You are on page 1of 67

N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

ÍNDICE
EDITORIAL 2 MATTOS FILHO VEIGA FILHO MARREY JR. E QUIROGA
Advogados - Marcelo Mansur Haddad e Cássio Amaral 32
AIDA Brasil
Manuel S. Soares Póvoas 3 MÜNCHENER RÜCK do Brasil Resseguradora
Ronald Poon Affat 40
DEMAREST & ALMEIDA Advogados
João Marcelo dos Santos, Paulo Sogayar Jr., PENTEADO MENDONÇA Advocacia
Marco Antonio Bevilaqua e Renato Mandaliti 9 Natália Velasques Sanches e Daniela Guarnieri Krause 41

ERNST & YOUNG SULAMÉRICA Seguros e Previdência


Marco Pontes 15 Patrick de Larragoiti Lucas 43

Escritório Técnico de Consultoria Atuarial VEIRANO Advogados


Wilson Vilanova 18 Fábio Amaral Figueira e Marcelo Vieira Rechtman 44

FenaPrevi 21 ANEXOS 46

HR Serviços Atuariais Lei Complementar nº 109, de 29.05.2001 46


Heitor Rigueira 24 Lei Complementar nº 126, de 15.01.2007 60

JLT Re-Brasil Siglas 67


Rodrigo de Oliveira Franco Protasio 25

LUTERPREV Previdência Complementar


Everson Oppermann 30
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

EDITORIAL A o rever e pesquisar a legislação e os atos ad- Seg ficará hospedada em nosso website, disponível
ministrativos para a compilação e sistematização livremente a todos os interessados.
do novo manual de resseguros, a ser brevemen- A Opinião.Seg nasce com o compromisso de ser
te lançado por esta Editora, surgiu o tema para a uma revista de uma comunidade séria, profissional
primeira edição desta revista: o resseguro e a pre- e aberta a desafios; pronta a discutir e a opinar so-
vidência complementar. bre questões relevantes e controversas, fornecendo
Assim como esse, outros temas de importância subsídios para saná-las.
certamente vão surgir em breve, e nos compro- Agradecemos aos articulistas desta edição por
metemos a lançá-los aqui, na Opinião.Seg. Nosso suas brilhantes e inovadoras colaborações. Todos
objetivo é estimular o debate e a discussão, cruzando acrescentaram algumas horas ao seu dia-a-dia já
e compartilhando ideias, fornecendo informações, muito atribulado e assim contribuíram de forma
auxiliando os profissionais que atuam no setor. generosa para o futuro do Sistema Nacional de
A periodicidade da Opinião.Seg obedecerá à in- Seguros Privados, compartilhando seus pensamen-
dicação e à determinação de temas que mereçam tos e conhecimentos.
ser compartilhados, discutidos e registrados pe- Agradecemos às entidades institucionais e a
los pares do setor. Assim, as edições serão sempre todos da imprensa especializada, pelo pronto e ir-
temáticas. restrito apoio à divulgação da Opinião.Seg.
A revista será distribuída a nosso mailing, e bus- Nosso muito obrigado a todos e até novo tema!
caremos incentivar sua redistribuição pelos autores
e por todos os parceiros. Depois disso, a Opinião. Christina Roncarati

Apoios

2
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

foi promulgada a Lei n° 6.435/77, que começou a


proteger os trabalhadores, para além da previdên-
Resseguro e cia social, permitindo-lhes inscrever em planos de
Os riscos sociais, no que respeita à sua parte benefícios previdenciários na forma de rendas e
Previdência econômica, são susceptíveis de procedimentos de de pecúlios.
Certamente que em termos da expressão dos
segurança, não só para que a sua materialização se
Complementar traduza no menor dano possível, como a sua gestão
permita serem compensados, para que tais danos
montantes que esses benefícios poderiam atingir
que ultrapassassem a capacidade técnico-financeira
Com enfoque no Art. 11 da Lei sejam suportáveis não apenas pelas vítimas da sua das entidades que os pagavam, capazes de colo-
Comple­mentar n° 109/2001 e no Art. 9º materialização, como causem os menores danos à carem em risco a sua solvabilidade, só tinham de
da Lei Complementar n° 126/2007 sociedade. ser acautelados nos seguros de vida cujos capitais
Certamente que, neste estudo, estamos tra- seguros poderiam atingir montantes de grande
tando da materialização de riscos especiais, os expressão, e nos planos previdenciários cujos be-
chamados riscos sociais, isto é, os riscos que o nefícios fossem pagos sob a forma de pecúlio.
homem corre por viver em sociedade. Por vir- Em condições normais, os problemas susci-
tude das conse­quências dessa materialização se tados nas entidades, pelo desequilíbrio da gestão
traduzir em danos e sofrimentos quer morais, da previdência privada, seriam resolvidos através
quer econômicos, para as pessoas por eles atin- de contratos de resseguro, que essas entidades
gidas, a sociedade tem de dispor de mecanismos contratassem com as resseguradoras. Só que, por
que evitem que os riscos se materializem, mas virtude da instituição do resseguro ter estado sub-
que, quando o não consigam, lhes reduzam a metida a uma estrutura monopolística de caráter
Manuel S. Soares Póvoas extensão e lhes proporcionem os meios de os público, jamais se notou até a promulgação da Lei
tornar suportáveis quer para quem os sofre, quer Complementar n° 109/2001 qualquer preocupação
Presidente do Conselho
Administrativo para a comunidade que os assiste. das respectivas entidades de se precaverem contra a
da AIDA BRASIL A problemática dos riscos sociais sempre exis- consequência da materialização desses riscos; sem
manuelspovoas@gmail.com tiu caminhando par a par com a instituição do dúvida porque as responsabilidades decorrentes
seguro de vida e, recentemente, com a instituição de cada plano, por suas modestas expressões em
previdenciária. termos de limite de aceitação, não preocupavam
No que respeita a esta segunda instituição, es- ninguém, não havendo casos de inadimplência das
ta problemática tomou uma expressão econômica entidades que tivessem prejudicado os interesses
de grande significado, a partir de 1977, quando dos participantes.

3
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Quanto aos planos fechados, parece que o res- seus “limites de retenção” calculados com base §3º. O limite de retenção será fixado pelo
seguro ainda não atingiu expressão significativa. nos limites operacionais e técnicos aprovados pe- Primeiro Contratante nas seguintes condições:
Tendo perguntado à ABRAPP a posição do pro- la SUSEP, até o limite de “repasse aceite” fixado
blema, recebi o seguinte comunicado "Ratificando pelo Segundo Contratante. a) Por um ano, em relação a cada participan-
a informação prestada por telefone, não temos a te, considerando todas as suas inscrições nos
informação de que Fundos de Pensão já estejam §1º. Entende-se como “responsabilidade em planos previdenciários de pecúlios e pensões,
utilizando o Resseguro”. risco” o benefício previdenciário garantido pe- mesmo que tenham sido feitos através de mais
Como este estudo se refere exclusivamente à los planos do Primeiro Contratante pagável por de uma inscrição.
previdência complementar, colocamos de parte os morte da cada participante. b) Uma vez fixado, não poderá no período, ser
riscos dos seguros de vida, e consideraremos ape- reduzido, mas será automaticamente alterado
nas os benefícios da instituição previdenciária. a) Nos benefícios pagáveis por morte do partici- em função de correção monetária das cobertu-
Como apontamento histórico de grande interes- pante, em forma de renda, considera-se como ras de cada participante porventura ocorrida.
se, temos de referir que a preocupação de ressegurar benefício garantido o valor atual da renda, na c) Durante o ano de repasse, as cessões relativas
os riscos sociais nasceu pouco depois das entidades data do repasse. às novas inscrições do participante nas cober-
sob a forma de sociedades anônimas começarem a b) Os excedentes serão repassados ao Segundo turas expressas em a) somente serão aceitas, se
operar, e que o primeiro contrato de resseguro foi Contratante, sob a forma de repasse por um somando os valores já repassados, se mantiver
celebrado na base de estudos e com o aval técnico ano, pelo “prêmio de risco”. dentro do limite estabelecido pelo Segundo
do grande atuário que foi o Dr. João José de Sousa c) Os repasses referentes a cada participan- Contratante, para cada participante.
Mendes, de minha grande admiração. te poderão ser renovados anualmente, nos
No citado contrato de repasse (repasse foi o respectivos aniversários, considerando as mo- §4º. O limite de repasse aceito será fixado pelo
nome que o resseguro tomava na previdência dificações decorrentes do aumento ou redução Segundo Contratante, nas seguintes condições:
privada), que começou a vigorar em 01.05.89, o da responsabilidade em risco, do limite de re-
primeiro contratante era um montepio e o segundo tenção do Primeiro Contratante e alteração da a) Terá no primeiro ano de contrato, em relação
uma entidade previdenciária com a forma de socie- tarifa em função da idade atingida. a cada participante repassado, o valor de duas
dade anônima, que estabelecia o seguinte: vezes a retenção do Primeiro Contratante, li-
§2º. A responsabilidade do Segundo Contra­ mitado ao máximo de 40.000 BTN’s.
Art. 1º. O Primeiro Contratante obriga-se a repas- tante em relação a cada participante, terá início a b) Não poderá ser reduzido no ano.
sar ao Segundo Contratante, e este a aceitar parte partir da data do recebimento da relação mensal
das suas “responsabilidades em riscos” relativas de participantes repassados, em que ele estiver Art. 2º. Nota: Não tem interesse em ser transcri-
ao risco de morte de cada participante constante incluído. to. Trata do complicado processo do pagamento
no cadastro de participantes ativos, que exceder do Primeiro Contratante ao Segundo Contratante

4
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

e das contribuições resultantes da aplicação das considerando a oportunidade e conveniência de demais CONVENENTES a parcela do benefício
tarifas sobre os valores das responsabilidades 1. cessão recíproca em repasse, de benefícios ex- que exceder ao seu limite de retenção, pagando o
repassadas. cedentes às suas retenções próprias, de modo a prêmio ou contribuição correspondente.
multiplicá-las mutuamente, 2. pulverização de ris-
Art. 3º. O Segundo Contratante obriga-se a cos, buscando menores índices de sinistralidade e §2º. As demais CONVENENTES que serão
aceitar as comunicações de eventos e a pagar as mais estáveis; 3. expansão de suas atividades, tor- denominadas COCESSIONÁRIAS naquela ope-
importâncias repassadas, nos termos do §único nando-as de âmbito nacional e homogeneizando-as ração, se obrigam a aceitar, automaticamente, a
do art. 4º. em termos qualitativos. cessão do excedente do benefício e respectivo
...................................................................... Estas medidas conduzem à multiplicação prêmio ou contribuição, até seus próprios limites
dos seus resultados operacionais, conforme os de retenção.
Art. 4º. Mensalmente, até o dia 15 do mês de princípios técnicos de previdência e de seguro,
competência, o Primeiro Contratante enviará ao comprovados por levantamentos realizados nas §3º. Na cessão às COCESSIONÁRIAS serão ob-
Segundo Contratante a relação de participantes contas das supra citadas empresas e de outras do servadas as participações percentuais de cada uma
repassados com todas es especificações relativas mercado brasileiro e, ainda, tendo em conta o mú- no somatório dos limites de retenção de todas as
às operações realizadas. tuo intercâmbio de experiências e conhecimentos COVENENTES, excetuada a CEDENTE.

...................................................................... técnicos, tornando-as mais eficientes e eficazes,


§4º.
pelo que resolvem firmar o presente convênio pa-
CONVÊNIO PARA A REALIZAÇÃO ra a operação de sistemas de repasse automático,
§5º. Esta CÂMARA DE COMPENSAÇÃO DE
AUTOMÁTICA DE OPERAÇÕES DE REPASSE a ser praticado entre elas, observadas as seguintes
REPASSES poderá participar, como CEDENTE
DE PREVIDÊNCIA PRIVADA cláusulas:
e COCESSIONÁRIA, de outras CÂMARAS
DE COMPENSAÇÃO DE REPASSES, me-
Mas prevendo que com a constituição num cur- CLÁUSULA 1ª.
diante aprovação de maioria absoluta das
to prazo de um grupo significativo de entidades O sistema de repasses automáticos abran-
CONVENENTES.
com a forma de S.A. o repasse atingiria rapidamen- gerá, obrigatoriamente, todos os benefícios
te um grande volume de operações, foi estudada que, contratados individualmente, junto às CLÁUSULA 2ª.
a elaboração de um convênio “para a realização CONVENENTES, ultrapassem os seus respecti- O sistema definido na Cláusula anterior se ini-
automática de operações de repasse de previdên- vos limites técnicos de retenção. ciará com os benefícios de Pecúlio e de Renda de
cia privada”, cujas linhas principais definidas por Pensão.
Sousa Mendes eram as seguintes: §1º. Caracterizada a hipótese do caput desta cláu-
As entidades abertas e as seguradoras auto- sula 1ª, a CONVENENTE que será denominada Nota: As Cláusulas 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 7ª e 8ª regulam
rizadas a operar planos de previdência privada, CEDENTE naquela operação, se obriga a ceder às a operacionalidade do sistema.

5
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

CLÁUSULA 9ª. NECESSIDADE ATUAL DE UM SISTEMA sido ela inspirada na ERISA, considerada a justo
Por maioria absoluta, as CONVENENTES con- RESSEGURADOR PARA PROTEGER A título como um verdadeiro diploma legislativo, de
tratarão empresa de assessoria técnica de atuária INSTITUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA cunho social, não tivesse sido mais cuidadosa na
e de processamento de dados, para a viabilização instituição de mecanismos de defesa dos interesses
e operacionalização do sistema de repasse aqui Passados os primeiros momentos de euforia dos respectivos participantes, quando era manifes-
conveniado. sobre a confiabilidade do sistema de previdência ta a insuficiência do sistema repressivo instituído
...................................................................... privada instituído pela Lei n° 6.435/77, a debilida- para evitar abusos.
de dos instrumentos nela instituídos para ocorrer às Esta inspiração não significa que o legislador
Deve sublinhar-se o cuidado posto na operacio- situações que poderiam dar-se em prejuízo dos par- brasileiro a copiou mas, simplesmente, que lhe se-
nalidade e na fiscalização do sistema e que constam ticipantes, sobretudo as criadas pela inadimplência guiu a filosofia, a estrutura e a terminologia, e sem
nas Cláusulas 11ª a 18ª. ter a preocupação de a seguir passo a passo, o que
das operadoras, é que começou a ser questionado
o fato do legislador da citada lei, não ter criado um determinou lacunas que prejudicaram o respectivo
mecanismo, se não idêntico, mas com os mesmos desenvolvimento durante cerca de uma década, co-
RAZÃO DA EXPOSIÇÃO DESTE SISTEMA mo foi ocaso, além de um instrumento com os fins
fins da Pension Benefit Guaranty Corporation,
criada pela ERISA - Employee Retirement Income da PBGC, apenas ter considerado os planos atua-
Achei por bem expor este projeto de sistema riais de benefícios.
Security Act, de 1974, que foi uma das responsá-
de repasse de autoria do Dr. João José de Sousa Vale dizer que nos EUA, eram frequentes as
veis pelo retorno da confiabilidade que fez renascer
Mendes, para que, quando chegar o momento de situações de gestões negativas, muitas delas deso-
no trabalhador para os fundos de pensão america-
se interpretar o art. 11, da Lei Complementar n° nestas, prejudicando os participantes dos fundos
nos, que há muito vinham sendo desgastados pelas
109/2001, se ter uma ideia dos caminhos que podem de pensão, o que tendo corroído a confiabilidade
ações menos felizes e menos honestas dos respecti-
ser seguidos, na institucionalização do resseguro que a instituição sempre tinha oferecido ao tra-
vos instituidores ou gestores responsáveis.
nela exposto, pois a respectiva letra é demasiado balhador americano, esta teve de ser recuperada.
(Ver no texto da ERISA, no Title IV  Plan
genérica ou, vista do ângulo expositivo, demasiado Como esta recuperação não podia ser feita nas ba-
Termination Insurance, Subtitle A Pension Benefit
simplificada, para dar uma ideia da forma como o ses tradicionais já que a fiscalização e o controle
Corporation Guaranty, Sections 4201 to 4900;
resseguro será instituído e operacionalizado. exercidos sobre o sistema, antes da promulgação
Subtitle B - Couverage, Sections 4021 to 4023;
Penso que o que expusemos é referência dos ca- da ERISA, se tinham mostrado insuficientes, hou-
Subtitle C - Termination Sections 4.041 to 4048;
minhos que tal instituição poderá seguir. ve que fazer uma verdadeira reforma, já que para
Subtitle D - Liability - Sections 4061 to 4.068. Nota:
O Subtitle E, não interessa para o nosso fim). além das razões conjunturais aceitáveis, se punham
Esta omissão tem de ser citada, quando se elogia de manifesto casos dos benefícios atribuídos aos
a estrutura da Lei n° 6.435/77 que instituiu legal- participantes serem inferiores aos que eles tinham
mente a previdência privada no Brasil, já que tendo direito, casos de participantes já na aposentadoria

6
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

não receberem os benefícios instituídos, casos de objetivando acabar com todas as situações, in- seus instituidores serem, ao tempo da promulgação
inadimplência dos fundos por má gestão e, por fim, clusive recorrendo a ações preventivas para se da Lei n° 6.435/77, empresas públicas ou de eco-
casos de fundos onde os responsáveis, pura e sim- conseguir que os fundos jamais chegassem a pon- nomia mista (o Estado estava por detrás de todas,
plesmente os tinham totalmente delapidado. to de não poderem pagar os benefícios. Mas assim constituindo-se num verdadeiro garantidor natural)
mesmo, suas funções não terminavam aí, dado a o legislador da Lei n° 6.435/77 não tivesse sentido
ERISA o ter investido do poder de recorrer aos tri- a necessidade de considerar nenhum instrumento
O PBGC E O ART. 11, DA LEI bunais, para anular qualquer fundo de pensão que com as funções idênticas às desempenhadas pelo
COMPLEMENTAR N° 109/2001 se apresentasse sem condições técnico-financeiras PBGC, até porque, pela citada estruturação dada
para cumprir suas obrigações, quer por não ter ao sistema de benefícios nela instituídos, parecia
É aqui que se coloca a questão de saber se o observado os padrões mínimos de investimento, que tal instrumento jamais se justificaria.
PBGC poderia ser adaptado para servir aos intentos quer por ter deixado de pagar as rendas devidas. A Mas o número de entidades com a forma de S.A.
do citado art. 11, mesmo não se entendendo como o PBGC, apoiada em decisão judicial, assumia então foram aparecendo determinando níveis de produ-
legislador idealizou a sua operacionalidade, quando as funções de cobrador fiscal, pois tinha o direito e ção já de grande significado e os montepios depois
o caput do artigo, nada diz. Temos para nós que um a obrigação de perseguir o empregador até recupe- do que tinham passado no final de década de 70,
instituto com as mesmas funções do PBGC poderia, rar dele a totalidade do que havia despendido com eram talvez as entidades que mais necessidade ti-
há muito tempo ter sido usado no sistema da previ- o participante assistido. Tratando-se de emprega- nham de resseguro, já que o seu beneficio de maior
dência privada do Brasil. Foi por isso que, para se dor pessoa física, a PBGC podia executar até os venda, onde residia o perigo, era o pecúlio.
ter a possibilidade de auscultar o seu potencial para seus bens pessoais. A esse tempo, na década de 70, de uma forma
prevenir, controlar e administrar, aconselhamos atrás Comprende-se, por isso, a apologia que faço do geral, os responsáveis pelas entidades e as auto-
que fosse lido na ERISA, todo o seu Título IV. PBGC não apenas com uma seguradora em que os ridades entendiam que não eram necessários tais
A constituição do PBGC é visto, por muitos, co- acionistas eram os fundos de pensão que respon- organismos de divisão de riscos As poucas pessoas
mo uma seguradora que foi incrustada na estrutura diam por todos os atos da gestão que prejudicassem com as quais trocamos impressões sobre o assun-
fiscalizadora, sediada no Ministério do Trabalho, os interesses, sendo também um órgão capacitado to, jamais viram a situação de um outro ângulo
a qual, repete-se, mediante o recebimento de um pelas decisões judiciais, para prevenir as situações que não fosse o de que a estrutura empresarial do
prêmio correspondente a 2% da totalidade das desfavoráveis aos participantes. empregador era suficiente para garantir a solvabili-
contribuições vertidas aos planos, respondia por dade do sistema e a satisfação integral dos direitos
todas as situações em que os participantes deixas- dos participantes.
sem de receber os seus benefícios, fosse em que O RESSEGURO DOS PLANOS ABERTOS De resto, esta forma de pensar não era exclusi-
circunstância fosse. va do Brasil pois, quando o legislador chileno do
Em nosso entender, o PBGC foi muito mais No Brasil, talvez pela insipiência da instituição Decreto-Lei n° 3.500 que instituiu o sistema previ-
do que isso, pois foi órgão do controle da gestão, e, no que respeita aos fundos de pensão o fato de denciário de fundos de pensão individuais, também

7
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

não achou conveniente a constituição de uma es- instrumentos operacionais, para através da divisão Certamente que os mecanismos do resseguro
pécie de seguradora para satisfazer os direitos dos dos riscos, dar mais confiabilidade institucional. só serão instalados quando a composição da car-
participantes, no caso de falência das AFP’s. Os exemplos antológicos com que iniciamos este teira de planos mostrar a sua necessidade, pelo
estudo mostram bem o que se espera do resseguro que dar ao instituidor a faculdade de não o ins-
na instituição dos riscos sociais. tituir e substitui-lo por um fundo de solvência,
A NECESSIDADE DE DAR CONFIABILIDADE Foi para obviar a esta situação que achamos por não merece sequer ser comentado. Basta inter-
AO SISTEMA bem descrever os primórdios da ação ressegurado- rogarmo-nos sobre qual será a expressão desse
ra no campo dos riscos sociais, na certeza de que os fundo e os parâmetros a que deverão atender, já
Mas o pensamento institucional ia evoluindo, exemplos que transcrevemos ajudarão a instituir os que a expressão monetária do fundo de solvên-
com conjunturas cada vez mais difíceis, começan- respectivos instrumentos. (Recorrer à descrição do cia é difícil, senão impossível de estabelecer para
do a preocupar a confiabilidade do sistema, o que início do repasse, que neste aspecto vai, certamente, garantir as operações de divisão dos riscos das
levou o legislador da Lei Complementar a consi- ajudar a dar a feição institucional que o art. 11 deseja, entidades fechadas.
derar o dispositivo do resseguro, descrito no seu em termos de nos orientar sobre as formas do ressegu-
art. 11. ro poder servir à instituição da previdência privada).
LEI COMPLEMENTAR N° 126/2007,
Art. 11 - Para assegurar compromissos assumidos ART. 9º, §  ÚNICO
junto aos participantes e assistidos de planos de A DIVISÃO DOS RISCOS NAS
benefícios, as entidades de previdência comple- ENTIDADES FECHADAS A transferência de riscos, dada a evolução que
mentar poderão contratar operações de resseguro, tem tomado o instituto da portabilidade, pode vir
por iniciativa ou por determinação do órgão re- Sempre dentro da visão discutível de que os fun- a tomar uma expressão de certa dimensão, mas
gulador e fiscalizador, observados o regulamento dos de pensão oferecem maior confiabilidade que os não deixará nunca de ser em termos de escolha
do respectivo plano e demais disposições legais e planos abertos, o legislador da Lei Complementar da resseguradora, um problema político. A Lei
regulamentares. n° 109, achou por bem estabelecer, no §único do Complementar n° 126/2007 estabeleceu a obriga-
§único - Fica facultada às entidades fechadas a art. 11, que fica facultada às entidades fechadas a toriedade, nessas operações, de recorrer sempre
garantia referida no caput por meio do fundo de garantia referida no caput por meio de fundo de a resseguradoras nacionais, ao estabelecer no §1º
solvência, a ser instituído na forma da lei. solvência, o que nada trouxe de positivo, pois o do Art. 9º que as operações de resseguro relativas
que quis foi passar a mensagem aos fundos fecha- a seguro de vida por sobrevivência e previdência
Se é certo que tal dispositivo é suscetível de crí- dos, de que poderão deixar de ressegurar, desde complementar são exclusivas de resseguradoras
ticas, a verdade é que não engana ninguém sobre que constituam um fundo de solvência. É daqueles locais. Como não prestei grande atenção a este
o seu objetivo. A sua grande falha é nada orientar dispositivos, tão sem fundamento além do expos- ponto, aconselho aos estudiosos a verem o que a
sobre a forma como as entidades instituirão os seus to, que nos faz duvidar de alguns legisladores. Exposição de Motivos da Lei esclarece.

