O documento resume o período maneirista na arquitetura, descrevendo sua inspiração, religião e pensamento. Também analisa duas obras de Michelangelo que contribuíram para o estilo, como a Biblioteca Laurenziana e a Praça do Capitólio.
Original Description:
Norberg-Schulz, C. (2004). La arquitectura maneirista, In Norberg-Schulz, C., Arquitectura Occidental (pp. 132-150). Barcelona: Gustavo Gili.
O documento resume o período maneirista na arquitetura, descrevendo sua inspiração, religião e pensamento. Também analisa duas obras de Michelangelo que contribuíram para o estilo, como a Biblioteca Laurenziana e a Praça do Capitólio.
O documento resume o período maneirista na arquitetura, descrevendo sua inspiração, religião e pensamento. Também analisa duas obras de Michelangelo que contribuíram para o estilo, como a Biblioteca Laurenziana e a Praça do Capitólio.
Recenso Norberg-Schulz, C. (2004). La arquitectura maneirista, In Norberg-Schulz, C., Arquitectura Occidental (pp. 132-150). Barcelona: Gustavo Gili.
Irei tratar a poca maneirista, englobando a sua inspirao, a religio e o pensamento,
e ainda duas das peas de Michelangelo Buonarotti (1475-1564), no mbito do seu registo como arquitecto que contriburam para a consagrao desta movimento artstico-cultural. Estes temas tm como base um captulo do livro onde o autor Christian Norberg-Schulz historiador e arquitecto noruegus (1926-2000), descreve e analisa as fases e edifcios mais importantes na histria da arquitectura, desde a cultura Egpcia at aos tempos modernos. Em cada fase histrica, descreve meticulosamente a paisagem, pensamento, formao, e ainda faz uma pequena concluso e introduo a cada captulo. Nas palavras do autor, a ideia de uma continuidade espacial mantinha-se, mas em vez de haver uma adio esttica de elementos perfeitos passou a haver um dinamismo de elementos contrastantes, desapareceu a harmonia e a ordem. Dando espao a formas de tenso e esteticamente conflituosas. O autor fala que o maneirismo o perodo em que o Homem adquire conscincia do seu problema existencial, existindo uma espcie de uma desintegrao da ordem do cosmos. Fala ainda da preocupao na construo de objectos de acordo com as caractersticas do lugar em si, relacionando-se com as foras da natureza. Este procedimento dava a ideia de um mundo rico em coisas fantsticas e maravilhosas, que consistia numa diversidade onde a imaginao no teria fim. Caractersticas como o pequeno bosque, o jardim constitudo por coberturas de trepadeiras e outros elementos naturais, com a finalidade de estender as funcionalidades do objecto e, a introduo deste com uma espcie de jardim selvtico so elementos essenciais para o fundamento do tema. (Norberg-Schulz, 2004, pp. 132-133). Exista uma imensa vontade de transformar o que era o espao exterior em algo com uma expresso dinmica e expressiva, assim como a integrao de vrios elementos em prol de um sistema coerente, com este pensamento, em 1585, o papa Sixto V (1521-1590) criou um grande plano que visava transformar grande parte de Roma, unindo os principais centros religiosos atravs de ruas largas e rectas, estas vieram estruturar superfcies que outrora estavam abandonadas entre o que era a cidade medieval e o muro Aureliano. Este plano
Pedro Henrique Leito Figueiras | a21301796
Histria da Arquitectura e das Artes II
3 Ano D | 2015/2016 urbanstico deu cidade bases para o modelo de arquitectura Barroca que se avinhava no seculo seguinte (Norberg-Schulz, 2004, pp. 133-135). A vila passou a ser um tema primordial devido a este lgico interesse do carcter de cada lugar, e a relao deste com o edifcio, e vice-versa. Neste contexto apareceu um novo tipo de vila que apresentava uma planta circular, na qual a Vila Rotonda inaugurada em 1566 por Andrea Palladio (1508-1580), um exemplo chave para este novo estilo. A distribuio de cada compartimento desta vila est relacionada com a paisagem circundante, para que cada parte possa apreciar o que o espectculo exterior que se vive naquele lugar. Os volumes estticos e o centralismo do Renascimento foram a base para este objecto, abrindo-se assim gradualmente, para que no interior se alcanasse uma relao mais ntima com o espao. Esta busca de integrao e continuidade espacial conduziu a uma grande alterao na planta da igreja como conhecamos. O objectivo de dar mais enfase ao que era a cultura crist e abolir as formas pags que o Renascimento ia buscar antiguidade helnica e romana, fez com que a planta da igreja fosse desenvolvida de forma longitudinal em cruz, e varias tentativas de integrao de esquemas longitudinais e centralizados, que de tal forma