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A Arte Românica

Depois das primeiras décadas do século III, os imperadores


romanos começaram a enfrentar lutas internas pelo poder.
Havia, ainda, a ameaça às fronteiras do império por parte de
povos invasores, a quem os romanos chamavam "bárbaros".
Começava a decadência do Império Romano e o
desaparecimento quase completo, na Europa ocidental, da
cultura greco-romana, ou clássica. As tradições greco-
romanas só viriam a ser retomadas no século IX, com
Carlos Magno, coroado imperador do Ocidente.
O Império Romano é dividido
Em 395, o Imperador Teodósio dividiu o imenso território
ameaçado em duas partes: Império Romano do Ocidente e
Império Romano do Oriente. O Império Romano do
Ocidente, com capital em Roma, sofreu sucessivas ondas de
invasões até cair em poder dos bárbaros no ano de 476. Já o
Império Romano do Oriente, apesar das contínuas crises
políticas, conseguiu manter sua unidade até 1453, quando
os turcos tomaram sua capital, Constantinopla. O ano de
476, com a tomada de Roma, marca o fim do período
histórico conhecido como Idade Antiga e o início de outro
período histórico, conhecido como Idade Média.
A Arte no Império Carolíngio
Com a coroação de Carlos Magno pelo
Papa Leão III, no ano de 800, teve início
um intenso desenvolvimento cultural. Em
sua corte criou-se uma academia literária
e desenvolveram-se oficinas onde eram
produzidos objetos de arte e manuscritos
ilustrados. Naquela época, os textos
religiosos eram escritos à mão; ilustrá-los
era tarefa para artistas que dominassem a
pintura e o desenho sobre espaços
reduzidos. As oficinas ligadas ao palácio
foram os principais centros de arte. Sabe-
se que delas se originaram as oficinas
monásticas, isto é, dos mosteiros, que Carlos Magno, retratado por Dürer
com símbolos de sua linhagem e
teriam importante papel na evolução da império: a águia, a cruz o leão e a flor-
de-lis.
arte após o reinado de Carlos Magno.
Como, após sua morte, a corte
deixou de ser o centro cultural
do Império, a atividade
intelectual centralizou-se nos
mosteiros. Neles, a ilustração
de manuscritos era a atividade
artística mais importante, mas
havia interesse também pela
arquitetura, escultura, pintura,
ourivesaria, cerâmica, fundição
de sinos, encadernação e
fabricação de vidros. Essas
oficinas eram também as
escolas de arte da época. Ali os
jovens artistas preparavam-se
para trabalhar nas catedrais e
nas casas das famílias
importantes. São Mateus " .Evangelista em miniatura da corte carolingia (c. 800).
Dimensões: 137emx 25 em. :Museu Britânico,Londres.
A Arquitetura
Com as oficinas de arte da corte de Carlos Magno, a cultura greco-romana
foi redescoberta. Na arquitetura isso levou à criação, mais tarde, de um
novo estilo para a construção principalmente das igrejas: o estilo
românico. Esse nome, portanto, designa as obras arquitetônicas do fim dos
séculos XI e XII, na Europa, cuja estrutura era semelhante à das
construções dos antigos romanos.

(Recriação artística do
Teatro de Pompeu 55 a.C)
A Arquitetura
As características mais
significativas da
arquitetura românica são
a utilização da abóbada,
dos pilares maciços que a
sustentam e das paredes
espessas com aberturas
estreitas usadas como
janelas. Dessas
características, resulta um
conjunto que chama a
atenção do observador: as
igrejas românicas são
grandes e sólidas. Daí
serem chamadas
"fortalezas de Deus".
A Arquitetura
A abóbada de berço consistia num semicírculo - o arco pleno - ampliado
lateralmente pelas paredes. Apresentava, entretanto, duas desvantagens: o
excesso de peso da pedra, que podia provocar sérios desabamentos, e a pouca
luminosidade no interior das construções em virtude das janelas estreitas. A
abertura de grandes vãos para janelas era impraticável, pois poderia
enfraquecer as paredes e, portanto, aumentar o risco de desabamento.
A Arquitetura
A Arquitetura
A abóbada de arestas consistia na intersecção, em ângulo reto, de duas
abóbadas de berço apoiadas sobre pilares. Com isso, distribuía-se melhor o
peso das pedras para evitar desabamentos, criava-se um ambiente que dava a
impressão de leveza e iluminava-se mais o interior das construções. Embora
diferentes, os dois tipos de abóbada causam o mesmo efeito: uma sensação de
solidez e repouso, dada pelas linhas semicirculares e pelos grossos pilares.
A Arquitetura
Na rota dos peregrinos, as igrejas românicas