8
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

órgão fiscalizador de seguros (Superintendência de


O Resseguro e as Seguros Privados - SUSEP) como responsável pela
fiscalização da atividade de resseguro, sem prejuízo
Operadoras de Saúde C om a abertura do mercado brasileiro de das atribuições dos órgãos fiscalizadores das de-
resseguros, novas oportunidades e riscos se apre- mais cedentes.
sentam para o mercado brasileiro de seguros. Isso Nesse sentido, os artigos 2º e 3º da citada Lei:
na medida em que o acesso direto das seguradoras
ao mercado internacional de resseguros implica “Art. 2º A regulação das operações de cossegu-
tanto na possibilidade de incremento técnico de ro, resseguro, retrocessão e sua intermediação será
produtos, como de políticas de gerenciamento de exercida pelo órgão regulador de seguros, confor-
risco e capital mais sofisticadas. me definido em lei, observadas as disposições desta
Contudo, é inevitável que momentos de transição Lei Complementar.
como o que vivemos tragam, junto com as oportu-
nidades de evolução, perplexidades e dúvidas, que (...)
demandam debates e geram controvérsias.
João Marcelo Marco Antonio Um desses pontos sobre os quais não parece ha- §2º A regulação pelo órgão de que trata o ca-
dos Santos Bevilaqua
ver ainda um entendimento pacífico por parte dos put deste artigo não prejudica a atuação dos órgãos
agentes privados e dos órgãos fiscalizadores de se- reguladores das cedentes, no âmbito exclusivo de
guros e da saúde suplementar é a possibilidade de suas atribuições, em especial no que se refere ao
contratação de resseguro por operadoras de saú- controle das operações realizadas. (...)
de1 e quais as regras aplicáveis a essa espécie de
procedimento2. Art. 3º. A fiscalização das operações de cossegu-
Sobre esse tema, tecemos abaixo nossos comen- ro, resseguro, retrocessão e sua intermediação será
tários, concluindo pela possibilidade da contratação exercida pelo órgão fiscalizador de seguros, con-
de resseguro por operadoras de sáude. forme definido em lei, sem prejuízo das atribuições
dos órgãos fiscalizadores das demais cedentes.
Paulo Sogayar Jr. Renato Mandaliti 1. Da Autoridade Responsável pela
Supervisão do Resseguro de Saúde Parágrafo único. Ao órgão fiscalizador de
seguros, no que se refere aos resseguradores, inter-
A Lei Complementar nº 126 de 2007, que mediários e suas respectivas atividades, caberão as
dispõe sobre a política de resseguro, indica o mesmas atribuições que detém para as sociedades

9
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

seguradoras, corretores de seguros e suas respecti- Por outro lado, com a abertura do mercado de Contudo, o CONSU e a ANS permanecem com
vas atividades. resseguros promovida pela Lei Complementar nº a competência para, respectivamente, regular e fis-
Do dispositivo transcrito depreende-se, pri- 126/2007, um novo elemento surgiu no âmbito calizar a atuação das operadoras de saúde. Ou seja,
meiramente, que qualquer atividade caracterizada do mercado segurador brasileiro. Todos os atos no que se refere à atuação dos resseguradores, o
como de cosseguro, resseguro, retrocessão e sua e procedimentos referentes ao contrato de resse- CONSU e a ANS não detêm qualquer competên-
intermediação deve ser fiscalizada pela SUSEP, in- guro e sua intermediação (resseguradores com os cia regulatória ou de fiscalização, mas permanece
dependentemente de as cedentes serem fiscalizadas quais se pode contratar, corretores de resseguro intacta a competência que já tinham antes para
e reguladas por órgãos diferentes. habilitados, requisitos mínimos de contratos de regular e fiscalizar a atividade das entidades de
Dessa forma, sendo a cedente empresa fiscaliza- resseguros, operações de resseguro contratadas e saúde. A questão pode dar margem a dúvidas, mas,
da também pela SUSEP (caso das seguradoras que outros) devem ser regulados pelo CNSP e fiscaliza- atenta à possibilidade de concorrência normativa
não atuam com seguro saúde), a questão não apre- dos pela SUSEP. e de fiscalização setorial, a Lei Complementar nº
senta qualquer complexidade. De fato, o resseguro não se encontra na legis- 126/2007 preocupou-se em afastar essas dúvidas,
A complexidade reside na hipótese de resseguro lação brasileira, a exemplo do que ocorre com o estabelecendo o critério objetivo para delimitar a
contratado por cedente não sujeita à fiscalização seguro, dividido em ramos, ressalvada a previsão competência quanto à atividade normativa e fis-
da SUSEP, como as seguradoras de saúde (por ora de que resseguradores admitidos especializados calizadora em matéria de resseguro. Isso significa
não trataremos da possibilidade de operadoras de em resseguro de vida podem ter um valor de so- que o órgão regulador e fiscalizador em matéria de
saúde contratarem resseguro), fiscalizadas pela mente US$ 1.000.000,00 (um milhão de dólares resseguro são, respectivamente, o CNSP e a SUSEP,
Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS. norte-americanos) na conta vinculada à SUSEP mesmo que a operação de resseguro seja firmada
No caso, embora exista certa indeterminação exigida pela legislação (para os demais, esse valor por empresas seguradoras sujeitas ao CONSU e à
quanto ao ponto em que cessa a competência é de US$ 5.000.000,00 (cinco milhões de dóla- ANS. Esses órgãos podem até editar normas seto-
do Conselho de Saúde Suplementar - CONSU3 e res norte-americanos). Diferentemente, pode-se riais relativas à contratação de resseguro, mas tais
da ANS e se inicia a competência do CNSP e da analogicamente dizer que o resseguro foi tratado normas terão como destinatárias diretas as entida-
SUSEP, é possível traçar uma linha conceitual rela- pela legislação brasileira quase como um ramo do des de saúde, jamais os resseguradores.
tivamente clara. seguro que demanda especialização, a exemplo Exemplo de atuação do CONSU e da ANS, nes-
Com efeito, a Lei Complementar nº 126/2007 do que também ocorre em menor medida com se contexto, seriam a imposição de capital baseado
não teve por objeto ou tratou, mesmo indireta- os seguros de danos e de pessoas. Dessa forma, no risco de créditos dos resseguradores e a vedação
mente, da regulação ou da fiscalização exercidas, considerando-se, para os fins desses comentários, da transferência de determinadas espécies de risco
respectivamente, pelo CONSU e pela ANS. Logo, o resseguro como “seguro de seguradoras”, pode- em operações de resseguro. Ou seja, todas as atri-
qualquer interpretação válida não pode ter como se dizer que sua operação, independentemente de buições do CONSU e da ANS estão mantidas, mas
efeito a redução ou o aumento do poder de regula- quem seja o segurado é, como dito, regulada pelo na medida em que as seguradoras de saúde estejam
ção e fiscalização de tais órgãos. CNSP e pela SUSEP. interessadas na contratação de resseguro, deverão

10
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

interagir com outro mercado, outro regulador e tem a competência, inclusive, para lhes restringir a vez, não fazia qualquer referência expressa à Lei nº
outro órgão fiscalizador, quais sejam, respecti- contratação de resseguro. 9.656/1998 ou às operadoras de saúde e foi revo-
vamente, o mercado de resseguros, o CNSP e a De qualquer modo, a título de informação, no- gada pela Lei Complementar nº 126/2007.
SUSEP. Isso do mesmo modo como ocorrerá, por tamos que nesse momento, não há, por parte da A Lei Complementar nº 126/2007, em seu já
exemplo, se uma operadora realizar uma operação ANS, uma norma específica sobre procedimentos citado artigo 2º também não previu expressamente
financeira (quando deverá interagir com o merca- para contratação de resseguro5 e também não há que a entidade de saúde pode ser uma cedente, mas
do financeiro) ou abrir seu capital (quando deverá qualquer regra específica editada pelo CNSP e/ou não revogou expressamente o disposto no artigo
se submeter às regras editadas pela Comissão de SUSEP para a oferta e contratação de resseguro por 35-M da Lei 9.656/1998, que permite a contrata-
Valores Mobiliários - CVM). seguradoras de saúde (regras essas que, ressalte-se, ção de resseguro por parte da entidade de saúde.
Assim, nada impede que o CONSU e/ou a não são necessárias para que a Lei Complementar Caso análogo, aliás, ocorre com as entidades de
ANS, dentro de suas competências, editem normas nº 126/2007 tenha eficácia plena) . previdência complementar, as quais podem, pelo
prevendo restrições e procedimentos e impactos disposto no artigo 11 da Lei complementar nº 109
específicos dessas operações no âmbito das em- de 20016, contratar resseguro, mas não foram incluí­
presas que regulam e fiscalizam. Contudo, essas 2. Da Possibilidade de Oferta de Resseguro das pela Lei Complementar nº 126/2007 entre as
normas jamais poderão ter como destinatárias as para Operadoras de Saúde pessoas passíveis de cederem riscos em resseguro.
próprias resseguradoras, suas estruturas e os seus Nesse último caso, conforme notícia publica-
procedimentos internos, já que as resseguradoras 2.1. Das Disposições Legais Aplicáveis da, o Sr. Ricardo Pena, Secretário da Secretaria
não estão entre as empresas fiscalizadas e reguladas de Previdência Complementar (SPC), afirmou
pelo CONSU e ANS. A Lei 9.656/1998 prevê em seu artigo 35-M, que é necessário verificar se há conflito entre a
O que se tem notado, de um lado, é a possibilida- abaixo citado, que operadoras de saúde, de forma Lei Complementar nº 109 (que versa sobre pre-
de de certas disputas relativamente à definição exata geral e sem qualquer exceção, podem contratar vidência complementar) e a Lei Complementar nº
dos limites de competência de cada órgão e, de ou- resseguro: 126/2007 (que versa sobre resseguro)7.
tro lado, uma grande disposição tanto da ANS como
da SUSEP para a busca do consenso4, o que deverá Art. 35-M. As operadoras de produtos de que 2.2. Da Interpretação da Lei Complementar
tornar mais tranqüila a evolução do tema. tratam o inciso I e o §1º do art. 1º desta Lei poderão nº 126/2007
Pelo exposto, a SUSEP é a entidade responsável celebrar contratos de resseguro junto às empresas
por fiscalizar a oferta e as operações envolvendo devidamente autorizadas a operar em atividade, Há quem entenda que o fato de a Lei
resseguro, inclusive aquele contratado, por exem- conforme estabelecido na Lei nº 9.932, de 20 de Complementar nº 126/2007 não indicar expressa-
plo, por seguradoras de saúde. dezembro de 1999, e regulamentações posteriores. mente a possibilidade de as operadoras de saúde e
As operadoras de saúde, por sua vez, estão su- Entretanto, como se vê, a Lei nº 9.656/1998 entidades fechadas de previdência complementar
jeitas à regulação e à fiscalização da ANS, a qual faz referência à Lei nº 9.932/1999. Esta, por sua contratarem resseguro traduz um silêncio eloqüente,

11
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

ou seja, que o legislador pretendeu efetivamente que Complementar nº 126/2007, qual seja, o CONSU. aplicável, os critérios hierárquico, cronológico e da
essas entidades não pudessem contratar resseguros. Na medida em que a própria Lei Complementar especialidade.
Assim, o artigo 35-M da Lei 9.656/1998 teria sido nº 126/2007 prevê a existência de “outros ór- Pelo critério hierárquico, não há solução pa-
tacitamente revogado (bem como o artigo 11 da Lei gãos reguladores”, no plural, esses outros órgãos ra o caso presente. Isso porque, nada obstante
Complementar nº 109/2001). necessariamente estarão regulando empresas não serem objeto do debate uma lei complementar e
Analisando os termos do citado artigo 2º da seguradoras, como entidades de previdência com- uma lei ordinária, o Supremo Tribunal Federal já
Lei Complementar nº 126/2007, fica evidente que plementar, presumindo-se inválida a interpretação se manifestou repetidas vezes no sentido que não
o legislador mencionou expressamente a possibi- restritiva antes mencionada e válidas as normas es- existe hierarquia entre essas espécies normativas,
lidade de haver cedentes submetidas a diferentes pecíficas que prevêem a atuação de cedentes “não mas tão-somente matérias que são reservadas à lei
órgãos reguladores. Nesse sentido, embora a defi- seguradoras”, inclusive operadoras de saúde. complementar. No caso, não se tratando de maté-
nição de cedentes seja restritiva, parece haver certa Além disso, ao silêncio da definição de ceden- ria reservada à lei complementar, uma lei ordinária
abertura para contemplar situações específicas de tes relativamente a possíveis exceções à regra, pode perfeitamente tratar do tema8.
cedentes “não seguradoras” e que não forem ex- pode-se contrapor o silêncio do legislador rela- Já pelo critério cronológico, a Lei Comple­mentar
pressamente mencionadas pela Lei Complementar tivamente à revogação do referido artigo 35-M, nº 126/2007, sendo posterior, teria revogado o ar-
nº 126/2007 (como seria a hipótese regulada pelo que poderia perfeitamente ter sido expressa, o tigo 35-M da Lei nº 9.656/1998.
artigo 35-M da Lei nº 9.656/1998 e pelo artigo 11 que não ocorreu. Contudo, pelo critério da especialidade, enquan-
da Lei Complementar nº 109/2001). Isso porque to a Lei Complementar nº 126/2007 é geral no que
há somente um tipo de seguradora fora do âmbito 2.3. Do Suposto Conflito de Leis em Face da se refere às operações de resseguro, o artigo 35-M
de atuação do CNSP e da SUSEP - as seguradoras Possibilidade de Interpretação Restritiva da da Lei nº 9.656/1998 é regra especial tanto em rela-
de saúde. Logo, ressalvado o fato de tratar-se de Lei Complementar nº 126/2007 ção ao resseguro como em relação às operadoras de
norma geral que pode estar no plural ainda que saúde e, portanto, teria a sua vigência mantida.
atinja em determinado momento apenas uma situ- Por outro lado, supondo, para fins de argu- Assim pode-se classificar essa suposta antino-
ação, a Lei Complementar poderia ter mencionado mentação, ser a interpretação restritiva a mais mia como de segundo grau, qual seja, aquela que
somente um outro órgão regulador, no singular, correta, ou seja, supondo que efetivamente a mesmo os diferentes critérios para solução da anti-
ou, especificamente, o CONSU, o que não fez. Lei Complementar nº 126/2007 pretendeu defi- nomia entre as normas analisadas levam a soluções
Em outras palavras, se a definição de cedentes nir cedentes de modo a restringir essa condição diferentes e incompatíveis.
fosse restritiva, somente seguradoras (fiscalizadas exclusivamente a seguradoras, o que se nota é a Resta então a interpretação sistemática e teleo-
pela SUSEP e pela ANS) poderiam ser cedentes, existência de conflito ou antinomia (ainda que apa- lógica do ordenamento jurídico e das normas em
e não operadoras de saúde. Contudo, fosse isso rente) entre o que dispõem a Lei Complementar discussão, para identificar, em face de princípios e
verdade, somente existiria um outro órgão regu- nº 126/2007 e a Lei nº 9.656/1998. Nessa situ- normas constitucionais, de hierarquia superior, a
lador, além do CNSP, a ser contemplado na Lei ação, pode-se utilizar, para identificação da regra regra a ser considerada como válida.

12
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Nesse contexto, primeiramente, cumpre definir como, em face de uma interpretação mais restriti- seguradora, inclusive especializada em saúde (Lei nº
se, do ponto de vista técnico, é adequado permitir va dessa Lei, e do conseqüente conflito com a Lei 10.185/2001), contratasse resseguro.
que operadoras de saúde contratassem resseguro, nº 9.656/1998, entendemos que, nada obstante 3 Importante mencionar que na prática, atualmente as
questão que foge à análise simplesmente jurídica a grande controvérsia sobre o tema, deve-se con- normas infralegais na área de saúde suplementar têm
mas que certamente será objeto de avaliação por siderar possível a contratação de resseguro por sido editadas pela ANS. De qualquer modo, cabe ao
CONSU, conforme artigo 35 - A da Lei 9656/98:
parte da ANS. De qualquer modo, essa espécie de operadoras de saúde.
I - estabelecer e supervisionar a execução de políticas
resseguro já é praticada em mercados até mais de- Contudo, dados os aspectos estritamente técni- e diretrizes gerais do setor de saúde suplementar;
senvolvidos, como os EUA. cos da questão e da possibilidade de regulação por II - aprovar o contrato de gestão da ANS;
Além disso, a Constituição Brasileira prevê em parte da ANS e do CNSP, parece claro que a análise III - supervisionar e acompanhar as ações e o funcio-
seu artigo 5º, inciso II, que “ninguém será obriga- do tema ainda será objeto de debates e discussões, namento da ANS;
do a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão para o que pretendemos seja esse estudo uma mo- IV - fixar diretrizes gerais (especificadas no inciso
IV do artigo acima) para implementação no setor de
em virtude de lei” e em seu artigo 170 que a or- desta colaboração.
saúde suplementar;
dem econômica funda-se, entre outros princípios, V - deliberar sobre a criação de câmaras técnicas,
na livre iniciativa. Ou seja, prevalece a liberdade de caráter consultivo, de forma a subsidiar suas
econômica, a não ser que a lei disponha em contrá- decisões.
rio ou que o ordenamento assim indique. 4 “Susep e ANS aprovarão normas para resseguro
Por sua vez, no caso, ainda que sejam passíveis Os subscritores deste artigo são sócios da área de saúde
de dúvidas as interpretações acima expostas, não seguro, resseguro e previdência complementar do A regulamentação da cobertura do resseguro para
Escritório Demarest & Almeida Advogados. seguros e planos de saúde deve ser feita de forma
se discute a inexistência de uma vedação expressa à
contratação de resseguro por operadoras de saúde. 1 As operadoras classificam-se em: administradora, conjunta pela Susep e a ANS, Agência Nacional de
cooperativa médica, cooperativa odontológica, au- Saúde Suplementar.
Dessa forma, ainda que se suponha exis-
togestão, medicina de grupo, odontologia de grupo O anúncio foi feito pela Susep, que participou,
tir um efetivo conflito entre o que dispõe a Lei nesta quarta feira, do seminário internacional so-
e filantrópica (RDC nº 39/2000, alterada pela RN
Complementar nº 126/2007 e a Lei nº 9.656/1998, 40/2003). As autogestões são reguladas pela RN bre Resseguro Saúde, que a Escola Nacional de
a solução desse conflito seria a interpretação de que 137/2006, alterada pela RN 148/2007. No final de Seguros - Funenseg e a Federação Nacional de
o artigo 35-M desta última permanece válido. 2008, foi, ainda, colocada pela ANS, em audiência Saúde Suplementar (Fenasaúde) promoveram, no
pública, norma modificadora do conceito de opera- Rio de Janeiro. A Fenasaúde também deve ter par-
dora administradora. ticipação ativa nesse processo, representando o
setor privado.
2.4. Conclusão 2 Sobre a contratação de resseguro por seguradoras de
A Susep destacou que a “harmonia entre as en-
saúde, a Lei Complementar nº 126/2007, ao definir
tidades reguladoras” é uma tendência natural.
Em suma, tanto pela interpretação mais ade- a cedente como “a sociedade seguradora que con-
Ele lembrou que, no início da semana, partici-
trata operação de resseguro” permitiu que qualquer
quada e ampla da Lei Complementar nº 126/2007 pou de encontro com dirigentes da Secretaria de

13
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Previdência Complementar (SPC) para discutir Parágrafo único. Fica facultada às entidades fecha- secretário de Previdência Complementar, Ricardo
questões relacionadas ao setor. No que se refere ao das a garantia referida no caput por meio de fundo Pinheiro, que já recebeu, inclusive, o parecer jurídi-
ramo saúde, disse que um dos primeiros passos foi de solvência, a ser instituído na forma da lei. co da Susep sobre o assunto. Ele não quis antecipar
visita recente feita por toda a diretoria da Susep aos qual é o posicionamento da Susep, mas afirmou que
7 Rio de Janeiro - A Secretaria de Previdência
dirigentes da ANS: “fomos muito bem recebidos. a medida poderá ampliar muito o mercado de resse-
Complementar (SPC) do Ministério da Previdência
Entendemos que a sinergia é fundamental para que guro no Brasil. O assunto ainda está sendo discutido
Social deverá colocar em audiência pública pro-
o processo de aprovação das normas que irão reger internamente pela Susep e pela secretaria.
posta de equiparação das entidades de previdência
o resseguro no ramo saúde possa caminhar bem”, De acordo com Vergílio, o Conselho Nacional de
privada fechada às seguradoras. Com isso, essas
acrescentou. Seguros Privados (CNSP), regulador desse merca-
entidades poderiam buscar o resseguro diretamen-
Segundo a Susep, em apenas um mês de vigência da do, é que decidirá se “essas entidades fechadas de
te junto às companhias do setor ressegurador, sem
nova regulamentação do resseguro (que será com- previdência, esses fundos, podem ser equipara-
passar pelas empresas de seguro. O resseguro é con-
pletado neste sábado, dia 17), sete resseguradoras e dos”. Vergílio lembrou que quem regula seguro e
siderado, de maneira geral, “o seguro do seguro”.
16 corretoras de resseguros receberam autorização resseguro é o CNSP. “A Secretaria de Previdência
A inclusão das operadoras de planos de saúde não
para atuar no País: “até o final do ano, teremos até Complementar é membro do conselho e, como
foi prevista na Lei Complementar nº 126, de janei-
20 resseguradoras atuando no país. Além disso, o membro, poderá propor qualquer análise nesse
ro de 2007, que definiu a abertura do monopólio
mercado brasileiro deverá contar com, pelo menos, sentido.”
do resseguro no país, explicou hoje (1º) o titular
trinta corretoras”, previu.” (Notícia do dia 01/07/08, retirada no dia 14/07/08 às
da Superintendência de Seguros Privados (Susep),
(Notícia do dia 18/05/08, retirada no dia 14/07/08 às 19:20, do site www.agenciabrasil.gov.br)
Armando Vergílio, durante encontro na Câmara de
19:00, do site www.segs.com.br)
Comércio Americana do Rio de Janeiro. 8 Esse é o entendimento que foi pacificado no E.
5 Dentre as normas existentes da ANS, a RN 14/2002, Vinculada ao Ministério da Fazenda e responsável Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julga-
que trata da margem de solvência das seguradoras pela fiscalização do mercado de seguros privados, mento, pelo Tribunal Pleno, da ADC nº 1/DF, cujo
especializadas em saúde, apenas menciona que os capitalização e resseguro, a Susep recebeu o pleito Relator foi Ministro Moreira Alves, em 01/12/1993,
valores da margem de solvência “incluem os prê- das operadoras de planos de saúde da Secretaria de o qual aliás, foi recentemente confirmado no
mios e sinistros das operações de retrocessão sendo Previdência Complementar. Recurso Extraordinário 419629/DF, relator Ministro
líquidos de resseguro e cosseguro cedidos, anula- Segundo Vergílio, a questão requer uma análise ju- Sepúlveda Pertence (julgamento em 23/05/2006,
ções, restituições, cancelamentos e ressarcimentos” rídica tanto da Lei Complementar 126 quanto da Lei Primeira Turma, publicação DJ 30-06-2006 PP-
- artigo 3º, parágrafo 1º. 109, de 2001, que dispõe sobre a previdência com- 00016). Na realidade, entender diferente seria tornar
plementar. Ele disse que os especialistas divergem possível que o legislador complementar ampliasse
6 Art. 11. Para assegurar compromissos assumidos
na análise das duas leis. Para alguns, as leis não se sua competência constitucionalmente definida, o
junto aos participantes e assistidos de planos de
contrapõem nessa matéria, o que tornaria possível que não faria qualquer sentido.
benefícios, as entidades de previdência comple-
a equiparação. Outros, entretanto, acham que é
mentar poderão contratar operações de resseguro,
preciso alterar a Lei 126 para que haja equiparação
por iniciativa própria ou por determinação do órgão
das entidades às cedentes, de modo a facilitar-lhes a
regulador e fiscalizador, observados o regulamento
busca direta do instituto do resseguro.
do respectivo plano e demais disposições legais e
Vergílio informou que tem conversado com o
regulamentares.

14
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Complementar n° 109, há que salientar, ainda, que


ela é fortemente orientada no sentido da ação do
O Resseguro e as Estado estar voltada para proteger os interesses dos
A Lei Complementar n° 109 de 2001 intro- participantes, reforçando a função orientadora do
Entidades de Previdência duziu novas figuras na legislação de previdência
complementar, de modo a permitir as condições
Estado, seja através da ação do órgão normativo
ou do órgão fiscalizador.
Complementar necessárias à disseminação de novas entidades de
previdência complementar no Brasil. Era necessário
Servi-me desse preâmbulo para contextualizar
a importância que o Estado deu à nova legisla-
promover novas mudanças no quadro regulatório, ção para o setor de previdência complementar e
visto que a Lei n° 6.435/77 já não atendia a reali- compartilhar com os leitores a respeito de uma
dade das entidades sob diversas perspectivas. Uma discussão travada, recentemente com alguns co-
das principais motivações da Lei complementar legas de profissão, dentre eles; representantes de
foi alinhar a realidade sócio-econômica do país às Seguradoras, Resseguradoras e consultores, sobre
Entidades de Previdência Complementar - EPC. a questão envolvendo as operações de resseguro
O processo de globalização produziu profundas entre EPC’s e Resseguradores de forma direta, ou
mudanças nas relações do ambiente de trabalho, seja, sem haver necessidade do processo passar por
impactando de forma sistemática as Entidades. Por uma Seguradora.
outro lado, a Lei n° 6.435/77, não dispunha dos Um fato que chamou minha atenção foi a forma,
instrumentos necessários para acompanhar tais veemente, com a qual, alguns colegas de mercado
mudanças no ritmo que ocorreram. se posicionaram quanto ao tema. Penso que de-
Um dos principais méritos da nova legislação fender a posição de que as operações de resseguro
Marco Pontes foi a criação de novos institutos, dentre eles, des- deve necessariamente passar por uma seguradora é
tacamos; a portabilidade, o benefício proporcional precipitada no atual contexto em que se encontra
Atuário, com formação em Estatística e MBA em
Administração e Liderança pela AMANA-KEY. adquirido - BPD e a possibilidade das EPC’s, por o mercado.
Diretor-executivo da Ernst & Young e membro da meio do artigo 11, contratar operação de ressegu- Afinal, qual o sentido do resseguro? Resseguro
Academia Nacional de Seguros e Previdência – ANSP ro no mercado. Indo além, conforme previsto no é o caminho de transferência ou cessão de riscos
parágrafo único deste artigo, quando se tratar de financeiros e atuariais entre entidades que adminis-
Entidade Fechada de Previdência Complementar - tram riscos relativos a seguro de bens (propriedades,
EFPC, a possibilidade de ser instituído um fundo carros, etc..) e/ou aqueles associados à vida (mor-
de solvência, ainda, dependente de regulamenta- te, invalidez, longevidade, etc..) de uma entidade
ção. No que tange aos princípios gerais da Lei administradora de risco para outra, no caso, o

