazer questes muito necessrias para os dias
em que vivemos, uma atualidade que talvez o prprio