levaram a solues ovais que foram adaptadas em algumas igrejas. (Norberg-Schulz, 2004, pp. 135-137). Michelangelo Buonarroti era dono de uma enorme sensibilidade a uma profunda concepo do significado da existncia humana, e as suas obras so das poucas criaes fundamentais da humanidade. Quando deu incio construo da Biblioteca Laurenziana em 1523, em Florena, a entrada era feita atravs de um vestbulo denominado ricetto, onde em nichos profundos na parede encontram-se colunas emparelhadas e pilastras sobrepostas, para que deste modo a poro da volumetria da parede entre estes elementos d ao utilizador do espao a iluso de estar a invadir o espao interior. Este conflito repetido sem interrupes num espao de dimenses pequenas assim, o ricetto passa a ser um lugar intolervel, e a nica sada uma ampla escada que tambm est representada como um elemento hostil. Superadas estas fases encontra-se um ambiente calmo e harmonioso da biblioteca, caracterizado por uma sucesso de pilastras simples que criam um ritmo que remete para a geometria espacial de princpios do Renascimento, conduzindo o utilizador do espao por vrias experiencias visuais e sensitivas. Outro grande exemplo maneirista que o livro trata a praa do Capitlio, em Itlia, praa esta que se distingue das outras por estar situada acima da cidade, e no entre o ruido urbano. Na Idade Medieval teria sido o centro poltico de Roma, mas no possua uma forma arquitectnica que a enaltece-se como pea espacial. Neste preciso local encontrava-se j dois edifcios de carcter medieval. Tinha necessidade de pavimento, e a praa em si servia de depsito de vrias esculturas antigas. Michelangelo quis
Pedro Henrique Leito Figueiras | a21301796
Histria da Arquitectura e das Artes II
3 Ano D | 2015/2016 restruturar a praa de modo a colocar a esttua de um imperador romano no centro desta, o que remetia para um evidente sentido simblico, e um consequente ponto de partida para os seus desenhos tcnicos. Decidiu incorporar dos edifcios j existentes, e deu uma forma trapezoidal nova praa, onde o lado menor apontava para a cidade, e o lado maior ocupado pelo palcio dos Senadores. Entre este espao trapezoidal, Michelangelo integrou uma formal oval desenhada no pavimento e no centro encontra-se a esttua. O interesse principal do arquitecto era de facto o espao exterior converter-se num interior urbano, numa espcie de um respirar da cidade. (Norberg-Schulz, 2004, pp. 138-143). No sc. XVI a liberdade de escolha introduzida pelo humanismo renascentista levou a que o homem sentisse o forte impacto dos aspectos fundamentais da existncia humana, partia-se do pressuposto que os valores perenes no eram ditos directamente ao homem, mas sim conquistados atravs de uma aco criadora deste. Os fundamentos polticos da cultura do Renascimento foram-se fragmentando e a diviso da igreja catlica desintegrou um mundo unificado por ideais e absoluto por ideologias. Passou a haver uma diviso na igreja e se como o autor o disse anteriormente, em que o Homem adquire conscincia do seu problema existencial, assim religiosos do clero tambm comearam a questionar. Na igreja catlica esta crise religiosa foi resolvida de forma distinta, enquanto o protestante negou completamente os significados existenciais tradicionalmente importantes, os catlicos queriam restabelecer a autoridade eclesistica, veio-se a tornar da arte numa arma de persuaso. Outro tipo de ideologia dentro da igreja catlica foi criada, a anti-intelectual, esta apelava aos sentimentos do crente e difundiu-se rapidamente por todo o mundo catlico. Um dos objectivos desta propaganda toda era mostrar que a Igreja Catlica j no era o nico sistema de valores para o homem ocidental e que tudo o que esta defendia era apenas os valores pessoais de os membros do topo do grau hierrquico. (Norberg-Schulz, 2004, pp. 147-149). O Maneirismo veio inovar e renovar o pensamento do Homem, tanto quanto interpretao da arquitectura, pintura, literatura e escultura. O Homem usa todo o conhecimento e a tcnica o que o Renascimento lhe deixa e usa como base, afastando-se do modelo de antiguidade clssica, em que o Homem j no a principal e a nica medida do universo. Ao contrrio da arquitectura renascentista em que autores do espao se continham, para respeitar a tcnica e o modelo clssico. O Maneirismo uma evoluo do pensamento renascentista que d toda uma carga emocional, espiritual e humana no objecto que o Renascimento no o deu.
RESENHA CRÍTICA: A Planta Central em Edifícios Católicos e Protestantes. Simbolismo, Tradição e Inovação para A Renovação Da Arquitetura Religiosa Do Século XX, de María Diéguez Melo.