15
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Ressegurador. Tradicionalmente, uma transação de de risco, praticamente deixaram de existir. Mesmo não exploraram essa oportunidade na época em
resseguro é definida entre duas administradoras de nas coberturas de risco por morte ou invalidez, que os planos de benefícios definidos predomina-
risco, onde o Segurador vende parte do risco assu- prevalece como benefício o recebimento do saldo vam, por que fariam agora? Por causa da entrada
mido para um Ressegurador. De forma primária, do fundo financeiro acumulado ou de uma renda das Resseguradoras? De fato não sei, mas a falta
o Segurador e Ressegurador podem, a partir dessa temporária, resultante do que o fundo foi capaz de de interesse e da oferta de produtos compatíveis
relação estabelecida, contratualmente, dividir os produzir até a ocorrência do evento gerador morte com essa finalidade é resultante do fato de que
ganhos e perdas de uma determinada operação. ou invalidez. Entendo que isso é um equívoco por em sua grande maioria, escapam raras exceções,
Em suma, o objetivo principal do resseguro é parte do Segurador, visto que o mercado tem condi- as Seguradoras, procuraram fugir do risco o que
reduzir os passivos que as EPC possuem. Sob essa ções de oferecer coberturas mais sofisticadas e com é um paradoxo, visto que a matéria prima das
perspectiva, penso que no momento atual é uma sentido de proteção mais apropriado do que aqueles Seguradoras é na sua essência o risco.
discussão inócua, em vista da situação de mercado. que hoje predominam no mercado. De que forma Diante disso, penso que sendo uma EPC, uma
Baseio minha afirmação no fato de que as EPC’s um indivíduo ou seus dependentes podem ficar administradora de risco, qual seria o impedimen-
nos últimos anos têm procurado fugir dos passivos protegidos, se o evento gerador ocorrer de forma to de contratar diretamente o resseguro junto a
atuariais. Seja pela reforma que implementaram no prematura? Não há produto disponível para atender uma Resseguradora? O fato das EPC’s não estarem
desenho de seus planos ou pela falta de padroni- essa demanda. A situação torna-se mais dramática, definidas como Seguradoras? Acredito que essa
zação dos planos de benefícios. No decorrer das especialmente sob o contexto do atual cenário de resposta não justifica a defesa veemente de que a
últimas décadas as EFPC’s mudaram drasticamen- crise que afetou fortemente a rentabilidade dos pla- operação de resseguro deve ser intermediada por
te os desenhos de seus planos de benefício definido nos de contribuições definidas. As Seguradoras e uma Entidade Seguradora, pois de fato uma EPC
para contribuição definida pura. Esse processo teve o Estado deveriam dar mais atenção a esse assun- possui o mesmo propósito que uma Seguradora de
início há uma década atrás. O mesmo ocorreu com to – não é ao meu juízo justo que os participantes Vida. A única diferença é que seu foco é restrito
as Entidades Abertas de Previdência Complementar arquem, integralmente com esse risco. Acredito que a um determinado grupo de pessoas ou emprega-
– EAPC. Em ambos os casos, entendo não haver o as Seguradoras podem ser mais criativas na oferta dos, mas o risco de sobrevivência, que é um de seus
que ressegurar, visto que os modelos de planos de desses produtos. É um desafio que terão à frente nos focos permanente de preocupação é o mesmo de
benefícios passaram a ser, basicamente financeiros. próximos anos, caso contrário, inevitavelmente as uma Seguradora de Vida.
O risco deixou de ser das EPC’s em ambas verten- Resseguradoras ocuparão esse espaço. Da mesma forma é alvo de preocupação, o risco
tes Abertas ou Fechadas e passaram a ser assumidos, O que resta então para ressegurar? Uma parcela de obtenção de taxas de retorno no médio e longo
diretamente pelos participantes dos Planos, tanto na ínfima dos planos de benefícios definidos existen- prazo de modo a manter os compromissos assumi-
fase de capitalização, quanto na fase de percepção tes no mercado. Em uma primeira instância, as dos com seus segurados, no caso, os participantes
da renda que passou a ser temporária. O risco da seguradoras seriam, em tese, os principais inte- da Entidade.
longevidade e da taxa de rentabilidade que são os ressados em explorar essa brecha, desenvolvendo Muito mais pela falta de ousadia do mercado
principais componentes para formação de passivos produtos mais atraentes para as EPC’s. Contudo Segurador, penso que aqui existe um campo fértil

16
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

para os Resseguradores atuarem, pois, em tese, taxas de rentabilidade no médio e longo prazo,
possuem uma política de subscrição de riscos mais visto que as taxas de rentabilidade serão fortemen-
ousada e a experiência internacional as credenciam te reduzidas no longo prazo. O principal desafio
a oferecer produtos mais atrativos para o mercado. aqui é estabelecer a medida técnica de co-partici-
Partindo da definição do que é uma operação de pação nos déficits técnicos entre Segurador e/ou
resseguro, elas podem vir a ser de fato uma alter- Ressegurador junto às EPC’s.
nativa para as EPC’s, muito mais por falta de ação Quanto à viabilidade do fundo de solvência,
das Seguradoras do que um impedimento legal penso ser o caminho mais penoso, pois ele só seria
que acredito não existir, atualmente na legislação viável com fortes subsídios do Estado nos moldes
brasileira. do crédito imobiliário, em que o Estado tem uma
Acredito que seja uma questão de tempo, a importância vital. Um fundo privado, consideran-
comercialização de soluções para proteção ou mi- do que não há maturidade do mercado, nem escala
nimização dos passivos associados aos planos de parece ser inviável no momento.
benefícios definidos de EPC’s. Caso os Seguradores Os instrumentos legais para viabilizar a ope-
não tomem a iniciativa, os Resseguradores o farão. ração de resseguro entre EPC’s e Resseguradores
É importante ressaltar que um dos propósitos são uma realidade. A operação está ampara-
para promover a abertura do mercado de resseguro da pela Lei Complementar n° 109/2001 e a Lei
à iniciativa privada foi aumentar a competitivida- Complementar n° 126/2007. O fato desse tipo de
de no mercado de modo que a sociedade pudesse operação estar restrita aos Resseguradores Locais
dispor de mais opções para sua proteção. Para o que poderia ser visto como uma vantagem com-
consumidor pouco importa, se o produto é ofe- petitiva é perfeitamente compreensível. Apesar
recido por uma Seguradora ou Resseguradora, é dos esforços de investimento feito por aqueles
indiferente. O que importa para ele é que o produ- Resseguradores que se instalaram sob a forma de
to esteja disponível e seja acessível no mercado. A admitidos ou eventuais foi uma forma do regula-
utilização dos superávits dos planos de benefícios dor diferenciar aquelas que se constituíram como
definidos, por exemplo, poderia viabilizar a compra local, em vista de demonstrarem de forma inequí-
de produtos que tenham a finalidade de proteger voca mais confiança no mercado brasileiro e de
os riscos de longevidade das rendas vitalícias e das evitar a evasão fiscal.

17
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Podemos inferir que a cobertura das modalida-


des de riscos envolvendo seguro de danos e seguro
O Resseguro e sobre a vida humana passariam a ser objeto de ope-
rações de resseguros.
a Previdência As coberturas dos riscos seguráveis, inicial- Para a utilização do Resseguro são indispensá-
mente, eram feitas pelas Cooperativas. Mais tarde veis três condições básicas:
Complementar evoluíram para as Sociedades Anônimas e para as
Mútuas.
a) A adoção do mutualismo na cobertura dos
riscos;
Na era do surgimento das Indústrias, os riscos, b) O risco segurável e;
além de variados, começaram a atingir valores vul- c) Que o valor do objeto de seguro ultrapas-
tosos. Se continuassem nessa direção, os capitais se o valor da retenção da Seguradora.
das referidas sociedades anônimas precisariam ser Os estudiosos da matéria afirmam que somente
incomensuráveis. há dois grandes grupos de riscos objeto de cober-
Nessa ocasião surgiu a necessidade de as tura por Planos de Seguros:
Seguradoras serem menores e transferir parte dos a) Seguros cobrindo o risco patrimonial
riscos assumidos para com outras entidades. Surgiu (a legislação brasileira menciona seguros
o instituto do Resseguro. de Danos) e;
Podemos aquilatar o enorme dispêndio de re- b) Seguros cobrindo o risco envolvendo a vi-
curso que as Seguradoras teriam que assumir se da humana.
um grande transatlântico, um concorde, uma pla- Sabemos que o objeto do seguro é ressarcir as
taforma submarina de petróleo fossem objeto de perdas decorrentes de riscos ocorridos – sinistros
Wilson Vilanova
seguros e sofressem perda total. − na linguagem de seguros.
Atuário, professor
Se não houvesse limite de retenção, as A vida humana não pode ser avaliada em moe­
e sócio diretor do Escritório
Técnico de Consultoria Seguradoras provavelmente iriam à falência ou so- da corrente e por isso o valor segurado depende
Atuarial S/C Ltda. freriam grande desequilíbrio em suas finanças. apenas da posse do segurado em pagar o respectivo
etca@uol.com.br Como sabemos, os primeiros riscos que foram prêmio.
objeto de seguros eram o marítimo e o de incêndio. Nos planos comercializados por empresas de
O seguro, cobrindo os riscos envolvendo a vida hu- Previdência Complementar a técnica consiste
mana somente surgiu muitos anos depois, visto que basicamente na seguinte operação: o segurado con-
dependeriam de Tábua de Mortalidade, somente tribui pagando mensalmente o valor do prêmio ou
criada após 1893. contribuição durante todo o prazo de diferimento.

18
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Poderá, também, efetuar aportes, objetivando au- de sua contribuição e a do patrocinador, no um lucro, mas, tão somente um ressarcimento de
mentar o valor do benefício. caso de perda parcial ou total da remunera- prejuízos sofridos.
Em ambas as situações, entretanto, quando a ção recebida, para assegurar a percepção dos 5º - Possibilitar, estatisticamente, basear-se em
Seguradora determina o valor do benefício, ela já benefícios nos níveis correspondentes àque- experiência passada, para deduzir leis que permi-
possui o seu valor atual aleatório. la remuneração ou em outros definidos em tam prever em casos futuros da mesma natureza,
Daí se conclui que nesta modalidade de risco normas regulamentares.” iguais situações, desde que persistam as mesmas
não há necessidade da utilização da operação de Teceremos algumas considerações de ordem condições e circunstâncias.
Resseguro, visto que não se pode supor oscilação técnica, antes de analisar o texto do artigo 9º da 6º - Deve existir independência na realização
do dispêndio a realizar. Lei Complementar nº 126/2007. dos acontecimentos e essa realização deve ocasio-
Essa digressão se fez necessária para comen- Os institutos de Resseguro e de Retrocessão sur- nar necessidade econômica, jurídica e efetivamente
tar o Art. 14 da Lei Complementar nº 109, de giram em decorrência de riscos vultosos assumidos ressarcível.
29.05.2001 e o Art. 9º, da Lei Complementar nº pelas Seguradoras. É essencial, na sua contratação, a O §1º do artigo 9º, da Lei Complementar
126, de 15.01.2007. possibilidade de o risco segurável vir a transformar- nº 126, diz textualmente:
O artigo 14 dispõe: se em sinistro. “As operações de resseguro relativas a seguro
“Art. 14. Os planos de benefícios deverão Para que entendamos bem a matéria, apresen- de vida por sobrevivência e a previdência comple-
prever os seguintes institutos, observadas as tamos a definição de risco segurável. (Ver página mentar são exclusivas de resseguradoras locais”.
normas estabelecidas pelo órgão regulador e 16 e seguinte do livro “Matemática Atuarial” da Nos Planos de Seguro Sobrevivência a prêmio
fiscalizador: Editora Pioneira, de minha autoria). único ou a prêmio periódico (nivelado) o valor da
I - benefício proporcional diferido, em razão da Risco Segurável: é todo acontecimento futuro e Reserva Matemática é igual ao valor atual aleatório
cessação do vínculo empregatício com o pa- incerto, que independe da vontade humana e que dos benefícios, sendo portanto, o capital em risco
trocinador ou associativo com o instituidor não obedece a nenhuma lei conhecida. igual a zero.
antes da aquisição do direito ao benefício O risco segurável encerra as seguintes carac­ Não há, por conseguinte, o que ressegurar!
pleno, a ser concedido quando cumpridos os terísticas: Donde se conclui que o citado artigo é inócuo,
requisitos de elegibilidade; 1º - Afetar por igual a todos os componentes do não aplicável.
II - portabilidade do direito acumulado pelo grupo, podendo atingir a alguns, mas não a todos, Para corroborar nossa assertiva, iremos recorrer
participante para outro plano; simultaneamente. a subsídios muito expressivos.
III - resgate da totalidade das contribuições verti- 2º - Existir homogeneidade dos componentes Na década de 40 havia o monopólio do
das ao plano pelo participante, descontadas do grupo, que deve ser o mais numeroso possível. Instituto de Resseguros do Brasil, época em que
as parcelas do custeio administrativo, na for- 3º - Sua realização deve ocasionar uma necessi- tínhamos no País a Carteira de Vida Individual
ma regulamentada; e dade econômica. Clássico, quando o resseguro era calculado com
IV - faculdade de o participante manter o valor 4º - O benefício do seguro não deve constituir todo o rigor.

19
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Nessa ocasião o IRB, sigla pela qual o Instituto


era conhecido, o Resseguro era calculado com
muita propriedade.
Nosso País tem predominância de jovens em sua
população; à época havia muito adulto que adqui-
ria o plano conhecido por Dotal Misto. Constituia
na cobertura de morte, associada à sobrevivência.
Haveria toda uma sistemática que deveria ser fiel-
mente obedecida para que o IRB assumisse o risco
de morte.
A apólice, que fosse mantida em vigor durante
todo o prazo do contrato, seu resseguro conti-
nuaria contemplando o capital em risco somente
cobrindo o risco de morte. Da cobertura de sobre-
vivência, não se tomava conhecimento.
Diferente seria a situação se os planos de Renda
de Pensão e de Aposentadoria decorrentes de in-
validez do segurado, desde que seus custos fossem
avaliados através do sistema financeiro de capi-
talização clássico, na modalidade de Benefícios
Definidos.
Para tanto, bastaria inserir parágrafo único ao
artigo 9º da Lei Complementar nº 126, quando a
impropriedade seria contornada.

20
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Art. 21, §1º


“O Instituto, como retrocedente, distribuirá, de
O Resseguro preferência pelas sociedades em funcionamento no
A matéria em tela vem suscitando algumas país, levando em conta os negócios delas recebidos,
e a Previdência questões, sendo necessário conhecer seus antece-
dentes, para elaboração de uma melhor análise.
as responsabilidades excedentes de seus limites, co-
locando no estrangeiro a parte que não encontrar
Complementar No caso, não se poderia deixar de retroagir à
época de criação do IRB, com base no artigo 180
cobertura no país.”

da Constituição Federal, pelo Decreto-lei nº 1.186, Art. 24


de 03.04.1939. “As comissões e somas devidas pelas operações
O artigo 3º deste diploma legal determinava ser de resseguro serão fixadas, de comum acordo, entre
objeto do IRB regular os resseguros no país e de- o Instituto e as sociedades segura­doras ............ .”
senvolver as operações de seguro em geral.
O Capítulo V, artigos 20 a 26, especificava as Art. 30
operações do IRB, determinando, entre outros “As sociedades seguradas que, contrariando
pontos: dispositivo legal ou regulamentar, tomarem parte
em qualquer operação de resseguro realizado com
Art. 20, “caput” estabelecimento que não seja o Instituto, ficarão
“As sociedades seguradoras são obrigadas a res- sujeitas à cassação da autorização para funcionar,
segurar no Instituto as responsabilidades excedentes independentemente da nulidade da operação.”
da sua retenção própria em cada risco isolado.”;
A leitura dessas disposições, e de outras contidas
Art. 21 no referido Decreto-lei, permite inferir devessem as
“O Instituto poderá: operações do IRB, relacionadas com o seu objeto,
ter como contraparte no mercado interno, socieda-
a) receber, além dos resseguros obrigató- des seguradoras e, no mercado externo, sociedades
rios determinados no artigo anterior, seguradoras e resseguradoras, exclusivamente.
resseguros facultativos do país ou do Posteriormente, através do Decreto-lei nº 73,
estrangeiro; de 21.11.1966, o sistema de cosseguro, ressegu-
b) reter, como ressegurador, parte dos ro e retrocessão foi colocado sob o guarda-chuva
riscos.”; de nova legislação, integrando-se às operações de

21
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

seguros privados (Art. 4º), e o IRB foi inserido no Adicionalmente, a referida estrutura legal, com dência complementar) reuniam condições para ceder
âmbito do Sistema Nacional de Seguros Privados relação às operações do IRB (Arts. 56 a 69) e das e serem retrocessionárias de riscos assumidos em
(Art. 8º, alínea “c”), juntamente com as entidades Sociedades Seguradoras (Arts.79 a 82), permite planos de benefícios de previdência complementar,
autorizadas a operar em seguros privados (Art. 8º, concluir que o instituto, no âmbito de sua finali- condição não assegurada, como já dito, às entidades
alínea “d” e art. 24). dade, somente poderia ter como contraparte, no de previdência complementar sem fins lucrativos,
Ainda no bojo daquele Decreto-lei, foi criado mercado interno, as pessoas jurídicas autorizadas abertas e fechadas.
o Conselho Nacional de Seguros Privados com a operar com seguros, na forma da legislação e da No ano de 2001 foi editada a Lei Complementar
a competência privativa para, além de regular a regulamentação em vigor. nº 109, especificando em seu Art. 11 que, “para
constituição, organização, funcionamento e fisca- Isso é reforçado pelas disposições do respectivo assegurar compromissos assumidos junto aos par-
lização dos que exercerem atividades subordinadas Decreto regulamentador (Decreto nº 60.459, de ticipantes e assistidos de planos de benefícios, as
às suas disposições, aplicar as penalidades previstas 13.03.67), especialmente as contidas nos Arts. 92, entidades de previdência complementar poderão
(Art. 32, inciso II) e estabelecer as diretrizes gerais 94 e 99, dispondo sobre a competência do IRB pa- contratar operações de resseguro por iniciativa
das operações de resseguro (inciso VII). ra, relativamente a sociedades seguradoras, aplicar própria, ou por determinação do órgão regula-
Quanto ao IRB, a nova legislação ampliava penalidades e formular denúncias ao Ministério dor e fiscalizador, observados o regulamento do
sua finalidade, passando ele a regular, além do Público. respectivo plano e demais disposições legais e
resseguro, o cosseguro e a retrocessão, sendo No ano de 1977 foi sancionada a Lei nº 6.435, regulamentares”.
mantido seu papel de promotor das operações dispondo sobre as entidades de previdência priva- Mas, no ano de 2007, foi sancionada a Lei
de seguro, tudo segundo as diretrizes emana- da – posteriormente alterada pela Lei nº 6.462, de Complementar nº 126, dispondo sobre a política
das do Conselho Nacional de Seguros Privados 1977 e pelo Decreto-lei nº 2.065, de 1983 – onde de resseguro, retrocessão e sua intermediação, as
(Art. 42). a única consignação ao tema encontrava-se no Art. operações de cosseguro, as contratações de seguro
Assim, passou o IRB a ter uma série de compe- 84, determinando que, sob certas condições ali es- no exterior e as operações em moeda estrangeira
tências (Art. 44), entre outras: pecificadas - a juízo do órgão executivo do Sistema do setor securitário; altera o Decreto-lei nº 73, de
Nacional de Seguros Privados e ouvido o IRB - as 21 de novembro de 1966, e a Lei nº 8.031, de 12
- sob certas circunstâncias, impor penali­dades entidades abertas de previdência complementar, de abril de 1990.
às Sociedades Seguradoras, inclusive por com fins lucrativos (grifo nosso), poderiam receber Nela o legislador é claro ao:
infrações cometidas na qualidade de co-segu- retrocessões, equiparando-as às sociedades segura-
radoras, resseguradas ou retrocessionárias; doras, para efeitos do resseguro. Note-se não ter - definir como “resseguro” a operação on-
- receber cessão integral de seguros; e o legislador estendido o benefício às entidades da de há “transferência de riscos de uma
- liquidar sinistros em conformidade com espécie, sem fins lucrativos, abertas ou fechadas. cedente para um ressegurador, ressalvado
os critérios traçados pelas normas de cada Significa dizer que somente empresas com fins o disposto no inciso IV deste parágrafo”
ramo de seguro. lucrativos (seguradoras e entidades abertas de previ­ (Art. 2º, §1º, inciso III);

22
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

- definir como cedente “a sociedade segu­­ ple­mentar e a outra de resseguros, detendo a última
ra­­dora que contrata a operação de re­s­­ o poder de revogar disposições de anteriores, que
se­guro.....” ( Art. 2º, §1º, inciso I); e com ela conflitem.
- equiparar “à cedente a sociedade coope­ Constatou-se, assim, confrontando-se os di-
rativa autorizada a operar em seguros versos dispositivos da legislação, que operações
privados que contrata operação de res- de previdência complementar, contratadas por
seguro, desde que a esta sejam aplicadas entidades de previdência complementar, abertas
as condições impostas às seguradoras pe- ou fechadas, podem ser objeto de resseguro, mas
lo órgão regulador de seguros.” (Art. 2º, somente após repasse do risco a sociedade ou so-
§3º). ciedades seguradoras, pois, na contratação desta
operação (resseguro), observadas as disposições da
Nesse novo cenário legal, restou em cogitação Lei Complementar nº 126, de 2007, somente estas
modificar a redação de disposições de regulamen- últimas empresas podem figurar como “cedentes”
tação infralegal – art. 2º da Resolução CNSP nº e celebrar contratos com as resseguradoras.
168/2007 - com o objetivo de tornar possível às
entidades fechadas de previdência complemen-
tar serem “cedentes” e contratarem, diretamente
com resseguradoras, operações de resseguro, ten-
do como base legal o já referido art. 11 da Lei
Complementar nº 109, de 2001, e sob argumento
de não ter sido ele revogado pela Lei Complementar
nº 126, de 2007, pois, embora posterior, esta seria
uma lei geral, enquanto aquela uma lei específica.
Tendo em vista este último aspecto, e sendo a ma-
téria objeto de duas leis complementares, tornou-se
prioritário o exame do assunto sob enfoque jurídico,
de sorte a estabelecer entendimento se há distinção Nota: O presente artigo, elaborado pela FenaPrevi,
hierárquica entre os dois diplomas legais, e se a lei faz uma visita retrospectiva do que, ao longo do
tempo, foi sendo registrado na legislação per-
posterior derroga, ou não, disposições da anterior.
tinente e está finalizada em seus três últimos
Análise especializada ponderou serem as duas parágrafos, com base nas conclusões de análise
leis específicas, uma tratando de previdência com­ jurídica especializada.

23
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

A contratação do resseguro diretamente pelas enti-


dades fechadas, sem a passagem por uma seguradora,
Resseguro e Previdência A Lei Complementar 109, de 29/05/01, trouxe
vem sendo defendida pelos fundos de pensão através
de seu órgão representativo, a Abrapp (Associação
Complementar uma série de inovações para o mercado de previdência
complementar, em particular para as entidades fecha-
Brasileira das Entidades de Previdência Complementar).
Para que isto possa ser possível há que ser flexibili-
das. Dentre elas, podemos destacar o disposto em seu zado o §1º do artigo 9º da Lei Complementar nº
artigo 11, que permite aos fundos de pensão contrata- 126/2007 que dispõe sobre a política de resseguro e
rem operações de resseguro, seja por iniciativa própria sua intermediação que tornou esta operação exclusiva
ou por determinação do órgão regulador e fiscalizador, de resseguradores locais. O motivo da reivindicação
a fim de assegurar os compromissos assumidos pelo pla- desta operação direta com o ressegurador além do
no de benefícios. Este mesmo artigo faculta às entidades menor custo seria a existência da competição entre as
fechadas oferecerem essa garantia por meio de um fun- duas formas de previdência complementar – aberta e
do de solvência, a ser instituído na forma da lei. fechada – sendo que as entidades abertas de modo ge-
Posteriormente, em março de 2004, foi publicada ral estão ligadas a seguradoras que teriam então acesso
a Resolução CGPC n° 10, que autoriza a contratação a informações estratégicas dos fundos de pensão, tais
de seguro dos riscos atuariais decorrentes da con- como perfil biométrico-salarial dos participantes, ob-
cessão de benefícios devidos em razão de invalidez e tendo com isso vantagens competitivas.
morte nos planos de benefícios operados pelas enti- Mas à parte dessa discussão – que deverá ser resol-
dades fechadas. vida pelos órgãos reguladores – fato é que o resseguro
De acordo com o disposto na referida Resolução, pode vir a ser uma ferramenta importante para os
os fundos de pensão poderão contratar em segu- fundos de pensão, dado que sua adoção é prática co-
radora autorizada a funcionar no País, um seguro mum em outros países e recomendada pela OCDE
Heitor Rigueira específico para cobertura dos riscos atuariais decor- (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Consultor atuarial rentes da concessão de benefício devido em razão de Econômico), organismo internacional que vem se de-
Diretor do IBA - Instituto invalidez ou morte, de modo a assegurar sua solvên- dicando ao estudo desta matéria por todo o mundo.
Brasileiro de Atuária cia e equilíbrio. Já as entidades abertas de previdência complemen-
O seguro para cobertura dos riscos de invalidez e tar, geralmente ligadas a conglomerados financeiros
morte atende basicamente aos planos instituídos, cria- que também atuam no setor de seguros têm maior
dos por entidades de classe e sindicatos, dado que estes expertise no tema resseguro e saberão avaliar o re-
não podem oferecer cobertura para benefícios de risco. passe de compromisso ao exceder os seus limites de
A alternativa, portanto, é oferecer aos participantes des- retenção, utilizando sempre que necessário desta al-
ses planos as coberturas de risco através de seguro. ternativa em seus negócios.