Na Idade Média, assim como hoje, faziam-se


longas peregrinações a lugares considerados
sagrados. Muitas aldeias localizadas na rota desses
lugares construíram igrejas para acolher os
peregrinos. Entre os lugares mais procurados
estavam Jerusalém, onde Jesus morreu, Roma,
onde fica a sede da Igreja Católica, e Santiago de
Compostela, Espanha, onde se crê estar enterrado o
apóstolo Tiago. No trecho francês do caminho de
Santiago construíram-se várias igrejas românicas,
como a abadia de Saint-Pierre,em Moissac.
A Arquitetura

A abadia de Moissac
Observe como essa igreja românica sugere solidez e lembra uma fortaleza
A Arquitetura
Como poucas pessoas, naquela época, sabiam ler, a Igreja recorria à pintura e à
escultura para narrar histórias bíblicas e transmitir valores religiosos. Um lugar muito
usado para isso eram os portais, na entrada dos templos. No portal, a área mais ocupada
pelas esculturas era o tímpano, a parede semicircular que fica logo abaixo dos arcos
que arrematam o vão superior da porta. A abadia de Saint-Pierre, em Moissac, possui
um dos mais bonitos portais românicos.
A Arquitetura
No grande tímpano, com diâmetro de 5,68 metros, há um conjunto de figuras
representando Cristo em majestade, coroado e sentado num trono. Com a mão esquerda
ele segura o livro da palavra de Deus; com a direita, faz o gesto de abençoar. Próximos
a ele estão os evangelistas, representados por um anjo, um touro, uma águia e um leão.
A Arquitetura
Como o tímpano é muito grande, foi colocada uma pilastra central, chamada tremó, que
divide a abertura da porta em duas partes iguais. Essa pilastra também é decorada com
esculturas que representam leões e uma pessoa descalça, identificada como o profeta
Jeremias.
A Arquitetura
A beleza das esculturas de Saint-Pierre pode ser vista também nos capitéis das colunas
que cercam o claustro do convento, decorados com folhagens, animais e personagens
da Bíblia, que, segundo a tradição religiosa, devem auxiliar os passantes a meditar
sobre o sentido da própria vida.
A Arquitetura
Claustro (galeria coberta, em conventos, que contorna os quatro lados de um pátio
interno) do convento da abadia de Saint-Pierre.
A Arquitetura
A arquitetura românica na Itália
Na Itália, a arte românica se desenvolveu com características
diferentes das do resto da Europa. Mais próximos do exemplo
greco-romano, os italianos procuraram usar frontões e colunas.
Uma das mais conhecidas edificações da arte românica italiana é o
conjunto da catedral de Pisa.
A Arquitetura
Na Idade Média, os construtores italianos erguiam a igreja, o campanário e o batistério
como edifícios separados. A planta da catedral, cuja construção foi iniciada em 1063,
tem a forma de cruz, com uma cúpula sobre o encontro dos braços.
A Arquitetura
A fachada principal lembra a forma de um frontão, característica dos templos gregos.
A Arquitetura
No conjunto de Pisa, o edifício mais conhecido é o campanário, que começou a ser
construído em 1174. Trata-se da famosa Torre de Pisa, que se inclinou porque, com o
passar do tempo, o terreno sob ela cedeu. O elemento mais interessante dessa
construção é a superposição de delgadas colunas de mármore, que formam arcadas ao
redor de todos os andares do edifício.
AROMA
Arquitetura
- Depois de 11anos de trabalho, para
impedir que tombasse, a Torre de Pisa foi
devolvida oficialmente ontem à cidade. Esse é o
primeiro passo para sua reabertura para o público,
que deve ocorrer dentro de cinco meses, quando
estiverem concluídas as obras de colocação de
dispositivos de segurança. A torre, construída no
século 12eum dos mais famosos cartões postais da
Itália, foi fechada em 1990, porque sua inclinação
aumentava cada vez mais, comprometendo a
segurança dos visitantes. A inclinação foi
reduzida em 43,5 centímetros no topo, voltando à
posição registrada no início do século 19. Uma
equipe internacional de especialistas conseguiu o
feito retirando lentamente areia de sob a face
norte da edificação, que se inclina para o sul. De
acordo com técnicos, a torre de 56 metros de
altura deve continuar estável e segura pelos
próximos 300 anos. [...] A equipe internacional
chefiada por Michele Jamiolkowski, da
Universidade de Turim, levou cinco anos - entre
tentativas e erros - para encontrar a solução para o
problema. O campanário de Pisa, conhecido
como Torre de Pisa.
A Pintura