24
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

dos compromissos assumidos pelas entidades de


previdência complementar.
A Previdência A Lei Complementar nº 109/2001 afirma, em
O papel do Resseguro na Previdência seu artigo 11:
Complementar Complementar em geral e a legislação
Art. 11. Para assegurar compromissos assu-
e o Resseguro O resseguro é ferramenta fundamental, e
midos junto aos participantes e assistidos de
planos de benefícios, as entidades de previdên-
a legislação brasileira relacionada a ele deve ser cia complementar poderão contratar operações
abordada à luz da analogia, uma vez que suas de resseguro, por iniciativa própria ou por de-
operações são em muito similares à atividade de terminação do órgão regulador e fiscalizador,
seguros. Um fundo de pensão ou uma entidade observados o regulamento do respectivo plano e
de previdência devem ser considerados à luz do demais disposições legais e regulamentares.
resseguro e da lei brasileira como cedentes. Suas Parágrafo único. Fica facultada às entidades fecha-
operações são a administração de poupanças de das a garantia referida no caput por meio de fundo
terceiros com o objetivo de pagamento de inde- de solvência, a ser instituído na forma da lei.
nizações para eventos incertos como a morte e o
pecúlio, que indenizam de forma similar, ou pa- Já na lei do resseguro, Lei Complementar
ra eventos certos mas indeterminados, como a nº 126/2007, consta, em seu artigo 9º:
Rodrigo de Oliveira Franco Protasio
aposentadoria por invalidez ou mesmo a aposen-
Bacharel em direito pela PUC-RJ e pós-graduado
Master em Seguros pelo IAG-PUC (RJ), com tadoria por idade. Este último é um risco previsto Art. 9º. A transferência de risco somente será rea­
especialização e cursos de seguro no Institute of e certo, embora também elemento de seguro, uma lizada em operações:
Insurance Dearborn of Chicago (IL) e IIA (Insurance vez que pode a vida pode ser terminada antes do I. de resseguro com resseguradores locais, admi-
Institute of America). Foi o corretor de seguros
fundador da JLT Re e hoje é vice-presidente da JLT Re tempo, ou mesmo ser mais longa do que o atua- tidos ou eventuais; e
- Brasil, uma das maiores empresas de corretagem de rialmente previsto. II. de retrocessão com resseguradores locais, ad-
resseguros do Brasil e do Mundo.
A Lei tema de nosso artigo trata do “Resseguro mitidos ou eventuais, ou sociedades seguradoras
e Previdência Complementar”, com enfoque no locais.
art. 11 da Lei Complementar nº 109/2001 e no §1º As operações de resseguro relativas a seguro
art. 9º da Lei Complementar 126/2007. O ponto de vida por sobrevivência e previdência comple-
de partida é a discussão sobre a possibilidade de se mentar são exclusivas de resseguradores locais.
estruturar a operação de resseguro para a garantia  

25
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Temos que considerar a interpretação legal Quando da sua morte, deverão os beneficiá- pois o que muda é o seu porte e robustez, que na
deste texto e levar para analogia a interpretação rios – o cônjuge ou os seus dependentes – receber verdade se traduzirão em uma forma diferente de
de que as duas atividades são similares. É preciso, a indenização, à vista ou ao longo do tempo, em contratação e interesses distintos. Fundos menores
portanto, considerar também como cedentes as so- forma de pensão. Esse é o risco de morte e invali- deverão comprar mais capacidade e com franquias,
ciedades de previdência e os fundos de pensão. dez quantificado e geralmente medido, na carteira, ou com participação nos prejuízos ou gatilhos mais
O resseguro é uma ferramenta eficiente de pela tabela de idade, acompanhando as tábuas de altos, pois têm porte para correr os riscos e so-
transferência de riscos. É uma operação financeira, mortalidade utilizadas. mente se preocupam com grandes variações e, na
visando grandes riscos e adequada para lidar com Podemos ressegurar esse risco? É claro, isso cabe realidade, catástrofes.
catástrofes. Objetiva o aumento da capacidade da ao ressegurador especializado na carteira de vida. Os grandes comprarão, basicamente coberturas
cedente, a ampliação da retenção e dos limites téc- E, por ser esse um risco atuarial e não de formação catastróficas, coberturas para grandes variações
nicos da seguradora. Utilizamos o resseguro como de poupança, de risco puro, pode ser transferido ou prejuízos, desvios graves estatísticos muito
forma de pulverizar os riscos e dividir os riscos e aos resseguradores na forma da lei atual, seja para eventuais e remotos, os quais terão seu custo sem-
as suas pontas (variações de frequência e principal- os locais, seja para os admitidos, obviamente res- pre proporcional ao risco. Não é muito difundida
mente de severidade) em um portfolio de riscos, ou guardado o princípio da oferta aos resseguradores entre nós essa cultura da proteção, pois vivemos
seja, uma carteira de negócios cujo intuito é prote- locais de até, pelo menos, 60% do risco. em um país que sempre foi considerado fora das
ger a cedente, a seguradora, e garantir sua liquidez É bem verdade que nos planos de previdência, áreas de catástrofes naturais. Isso pode mudar, e
e saúde financeira ao longo do tempo. os gestores, da mesma forma que os fundos de pen- há novos desafios – o risco de endemias, epide-
Uma vez que entendemos o propósito do res- são, são de grande porte. Vários deles são maiores mias, o risco pandêmico, mudanças climáticas no
seguro, ou seja, para o que serve, vamos procurar que muitas carteiras de seguradoras, e contam com mundo, além dos já existentes. Além disso, agora
entender o que é a operação de previdência e de grande número de participantes. E, de acordo com fazemos face a maiores riscos de enchentes, como
comercialização de coberturas de pensão e de o seu porte e o número de seus participantes, acon- a de 2008 em Santa Catarina. Enfatizamos que as
sobrevivência. selhamos o estudo e cotação do resseguro. Grupos grandes entidades, ou os grandes fundos, devem
O risco, aliás fácil de ser entendido, é o ele- menores, com menos de 50 mil ou 100 mil parti- buscar proteção. Seguradoras maiores, até com
mento mais conhecido do mercado. A cobertura cipantes, ficam muito mais expostos à variação ao números maiores e mais segurados, compram
é comum à maioria dos fundos de pensão e às longo dos anos, o que pode vir a comprometer o resseguro.
empresas e planos de previdência que tratam do seu caixa. Quanto maior a massa, menores serão os As grandes entidades podem se dar ao luxo de
pecúlio. Ou seja, refere-se à indenização por morte desvios estatísticos. ter grandes retenções e se preocupar apenas com as
ou por invalidez, seja por doença ou por acidente, É minha opinião que também os grandes fun- grandes perdas. O grande pode ter grandes reten-
o que impossibilita o segurado, ou beneficiário, de dos, mesmo os mais capitalizados ou os maiores em ções, já os pequenos terão de comprar coberturas
continuar a trabalhar e até mesmo de contribuir números de participantes, podem, e devem, com- a partir de perdas menores e proporcionais à sua
para o fundo. prar resseguro, e devem estudar essa possibilidade, capacidade financeira.

26
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Verdade é que o nosso Mercado de Resseguro gestão seriam colocados em xeque! O fluxo de O resseguro funciona sempre melhor se utiliza-
abriu há pouco tempo. Apesar da importante caixa poderá ser abalado, e o risco passará a ser do para cobrir as perdas não esperadas, como uma
carteira e do porte do IRB no mercado de riscos não desejável, grande demais para o fundo e para proteção ou defesa. Ao buscar utilizá-lo como um
patrimoniais, na carteira de vida a sua atuação não os seus patrocinadores, administradores, e partici- sócio, seja através de um contrato proporcional,
corresponde aos seus setenta anos, pois teve início pantes, que poderiam ter de, eventualmente, fazer de cota parte, seja como substituto de capital pró-
em meados da década de 1980 e nunca exerceu uma aportes ou aumentar as suas contribuições, para fa- prio, dividindo as responsabilidades e os prêmios,
posição forte. O IRB jamais trabalhou oferecendo zer frente às perdas. pode ser uma boa estratégia, mas envolve gestão,
propostas aos fundos de pensão, mas o modelo bra- Sendo assim, recomendamos que o fundo com- divisão de controles. É bem verdade que às vezes
sileiro mudou. Com a redução das taxas de inflação pre uma cobertura ressecuritária para pagar mais é interessante, pois há o custo de oportunidade do
e dos juros, os ganhos financeiros se reduziram e de 12 indenizações por ano por morte ou inva- patrocinador que opta por colocar menos recursos
aumentou muito o consumo do seguro. Com as mu- lidez, seja na forma de um stop loss ou de um no fundo e priorizar o seu negócio, ou permitir
danças relacionadas à abertura do mercado, o IRB excesso de danos. Transferem-se, assim, as per- ao fundo buscar uma alavancagem financeira, seja
passa a concorrer com as outras resseguradoras, mas das financeiras superiores ao valor que o fundo na busca por mais investimentos em renda variá-
ainda será um ressegurador forte, com capacidade estava preparado para perder, as indenizações vel sem perder liquidez, ou comprometer as suas
para atuar com peso nesse segmento. esperadas e planejadas, que chegavam a 10 ou obrigações e política de investimentos. O custo de
A figura do broker de resseguros terá papel 12. Obviamente, quanto mais alto e distante do capital do ressegurador poderá ser bem mais baixo
importante. Ao operar internacionalmente, aces- ponto bom, que é a dobra onde a expectativa da que o do patrocinador, pois as taxas de juros no
sando diversos mercados, com certeza ele consegue massa de acordo com os estudos atuariais tem Brasil são ainda muito altas, apesar da queda das
obter o melhor desenho para o Fundo e consegue equilíbrio e sua perda esperada, vai custar menos taxas Selic e do CDI. Mas, fatalmente, essa estra-
construir a melhor cobertura, pelo preço mais que o resseguro e sua cobertura. Tentando com- tégia leva à redução de autonomia, o que muitas
competitivo. prar resseguro a partir de uma franquia, o ponto vezes incomoda a cedente.
Por exemplo, se em um grupo de 3 mil empre- onde a perda do ressegurador é eminente ou mui- Outro ponto sobre o resseguro nos fundos de
gados em um plano de aposentadoria a expectativa to provável de ocorrer aumenta muito o custo da pensão e na previdência é a sua questão operacio-
– de acordo com suas idades e com a tabela de transferência do risco. nal, apesar do interesse da Secretaria de Previdência
mortalidade utilizada – é de que morram dez con- A ferramenta do resseguro deve ser usada pa- Complementar e da legislação da previdência, que
tribuintes por ano, se morrerem 12, o plano terá ra transferir justamente as pontas indesejáveis e fala em resseguro na Lei nº 109/2001, e até mesmo
capacidade de se equilibrar, mas estará se expon- principalmente para ajudar o gestor para que não cita a possibilidade de transferência de riscos através
do, embora possa eventualmente se ajustar se tiver haja surpresas. Assim, o seu capital e o seu fluxo da compra de resseguro, não entra na especificação
bons ganhos financeiros. Entretanto, se ocorrerem de caixa não serão comprometidos por conta de necessária. Reconhece, portanto, a operação como
15 ou 20 mortes, ou até mesmo uma catástrofe, desvios estatísticos acima das suas expectativas e de forma legal de transferência de riscos, entretanto a
com um número próximo de 50, o plano e sua seu plano financeiro. lei do resseguro infelizmente fechou o acesso dos

27
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

fundos de pensão e das empresas de previdência, os momentos de risco onde realmente existem as Jarbas Vasconcelos e de seu vice, Mendonça Filho.
que não são seguradoras registradas. Embora a lei possibilidades de perdas inesperadas, que gerem Com a equipe do CDSP/FGV, eu e o atuário Sergio
tenha trazido a abertura do mercado de ressegu- grandes perdas financeiras, como no caso de cober- Tinoco desenhamos um produto para os fundos de
ros nacional, limitou a operação de resseguro para turas de catástrofes – podem ser viáveis do ponto pensão, para transferência e para ajuste de tábuas
seguradoras, afirmando que estas seriam exclusiva- de vista econômico. Para tal, teremos de utilizar de sobrevivência por período estimado e condições
mente as cedentes e consumidoras de resseguro. a ferramenta que chamamos de fronting, a cargo acordadas, considerando as tábuas utilizadas e a
Vale explorar legalmente e melhor esse assunto, das seguradoras; nesse caso, um fundo de pensão rea­lidade da sua carteira. Chamamos a esse produ-
que de maneira alguma está fechado. Afinal, talvez ou entidade de previdência cota seu resseguro, to de Inversal Life (Vida Invertida).
caiba ajuste até mesmo na forma de interpretação buscando a capacidade, e viabiliza a sua operação. Naturalmente, um segurador e um ressegurador
da lei por analogia, que faria a Susep emitir de- Posteriormente, busca uma seguradora para viabi- do ramo vida têm uma defesa natural, e condições de
claração quanto à equiparação das entidades de lizar a operação, intermediando a contratação do realizar um swap com uma entidade previden­ciária.
previdência e dos fundos de pensão, bem como das resseguro na qualidade de cedente, transferindo o Afinal de contas, as reservas do segurador do ramo
empresas de medicina de grupo, também deixadas risco do fundo ou da entidade para o mercado res- vida e seu produto visam indenizar a morte, portan-
de fora. Na área de planos de saúde, as empresas segurador e cobrando um fee, uma remuneração to lucram quando a morte do seu segurado ocorre
poderiam ser consideradas cedentes. Acreditamos pelo serviço. o mais distante possível da sua expectativa natu-
que a Susep deveria fiscalizar o mercado e os resse- Isso pode ser arranjado. É operação legal e ral. Apostam todas as fichas na vida longa. Sendo
guradores, concedendo os registros. Deveria rever legítima. assim, o segurador de vida quer e aposta na sobre-
a teoria no âmbito legal, buscando uma brecha para Por último – e o ponto que nos parece o mais vivência dos seus segurados, para obter lucros. Já
que sejam equiparadas essas empresas e entidades – interessante –, não podemos deixar de falar de res- a entidade previdenciária, ou o fundo de pensão,
fundos de pensão –, afirmando sua figura e o status seguro para previdência, para os fundos de pensão, ao contrário, se assusta com a vida longa, além
de cedentes, e, portanto, possíveis compradoras de nem deixar de mencionar a cobertura do risco de das suas expectativas e tábuas de sobrevivência.
resseguro. Talvez uma medida provisória do órgão sobrevivência. Para o pecúlio, morte ou invalidez, Obtém bons resultados quando os seus participan-
administrativo possa corrigir essa interpretação, o fundo pode comprar seguro tradicional. Mas não tes vivem menos. Com a evolução da medicina e a
abrindo o mercado às praticas internacionais. aconselho esta prática, pois o fundo tem porte para melhoria da qualidade de vida, aliadas à redução
Não que esse aspecto legal nos vede explo- reter boa parte do risco e se preocupar apenas com dos juros, obviamente que não de forma assumi-
rar a cobertura de resseguro para os fundos de as grandes e inesperadas perdas. Deve, portanto, da, os gestores apenas melhoram os seus resultados
pensão e entidades de previdência: isso pode ser comprar o resseguro. com seus participantes vivendo menos. Nossa ideia
contornado, implicando custos e um aumento da Esse assunto me entusiasma. Há cerca de dez se dá, justamente, com os resseguradores de vida a
carga tributária. Com isso, apenas realmente as anos trabalhávamos montando com a FGV o usarem sua capacidade e interesse na diversificação
necessárias transferências de risco se viabilizarão Fundo de Pensão do Estado de Pernambuco, muito de sua carteira, vendendo coberturas financeiras
economicamente. Os attachment points – ou seja, inovador durante a gestão, no governo, do senador de proteção e apostando na oferta de cobertura

28
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

para os fundos de pensão. Assumem, assim, o risco


financeiro com o pagamento de pensões e indeniza-
ções pelo risco de sobrevivência dos participantes
de um fundo, que venham a viver longamente ou
melhor, além das expectativas atuariais do seu fun-
do, de acordo com as tabelas existentes e utilizadas
para sobrevivência.
Foi um trabalho muito interessante mas não tive-
mos muito sucesso, pois na época as taxas de juros
e os resultados financeiros ainda eram muito altos.
Com a queda das taxas, será necessário o ajuste.
Existe ainda um grande apelo, especialmente neste
momento, com a iminente necessidade de maior
proteção dos fundos quanto às grandes variações.
Elaboramos uma nota técnica e estamos prontos a
recomeçar os estudos sobre essa matéria que tanto
nos entusiasma.
Vida Invertida, ainda acho que será um impor-
tante componente das carteiras das operadoras de
resseguro que vierem a operar no ramo vida. O
mercado brasileiro de previdência complemen-
tar pode representar a duplicação no mercado
segurador brasileiro atual, que hoje representa
aproximadamente um potencial de 1 bilhão a 2 bi-
lhões de dólares em prêmios de resseguro anuais.
Devemos continuar a desenvolver os nossos merca-
dos e inovar, adaptando produtos e conhecimentos
às nossas necessidades.
A lei deve ser interpretada, e temos de buscar
uma solução para esse tema tão importante.

29
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

junto aos participantes e assistidos de planos de


benefícios, as entidades de previdência complemen-
O que cobre o tar poderão contratar operações de resseguro, por
U m cidadão, de boa índole, trabalhou ardua- iniciativa própria ou por determinação do órgão re-
RESSEGURO mente por 35 anos até conseguir adquirir sua casa
própria. Houve o esforço de anos para comprar, a
gulador e fiscalizador, observados o regulamento do
respectivo plano e demais disposições legais e regu-
em Previdência prazo, um terreninho na periferia e outros tantos
para construir sua casinha nos finais de semana. Eis
lamentares.” Se previdência complementar não é um
bem tangível, o que deve ser coberto? Será coberto
Complementar Aberta? que o mesmo se muda – da casa de aluguel – para
seu lar. Ainda que tivesse dinheiro suficiente, ou por
o risco da longevidade. A possibilidade de alguém
viver muito além do estimado pela operadora em
ignorância, não contratou um simples seguro resi- seus cálculos atuariais. Para bom entendimento,
dencial. Veio o incêndio e lá se foi... tudo/toda sua atuária é uma aplicação da matemática que estuda
vida. O seguro que ele não tinha, iria REPOR (obje- as probabilidades de sobrevivência e mortalidade
tivo clássico do seguro), via indenização pecuniária, de uma massa de pessoas combinado com cálculos
o bem perdido na tragédia. Já RESSEGURO, então, financeiros. Ao vender um plano previdenciário,
pode ser entendido como segurar mais de uma vez o a operadora se baseia numa tábua atuarial que es-
mesmo bem? Duplo seguro? Não exatamente, mas tima o valor ideal de contribuição mensal que irá
significa que a cobertura total não será assumida se acumulando até formar um montante financei-
apenas por uma seguradora e, sim, será dada por ro individual até a data prevista para aposentadoria
mais de uma seguradora para o mesmo risco. Haverá daquele cliente. Naquela data, com a idade atingi-
uma partilha no risco. Cada parte será responsável da, o capital será transformado numa renda mensal
Everson Oppermann por uma parcela daquele risco, lembrando que ris- vitalícia, cujo cálculo utiliza um fator atuarial que
co, sob a perspectiva financeira, segundo Gittmann, determina a expectativa de sobrevivência daquela
Diretor Geral e de Riscos
LUTERPREV Previdência Complementar é a possibilidade de se ter prejuízo, de se perder pessoa. Basicamente, a operadora assume o risco
diretorgeral@luterprev.com.br dinheiro. O somatório das partes resseguradas re- de pagar aquela importância encontrada naquele
www.luterprev.com.br sultará num todo segurado. RESSEGURO para bens cálculo até a pessoa vir a falecer. Se a pessoa viver
patrimoniais é fácil de explicar como demonstra o mais tempo que o calculado, haverá déficit atuarial
exposto. Mas em previdência complementar, cabe individual. É isto que pode ser RESSEGURADO em
o RESSEGURO? Qual é o risco a ser ressegurado? previdência complementar. O RESSEGURO po-
A Lei Complementar nº 109/2001, em seu art. 11, de cobrir este déficit. E este déficit pode vir a ser
prevê: “Para assegurar compromissos assumidos maior ou tornar-se um problema se o fenômeno da

30
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

longevidade da pessoa humana se tornar uma va-


riável constante. Para as operadoras, atualmente,
há a exigência da SUSEP na constituição da PIC
– Provisão de Insuficiência de Contribuição que im-
põe a formação de reservas considerando a hipótese
de sobrevivência dos clientes por mais tempo que
as operadoras estimaram em suas tábuas atuariais.
No fundo, a PIC é um RESSEGURO já existente, só
que calculado e constituído pela própria operadora.
Ela própria continua com todo o risco. A figura do
RESSEGURO iria introduzir a terceirização deste
risco às resseguradoras de previdência complemen-
tar. Partilhar deste o risco. Para a operadora, num
futuro próximo, será uma opção de risco ou de
custos, entre continuar constituindo a PIC – portan-
to, represando capital – ou ressegurar este risco no
mercado. Qual será mais vantajoso em termos orça-
mentários e mercadológicos? De qualquer forma, os
clientes dos planos de previdência complementar já
são beneficiados pela proteção atual – via PIC, ou,
continuarão a ser protegidos pela nova modalidade
de ressegurar no mercado. A garantia de recebimen-
to da renda será um argumento de vendas na hora
da contratação? Será um valor percebido pelo clien-
te? Qual melhor garantia, a própria companhia ou
junto com uma resseguradora?

31
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

intermédio da Emenda Constitucional nº 40, de


29 de maio de 2003, de forma a esvaziar a discus-
Contratação de são sobre a inconstitucionalidade da Lei Ordinária
I. Da Introdução nº 9.932/99.
Resseguro pelas Diante do acima mencionado, em 18 de maio de
2005, foi submetido ao Congresso Nacional, pelo
Entidades de Previdência A nte a recente regulamentação legal do no- Governo Federal, o Projeto de Lei Complementar
vo mercado de resseguros no Brasil, consideramos nº 249, que se fundamentou, essencialmente, nos
Complementar oportuno apresentar o presente trabalho, o qual
aborda, em linhas gerais, o conceito e aplicação das
mesmos princípios da Lei Ordinária nº 9.932/99.
Este projeto de lei, ressalte-se, sofreu diversas al-
operações de resseguro, bem como a possibilida- terações até ser convertido na Lei Complementar
de das entidades fechadas (as EFPCs) e abertas (as nº 126, de 15 de janeiro de 2007.
EAPCs) de previdência complementar contratarem Necessário salientar, todavia, nos termos do
diretamente operações deste tipo como alternati- disposto na lei supramencionada, que a abertura
va de transferência de riscos por elas assumidos, à do mercado ressegurador brasileiro não se baseou
luz do disposto no artigo 11 da Lei Complementar na privatização total ou parcial do IRB, conforme
nº 109, de 29 de maio de 2001. dispunha a Lei Ordinária nº 9.932/99. Isto posto,
Convém ressaltar, inicialmente, que a primeira o IRB continua, neste novo modelo, a exercer suas
tentativa de regulamentação da abertura do mer- atividades de resseguro como uma entidade con-
cado ressegurador brasileiro ocorreu com a sanção trolada pelo poder público, a despeito de qualquer
Marcelo Mansur Haddad da Lei Ordinária nº 9.932, de 20 de dezembro de autorização governamental específica, atuando,
e Cássio Amaral portanto, como um ressegurador local.
1999. Tal lei transferiu ao órgão regulador de se-
guros brasileiro todas as atribuições do IRB Brasil
Resseguros S.A. (o “IRB”) e firmou os fundamentos
necessários para a privatização de 50% do capital II. Do Conceito de Resseguro
social desta empresa, de titularidade do Governo
Federal. Contudo, a constitucionalidade desta lei foi O IRB, no seu Dicionário de Seguros, define
questionada no Supremo Tribunal Federal. resseguro como sendo:
Em 29 de maio de 2003, o comando consti-
tucional previsto no artigo 192 da Constituição “[a] operação pela qual o segurador, com o fito
Federal de 1988 foi mais uma vez alterado por de diminuir sua responsabilidade na aceitação de

32
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

um risco considerado excessivo ou perigoso, cede Como é cediço, uma das principais funções do III. Do Projeto de Lei Complementar
a outro segurador uma parte da responsabilidade resseguro é justamente pulverizar os riscos para o nº 249/05
e do prêmio recebido, (...) sendo, em resumo, um mercado internacional, preservando-se o princípio
seguro do seguro”.1 do mutualismo. Definida, em linhas gerais, a operação de resse-
Neste sentido, é a opinião do estudioso in- guro, impende seja analisado, neste ponto, alguns
Ressalte-se, ainda, que os conceitos de seguro glês J. T. Steele, segundo o qual: fatos relacionados ao trâmite do Projeto de Lei
e resseguro não devem ser confundidos. No caso Complementar nº 249/05 antes de ser converti-
específico do contrato de seguro, a relação jurídica “uma das funções do seguro é distribuir o prejuí- do na Lei Complementar nº 126/07, os quais são
é estabelecida entre a seguradora e o segurado, já zo de modo que as perdas de poucos que sofrem de grande valia para o tema objeto do presente
em relação ao contrato de resseguro, o ressegura- sinistros possam ser suportadas por muitos que estudo.
dor não guarda nenhuma relação jurídica com o seguram aquele tipo de risco, (...) o resseguro, Saliente-se, de início, que a primeira versão do
segurado. A função do resseguro é de reintegrar adicionalmente, distribui o risco de modo que projeto apresentada ao Congresso Nacional, data-
o patrimônio do segurador em decorrência do pa- as seguradoras dos poucos daqueles que sofrem da de 18 de maio de 2005, previa em seu artigo 2º,
gamento de uma obrigação assumida por ele por sinistros serão protegidas de perdas individuais parágrafo 1º, inciso I, a seguinte abrangência para
força de um contrato de seguro, sendo que o re- vultosas pelo mercado de resseguro, que suporta o termo “cedente”:
lacionamento estabelecido entre o segurado e a uma parte substancial de tal risco”.2
seguradora permanece inalterado, não sendo obri- “Art. 2º. A regulação das operações de cosseguro,
gação do ressegurador pagar o valor de eventual Assim sendo, por intermédio do resseguro, resseguro, retrocessão e sua intermediação será
sinistro ao segurado ou ao beneficiário deste. levando-se em consideração sua dimensão in- exercida pelo órgão regulador de seguros, con-
De se notar, no entanto, que, salvo vedação le- ternacional, é possível inserir o mundo numa forme definido em lei, observadas as disposições
gal expressa, ainda que as definições e comentários única mutualidade de seguradores e ressegura- desta Lei Complementar.
sobre o resseguro se fundamentem naturalmente dores, de modo que todos eles possam distribuir §1º. Para fins desta Lei Complementar, considera-se:
no conceito de seguro, não há nada que impeça e, por conseguinte, compensar as grandes per- I - cedente: sociedade seguradora ou entida-
categoricamente outras entidades que tenham o das que possam vir a sofrer individualmente. de de previdência complementar que contrata
risco como a essência de sua atividade de contratar Essa pulverização de risco não se deve apenas à operação de resseguro, ou ressegurador que
resseguro, tanto é assim que a maioria das defini- questão geográfica, mas também à diversificação contrata operação de retrocessão; (...)” (desta-
ções de resseguro se fundamentam no desejo de dos riscos em função dos diversos tipos de ris- ques nossos)
se repassar a terceiros um risco indesejável ou ex- cos existentes, de maneira que os resseguradores
cessivamente oneroso. Aliás, é a própria liberdade possam compensar entre si os resultados negati- Em 29 de novembro de 2005, por intermé-
contratual que sustenta o resseguro e que funda- vos e positivos das diferentes carteiras de riscos dio do relatório de lavra do deputado Nelson
menta tal possibilidade. cobertas por resseguro. Marquezelli, foi ampliado o conceito de cedente

33
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

acima mencionado, no sentido de incluir as opera- nova alteração no Projeto de Lei Complementar, (...)
doras de planos de assistência à saúde e as sociedades tendo por base as modificações sugeridas pe- §3º. Equipara-se à cedente a sociedade coopera-
cooperativas autorizadas a operar com seguros la Comissão de Desenvolvimento Econômico, tiva autorizada a operar em seguros privados que
privados, conforme se pode verificar pelo teor da Indústria e Comércio, que se manifestou por inter- contrata operação de resseguro, desde que a esta
redação proposta à época para o artigo 2º, pará- médio de seu parecer no seguinte sentido: sejam aplicadas as condições impostas às segura-
grafo 3º. Confira-se: doras pelo órgão regulador de seguros.”
“(...) no artigo 2º, §1º, inciso I, consideramos
“(...) ser preferível delimitar como cedentes as socie- Portanto, o conceito de cedente que acabou
§3º. Equiparam-se a cedentes a operadora de dades seguradoras e os resseguradores (...). Com sendo adotado pela lei em questão deixou de
plano de saúde, conforme definida em lei, e a relação ao §3º, consideramos ser importante que contemplar, de forma expressa, as entidades de
sociedade cooperativa autorizada a operar em sejam equiparadas à cedentes apenas as socieda- previdência complementar.
seguros privados, que contratam operação de des cooperativas, e que essas sejam aplicadas as
resseguro”. (destaques nossos) condições impostas pelo órgão regulador de se-
guros às seguradoras.” IV. Da Exposição de Motivos do Projeto de
A justificativa para tal alteração, segundo in- Lei Complementar nº 249/05
formação constante do referido relatório, foi a Diante do acima mencionado, foi excluído do
seguinte: conceito de cedente as entidades de previdência Entretanto, convém mencionar que, conforme
complementar e as operadoras de planos de as- disposto na exposição de motivos que deu ensejo
“(...) consideramos também oportuno equiparar sistência à saúde, tendo sido promulgada a Lei à edição da Lei Complementar nº 126/07, datada
a cedentes as operadoras dos planos de saúde, Complementar nº 126/07, em relação a este ponto de 9 de março de 2005, a abertura do mercado
em conformidade com as previsões existentes no específico, nos seguintes termos: ressegurador teve por objetivo promover o desen-
art. 35-M da Medida Provisória nº 2.177-44, de volvimento não apenas do setor de seguros, mas
2001, e as sociedades cooperativas, as quais já “Art. 2º. A regulação das operações de cosseguro, também o de previdência complementar, conforme
estão autorizadas a operar em seguros agrícolas, resseguro, retrocessão e sua intermediação será se pode verificar pelo teor do item 4 do referido
de saúde e de acidentes de trabalho, de acordo exercida pelo órgão regulador de seguros, con- documento abaixo transcrito:
com o art. 24 do Decreto-Lei nº 73, de 1966”. forme definido em lei, observadas as disposições
(destaques nossos) desta Lei Complementar. “4. (...) ESTA VANTAGEM NÃO SE RES­TRIN­
§1º. Para fins desta Lei Complementar, considera-se: GE AO SETOR DE SEGUROS propriamente
Posteriormente, mais precisamente em 12 de ja- I - cedente: a sociedade seguradora que contra- dito, ALCANÇANDO TAMBÉM O SEGME­N­­
neiro de 2006, foi proposto pelo deputado acima ta operação de resseguro ou o ressegurador que TO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR,
mencionado, em complemento ao seu voto, uma contrata operação de retrocessão; NA MEDIDA EM QUE A LEI COMPLEMEN-

34
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

TAR Nº 109, DE 2001, PREVIU, EM SEU ART. Resseguros S.A., ao não dispor de capacida- direta dos órgãos governamentais locais e dada
11, A POSSIBILIDADE DE CONTRATAÇÃO de para reter todos os riscos por ele subscritos, a natureza de mais longo prazo das operações
DE OPERAÇÕES DE RESSEGURO PELAS transfere para resseguradores estrangeiros uma de previdência complementar e de seguro de
ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA, O QUE É parcela destes.” (destaques nossos) vida por sobrevivência, restringe-se o ressegu-
RATIFICADO NESTE PROJETO através da ro destes segmentos (art. 9º, parágrafo único)
inclusão dessas entidades como cedentes de ris- Adicionalmente, o item 12 do referido docu- exclusivamente àqueles resseguradores dis-
co em operações de resseguro (art. 2º, §1º, i). A mento prevê ainda a necessidade de ser cobrada postos a atuar efetivamente no país (locais e
proposição almeja, na verdade, atender a um dos taxa de fiscalização do ressegurador local em fun- admitidos).
princípios gerais e constitucionais da atividade ção da previsão da cessão de riscos de natureza 14. Trata-se de medida que resguarda o consu-
econômica: a livre concorrência (art. 170, IV da previden­ciária. Confira-se: midor, à qual se agrega aquela que permite que
CF).” (destaques nossos) o ressegurador ou retrocessionário pague di-
“12. (...) também se introduz a sujeição des- retamente ao segurado em caso de insolvência
Em verdade, o Projeto de Lei Complementar nº se ressegurador (referindo-se ao ressegurador ou falência da empresa que cedeu os riscos, nos
249/05, desde a sua fase embrionária, sempre primou admitido) à taxa de fiscalização prevista para o casos tecnicamente possíveis e previstos contra-
pela modernização do segmento de seguros, sem ressegurador local (art. 7º). Dado que será ele, tualmente (art. 14). (...) Nesses casos, há uma
nunca ter deixado de lado o segmento de previdên- assim como o ressegurador local, fiscalizado pe- vinculação direta entre a operação de seguro e
cia complementar, justamente por se tratar de uma los órgãos governamentais do país e para o qual a de resseguro, nem sempre existente, uma vez
prática internacionalmente reconhecida por todo o também será possível ceder-se riscos não apenas que o resseguro cobre a seguradora ou entidade
mercado ressegurador. Confira-se, neste sentido, o de seguradoras, mas de entidades de previdência de previdência complementar e não o segurado/
disposto no item 10 da exposição de motivos: complementar.” (destaques nossos) participante. O pagamento direto, entretanto,
somente poderá ocorrer caso não tenha sido rea­
“10. O modelo de abertura prevê não apenas E ainda, ao tratar da proteção dos consumi- lizado pela entidade insolvente ao beneficiário,
a possibilidade de que haja mais competidores dores em relação aos riscos advindos de eventual nem pelo ressegurador à cedente (...).”
instalados no país, mas também que as cedentes insolvência ou falência dos resseguradores e retro-
nacionais (seguradoras, entidades de previdência cessionários, bem como em decorrência da natureza Portanto, conforme se pode depreender da
complementar e resseguradores legais) possam de longo prazo das operações atinentes à previdên- exposição de motivos, o modelo de abertura do
realizar operações com resseguradores estran- cia complementar, foram propostos nos itens 12 e mercado ressegurador objetivou a internacio-
geiros (art. 4º). Trata-se de uma prática comum 13 as seguintes medidas: nalização das operações de resseguro no Brasil,
internacionalmente e mesmo atualmente no mer- adequando o sistema brasileiro às práticas inter-
cado nacional, e que já ocorre no modelo hoje “13. (...) considerando que os ressegurado- nacionais, com o objetivo de possibilitar que os
em vigor, uma vez que o ressegurador IRB-Brasil res eventuais não estão sujeitos à fiscalização setores de seguros e previdência complementar

35
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

(e ainda, em nossa visão, o segmento de saúde com- Parágrafo único. Fica facultada às entidades fe- a transferir suas responsabilidades a um ressegu-
plementar) pudessem participar destes negócios. chadas a garantia referida no caput por meio de rador, devendo, para tanto, celebrar contrato de
fundo de solvência, a ser instituído na forma da resseguros com um ressegurador autorizado a
lei.” (destaques nossos) operar neste segmento específico, conforme esta-
V. Da Previsão de Contratação de Resseguro belecido na legislação em vigor.
na Lei Complementar nº 109/01 Conforme se pode verificar, a pretensão do
legislador não é de oferecer proteção a um partici-
Em linha com o disposto no artigo 202 da pante, assistido ou beneficiário específico, mas ao VI. Da Amplitude do Termo “Cedente”
Constituição Federal, que prima pela solidez plano de benefícios como um todo. Previsto na Lei Complementar nº 126/07
financeira do segmento de previdência com- De fato, a faculdade de contratar tais operações
plementar, no sentido de instituir mecanismos de resseguro é das entidades de previdência com- Conforme se pode constatar pelo acima men-
eficientes que possam garantir os compromis- plementar, exceto nos casos em que a contratação cionado, as EFPCs assim como as EAPCs, na
sos assumidos pelas entidades de previdência for imposta pelo órgão regulador e/ou fiscalizador, nossa visão, estariam inseridas no conceito das
complementar perante seus participantes, as- seja pelo fato do plano de benefícios estar enfren- sociedades autorizadas a contratar operações de
sistidos e beneficiários, foi introduzido na Lei tando dificuldades ou em decorrência do plano resseguro, ainda que não tenham sido menciona-
Complementar nº 109/01, em suas disposições estar sujeito a modificações substanciais em suas das expressamente no rol de cedentes, nos termos
comuns, ou seja, aplicáveis tanto às entidades bases técnicas. do disposto no artigo 2º, parágrafo 1º, inciso I, da
abertas como às entidades fechadas de previ- Vale ainda ressaltar que em relação especifi- Lei Complementar nº 126/07.
dência complementar, autorização para que tais camente às EFPCs, estas possuem a faculdade de A interpretação acima decorre da determinação
entidades possam contratar, de maneira direta, contratar operação de resseguro, nos termos acima do sentido das leis ao caso concreto. Para isso, é
operações de resseguro. Vejamos: mencionado, ou de adotar a medida prevista no pa- necessário percorrer um método de interpretação.
rágrafo único do artigo 11 da Lei Complementar nº Neste sentido, é importante que se faça uma re-
“Art. 11. Para assegurar compromissos assu- 109/01, qual seja, de proteger-se dos riscos atinen- flexão acerca da doutrina de Carlos Maximiliamo,
midos junto aos participantes e assistidos de tes às suas operações por intermédio de um fundo que, ao tratar de alguns aspectos relacionados à
plano de benefícios, as entidades de previdência de solvência. Saliente-se, neste particular, que as interpretação das normas, asseverou o quanto
complementar [incluindo, portanto, as EFPCs] entidades abertas de previdência complementar segue:
poderão contratar operações de resseguro, por foram excluídas desta última hipótese, sendo-lhes
iniciativa própria ou por determinação do órgão assegurada tão-somente a possibilidade de contra- “toda lei é obra humana e aplicada por homens;
regulador e fiscalizador, observados o regulamen- tarem resseguro. portanto, imperfeita na forma e no fundo, e dará
to do respectivo plano e demais disposições legais Portanto, resta patente que as entidades de duvidosos resultados práticos, se não verifica-
e regulamentares. previdência complementar estariam autorizadas rem, com esmero, o sentido e o alcance das suas

36
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

prescrições. Incumbe ao intérprete aquela difícil “descobrem-se o sentido e o alcance de uma re- formalista, e outra (b) extensiva, obtida por meio
tarefa. Procede à análise e também à reconstrução gra de Direito, com examinar as circunstâncias da aplicação do método teleológico, ou antinorma-
ou síntese. Examina o texto em si, o seu sentido, e os sucessos históricos que contribuíram para a tivista e anticonceitualista, que tem em Rudolf von
o significado de cada vocábulo. Faz depois obras mesma, e perquirir qual seja o fim do negócio de Jhering seu principal precursor.
de conjunto; compara-o com outros dispositivos que se ocupa o texto (...); este é o único e verda- A questão que se coloca reside basicamente na
da mesma lei, e com os de leis diversas, do país ou deiro modo de acertar com a genuína razão da interpretação do artigo 11 da Lei Complementar
de fora. Inquire qual o fim da inclusão da regra lei, de cujo descobrimento depende inteiramente a nº 109/01 vis-à-vis o teor do artigo 2º, parágra-
no texto e examina este tendo em vista o objetivo compreensão do verdadeiro espírito dela (...) toda fo 1º, inciso I, da Lei Complementar nº 126/07.
da lei toda e do Direito em geral. Determina por prescrição legal tem provavelmente um escopo, e Enquanto o primeiro, inserido na lei que rege o
este processo o alcance da norma jurídica e, as- presume-se que a este pretenderam corresponder sistema de previdência complementar, prevê a pos-
sim, realiza, de modo completo, a obra moderna os autores da mesma, isto é, quiseram tornar efi- sibilidade de contratação de operações de resseguro
do hermeneuta.”3 (destaques nossos) ciente, converter em realidade o objetivo ideado. pelas entidades de previdência complementar, o
A regra positiva deve ser entendida de modo que segundo dispõe, dentre outros pontos, sobre a po-
Assim é que a doutrina tem desenvolvido alguns satisfaça aquele propósito (...) uma ciência prima- lítica de resseguro, retrocessão e intermediação,
métodos de interpretação das normas, dentre os riamente normativa ou finalística; por isto mesmo estabelecendo como cedente apenas as sociedades
quais podemos destacar o método (a) gramatical a sua interpretação há de ser, na essência, teleo- seguradoras e as cooperativas de seguro, quanto às
ou literal, (b) o teleológico, (c) o exegético, (d) o lógica. O hermeneuta sempre terá em vista o fim operações de resseguro, e os resseguradores, quan-
sistemático, (d) o dogmático e (e) o comparativo da lei, o resultado que a mesma precisa atingir em to às operações de retrocessão, deixando de fora as
de Rudolf von Jhering, para ficarmos apenas com sua atuação prática; (...) [a lei] será interpretada entidades de previdência complementar.
alguns dos métodos mais conhecidos. de modo que melhor corresponda aquela finali- Análise rasteira da arcabouço jurídico cria a falsa
Para alguns estudiosos, como Christiano José de dade e assegure plenamente a tutela de interesses dúvida em torno do alcance do vocábulo “cedente”
Andrade, “não há um método de interpretação que para a qual foi redigida.”5 (destaques nossos) previsto na Lei Complementar nº 126/07, ou seja,
deva ser definitivamente preferido aos demais na questiona-se se esta expressão também abrangeria
apuração do verdadeiro significado ou sentido das Neste contexto, trazendo tais conceitos dou- as entidades de previdência complementar. Para so-
formas do direito”4, embora existam sim métodos trinários para o tema objeto do presente estudo, lução desta questão, faz-se necessário recorrer aos
que sejam em determinadas circunstâncias mais efi- podemos afirmar que a disposição prevista no artigo instrumentos de interpretação acima referidos.
cazes do que outros. 2º, parágrafo 1º, inciso I, da Lei Complementar nº Partamos, inicialmente, da interpretação siste-
Outros estudiosos, no entanto, como o celebra- 126/07 (no que tange especificamente à abrangência mática6, a qual visa buscar o sentido e o alcance
do doutrinador Carlos Maximiliano, acreditam na do termo cedente) comporta duas interpretações: da norma jurídica nos sistemas e subsistemas nos
primazia da interpretação teleológica, nos termos uma restritiva, obtida por meio da aplicação do (a) quais está inserida, devendo, para tanto, fazer uso
a seguir: método gramatical, com uma vertente claramente dos princípios e valores que regem estes sistemas.

37
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Ao se adotar esta técnica de interpretação, deve-se sendo, portanto, desnecessário, para não dizer te- Seria, portanto, inconcebível imaginar que o
ter em mente que nenhuma norma de direito existe merário, que tal condição fosse “ratificada” pela fato da Lei Complementar nº 126/07 não ter in-
isoladamente, como se cada uma fosse um com- Lei Complementar nº 126/07. cluído expressamente as entidades de previdência
partimento segregado. Em verdade, todas as regras Portanto, conforme se pode inferir do acima complementar no conceito de cedente, por si só,
atinentes ao sistema jurídico devem estar em per- mencionado, no presente caso, a Lei Comple- seria suficiente para impedi-las de contratarem di-
manente conexão, sendo relevante notar que esse mentar nº 109/01 teria a finalidade de regular o retamente operações de resseguro.
inter-relacionamento não se dá apenas na esfera regime de previdência complementar tratado na O que de fato o legislador fez, na nossa visão, foi
meramente normativa, mas também entre os prin- Constituição Federal, incluindo, sem limitação, reconhecer o comando já previsto na lei de previdên-
cípios que lastreiam o ordenamento jurídico. a eventual autorização para contratar operações cia complementar, assim como na norma que rege as
Assim sendo, quer nos parecer que o coman- de resseguro, ao passo que a Lei Complementar nº operadoras de planos de assistência à saúde. Resta,
do previsto no artigo 2º, parágrafo 1º, inciso I, 126/07 teria a finalidade de regulamentar o resse- portanto, evidente que não há qualquer incompa-
da Lei Complementar nº 126/07 deveria ser lido guro com relação aos outros agentes de mercado, tibilidade entre a Lei Complementar nº 109/01 e
conjuntamente com o disposto no artigo 11 da Lei bem como a forma como estas operações deve- a Lei Complementar nº 126/07, sendo totalmente
Complementar nº 109/01, não devendo o intér- rão ser realizadas. inadmissível qualquer argumento de que esta última
prete fazer qualquer tipo de distinção ou acréscimo Neste mesmo sentido é o que ocorre, por teria parcialmente derrogado a primeira. Tal asserti-
não inserido pela lei, sob pena de se deturpar as exemplo, com as operadoras de planos de saúde va decorre de uma análise intelectiva, fundamentada
regras hermenêuticas. suplementar, que de acordo com o disposto na Lei em preceitos jurídicos concretos, aplicáveis de forma
Sob o ângulo da interpretação teleológica7, ou nº 9.656, de 3 de junho de 1998, também pode- harmônica com os diversos dispositivos que regulam
seja, aquela que permite um entendimento mais ex- riam contratar diretamente operações de resseguro, o regime de previdência complementar e a política de
tensivo das regras previstas na Lei Complementar independentemente de tal condição estar prevista resseguros e retrocessão no país.
nº 126/07, é concebível afirmar, sem qualquer ou não na Lei Complementar nº 126/07.
margem de dúvida, que a condição prevista na Lei Parece-nos claro que não existe qualquer
Complementar nº 109/01 permite a contratação antinomia entre as leis complementares supramen- VII. Da Conclusão
direta de operações de resseguro pelas entidades cionadas, isto porque, de um lado, ambas tratam
de previdência complementar. Com arrimo no genericamente de sistemas autônomos e, de outro, Diante do acima exposto, conclui-se que:
disposto no artigo 11 da Lei Complementar nº mesmo com relação a tais “pontos de contato”, ca-
109/01, as entidades de previdência complementar da uma delas limitou-se a regular os dispositivos (i) os benefícios oferecidos pelas entidades de
já teriam sido autorizadas a realizar tais operações, emanados de seus respectivos comandos constitu- previdência complementar, sejam eles
justamente por se tratar do normativo que regula- cionais. Assim, não havendo revogação expressa, de cunho previdenciário ou de risco, sob o
mentou o artigo 202 da Constituição Federal, que permanece o artigo 11 da Lei Complementar nº ponto de vista estritamente técnico, são pas-
versa sobre o regime de previdência complementar, 109/01 plenamente em vigor. síveis de cobertura ressecuritária;

38
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

(ii) segundo a regra prevista no artigo 11 da Lei 4 ANDRADE, Christiano José de. Problema dos
Complementar nº 109/01, as EFPCs estão Métodos da Interpretação Jurídica, Editora RT,
autorizadas a ceder em resseguro seus riscos; e 1992, p. 24.
5 Ob. cit., páginas 188 e 189. Na página 155 desta
(iii) o acesso das entidades de previdência com- mesma obra, Carlos Maximiliano, reportando-se a
outros, traz os seguintes ensinamentos: (i) “deve-se
plementar às operações de resseguro está em
evitar a supersticiosa observância da lei que, olhan-
consonância com as disposições previstas na do só a letra dela, destrói a sua intenção” e (ii) “age
Lei Complementar nº 126/07. em fraude à lei aquele que, ressalvadas as palavras
da mesma, desatende ao seu espírito”.
6 Para Carlos Maximiliano, na interpretação sistemáti-
ca, “o hermeneuta eleva o olhar, dos casos especiais,
para os princípios dirigentes a que eles se acham
submetidos; indaga se, obedecendo a um, não viola
outra; inquire das conseqüências possíveis de cada
exegese isolada. Assim, contemplados do alto os fe-
nômenos jurídicos, melhor se verifica o sentido de
cada vocábulo, bem como se um dispositivo deve
ser tomado na acepção ampla ou na estrita, como
preceito comum, ou especial” (ob. cit, p. 162).
7 A interpretação teleológica é aquela que se funda-
menta na finalidade da norma. Para Christiano José
de Andrade, reportando-se a Jhering, “o fim é o cria-
dor do direito, que não há norma jurídica que não
deva sua origem a um fim, a um propósito, isto é,
a um motivo prático; o direito não é um fim em si
mesmo, é somente um meio a serviço de um fim,
1 Instituto de Resseguros do Brasil. Dicionário de se-
que consiste na existência da sociedade” (ob. cit.,
guros. Rio de Janeiro: Funenseg, 1996, p. 119.
página 56). Depois, reportando-se a Warat, o mes-
2 STEELE, J. T. Reinsurance for beginners. In: Post mo autor leciona que “o direito é considerado em
Magazine, 148, ano 1987, p. 20 (tradução livre). sua atividade funcional; a regra jurídica cumpre uma
finalidade, que justifica seu nascimento e existência;
3 MAXIMILIAMO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação
o elemento teleológico é importante na interpreta-
do Direito, Editora Freitas Bastos, 4ª edição, 1947,
ção” (ob. cit., p. 57).
p. 23.

39
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Re do Brasil para discutir suas preocupações.


Temos o histórico mais longo no Brasil como res-
Resseguro e segurador internacional, sendo que este fato levou
A Munich Re sente-se honrada por ter incluído a uma grande conscientização sobre nossa marca.
Previdência o Brasil em sua carteira internacional. A Munich Re
estabeleceu uma companhia de serviços há 11 anos
No entanto, continuamos a procurar aprofundar
nosso entendimento do mercado brasileiro e dos
Complementar em São Paulo e adquirimos muita experiência ao
atender às necessidades individuais de nossos clien-
riscos que são exclusivos de suas instituições.
O interesse dos fundos fechados de pensão nas
tes potenciais. Portanto, abrir uma companhia local soluções de resseguro já existe há algum tempo. A
foi uma decisão óbvia para nós. A Munich Re deseja abertura do mercado de resseguro apenas levou a
oferecer o mesmo nível de serviços de alta qualida- um aumento neste interesse dos fundos fechados
de de que desfrutam nossos clientes internacionais. de pensão, que agora desejam aproveitar os resse-
Esperamos contribuir com o aperfeiçoamento da guradores como parceiros no risco.
subscrição, desenvolvimento de produtos e gestão Acreditamos que a transferência dos riscos de
de riscos. Nossa companhia se dedica efetivamente mortalidade e invalidez possa ser analisada ime-
para fazer a diferença aos clientes que nos escolhem diatamente. Não há solução neste momento para
como parceiros no risco. a transferência do risco de longevidade. Podemos
A Munich Re do Brasil está agora atuando to- prestar assistência aos fundos de pensão no senti-
talmente como companhia de resseguros local. O do de monitorar sua experiência de mortalidade,
Moody’s Investors Service nos concedeu um rating especialmente as tendências de redução na morta-
(classificação) de A3 no que se refere à Local Global lidade histórica.
Ronald Poon Affat
Money Scale (Escala Monetária Local Global) e Aaa. Para as instituições financeiras em todo o
Diretor Adjunto Vida e Saúde, Münchener Rück br, no que se refere à respectiva escala nacional. mundo, há geralmente uma defasagem entre a
do Brasil Resseguradora S.A. - Grupo Munich Re
Os resseguradores internacionais adquiriram prática de mercado e a regulamentação. Neste
respeito por serem capazes de assumir riscos muito sentido, os fundos de pensão não são diferen-
sofisticados. Portanto, é natural que os fundos de tes. Atualmente, há muitas discussões a respeito
pensão queiram iniciar um diálogo com os prin- do fornecimento de acesso direto dos fundos fe-
cipais resseguradores que estabeleceram presença chados de pensão e das operadoras de saúde aos
local no Brasil. resseguradores. Este problema será certamente
Estamos muito satisfeitos pelo fato de que os resolvido e estamos confiantes de que será ado-
fundos fechados de pensão procuraram a Munich tada a melhor solução.

40
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

A Lei Complementar nº 109/2001 afirma, em seu


artigo 11, que “para assegurar compromissos assumi-
Previdência P ela própria natureza e objetivos sociais das se-
dos junto aos participantes e assistidos de planos de
benefícios, as entidades de previdência complementar
Complementar guradoras de vida e previdência, entidades (abertas
ou fechadas) e os fundos de previdência complemen-
poderão contratar operações de resseguro, por inicia-
tiva própria ou por determinação do órgão regulador

e Resseguro tar, tais entes têm na gestão dos riscos financeiros sua
principal atividade, em especial daqueles vinculados
e fiscalizador, observados o regulamento do respectivo
plano e demais disposições legais e regulamentares”.
à proteção do crédito e dos investimentos realizados Interpretando tal norma de forma isolada, con-
para a manutenção segura de suas reservas. clui-se que existe permissão legal específica para que
Assim, considerando a crescente importância do as entidades de previdência complementar contra-
setor de previdência complementar, vale analisar a tem operações de resseguro, não havendo nenhuma
atuação deste mercado frente aos mecanismos exis- menção sobre a exigência de intervenção de alguma
tentes para a preservação da liquidez e solvência das seguradora para a conclusão da operação.
operadoras. Outra visão do problema defende que, para ha-
Neste âmbito, com base em duas leis complemen- ver resseguro, por premissa conceitual, é preciso que,
tares (nº 109/2001, que regulamentou a previdência antes, exista um seguro. E, nessa linha de raciocínio,
complementar, e a nº 126/2007, que regulamentou somente as seguradoras de vida e previdência pode-
a nova política de resseguro e retrocessão no Brasil), riam realizar resseguro direto mesmo em relação à
surge dúvida acerca da possibilidade de ressegurar os parte de atuação da previdência (já que são segura-
riscos inerentes à previdência complementar. doras), enquanto as entidades fechadas ou abertas
Natália Velasques Sanches O ressegurador assumiria, por exemplo, o paga- de previdência complementar precisariam, primeiro,
Advogada do escritório Penteado mento dos benefícios aos participantes no caso de contratar um seguro para, depois, a seguradora reali-
Mendonça Advocacia. falência, insolvência ou encerramento de operações zar a operação de resseguro.
Daniela Guarnieri Krause da gestora do fundo? A tese se funda no fato de que a Lei Complementar
Advogada pós-graduada em Direito A controvérsia surge, basicamente, porque existem nº 126/2007, que regulamenta a operação de resse-
Processual Civil pela PUC/SP.
diferenças no tratamento legal entre as seguradoras guro no país, afirma serem cedentes de resseguro,
que operam seguro de vida e previdência e as entida- para os fins daquela lei, somente seguradoras, resse-
des fechadas ou abertas de previdência complementar. guradoras (na operação de retrocessão) e sociedades
Tal diferença da forma de constituição no setor da cooperativas autorizadas a operar com seguros.
previdência complementar gera o debate sobre quem Alguns afirmam mesmo que a Lei Complementar
poderia ser cedente direto de resseguro. nº 126/2007 teria revogado tacitamente o art. 9º da

41
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Lei Complementar 109/2001, pois sendo ambas leis societariamente como seguradoras) possam realizar A Secretaria de Previdência Complementar ten-
específicas, a mais nova revoga a anterior no que com resseguro direto de suas operações previdenciárias. tou, já em 2007, que o CNSP incluísse em suas
ela for conflitante. Excluir deste mecanismo de proteção as entidades regulamentações a respeito do resseguro as entidades
No entanto, dadas as peculiaridades do caso e as de previdência complementar (abertas), que atuam de previdência privada no rol dos legitimados para
práticas comerciais que regiam o mercado ressegura- na mesma área, trabalham com os mesmos riscos do realizar tais contratos. Mas a Resolução nº 168/2007
dor até 2007, tal posicionamento pode ser contestado. mercado e são reguladas pelo mesmo órgão governa- apenas transcreveu o artigo 2º da Lei Complementar
Há quem defenda, também com bastante propriedade, mental (SUSEP), seria algo injustificável. Ou proíbe nº 126/2007.
inexistir conflito entre as leis, mas sim lacuna. para as duas ou permite para ambas. De toda forma, apesar de pretender corrigir o que
Ora, se a Lei Complementar nº 126/2007 não in- Entender que as entidades de previdência são obri- parece mesmo ser um equívoco da lei, tal medida pa-
cluiu as entidades de previdência complementar para gadas a contratar resseguro por intermédio de uma deceria de defeito formal, pois desatende a hierarquia
os fins da regulamentação do resseguro nela exposta, seguradora seria impingir um custo operacional muito normativa e não pode ser considerada substituta para
não importa dizer que há vedação legal direta para mais elevado na proteção dos seus riscos do que teria de fins de uma regulamentação que caberia somente a
que tais entidades pratiquem tal operação. Somente arcar, por exemplo, uma seguradora de vida que opere uma lei e, ainda, complementar.
não podem seguir os critérios da Lei que não as também previdência, que poderia ressegurar diretamen- Por ora, como, particularmente, parece incorreto
abrange. te o risco da parte de previdência complementar de suas aceitar a interpretação de que a Lei Complementar
Como não houve menção expressa na lei posterior operações sem custos extras de intermediários. nº 126/2007 tenha efetivamente derrogado o art. 11
sobre a revogação do artigo 11 da Lei Complementar Esse tratamento diferenciado fere o princípio ge- da Lei Complementar nº 109/2001, vislumbra-se co-
nº 109/2001, pode-se concluir que a operação de res- ral e constitucional da isonomia e pode repercutir, mo solução da lacuna legal a aplicação analógica dos
seguro por entidades de previdência complementar inclusive, dependendo dos valores e riscos do caso critérios da Lei Complementar nº 126/2007 também
não é proibida, mas não pode seguir as determina- concreto, numa verdadeira concorrência desleal, pre- para os casos de resseguro direto por entidades de
ções da Lei Complementar nº 126/2007. cisando ser sanado por uma lei mais cuidadosa. previdência complementar.
O resseguro é um instrumento bastante eficaz na Isso porque, se de um lado é possível concluir Esse exercício de interpretação e aplicação das leis
garantia das operações de seguros e previdência, in- que a Lei Complementar nº 109/2001 vige comple- é juridicamente perfeito e viável, sendo a analogia,
clusive para os próprios consumidores (segurados, tamente e permite que as entidades de previdência inclusive, uma das fontes do Direito. Esta seria, ao
beneficiários, participantes). complementar operem resseguro, de outro é inegável menos, uma saída temporária para não inviabilizar
E, mesmo sendo o resseguro, numa conceituação que a Lei Complementar nº 126/2007, que regula- o incremento das operações de previdência comple-
clássica, um reforço da garantia de cumprimento do menta o resseguro, não se aplica diretamente a tais mentar que se pretendeu com a abertura do mercado
contrato pelo segurador, parece lógico que, antes do entidades (art. 2º). ressegurador, até que nova norma tecnicamente mais
resseguro, haveria necessidade precípua da formali- Surge, então, um impasse prático, quase intrans- apurada passe a existir.
zação de um seguro, assim, soa injusto que somente ponível, para que as entidades de previdência possam
as seguradoras de vida que também operem previ- ressegurar seus riscos: não há lei que defina como se
dência complementar (apenas porque se constituíram dará essa operação.