A arquitetura românica, com suas


grandes abóbadas e espessas
paredes laterais de poucas
aberturas, criou amplas
superfícies que favoreceram a
pintura mural. Assim, a pintura
românica desenvolveu-se sobre
tudo nas grandes decorações
murais, por meio da técnica do
afresco.

Afrescos na Igreja de St-Jacques-des Guérets.


A Pintura
O termo "afresco" designa uma difícil e
antiga técnica de pintura sobre paredes
úmidas. Daí seu nome. A preparação
inicial da parede é muito importante:
sobre sua superfície é aplicada uma
camada de cal que, por sua vez, é
coberta com uma camada de gesso fina
e bem lisa. Sobre essa última camada,o
pintor executa sua obra: primeiro o
desenho com carvão; depois a
aplicação das cores. Ele deve trabalhar
com a argamassa ainda úmida, pois,
com a evaporação da água, a cor adere
ao gesso e o gás carbônico do ar
combina-se com a cal e a transforma
em carbonato de cálcio, completando a
adesão do pigmento à parede. O pintor
precisava,portanto, realizara obra com
firmeza - pois correções eram Crucificação de Cristo, afresco romano
praticamente impossíveis- e rapidez - do século VIII, Roma.  
A Pintura
Os afrescos tinham como modelo as ilustrações dos livros religiosos,
pois na época,nos conventos,era intensa a produção de manuscritos
ilustrados à mão com cenas da história sagrada. Assim, a pintura
românica praticamente não registra assuntos profanos, isto é, não-
religiosos, como paisagens,animais,pessoas em suas atividades diárias.
AAsPintura
características essenciais da
pintura românica foram a
deformação e o colorismo. A
deformação traduz os sentimentos
religiosos e a interpretação mística
que o artista fazia da realidade. A
figura de Cristo, por exemplo, era
sempre maior do que as demais.
Sua mão e seu braço, no gesto de
abençoar, tinham proporções
intencionalmente exageradas para
que o gesto fosse valorizado por
quem contemplasse a pintura. Os
olhos eram muito grandes e abertos
para evidenciar a intensa vida
espiritual. O colorismo realizou-
seno emprego de cores chapadas,
isto é, uniformes, sem preocupação
com meios-tons ou jogos de luz e
Cristo em majestade (c. 1123).
sombra, pois não havia intenção de Dimensões: 7,70 m X 4,20 m X 5,90 m.
imitar a natureza. Museu de Arte de Catalunha, Barcelona..
A Pintura
Um exemplo de deformação Este afresco, pintado na abside da igreja de San Clemente
de Tahull, na Catalunha, Espanha, é um bom exemplo da pintura românica. Tem no
centro a figura de Jesus Cristo, cercado de anjos e dos símbolos dos evangelistas.
Observe os olhos e as proporções exageradas da figura de Cristo.

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