42
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

uma vez que a legislação coloca que a subscrição

As oportunidades
de riscos oriundos destas atividades de seguros é
exclusividade dos resseguradores locais.

do resseguro para o A abertura do mercado de resseguros, ocor- Ainda tratando-se especificamente do ramo
rida em 2008, significou um grande passo para a de previdência complementar, além de fomentar
mercado de vida e evolução das atividades das companhias segurado- o aprimoramento da indústria de resseguros, a
ras no país, bem como o desenvolvimento nacional abertura do mercado possibilita a estruturação das
previdência como um todo. O fim do monopólio do Instituto operações de resseguro para a garantia dos com-
de Resseguros do Brasil - IRB-Brasil Re S.A. e a promissos assumidos pelas seguradoras. Com isso,
chegada de novos players instigaram o ambiente as entidades do setor deixam de ser oneradas com
competitivo. Dividiu-se a responsabilidade pelo a necessidade de constituição de reservas técnicas
desenvolvimento da atividade resseguradora no suficientes o bastante para não comprometer o
país, antes concentrada na estatal. recebimento de renda ou indenizações pelos parti-
As resoluções que legitimaram a entrada dos cipantes da previdência privada.
competidores estrangeiros no mercado nacional de É justamente neste ponto que encontra-se a
resseguros estabelecem normas para a contratação grande vantagem do fim do monopólio estatal dos

Patrick de Larragoiti Lucas


destas coberturas, como o direito de preferência resseguros no Brasil. Com a nova regulamenta-

Presidente da SulAmérica Seguros


para a subscrição do risco com as resseguradoras ção, a solvência das seguradoras serão calculadas
e Previdência locais, em detrimento de resseguradores eventuais com base nos riscos assumidos pela empresa e não
ou admitidos, sem sede no Brasil. Isto represen- no volume total de vendas, como era feito ante-
ta uma enorme oportunidade de desenvolvimento riormente. Com os riscos compartilhados com os
das empresas brasileiras que atuam com resseguro. resseguradores, as empresas que operam no mer-
Estas oportunidades são ainda mais latentes quan- cado de previdência privada passam a ter mais
do se levam em consideração os segmentos de vida margem para utilização dos recursos para outros
por sobrevivência e previdência complementar, fins que não a constituição de reservas técnicas.

43
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

a resseguradores registrados na Superintendência de


Seguros Privados (Susep) como “locais”, definição
Resseguro e Previdência na qual se enquadram os resseguradores com sede
T alvez por conta das diversas novidades re- no país e reservas técnicas reguladas pelo Conselho
Complementar sultantes da abertura do mercado de resseguros
nacional, fruto da edição da Lei Complementar nº
Monetário Nacional (CMN) e pelo Conselho
Nacional de Seguros Privados (CNSP). Cinco en-
126, de 15 de janeiro de 2007, pouco destaque tem tidades pertencem hoje a este grupo conforme
sido dado a um importante fato, a nosso ver, qual informação contida no sítio da Susep: IRB Brasil
seja: a possibilidade de entidades de previdência Resseguros S.A., J. Malucelli Resseguradora S.A.,
complementar (EPCs) passarem a contratar resse- Mapfre Re do Brasil Companhia de Resseguros,
guro para suas operações. Münchener Rück do Brasil Resseguradora S.A. e XL
Essa prerrogativa foi originalmente concebida Resseguros Brasil S.A.
pela Lei Complementar nº 109, de 29 de maio de Tal restrição está associada à longa duração das
2001, que permitiu às EPCs a contratação de resse- carteiras de benefícios previdenciários e à con-
guro para assegurarem os compromissos assumidos sequente maior necessidade de fiscalização pela
com os participantes e assistidos de seus planos de Susep de seus garantidores. A mesma regra exis-
benefícios (art. 11), sendo posteriormente melhor te para seguros de vida por sobrevivência, do qual
detalhada pela Lei Complementar nº 126/07. é exemplo o seguro de vida gerador de benefício
Nesse caso, o resseguro funcionaria como uma livre (VGBL), em razão de sua natureza previden-
garantia adicional do beneficiário, permitindo que ciária, de maior duração.
o ressegurador figurasse como um “fiador” quanto Vale dizer que, conforme orientação do CNSP,
ao pagamento dos benefícios devidos pela EPC na estabelecida na Resolução nº 168, de 17 de dezem-
Fábio Amaral hipótese de sua eventual incapacidade financeira. bro de 2007, a restrição não se aplica às coberturas
Figueira
Assim, empresas exclusivamente de previdência de riscos dos seguros de pessoas simples, (ou seja,
Marcelo Vieira
complementar passaram a contar com um instru- que não sejam da modalidade por sobrevivência)
Rechtman
mento antes restrito às seguradoras e às empresas existentes ou comercializadas em conjunto com os
de natureza mista, as quais conjugavam atividades planos de seguros de vida por sobrevivência ou com
de seguro de vida e previdência, nos termos da Lei planos de previdência, as quais não estão sujeitas a
Complementar nº 109/01 (art. 36, §único). essa mesma restrição.
A principal restrição estabelecida para essa contra- Em complemento à mencionada restrição, o
tação de resseguros por EPCs é a sua limitação apenas CNSP pode, ainda, mediante resoluções, estabelecer

44
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

limites para a retrocessão de riscos relacionados interessados), ainda é alvo de discussão a possibili-
com resseguros de seguros de vida por sobrevivên- dade de sua extensão às EPCs do tipo fechado (i.e.
cia e de previdência complementar, do ressegurador aquelas que oferecem seus planos apenas para um
local que os assumiu para seus retrocessionários – grupo restrito de pessoas, usualmente empregadas
i.e. resseguradores locais, admitidos, eventuais ou de uma mesma empresa ou grupo), categoria na
até seguradoras brasileiras. qual se enquadram os fundos de pensão.
Embora a autorização para a contratação de res- Essa conclusão está embasada em dois fatos.
seguro por EPCs apareça de forma apenas indireta Primeiro, que as referências da Lei Complementar
na Lei Complementar nº 126/08 (art. 9º §2º), fica nº 126/08 às EPCs tratam sempre de entidades
claro da leitura de sua exposição de motivos que a abertas de previdência complementar, sem men-
intenção do legislador, ao apresentar o Projeto de ção às entidades fechadas (art. 26, inciso I e 27).
Lei Complementar nº 249, de 18 de maio de 2005, Segundo, que as atividades de resseguros de que
do qual resultou a Lei Complementar, era realmen- trata a Lei Complementar nº 126/08 são discipli-
te permitir essa contratação de resseguro. nadas pelo CNSP e fiscalizadas pela Susep, órgãos
O texto original do Projeto de Lei Complementar esses responsáveis pela supervisão de EPCs aber-
nº 249/05 chegou mesmo a definir as EPCs como tas, enquanto que EPCs do tipo fechado estariam
potenciais cedentes de resseguro (art. 2º §1º, inci- sujeitas a normas diversas, editadas pela Secretaria
sos I e III), tendo sido tal dispositivo modificado de Previdência Complementar (SPC). Ou seja,
pelo substitutivo de autoria do Deputado Nelson para se admitir que EPCs fechadas obtivessem a
Marquezelli, no qual se optou pela exclusão da re- mesma faculdade, seria preciso admitir também
ferência às EPCs nas definições de “cedente” e de a sua regulação, ainda que parcial, pelo CNSP e
“resseguros”, das quais então constavam. Não obs- pela Susep.
tante, da justificativa apresentada pelo Deputado Considerando as diversas questões relacio-
no referido substitutivo nota-se mais uma opção nadas à matéria, bem com a sua relevância para
pela simplificação de conceitos do que uma efetiva o aprimoramento do mercado de previdência
intenção de restringir a possibilidade de EPCs con- complementar brasileiro, faz-se necessária de
tratarem resseguros. maior regulamentação pelo tema pelo CNSP, de
Apesar do entendimento de que a possibilida- forma a propiciar-se o início da exploração de
de de resseguro é hoje livre para as EPCs do tipo mais este produto pelo mercado ressegurador
aberto (i.e. aquelas que oferecem planos a todos os em crescimento.

45
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

LEI COMPLEMENTAR Nº 109, DE 29.05.2001 compatibilizando-as com as políticas pre-


videnciária e de desenvolvimento social e
ANEXOS Dispõe sobre o Regime de
Previdência Complementar e dá
econômico-financeiro;

outras providências III - determinar padrões mínimos de segurança


econômico-financeira e atuarial, com fins
O Presidente da República específicos de preservar a liquidez, a sol-
vência e o equilíbrio dos planos de benefí-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu cios, isoladamente, e de cada entidade de
sanciono a seguinte Lei Complementar: previdência complementar, no conjunto
de suas atividades;
Capítulo I
Introdução IV - assegurar aos participantes e assistidos
o pleno acesso às informações relativas
Art. 1º - O regime de previdência privada, de ca- à gestão de seus respectivos planos de
ráter complementar e organizado de forma autônoma benefícios;
em relação ao regime geral de previdência social, é
facultativo, baseado na constituição de reservas que ga- V - fiscalizar as entidades de previdência com-
rantam o benefício, nos termos do “caput” do Art. 202 plementar, suas operações e aplicar penali-
da Constituição Federal, observado o disposto nesta Lei dades; e
Complementar.
VI - proteger os interesses dos participantes e
Art. 2º - O regime de previdência complementar é assistidos dos planos de benefícios.
operado por entidades de previdência complementar
que têm por objetivo principal instituir e executar pla- Art. 4º - As entidades de previdência complementar
nos de benefícios de caráter previdenciário, na forma são classificadas em fechadas e abertas, conforme defini-
desta Lei Complementar. do nesta Lei Complementar.

Art. 3º - A ação do Estado será exercida com o ob- Art. 5º - A normatização, coordenação, supervisão,
jetivo de: fiscalização e controle das atividades das entidades de
previdência complementar serão realizados por órgão
I - formular a política de previdência comple­ ou órgãos regulador e fiscalizador, conforme disposto
mentar; em lei, observado o disposto no inciso VI do Art. 84 da
Constituição Federal.
II - disciplinar, coordenar e supervisionar as ativi-
dades reguladas por esta Lei Complementar,

46
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Capítulo II conformidade com os critérios e normas fixados pelo IV - outros documentos que vierem a ser
Dos Planos de Benefícios órgão regulador e fiscalizador. especificados pelo órgão regulador e
fiscalizador.
Seção I §1º - A aplicação dos recursos correspondentes às
Disposições Comuns reservas, às provisões e aos fundos de que trata o “ca- §2º - Na divulgação dos planos de benefícios, não
put” será feita conforme diretrizes estabelecidas pelo poderão ser incluídas informações diferentes das que fi-
Art. 6º - As entidades de previdência complementar Conselho Monetário Nacional. gurem nos documentos referidos neste artigo.
somente poderão instituir e operar planos de benefícios
para os quais tenham autorização específica, segundo as §2º - É vedado o estabelecimento de aplicações com- Art. 11 - Para assegurar compromissos assumidos
normas aprovadas pelo órgão regulador e fiscalizador, pulsórias ou limites mínimos de aplicação. junto aos participantes e assistidos de planos de benefí-
conforme disposto nesta Lei Complementar. cios, as entidades de previdência complementar poderão
Art. 10 - Deverão constar dos regulamentos dos contratar operações de resseguro, por iniciativa própria
Art. 7º - Os planos de benefícios atenderão a padrões planos de benefícios, das propostas de inscrição e dos ou por determinação do órgão regulador e fiscalizador,
mínimos fixados pelo órgão regulador e fiscalizador, certificados de participantes condições mínimas a serem observados o regulamento do respectivo plano e demais
com o objetivo de assegurar transparência, solvência, fixadas pelo órgão regulador e fiscalizador. disposições legais e regulamentares.
liquidez e equilíbrio econômico-financeiro e atuarial.
§1º - A todo pretendente será disponibilizado e a to- Parágrafo único - Fica facultada às entidades fecha-
Parágrafo único - O órgão regulador e fiscalizador do participante entregue, quando de sua inscrição no das a garantia referida no “caput” por meio de fundo de
normatizará planos de benefícios nas modalidades de plano de benefícios: solvência, a ser instituído na forma da lei.
benefício definido, contribuição definida e contribuição
variável, bem como outras formas de planos de bene- I - certificado onde estarão indicados os re- Seção II
fícios que reflitam a evolução técnica e possibilitem quisitos que regulam a admissão e a manu- Dos Planos de Benefícios de Entidades Fechadas
flexibilidade ao regime de previdência complementar. tenção da qualidade de participante, bem
como os requisitos de elegibilidade e for- Art. 12 - Os planos de benefícios de entidades fe-
Art. 8º - Para efeito desta Lei Complementar, consi­ ma de cálculo dos benefícios; chadas poderão ser instituídos por patrocinadores e
dera-se: instituidores, observado o disposto no Art. 31 desta Lei
II - cópia do regulamento atualizado do pla- Complementar.
I - participante, a pessoa física que aderir aos no de benefícios e material explicativo que
planos de benefícios; e descreva, em linguagem simples e precisa, Art. 13 - A formalização da condição de patrocina-
as características do plano; dor ou instituidor de um plano de benefício dar-se-á
II - assistido, o participante ou seu benefi­ mediante convênio de adesão a ser celebrado entre o
ciário em gozo de benefício de prestação III - cópia do contrato, no caso de plano coleti- patrocinador ou instituidor e a entidade fechada, em
continuada. vo de que trata o inciso II do Art. 26 desta relação a cada plano de benefícios por esta administra-
Lei Complementar; e do e executado, mediante prévia autorização do órgão
Art. 9º - As entidades de previdência complementar regulador e fiscalizador, conforme regulamentação do
constituirão reservas técnicas, provisões e fundos, de Poder Executivo.

47
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

§1º - Admitir-se-á solidariedade entre patrocinado- §1º - Não será admitida a portabilidade na inexistên- dos planos de benefícios, sob qualquer
res ou entre instituidores, com relação aos respectivos cia de cessação do vínculo empregatício do participante forma.
planos, desde que expressamente prevista no convênio com o patrocinador.
de adesão. Parágrafo único - O direito acumulado corresponde
§2º - O órgão regulador e fiscalizador estabelecerá às reservas constituídas pelo participante ou à reserva
§2º - O órgão regulador e fiscalizador, dentre outros período de carência para o instituto de que trata o inciso matemática, o que lhe for mais favorável.
requisitos, estabelecerá o número mínimo de partici- II deste artigo.
pantes admitido para cada modalidade de plano de Art. 16 - Os planos de benefícios devem ser, obri-
benefício. §3º - Na regulamentação do instituto previsto no gatoriamente, oferecidos a todos os empregados dos
inciso II do “caput” deste artigo, o órgão regulador e patrocinadores ou associados dos instituidores.
Art. 14 - Os planos de benefícios deverão prever os fiscalizador observará, entre outros requisitos especí­
seguintes institutos, observadas as normas estabelecidas ficos, os seguintes: §1º - Para os efeitos desta Lei Complementar, são
pelo órgão regulador e fiscalizador: equiparáveis aos empregados e associados a que se refere
I - se o plano de benefícios foi instituído o “caput” os gerentes, diretores, conselheiros ocupantes
I - benefício proporcional diferido, em razão antes ou depois da publicação desta Lei de cargo eletivo e outros dirigentes de patrocinadores e
da cessação do vínculo empregatício com Complementar; instituidores.
o patrocinador ou associativo com o ins-
tituidor antes da aquisição do direito ao II - a modalidade do plano de benefícios. §2º - É facultativa a adesão aos planos a que se refere
benefício pleno, a ser concedido quando o “caput” deste artigo.
cumpridos os requisitos de elegibilidade; §4º - O instituto de que trata o inciso II deste artigo,
quando efetuado para entidade aberta, somente será ad- §3º - O disposto no “caput” deste artigo não se aplica
II - portabilidade do direito acumulado pelo mitido quando a integralidade dos recursos financeiros aos planos em extinção, assim considerados aqueles aos
participante para outro plano; correspondentes ao direito acumulado do participante for quais o acesso de novos participantes esteja vedado.
utilizada para a contratação de renda mensal vitalícia ou
III - resgate da totalidade das contribuições por prazo determinado, cujo prazo mínimo não poderá ser Art. 17 - As alterações processadas nos regulamentos
vertidas ao plano pelo participante, des- inferior ao período em que a respectiva reserva foi consti- dos planos aplicam-se a todos os participantes das en-
contadas as parcelas do custeio adminis- tuída, limitado ao mínimo de quinze anos, observadas as tidades fechadas, a partir de sua aprovação pelo órgão
trativo, na forma regulamentada; e normas estabelecidas pelo órgão regulador e fiscalizador. regulador e fiscalizador, observado o direito acumulado
de cada participante.
IV - faculdade de o participante manter o valor Art. 15 - Para efeito do disposto no inciso II do “ca-
de sua contribuição e a do patrocinador, put” do artigo anterior, fica estabelecido que: Parágrafo único - Ao participante que tenha cumpri-
no caso de perda parcial ou total da remu- do os requisitos para obtenção dos benefícios previstos
neração recebida, para assegurar a percep- I - a portabilidade não caracteriza resgate; e no plano é assegurada a aplicação das disposições regu-
ção dos benefícios nos níveis correspon- lamentares vigentes na data em que se tornou elegível a
dentes àquela remuneração ou em outros II - é vedado que os recursos financeiros cor- um benefício de aposentadoria.
definidos em normas regulamentares. respondentes transitem pelos participantes

48
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Art. 18 - O plano de custeio, com periodicidade II - extraordinárias, aquelas destinadas ao cus- adicional ou redução do valor dos benefícios a con-
mínima anual, estabelecerá o nível de contribuição teio de déficits, serviço passado e outras ceder, observadas as normas estabelecidas pelo órgão
necessário à constituição das reservas garantidoras de finalidades não incluídas na contribuição regulador e fiscalizador.
benefícios, fundos, provisões e à cobertura das demais normal.
despesas, em conformidade com os critérios fixados pelo §2º - A redução dos valores dos benefícios não se
órgão regulador e fiscalizador. Art. 20 - O resultado superavitário dos planos de be- aplica aos assistidos, sendo cabível, nesse caso, a ins-
nefícios das entidades fechadas, ao final do exercício, tituição de contribuição adicional para cobertura do
§1º - O regime financeiro de capitalização é obriga- satisfeitas as exigências regulamentares relativas aos men- acréscimo ocorrido em razão da revisão do plano.
tório para os benefícios de pagamento em prestações cionados planos, será destinado à constituição de reserva
que sejam programadas e continuadas. de contingência, para garantia de benefícios, até o limite de §3º - Na hipótese de retorno à entidade dos recursos
vinte e cinco por cento do valor das reservas matemáticas. equivalentes ao déficit previsto no “caput” deste arti-
§2º - Observados critérios que preservem o equilíbrio go, em conseqüência de apuração de responsabilidade
financeiro e atuarial, o cálculo das reservas técnicas aten- §1º - Constituída a reserva de contingência, com os mediante ação judicial ou administrativa, os respectivos
derá às peculiaridades de cada plano de benefícios e deverá valores excedentes será constituída reserva especial para valores deverão ser aplicados necessariamente na redu-
estar expresso em nota técnica atuarial, de apresentação revisão do plano de benefícios. ção proporcional das contribuições devidas ao plano ou
obrigatória, incluindo as hipóteses utilizadas, que deverão em melhoria dos benefícios.
guardar relação com as características da massa e da ativi- §2º - A não utilização da reserva especial por três
dade desenvolvida pelo patrocinador ou instituidor. exercícios consecutivos determinará a revisão obrigató- Art. 22 - Ao final de cada exercício, coincidente com
ria do plano de benefícios da entidade. o ano civil, as entidades fechadas deverão levantar as
§3º - As reservas técnicas, provisões e fundos de ca- demonstrações contábeis e as avaliações atuariais de
da plano de benefícios e os exigíveis a qualquer título §3º - Se a revisão do plano de benefícios implicar cada plano de benefícios, por pessoa jurídica ou pro-
deverão atender permanentemente à cobertura integral redução de contribuições, deverá ser levada em consi- fissional legalmente habilitado, devendo os resultados
dos compromissos assumidos pelo plano de benefícios, deração a proporção existente entre as contribuições ser encaminhados ao órgão regulador e fiscalizador e
ressalvadas excepcionalidades definidas pelo órgão re- dos patrocinadores e dos participantes, inclusive dos divulgados aos participantes e aos assistidos.
gulador e fiscalizador. assistidos.
Art. 23 - As entidades fechadas deverão manter
Art. 19 - As contribuições destinadas à constituição Art. 21 - O resultado deficitário nos planos ou nas en- atualizada sua contabilidade, de acordo com as instru-
de reservas terão como finalidade prover o pagamento tidades fechadas será equacionado por patrocinadores, ções do órgão regulador e fiscalizador, consolidando a
de benefícios de caráter previdenciário, observadas as participantes e assistidos, na proporção existente entre posição dos planos de benefícios que administram e exe-
especificidades previstas nesta Lei Complementar. as suas contribuições, sem prejuízo de ação regressiva cutam, bem como submetendo suas contas a auditores
contra dirigentes ou terceiros que deram causa a dano independentes.
Parágrafo único - As contribuições referidas no “ca- ou prejuízo à entidade de previdência complementar.
put” classificam-se em: Parágrafo único - Ao final de cada exercício serão
§1º - O equacionamento referido no “caput” poderá elaboradas as demonstrações contábeis e atuariais con-
I - normais, aquelas destinadas ao custeio dos ser feito, dentre outras formas, por meio do aumento solidadas, sem prejuízo dos controles por plano de
benefícios previstos no respectivo plano; e do valor das contribuições, instituição de contribuição benefícios.

49
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Art. 24 - A divulgação aos participantes, inclusive II - coletivos, quando tenham por objetivo ga- Art. 27 - Observados os conceitos, a forma, as con-
aos assistidos, das informações pertinentes aos planos rantir benefícios previdenciários a pessoas dições e os critérios fixados pelo órgão regulador, é
de benefícios dar-se-á ao menos uma vez ao ano, na for- físicas vinculadas, direta ou indiretamente, assegurado aos participantes o direito à portabilidade,
ma, nos prazos e pelos meios estabelecidos pelo órgão a uma pessoa jurídica contratante. inclusive para plano de benefício de entidade fechada, e
regulador e fiscalizador. ao resgate de recursos das reservas técnicas, provisões e
§1º - O plano coletivo poderá ser contratado por fundos, total ou parcialmente.
Parágrafo único - As informações requeridas for- uma ou várias pessoas jurídicas.
malmente pelo participante ou assistido, para defesa de §1º - A portabilidade não caracteriza resgate.
direitos e esclarecimento de situações de interesse pes- §2º - O vínculo indireto de que trata o inciso II deste ar-
soal específico deverão ser atendidas pela entidade no tigo refere-se aos casos em que uma entidade representativa §2º - É vedado, no caso de portabilidade:
prazo estabelecido pelo órgão regulador e fiscalizador. de pessoas jurídicas contrate plano previdenciário coletivo
para grupos de pessoas físicas vinculadas a suas filiadas. I - que os recursos financeiros transitem pelos
Art. 25 - O órgão regulador e fiscalizador pode- participantes, sob qualquer forma; e
rá autorizar a extinção de plano de benefícios ou a §3º - Os grupos de pessoas de que trata o parágra-
retirada de patrocínio, ficando os patrocinadores e fo anterior poderão ser constituídos por uma ou mais II - a transferência de recursos entre partici­
instituidores obrigados ao cumprimento da totalidade categorias específicas de empregados de um mesmo pantes.
dos compromissos assumidos com a entidade relati- empregador, podendo abranger empresas coligadas,
vamente aos direitos dos participantes, assistidos e controladas ou subsidiárias, e por membros de associa- Art. 28 - Os ativos garantidores das reservas téc-
obrigações legais, até a data da retirada ou extinção ções legalmente constituí­das, de caráter profissional ou nicas, das provisões e dos fundos serão vinculados
do plano. classista, e seus cônjuges ou companheiros e dependen- à ordem do órgão fiscalizador, na forma a ser regu-
tes econômicos. lamentada, e poderão ter sua livre movimentação
Parágrafo único - Para atendimento do disposto no suspensa pelo referido órgão, a partir da qual não
“caput” deste artigo, a situação de solvência econômico- §4º - Para efeito do disposto no parágrafo anterior, poderão ser alienados ou prometidos alienar sem sua
financeira e atuarial da entidade deverá ser atestada por são equiparáveis aos empregados e associados os direto- prévia e expressa autorização, sendo nulas, de pleno
profissional devidamente habilitado, cujos relatórios se- res, conselheiros ocupantes de cargos eletivos e outros direito, quaisquer operações realizadas com violação
rão encaminhados ao órgão regulador e fiscalizador. dirigentes ou gerentes da pessoa jurídica contratante. daquela suspensão.

Seção III §5º - A implantação de um plano coletivo será ce- §1º - Sendo imóvel, o vínculo será averbado à mar-
Dos Planos de Benefícios de Entidades Abertas lebrada mediante contrato, na forma, nos critérios, nas gem do respectivo registro no Cartório de Registro
condições e nos requisitos mínimos a serem estabeleci- Geral de Imóveis competente, mediante comunicação
Art. 26 - Os planos de benefícios instituídos por en- dos pelo órgão regulador. do órgão fiscalizador.
tidades abertas poderão ser:
§6º - É vedada à entidade aberta a contratação de §2º - Os ativos garantidores a que se refere o “ca-
I - individuais, quando acessíveis a quaisquer plano coletivo com pessoa jurídica cujo objetivo prin- put”, bem como os direitos deles decorrentes, não
pessoas físicas; ou cipal seja estipular, em nome de terceiros, planos de poderão ser gravados, sob qualquer forma, sem prévia e
benefícios coletivos. expressa autorização do órgão fiscalizador, sendo nulos

50
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

os gravames constituídos com infringência do disposto na forma regulamentada pelo órgão regulador e fiscali- §4º - Na regulamentação de que trata o “caput”,
neste parágrafo. zador, exclusivamente: o órgão regulador e fiscalizador estabelecerá o tempo
mínimo de existência do instituidor e o seu número mí-
Art. 29 - Compete ao órgão regulador, entre outras I - aos empregados de uma empresa ou gru- nimo de associados.
atribuições que lhe forem conferidas por lei: po de empresas e aos servidores da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Art. 32 - As entidades fechadas têm como objeto a
I - fixar padrões adequados de segurança atu- Municípios, entes denominados patroci- administração e execução de planos de benefícios de na-
arial e econômico-financeira, para preser- nadores; e tureza previdenciária.
vação da liquidez e solvência dos planos de
benefícios, isoladamente, e de cada entida- II - aos associados ou membros de pessoas ju- Parágrafo único - É vedada às entidades fechadas a
de aberta, no conjunto de suas atividades; rídicas de caráter profissional, classista ou prestação de quaisquer serviços que não estejam no âm-
setorial, denominadas instituidores. bito de seu objeto, observado o disposto no Art. 76.
II - estabelecer as condições em que o órgão
fiscalizador pode determinar a suspensão §1º - As entidades fechadas organizar-se-ão sob a for- Art. 33 - Dependerão de prévia e expressa autoriza-
da comercialização ou a transferência, en- ma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos. ção do órgão regulador e fiscalizador:
tre entidades abertas, de planos de benefí-
cios; e §2º - As entidades fechadas constituídas por insti- I - a constituição e o funcionamento da enti-
tuidores referidos no inciso II do “caput” deste artigo dade fechada, bem como a aplicação dos
III - fixar condições que assegurem transparên- deverão, cumulativamente: respectivos estatutos, dos regulamentos
cia, acesso a informações e fornecimento dos planos de benefícios e suas alterações;
de dados relativos aos planos de benefí- I - terceirizar a gestão dos recursos garan-
cios, inclusive quanto à gestão dos respec- tidores das reservas técnicas e provisões II - as operações de fusão, cisão, incorporação
tivos recursos. mediante a contratação de instituição es- ou qualquer outra forma de reorganização
pecializada autorizada a funcionar pelo societária, relativas às entidades fechadas;
Art. 30 - É facultativa a utilização de corretores na Banco Central do Brasil ou outro órgão
venda dos planos de benefícios das entidades abertas. competente; III - as retiradas de patrocinadores; e

Parágrafo único - Aos corretores de planos de be- II - ofertar exclusivamente planos de benefí- IV - as transferências de patrocínio, de grupo
nefícios aplicam-se a legislação e a regulamentação da cios na modalidade contribuição definida, de participantes, de planos e de reservas
profissão de corretor de seguros. na forma do parágrafo único do Art. 7º entre entidades fechadas.
desta Lei Complementar.
Capítulo III §1º - Excetuado o disposto no inciso III deste artigo,
Das Entidades Fechadas de Previdência §3º - Os responsáveis pela gestão dos recursos de é vedada a transferência para terceiros de participantes,
Complementar que trata o inciso I do parágrafo anterior deverão man- de assistidos e de reservas constituídas para garantia de
ter segregados e totalmente isolados o seu patrimônio benefícios de risco atuarial programado, de acordo com
Art. 31 - As entidades fechadas são aquelas acessíveis, dos patrimônios do instituidor e da entidade fechada. normas estabelecidas pelo órgão regulador e fiscalizador.

51
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

§2º - Para os assistidos de planos de benefícios na estrutura mínima composta por conselho deliberativo, §6º - Os demais membros da diretoria-executiva
modalidade contribuição definida que mantiveram es- conselho fiscal e diretoria-executiva. responderão solidariamente com o dirigente indicado
ta característica durante a fase de percepção de renda na forma do parágrafo anterior pelos danos e prejuízos
programada, o órgão regulador e fiscalizador poderá, §1º - O estatuto deverá prever representação dos causados à entidade para os quais tenham concorrido.
em caráter excepcional, autorizar a transferência dos participantes e assistidos nos conselhos deliberativo e
recursos garantidores dos benefícios para entidade de fiscal, assegurado a eles no mínimo um terço das vagas. §7º - Sem prejuízo do disposto no §1º do Art. 31
previdência complementar ou companhia seguradora desta Lei Complementar, os membros da diretoria-exe-
autorizada a operar planos de previdência complemen- §2º - Na composição dos conselhos deliberativo e cutiva e dos conselhos deliberativo e fiscal poderão ser
tar, com o objetivo específico de contratar plano de fiscal das entidades qualificadas como multipatrocina- remunerados pelas entidades fechadas, de acordo com a
renda vitalícia, observadas as normas aplicáveis. das, deverá ser considerado o número de participantes legislação aplicável.
vinculados a cada patrocinador ou instituidor, bem co-
Art. 34 - As entidades fechadas podem ser qualifica- mo o montante dos respectivos patrimônios. §8º - Em caráter excepcional, poderão ser ocupados
das da seguinte forma, além de outras que possam ser até trinta por cento dos cargos da diretoria-executiva
definidas pelo órgão regulador e fiscalizador: §3º - Os membros do conselho deliberativo ou do conse- por membros sem formação de nível superior, sen-
lho fiscal deverão atender aos seguintes requisitos mínimos: do assegurada a possibilidade de participação neste
I - de acordo com os planos que adminis­tram: órgão de pelo menos um membro, quando da aplica-
I - comprovada experiência no exercício de ção do referido percentual resultar número inferior
a) de plano comum, quando administram atividades nas áreas financeira, administra- à unidade.
plano ou conjunto de planos acessíveis tiva, contábil, jurídica, de fiscalização ou
ao universo de participantes; e de auditoria; Capítulo IV
Das Entidades Abertas de Previdência
b) com multiplano, quando administram II - não ter sofrido condenação criminal tran- Complementar
plano ou conjunto de planos de benefí- sitada em julgado; e
cios para diversos grupos de participan- Art. 36 - As entidades abertas são constituídas uni-
tes, com independência patrimonial; III - não ter sofrido penalidade administrativa camente sob a forma de sociedades anônimas e têm
por infração da legislação da seguridade por objetivo instituir e operar planos de benefícios de
II - de acordo com seus patrocinadores ou social ou como servidor público. caráter previdenciário concedidos em forma de renda
instituidores: continuada ou pagamento único, acessíveis a quaisquer
§4º - Os membros da diretoria-executiva deverão ter pessoas físicas.
a) singulares, quando estiverem vinculadas formação de nível superior e atender aos requisitos do
a apenas um patrocinador ou institui- parágrafo anterior. Parágrafo único - As sociedades seguradoras auto-
dor; e rizadas a operar exclusivamente no ramo vida poderão
§5º - Será informado ao órgão regulador e fiscali- ser autorizadas a operar os planos de benefícios a que se
b) multipatrocinadas, quando congregarem zador o responsável pelas aplicações dos recursos da refere o “caput”, a elas se aplicando as disposições desta
mais de um patrocinador ou instituidor. entidade, escolhido entre os membros da diretoria- Lei Complementar.
Art. 35 - As entidades fechadas deverão manter executiva.

52
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Art. 37 - Compete ao órgão regulador, entre ou- I - a constituição e o funcionamento das enti- Art. 40 - As entidades abertas deverão levantar no úl-
tras atribuições que lhe forem conferidas por lei, dades abertas, bem como as disposições de timo dia útil de cada mês e semestre, respectivamente,
estabelecer: seus estatutos e as respectivas alterações; balancetes mensais e balanços gerais, com observância das
regras e dos critérios estabelecidos pelo órgão regulador.
I - os critérios para a investidura e posse em II - a comercialização dos planos de bene­
cargos e funções de órgãos estatutários de fícios; Parágrafo único - As sociedades seguradoras autori-
entidades abertas, observado que o preten- zadas a operar planos de benefícios deverão apresentar
dente não poderá ter sofrido condenação III - os atos relativos à eleição e conseqüente nas demonstrações financeiras, de forma discriminada,
criminal transitada em julgado, penalidade posse de administradores e membros de as atividades previdenciárias e as de seguros, de acordo
administrativa por infração da legislação conselhos estatutários; e com critérios fixados pelo órgão regulador.
da seguridade social ou como servidor
público; IV - as operações relativas à transferência do Capítulo V
controle acionário, fusão, cisão, incorpo- Da Fiscalização
II - as normas gerais de contabilidade, audi- ração ou qualquer outra forma de reorga-
toria, atuária e estatística a serem obser- nização societária. Art. 41 - No desempenho das atividades de fiscali-
vadas pelas entidades abertas, inclusive zação das entidades de previdência complementar, os
quanto à padronização dos planos de con- Parágrafo único - O órgão regulador disciplinará o servidores do órgão regulador e fiscalizador terão livre
tas, balanços gerais, balancetes e outras tratamento administrativo a ser emprestado ao exame acesso às respectivas entidades, delas podendo requisitar
demonstrações financeiras, critérios sobre dos assuntos constantes deste artigo. e apreender livros, notas técnicas e quaisquer documen-
sua periodicidade, sobre a publicação des- tos, caracterizando-se embaraço à fiscalização, sujeito às
ses documentos e sua remessa ao órgão Art. 39 - As entidades abertas deverão comunicar ao penalidades previstas em lei, qualquer dificuldade opos-
fiscalizador; órgão fiscalizador, no prazo e na forma estabelecidos: ta à consecução desse objetivo.

III - os índices de solvência e liquidez, bem como I - os atos relativos às alterações estatutárias §1º - O órgão regulador e fiscalizador das entidades
as relações patrimoniais a serem atendidas e à eleição de administradores e membros fechadas poderá solicitar dos patrocinadores e institui-
pelas entidades abertas, observado que seu de conselhos estatutários; e dores informações relativas aos aspectos específicos que
patrimônio líquido não poderá ser inferior digam respeito aos compromissos assumidos frente aos
ao respectivo passivo não operacional; e II - o responsável pela aplicação dos recursos respectivos planos de benefícios.
das reservas técnicas, provisões e fundos,
IV - as condições que assegurem acesso a infor- escolhido dentre os membros da diretoria- §2º - A fiscalização a cargo do Estado não exime os
mações e fornecimento de dados relativos executiva. patrocinadores e os instituidores da responsabilidade
a quaisquer aspectos das atividades das en- pela supervisão sistemática das atividades das suas res-
tidades abertas. Parágrafo único - Os demais membros da diretoria-exe- pectivas entidades fechadas.
cutiva responderão solidariamente com o dirigente indicado
Art. 38 - Dependerão de prévia e expressa aprova- na forma do inciso II deste artigo pelos danos e prejuízos §3º - As pessoas físicas ou jurídicas submetidas ao re-
ção do órgão fiscalizador: causados à entidade para os quais tenham concorrido. gime desta Lei Complementar ficam obrigadas a prestar

53
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

quaisquer informações ou esclarecimentos solicitados §3º - O diretor-fiscal não está sujeito à indisponibi- cada um dos planos de benefícios e da en-
pelo órgão regulador e fiscalizador. lidade de bens, nem aos demais efeitos decorrentes da tidade no conjunto de suas atividades;
decretação da intervenção ou da liquidação extrajudi-
§4º - O disposto neste artigo aplica-se, sem prejuízo cial da entidade aberta. V - situação atuarial desequilibrada;
da competência das autoridades fiscais, relativamente ao
pleno exercício das atividades de fiscalização tributária. Capítulo VI VI - outras anormalidades definidas em regula­
Da Intervenção e da Liquidação mento.
Art. 42 - O órgão regulador e fiscalizador poderá, Extrajudicial
em relação às entidades fechadas, nomear adminis- Art. 45 - A intervenção será decretada pelo prazo
trador especial, a expensas da entidade, com poderes Seção I necessário ao exame da situação da entidade e encami-
próprios de intervenção e de liquidação extrajudicial, Da Intervenção nhamento de plano destinado à sua recuperação.
com o objetivo de sanear plano de benefícios específico,
caso seja constatada na sua administração e execução Art. 44 - Para resguardar os direitos dos participan- Parágrafo único - Dependerão de prévia e expressa
alguma das hipóteses previstas nos Arts. 44 e 48 desta tes e assistidos poderá ser decretada a intervenção na autorização do órgão competente os atos do interventor
Lei Complementar. entidade de previdência complementar, desde que se que impliquem oneração ou disposição do patrimônio.
verifique, isolada ou cumulativamente:
Parágrafo único - O ato de nomeação de que trata o Art. 46 - A intervenção cessará quando aprovado o
“caput” estabelecerá as condições, os limites e as atri- I - irregularidade ou insuficiência na cons- plano de recuperação da entidade pelo órgão competen-
buições do administrador especial. tituição das reservas técnicas, provisões te ou se decretada a sua liquidação extrajudicial.
e fundos, ou na sua cobertura por ativos
Art. 43 - O órgão fiscalizador poderá, em relação às en- garantidores; Seção II
tidades abertas, desde que se verifique uma das condições Da Liquidação Extrajudicial
previstas no Art. 44 desta Lei Complementar, nomear, II - aplicação dos recursos das reservas técni-
por prazo determinado, prorrogável a seu critério, e a cas, provisões e fundos de forma inade- Art. 47 - As entidades fechadas não poderão solicitar
expensas da respectiva entidade, um diretor-fiscal. quada ou em desacordo com as normas concordata e não estão sujeitas a falência, mas somente
expedidas pelos órgãos competentes; a liquidação extrajudicial.
§1º - O diretor-fiscal, sem poderes de gestão, terá
suas atribuições estabelecidas pelo órgão regulador, ca- III - descumprimento de disposições estatutá- Art. 48 - A liquidação extrajudicial será decretada
bendo ao órgão fiscalizador fixar sua remuneração. rias ou de obrigações previstas nos regu- quando reconhecida a inviabilidade de recuperação da
lamentos dos planos de benefícios, con- entidade de previdência complementar ou pela ausência
§2º - Se reconhecer a inviabilidade de recuperação vênios de adesão ou contratos dos planos de condição para seu funcionamento.
da entidade aberta ou a ausência de qualquer condição coletivos de que trata o inciso II do Art. 26
para o seu funcionamento, o diretor-fiscal proporá ao desta Lei Complementar; Parágrafo único - Para os efeitos desta Lei
órgão fiscalizador a decretação da intervenção ou da li- Complementar, entende-se por ausência de condi-
quidação extrajudicial. IV - situação econômico-financeira insuficiente ção para funcionamento de entidade de previdência
à preservação da liquidez e solvência de complementar:

54
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

I - (VETADO) VIII - interrupção do pagamento à liquidanda Art. 51 - Serão obrigatoriamente levantados, na data
das contribuições dos participantes e dos da decretação da liquidação extrajudicial de entidade de
II - (VETADO) patrocinadores, relativas aos planos de previdência complementar, o balanço geral de liquida-
benefícios. ção e as demonstrações contábeis e atuariais necessárias
III - o não atendimento às condições míni- à determinação do valor das reservas individuais.
mas estabelecidas pelo órgão regulador e §1º - As faculdades previstas nos incisos deste artigo
fiscalizador. aplicam-se, no caso das entidades abertas de previdência Art. 52 - A liquidação extrajudicial poderá, a qual-
complementar, exclusivamente, em relação às suas ativi- quer tempo, ser levantada, desde que constatados fatos
Art. 49 - A decretação da liquidação extrajudicial dades de natureza previdenciária. supervenientes que viabilizem a recuperação da entida-
produzirá, de imediato, os seguintes efeitos: de de previdência complementar.
§2º - O disposto neste artigo não se aplica às ações e
I - suspensão das ações e execuções inicia- aos débitos de natureza tributária. Art. 53 - A liquidação extrajudicial das entidades
das sobre direitos e interesses relativos ao fechadas encerrar-se-á com a aprovação, pelo órgão re-
acervo da entidade liquidanda; Art. 50 - O liquidante organizará o quadro geral de gulador e fiscalizador, das contas finais do liquidante e
credores, realizará o ativo e liquidará o passivo. com a baixa nos devidos registros.
II - vencimento antecipado das obrigações da
liquidanda; §1º - Os participantes, inclusive os assistidos, dos Parágrafo único - Comprovada pelo liquidante a
planos de benefícios ficam dispensados de se habili- inexistência de ativos para satisfazer a possíveis crédi-
III - não incidência de penalidades contratuais tarem a seus respectivos créditos, estejam estes sendo tos reclamados contra a entidade, deverá tal situação
contra a entidade por obrigações vencidas recebidos ou não. ser comunicada ao juízo competente e efetivados os
em decorrência da decretação da liquida- devidos registros, para o encerramento do processo de
ção extrajudicial; §2º - Os participantes, inclusive os assistidos, dos liquidação.
planos de benefícios terão privilégio especial sobre os
IV - não fluência de juros contra a liquidan- ativos garantidores das reservas técnicas e, caso estes Seção III
da enquanto não integralmente pago o não sejam suficientes para a cobertura dos direitos res- Disposições Especiais
passivo; pectivos, privilégio geral sobre as demais partes não
vinculadas ao ativo. Art. 54 - O interventor terá amplos poderes de admi-
V - interrupção da prescrição em relação às nistração e representação e o liquidante plenos poderes
obrigações da entidade em liquidação; §3º - Os participantes que já estiverem recebendo be- de administração, representação e liquidação.
nefícios, ou que já tiverem adquirido este direito antes
VI - suspensão de multa e juros em relação às de decretada a liquidação extrajudicial, terão preferên- Art. 55 - Compete ao órgão fiscalizador decretar,
dívidas da entidade; cia sobre os demais participantes. aprovar e rever os atos de que tratam os Arts. 45, 46
e 48 desta Lei Complementar, bem como nomear, por
VII - inexigibilidade de penas pecuniárias por §4º - Os créditos referidos nos parágrafos anteriores intermédio do seu dirigente máximo, o interventor ou
infrações de natureza administrativa; deste artigo não têm preferência sobre os créditos de o liquidante.
natureza trabalhista ou tributária.

55
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Art. 56 - A intervenção e a liquidação extrajudicial extrajudicial e atinge todos aqueles que tenham estado Parágrafo único - A autoridade que receber a comu-
determinam a perda do mandato dos administradores e no exercício das funções nos doze meses anteriores. nicação ficará, relativamente a esses bens, impedida de:
membros dos conselhos estatutários das entidades, se-
jam titulares ou suplentes. §2º - A indisponibilidade poderá ser estendida aos I - fazer transcrições, inscrições ou averbações
bens de pessoas que, nos últimos doze meses, os tenham de documentos públicos ou particulares;
Art. 57 - Os créditos das entidades de previdência adquirido, a qualquer título, das pessoas referidas no
complementar, em caso de liquidação ou falência de “caput” e no parágrafo anterior, desde que haja segu- II - arquivar atos ou contratos que importem
patrocinadores, terão privilégio especial sobre a mas- ros elementos de convicção de que se trata de simulada em transferência de cotas sociais, ações ou
sa, respeitado o privilégio dos créditos trabalhistas e transferência com o fim de evitar os efeitos desta Lei partes beneficiárias;
tributários. Complementar.
III - realizar ou registrar operações e títulos de
Parágrafo único - Os administradores dos respectivos §3º - Não se incluem nas disposições deste artigo os qualquer natureza; e
patrocinadores serão responsabilizados pelos danos ou bens considerados inalienáveis ou impenhoráveis pela
prejuízos causados às entidades de previdência com- legislação em vigor. IV - processar a transferência de proprie­dade de
plementar, especialmente pela falta de aporte das veículos automotores, aeronaves e embar­
contribuições a que estavam obrigados, observado §4º - Não são também atingidos pela indisponibilida- cações.
o disposto no parágrafo único do Art. 63 desta Lei de os bens objeto de contrato de alienação, de promessas
Complementar. de compra e venda e de cessão de direitos, desde que os Art. 61 - A apuração de responsabilidades específicas
respectivos instrumentos tenham sido levados ao com- referida no “caput” do Art. 59 desta Lei Complementar
Art. 58 - No caso de liquidação extrajudicial de petente registro público até doze meses antes da data de será feita mediante inquérito a ser instaurado pelo ór-
entidade fechada motivada pela falta de aporte de con- decretação da intervenção ou liquidação extrajudicial. gão regulador e fiscalizador, sem prejuízo do disposto
tribuições de patrocinadores ou pelo não recolhimento nos Arts. 63 a 65 desta Lei Complementar.
de contribuições de participantes, os administradores §5º - Não se aplica a indisponibilidade de bens
daqueles também serão responsabilizados pelos danos das pessoas referidas no “caput” deste artigo no caso §1º - Se o inquérito concluir pela inexistência de
ou prejuízos causados. de liquidação extrajudicial de entidades fechadas que prejuízo, será arquivado no órgão fiscalizador.
deixarem de ter condições para funcionar por motivos
Art. 59 - Os administradores, controladores e membros totalmente desvinculados do exercício das suas atribui- §2º - Concluindo o inquérito pela existência de pre-
de conselhos estatutários das entidades de previdência ções, situação esta que poderá ser revista a qualquer juízo, será ele, com o respectivo relatório, remetido pelo
complementar sob intervenção ou em liquidação extra- momento, pelo órgão regulador e fiscalizador, desde órgão regulador e fiscalizador ao Ministério Público,
judicial ficarão com todos os seus bens indisponíveis, que constatada a existência de irregularidades ou indí- observados os seguintes procedimentos:
não podendo, por qualquer forma, direta ou indireta, cios de crimes por elas praticados.
aliená-los ou onerá-los, até a apuração e liquidação final I - o interventor ou o liquidante, de ofício ou
de suas responsabilidades. Art. 60 - O interventor ou o liquidante comunicará a a requerimento de qualquer interessado
indisponibilidade de bens aos órgãos competentes para que não tenha sido indiciado no inquéri-
§1º - A indisponibilidade prevista neste artigo de- os devidos registros e publicará edital para conhecimen- to, após aprovação do respectivo relató-
corre do ato que decretar a intervenção ou liquidação to de terceiros. rio pelo órgão fiscalizador, determinará o

56
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

levantamento da indisponibilidade de que em entidades de previdência complementar, noticiará a entidade de previdência complementar, assegurado o
trata o Art. 59 desta Lei Complementar; ao Ministério Público, enviando-lhe os documentos direito de regresso, e poderá ser aplicada cumulativa-
comprobatórios. mente com as constantes dos incisos I, II ou III deste
II - será mantida a indisponibilidade com re- artigo.
lação às pessoas indiciadas no inquérito, Parágrafo único - O sigilo de operações não poderá
após aprovação do respectivo relatório pe- ser invocado como óbice à troca de informações entre §2º - Das decisões do órgão fiscalizador caberá re-
lo órgão fiscalizador. os órgãos mencionados no “caput”, nem ao fornecimen- curso, no prazo de quinze dias, com efeito suspensivo,
to de informações requisitadas pelo Ministério Público. ao órgão competente.
Art. 62 - Aplicam-se à intervenção e à liquidação das
entidades de previdência complementar, no que couber, Art. 65 - A infração de qualquer disposição desta Lei §3º - O recurso a que se refere o parágrafo ante-
os dispositivos da legislação sobre a intervenção e liqui- Complementar ou de seu regulamento, para a qual não rior, na hipótese do inciso IV deste artigo, somente será
dação extrajudicial das instituições financeiras, cabendo haja penalidade expressamente cominada, sujeita a pes- conhecido se for comprovado pelo requerente o paga-
ao órgão regulador e fiscalizador as funções atribuídas soa física ou jurídica responsável, conforme o caso e a mento antecipado, em favor do órgão fiscalizador, de
ao Banco Central do Brasil. gravidade da infração, às seguintes penalidades adminis- trinta por cento do valor da multa aplicada.
trativas, observado o disposto em regulamento:
Capítulo VII §4º - Em caso de reincidência, a multa será aplicada
Do Regime Disciplinar I - advertência; em dobro.

Art. 63 - Os administradores de entidade, os pro- II - suspensão do exercício de atividades em Art. 66 - As infrações serão apuradas mediante
curadores com poderes de gestão, os membros de entidades de previdência complementar processo administrativo, na forma do regulamento, apli-
conselhos estatutários, o interventor e o liquidante pelo prazo de até cento e oitenta dias; cando-se, no que couber, o disposto na Lei no 9.784, de
responderão civilmente pelos danos ou prejuízos que 29.01.99.
causarem, por ação ou omissão, às entidades de previ- III - inabilitação, pelo prazo de dois a dez anos,
dência complementar. para o exercício de cargo ou função em Art. 67 - O exercício de atividade de previdência
entidades de previdência complementar, complementar por qualquer pessoa, física ou jurídica,
Parágrafo único - São também responsáveis, na for- sociedades seguradoras, instituições finan- sem a autorização devida do órgão competente, inclu-
ma do “caput”, os administradores dos patrocinadores ceiras e no serviço público; e sive a comercialização de planos de benefícios, bem
ou instituidores, os atuários, os auditores independen- como a captação ou a administração de recursos de
tes, os avaliadores de gestão e outros profissionais que IV - multa de dois mil reais a um milhão de reais, terceiros com o objetivo de, direta ou indiretamente,
prestem serviços técnicos à entidade, diretamente ou devendo esses valores, a partir da publi- adquirir ou conceder benefícios previdenciários sob
por intermédio de pessoa jurídica contratada. cação desta Lei Complementar, ser rea- qualquer forma, submete o responsável à penalidade
justados de forma a preservar, em caráter de inabilitação pelo prazo de dois a dez anos para o
Art. 64 - O órgão fiscalizador competente, o Banco permanente, seus valores reais. exercício de cargo ou função em entidade de previdên-
Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários cia complementar, sociedades seguradoras, instituições
ou a Secretaria da Receita Federal, constatando a exis- §1º - A penalidade prevista no inciso IV será imputa- financeiras e no serviço público, além de multa apli-
tência de práticas irregulares ou indícios de crimes da ao agente responsável, respondendo solidariamente cável de acordo com o disposto no inciso IV do Art.

57
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

65 desta Lei Complementar, bem como noticiar ao pelo mesmo participante, não incidem tributação e con- Art. 73 - As entidades abertas serão reguladas
Ministério Público. tribuições de qualquer natureza. também, no que couber, pela legislação aplicável às so-
ciedades seguradoras.
Capítulo VIII Art. 70 - (VETADO)
Disposições Gerais Art. 74 - Até que seja publicada a lei de que trata
Art. 71 - É vedado às entidades de previdência com- o Art. 5º desta Lei Complementar, as funções do ór-
Art. 68 - As contribuições do empregador, os bene- plementar realizar quaisquer operações comerciais e gão regulador e do órgão fiscalizador serão exercidas
fícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, financeiras: pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, por
regulamentos e planos de benefícios das entidades de intermédio, respectivamente, do Conselho de Gestão
previdência complementar não integram o contrato de I - com seus administradores, membros dos da Previdência Complementar (CGPC) e da Secretaria
trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos conselhos estatutários e respectivos cônju- de Previdência Complementar (SPC), relativamente às
benefícios concedidos, não integram a remuneração dos ges ou companheiros, e com seus parentes entidades fechadas, e pelo Ministério da Fazenda, por
participantes. até o segundo grau; intermédio do Conselho Nacional de Seguros Privados
(CNSP) e da Superintendência de Seguros Privados
§1º - Os benefícios serão considerados direito ad- II - com empresa de que participem as pessoas (SUSEP), em relação, respectivamente, à regulação e fis-
quirido do participante quando implementadas todas as a que se refere o inciso anterior, exceto no calização das entidades abertas.
condições estabelecidas para elegibilidade consignadas caso de participação de até cinco por cen-
no regulamento do respectivo plano. to como acionista de empresa de capital Art. 75 - Sem prejuízo do benefício, prescreve em
aberto; e cinco anos o direito às prestações não pagas nem recla-
§2º - A concessão de benefício pela previdência com- madas na época própria, resguardados os direitos dos
plementar não depende da concessão de benefício pelo III - tendo como contraparte, mesmo que in- menores dependentes, dos incapazes ou dos ausentes,
regime geral de previdência social. diretamente, pessoas físicas e jurídicas a na forma do Código Civil.
elas ligadas, na forma definida pelo órgão
Art. 69 - As contribuições vertidas para as entida- regulador. Art. 76 - As entidades fechadas que, na data da
des de previdência complementar, destinadas ao custeio publicação desta Lei Complementar, prestarem a seus
dos planos de benefícios de natureza previdenciária, são Parágrafo único - A vedação deste artigo não se apli- participantes e assistidos serviços assistenciais à saúde
dedutíveis para fins de incidência de imposto sobre a ca ao patrocinador, aos participantes e aos assistidos, poderão continuar a fazê-lo, desde que seja estabelecido
renda, nos limites e nas condições fixadas em lei. que, nessa condição, realizarem operações com a enti- um custeio específico para os planos assistenciais e que
dade de previdência complementar. a sua contabilização e o seu patrimônio sejam mantidos
§1º - Sobre as contribuições de que trata o “caput” em separado em relação ao plano previdenciário.
não incidem tributação e contribuições de qualquer Art. 72 - Compete privativamente ao órgão regulador
natureza. e fiscalizador das entidades fechadas zelar pelas socieda- §1º - Os programas assistenciais de natureza finan-
des civis e fundações, como definido no Art. 31 desta Lei ceira deverão ser extintos a partir da data de publicação
§2º - Sobre a portabilidade de recursos de reservas Complementar, não se aplicando a estas o disposto nos desta Lei Complementar, permanecendo em vigência,
técnicas, fundos e provisões entre planos de benefícios Arts. 26 e 30 do Código Civil e 1.200 a 1.204 do Código até o seu termo, apenas os compromissos já firmados.
de entidades de previdência complementar, titulados de Processo Civil e demais disposições em contrário.

58
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

§2º - Consideram-se programas assistenciais de natu- devem adaptar-se às condições estabelecidas nos §§1º e entidades abertas sem fins lucrativos e das sociedades
reza financeira, para os efeitos desta Lei Complementar, 2o, no mesmo prazo previsto no “caput” deste artigo. seguradora e/ou de capitalização por elas controladas ao
aqueles em que o rendimento situa-se abaixo da taxa Regime Disciplinar previsto nesta Lei Complementar,
mínima atuarial do respectivo plano de benefícios. §4º - As reservas técnicas de planos já operados sem prejuízo da responsabilidade civil por danos ou pre-
por entidades abertas de previdência privada sem fins juízos causados, por ação ou omissão, à entidade.
Art. 77 - As entidades abertas sem fins lucrativos e lucrativos, anteriormente à data de publicação da Lei
as sociedades seguradoras autorizadas a funcio­nar em no 6.435, de 15.07.77, poderão permanecer garanti- Art. 78 - Esta Lei Complementar entra em vigor na
conformidade com a Lei no 6.435, de 15.07.77, terão das por ativos de propriedade da entidade, existentes à data de sua publicação.
o prazo de dois anos para se adaptar ao disposto nesta época, dentro de programa gradual de ajuste às normas
Lei Complementar. estabelecidas pelo órgão regulador sobre a matéria, a ser Art. 79 - Revogam-se as Leis no 6.435, de 15.07.77,
submetido pela entidade ao órgão fiscalizador no prazo e no 6.462, de 09.11.77.
§1º - No caso das entidades abertas sem fins lucrati- máximo de doze meses a contar da data de publicação
vos já autorizadas a funcionar, é permitida a manutenção desta Lei Complementar. Brasília, 29.05.2001;
de sua organização jurídica como sociedade civil, sen- 180º da Independência e 113º da República
do-lhes vedado participar, direta ou indiretamente, de §5º - O prazo máximo para o término para o progra-
pessoas jurídicas, exceto quando tiverem participação ma gradual de ajuste a que se refere o parágrafo anterior Fernando Henrique Cardoso
acionária: não poderá superar cento e vinte meses, contados da José Gregori
data de aprovação do respectivo programa pelo órgão Pedro Malan
I - minoritária, em sociedades anônimas de fiscalizador. Roberto Brant
capital aberto, na forma regulamentada
pelo Conselho Monetário Nacional, para §6º - As entidades abertas sem fins lucrativos que, na (DOU, de 30.05.2001 - págs. 03 a 07 - Seção 1)
aplicação de recursos de reservas técnicas, data de publicação desta Lei Complementar, já vinham
fundos e provisões; mantendo programas de assistência filantrópica, prévia
e expressamente autorizados, poderão, para efeito de
II - em sociedade seguradora e/ou de capita­ cobrança, adicionar às contribuições de seus planos de
lização. benefícios valor destinado àqueles programas, observa-
das as normas estabelecidas pelo órgão regulador.
§2º - É vedado à sociedade seguradora e/ou de ca-
pitalização referida no inciso II do parágrafo anterior §7º - A aplicabilidade do disposto no parágrafo
participar majoritariamente de pessoas jurídicas, ressal- anterior fica sujeita, sob pena de cancelamento da au-
vadas as empresas de suporte ao seu funcionamento e torização previamente concedida, à prestação anual de
as sociedades anônimas de capital aberto, nas condições contas dos programas filantrópicos e à aprovação pelo
previstas no inciso I do parágrafo anterior. órgão competente.

§3º - A entidade aberta sem fins lucrativos e a socie- §8º - O descumprimento de qualquer das obriga-
dade seguradora e/ou de capitalização por ela controlada ções contidas neste artigo sujeita os administradores das

59
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

LEI COMPLEMENTAR Nº 126, DE 15.01.2007 ressegurador que contrata operação de Parágrafo único - Ao órgão fiscalizador de seguros,
retrocessão; no que se refere aos resseguradores, intermediários e su-
Dispõe sobre a política de resseguro, retrocessão e as respectivas atividades, caberão as mesmas atribuições
sua intermediação, as operações de cosseguro, as II - cosseguro: operação de seguro em que 2 que detém para as sociedades seguradoras, corretores de
contratações de seguro no exterior e as operações em (duas) ou mais sociedades seguradoras, com seguros e suas respectivas atividades.
moeda estrangeira do setor securitário; altera o Decreto- anuência do segurado, distribuem entre si,
lei nº 73, de 21 de novembro de 1966 e a Lei nº 8.031, percentualmente, os riscos de determinada CAPÍTULO III
de 12 de abril de 1990; e dá outras providências. apólice, sem solidariedade entre elas; DOS RESSEGURADORES

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercí- III - resseguro: operação de transferência de Seção I


cio do cargo de Presidente da República riscos de uma cedente para um ressegu- Da Qualificação
rador, ressalvado o disposto no inciso IV
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu deste parágrafo; Art. 4º - As operações de resseguro e retroces-
sanciono a seguinte Lei Complementar: são podem ser realizadas com os seguintes tipos de
IV - retrocessão: operação de transferência de resseguradores:
CAPÍTULO I riscos de resseguro de resseguradores para
DO OBJETO resseguradores ou de resseguradores para I - ressegurador local: ressegurador sediado
sociedades seguradoras locais. no País constituído sob a forma de socie-
Art. 1º - Esta Lei Complementar dispõe sobre a po- dade anônima, tendo por objeto exclusivo
lítica de resseguro, retrocessão e sua intermediação, as §2º - A regulação pelo órgão de que trata o “ca- a realização de operações de resseguro e
operações de cosseguro, as contratações de seguro no put” deste artigo não prejudica a atuação dos órgãos retrocessão;
exterior e as operações em moeda estrangeira do setor reguladores das cedentes, no âmbito exclusivo de suas
securitário. atribuições, em especial no que se refere ao controle das II - ressegurador admitido: ressegurador se-
operações realizadas. diado no exterior, com escritório de repre-
CAPÍTULO II sentação no País, que, atendendo às exi-
DA REGULAÇÃO E DA FISCALIZAÇÃO §3º - Equipara-se à cedente a sociedade cooperativa gências previstas nesta Lei Complementar
autorizada a operar em seguros privados que contrata e nas normas aplicáveis à atividade de res-
Art. 2º - A regulação das operações de cosseguro, operação de resseguro, desde que a esta sejam aplicadas seguro e retrocessão, tenha sido cadastra-
resseguro, retrocessão e sua intermediação será exercida as condições impostas às seguradoras pelo órgão regu- do como tal no órgão fiscalizador de segu-
pelo órgão regulador de seguros, conforme definido em lador de seguros. ros para realizar operações de resseguro e
lei, observadas as disposições desta Lei Complementar. retrocessão; e
Art. 3º - A fiscalização das operações de cosseguro,
§1º - Para fins desta Lei Complementar, considera-se: resseguro, retrocessão e sua intermediação será exercida III - ressegurador eventual: empresa ressegura-
pelo órgão fiscalizador de seguros, conforme definido dora estrangeira sediada no exterior sem
I - cedente: a sociedade seguradora que em lei, sem prejuízo das atribuições dos órgãos fiscaliza- escritório de representação no País que,
contrata operação de resseguro ou o dores das demais cedentes. atendendo às exigências previstas nesta

60
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Lei Complementar e nas normas aplicá- I - estar constituído, segundo as leis de seu II - apresentação periódica de demonstrações
veis à atividade de resseguro e retrocessão, País de origem, para subscrever ressegu- financeiras, na forma definida pelo órgão
tenha sido cadastrada como tal no órgão ros locais e internacionais nos ramos em regulador de seguros brasileiro.
fiscalizador de seguros para realizar opera- que pretenda operar no Brasil e que tenha
ções de resseguro e retrocessão. dado início a tais operações no País de ori- Art. 7º - A taxa de fiscalização a ser paga pelos ressegu-
gem, há mais de 5 (cinco) anos; radores locais e admitidos será estipulada na forma da lei.
Parágrafo único - É vedado o cadastro a que se refere
o inciso III do “caput” deste artigo de empresas estran- II - dispor de capacidade econômica e financei- CAPÍTULO IV
geiras sediadas em paraísos fiscais, assim considerados ra não inferior à mínima estabelecida pelo DOS CRITÉRIOS BÁSICOS DE CESSÃO
Países ou dependências que não tributam a renda ou que órgão regulador de seguros brasileiro;
a tributam à alíquota inferior a 20% (vinte por cento) Art. 8º - A contratação de resseguro e retrocessão
ou, ainda, cuja legislação interna oponha sigilo relativo III - ser portador de avaliação de solvência por no País ou no exterior será feita mediante negociação
à composição societária de pessoas jurídicas ou à sua agência classificadora reconhecida pelo ór- direta entre a cedente e o ressegurador ou por meio de
titularidade. gão fiscalizador de seguros brasileiro, com intermediário legalmente autorizado.
classificação igual ou superior ao mínimo
Seção II estabelecido pelo órgão regulador de segu- §1º - O limite máximo que poderá ser cedido anual-
Das Regras Aplicáveis ros brasileiro; mente a resseguradores eventuais será fixado pelo Poder
Executivo.
Art. 5º - Aplicam-se aos resseguradores locais, IV - designar procurador, domiciliado no
observadas as peculiaridades técnicas, contratuais, ope- Brasil, com amplos poderes administrati- §2º - O intermediário de que trata o “caput” des-
racionais e de risco da atividade e as disposições do vos e judiciais, inclusive para receber ci- te artigo é a corretora autorizada de resseguros, pessoa
órgão regulador de seguros: tações, para quem serão enviadas todas as jurídica, que disponha de contrato de seguro de res-
notificações; e ponsabilidade civil profissional, na forma definida pelo
I - o Decreto-lei no 73, de 21 de novembro órgão regulador de seguros, e que tenha como respon-
de 1966, e as demais leis aplicáveis às so- V - outros requisitos que venham a ser fi- sável técnico o corretor de seguros especializado e
ciedades seguradoras, inclusive as que se xados pelo órgão regulador de seguros devidamente habilitado.
referem à intervenção e liquidação de em- brasileiro.
presas, mandato e responsabilidade de ad- Art. 9º - A transferência de risco somente será reali-
ministradores; e Parágrafo único - Constituem-se ainda requisitos pa- zada em operações:
ra os resseguradores admitidos:
II - as regras estabelecidas para as sociedades I - de resseguro com resseguradores locais,
seguradoras. I - manutenção de conta em moeda estrangeira admitidos ou eventuais; e
vinculada ao órgão fiscalizador de seguros
Art. 6º - O ressegurador admitido ou eventual deve- brasileiro, na forma e montante definido II - de retrocessão com resseguradores locais,
rá atender aos seguintes requisitos mínimos: pelo órgão regulador de seguros brasileiro admitidos ou eventuais, ou sociedades se-
para garantia de suas operações no País; guradoras locais.

61
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

§1º - As operações de resseguro relativas a seguro de CAPÍTULO V participantes, beneficiários ou assistidos haverem ou
vida por sobrevivência e previdência complementar são DAS OPERAÇÕES não sido realizados pela cedente, ressalvados os casos
exclusivas de resseguradores locais. enquadrados no Art. 14 desta Lei Complementar.
Seção I
§2º - O órgão regulador de seguros poderá estabelecer Disposições Gerais Art. 14 - Os resseguradores e os seus retrocessioná-
limites e condições para a retrocessão de riscos referen- rios não responderão diretamente perante o segurado,
tes às operações mencionadas no §1º deste artigo. Art. 12 - O órgão regulador de seguros estabelecerá as participante, beneficiário ou assistido pelo montante
diretrizes para as operações de resseguro, de retrocessão assumido em resseguro e em retrocessão, ficando as
Art. 10 - O órgão fiscalizador de seguros terá aces- e de corretagem de resseguro e para a atuação dos escri- cedentes que emitiram o contrato integralmente respon-
so a todos os contratos de resseguro e de retrocessão, tórios de representação dos resseguradores admitidos, sáveis por indenizá-los.
inclusive os celebrados no exterior, sob pena de ser observadas as disposições desta Lei Complementar.
desconsiderada, para todos os efeitos, a existência do Parágrafo único - Na hipótese de insolvência, de
contrato de resseguro e de retrocessão. Parágrafo único - O órgão regulador de seguros po- decretação de liquidação ou de falência da cedente, é
derá estabelecer: permitido o pagamento direto ao segurado, participan-
Art. 11 - Observadas as normas do órgão regulador te, beneficiário ou assistido, da parcela de indenização
de seguros, a cedente contratará ou ofertará preferen- I - cláusulas obrigatórias de instrumentos ou benefício correspondente ao resseguro, desde que o
cialmente a resseguradores locais para, pelo menos: contratuais relativos às operações de res- pagamento da respectiva parcela não tenha sido realiza-
seguro e retrocessão; do ao segurado pela cedente nem pelo ressegurador à
I - 60% (sessenta por cento) de sua ces- cedente, quando:
são de resseguro, nos 3 (três) primeiros II - prazos para formalização contratual;
anos após a entrada em vigor desta Lei I - o contrato de resseguro for considerado
Complementar; e III - restrições quanto à realização de determi- facultativo na forma definida pelo órgão
nadas operações de cessão de risco; regulador de seguros;
II - 40% (quarenta por cento) de sua ces-
são de resseguro, após decorridos 3 IV - requisitos para limites, acompanhamento II - nos demais casos, se houver cláusula con-
(três) anos da entrada em vigor desta Lei e monitoramento de operações intragru- tratual de pagamento direto.
Complementar. po; e
Art. 15 - Nos contratos com a intermediação de
§1º - (VETADO) V - requisitos adicionais aos mencionados nos corretoras de resseguro, não poderão ser incluídas cláu-
§2º - (VETADO) incisos I a IV deste parágrafo. sulas que limitem ou restrinjam a relação direta entre as
cedentes e os resseguradores nem se poderão conferir
§3º - (VETADO)
Art. 13 - Os contratos de resseguro deverão incluir poderes ou faculdades a tais corretoras além daqueles
§4º - (VETADO) cláusula dispondo que, em caso de liquidação da cedente, necessários e próprios ao desempenho de suas atribui-
§5º - (VETADO) subsistem as responsabilidades do ressegurador perante ções como intermediários independentes na contratação
§6º - (VETADO) a massa liquidanda, independentemente de os paga- do resseguro.
mentos de indenizações ou benefícios aos segurados,

62
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

Art. 16 - Nos contratos a que se refere o Art. 15 por sociedades seguradoras, resseguradores locais, res- IV - seguros que, pela legislação em vigor, na da-
desta Lei Complementar, é obrigatória a inclusão de seguradores admitidos e corretoras de resseguro. ta de publicação desta Lei Complementar,
cláusula de intermediação, definindo se a corretora está tiverem sido contratados no exterior.
ou não autorizada a receber os prêmios de resseguro Seção III
ou a coletar o valor correspondente às recuperações de Do Seguro no País e no Exterior Parágrafo único - Pessoas jurídicas poderão contratar
indenizações ou benefícios. seguro no exterior para cobertura de riscos no exterior,
Art. 19 - Serão exclusivamente celebrados no País, res- informando essa contratação ao órgão fiscalizador de
Parágrafo único - Estando a corretora autorizada ao salvado o disposto no Art. 20 desta Lei Complementar: seguros brasileiro no prazo e nas condições determina-
recebimento ou à coleta a que se refere o “caput” deste das pelo órgão regulador de seguros brasileiro.
artigo, os seguintes procedimentos serão observados: I - os seguros obrigatórios; e
CAPÍTULO VI
I - o pagamento do prêmio à corretora libera a II - os seguros não obrigatórios contratados DO REGIME DISCIPLINAR
cedente de qualquer responsabilidade pelo por pessoas naturais residentes no País ou
pagamento efetuado ao ressegurador; e, por pessoas jurídicas domiciliadas no territó- Art. 21 - As cedentes, os resseguradores locais, os es-
rio nacional, independentemente da forma critórios de representação de ressegurador admitido, os
II - o pagamento de indenização ou benefício jurídica, para garantia de riscos no País. corretores e corretoras de seguro, resseguro e retrocessão
à corretora só libera o ressegurador quan- e os prestadores de serviços de auditoria independente
do efetivamente recebido pela cedente. Art. 20 - A contratação de seguros no exterior por bem como quaisquer pessoas naturais ou jurídicas que
pessoas naturais residentes no País ou por pessoas ju- descumprirem as normas relativas à atividade de resse-
Art. 17 - A aplicação dos recursos das provisões rídicas domiciliadas no território nacional é restrita às guro, retrocessão e corretagem de resseguros estarão
técnicas e dos fundos dos resseguradores locais e dos re- seguintes situações: sujeitos às penalidades previstas nos Arts. 111, 112 e
cursos exigidos no País para garantia das obrigações dos 128 do Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de 1966,
resseguradores admitidos será efetuada de acordo com I - cobertura de riscos para os quais não exis- aplicadas pelo órgão fiscalizador de seguros, conforme
as diretrizes do Conselho Monetário Nacional - CMN. ta oferta de seguro no País, desde que sua normas do órgão regulador de seguros.
contratação não represente infração à le-
Seção II gislação vigente; Parágrafo único - As infrações a que se refere o “ca-
Das Operações em Moeda Estrangeira put” deste artigo serão apuradas mediante processo
II - cobertura de riscos no exterior em que administrativo regido em consonância com o Art. 118
Art. 18 - O seguro, o resseguro e a retrocessão o segurado seja pessoa natural residente no do Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de 1966.
poderão ser efetuados no País em moeda estrangeira, País, para o qual a vigência do seguro contra-
observadas a legislação que rege operações desta natu- tado se restrinja, exclusivamente, ao período
reza, as regras fixadas pelo CMN e as regras fixadas pelo em que o segurado se encontrar no exterior; CAPÍTULO VII
órgão regulador de seguros. DISPOSIÇÕES FINAIS
III - seguros que sejam objeto de acordos in-
Parágrafo único - O CMN disciplinará a abertura e ternacionais referendados pelo Congresso Art. 22 - O IRB-Brasil Resseguros S.A. fica autoriza-
manutenção de contas em moeda estrangeira, tituladas Nacional; e do a continuar exercendo suas atividades de resseguro e

63
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

de retrocessão, sem qualquer solução de continuidade, Mobiliários manterão permanente intercâmbio de in- .................................................................. ” (NR)
independentemente de requerimento e autorização go- formações acerca dos resultados das inspeções que
vernamental, qualificando-se como ressegurador local. realizarem, dos inquéritos que instaurarem e das penali- “Art. 16 -..................................................................
dades que aplicarem, sempre que as informações forem
Parágrafo único - O IRB-Brasil Resseguros S.A. for- necessárias ao desempenho de suas atividades. Parágrafo único - (VETADO).
necerá ao órgão fiscalizador da atividade de seguros
informações técnicas e cópia de seu acervo de dados e Art. 26 - As câmaras e os prestadores de serviços de “Art. 32 - .................................................................
de quaisquer outros documentos ou registros que esse compensação e de liquidação autorizados a funcionar
órgão fiscalizador julgue necessários para o desempenho pela legislação em vigor bem como as instituições autori- VI - delimitar o capital das sociedades segura-
das funções de fiscalização das operações de seguro, cos- zadas à prestação de serviços de custódia pela Comissão doras e dos resseguradores;
seguro, resseguro e retrocessão. de Valores Mobiliários fornecerão ao órgão fiscalizador
de seguros, desde que por ele declaradas necessárias ao .............................................................................
Art. 23 - Fica a União autorizada a oferecer aos exercício de suas atribuições, as informações que possu-
acionistas preferenciais do IRB-Brasil Resseguros S.A., am sobre as operações: VIII - disciplinar as operações de cosseguro;
mediante competente deliberação societária, a opção de
retirada do capital que mantêm investido na socieda- I - dos fundos de investimento especialmente IX - (revogado);
de, com a finalidade exclusiva de destinar tais recursos constituídos para a recepção de recursos
integralmente à subscrição de ações de empresa de res- das sociedades seguradoras, de capitali- .............................................................................
seguro sediada no País. zação e entidades abertas de previdência
complementar; e XIII - (revogado);
Parágrafo único. (VETADO)
II - dos fundos de investimento, com patrimô- .................................................................. ” (NR)
Art. 24 - O órgão fiscalizador de seguros fornecerá nio segregado, vinculados exclusivamente
à Advocacia-Geral da União as informações e os docu- a planos de previdência complementar ou “Art. 86 - Os segurados e beneficiários que sejam
mentos necessários à defesa da União nas ações em que a seguros de vida com cláusula de cobertu- credores por indenização ajustada ou por ajustar têm
seja parte. ra por sobrevivência, estruturados na mo- privilégio especial sobre reservas técnicas, fundos espe-
dalidade de contribuição variável, por eles ciais ou provisões garantidoras das operações de seguro,
Art. 25 - O órgão fiscalizador de seguros, instaurado comercializados e administrados. de resseguro e de retrocessão.
inquérito administrativo, poderá solicitar à autorida- Art. 27 - Os Arts. 8º, 16, 32, 86, 88, 96, 100, 108,
de judiciária competente o levantamento do sigilo nas 111 e 112 do Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de Parágrafo único - Após o pagamento aos segurados
instituições financeiras de informações e documentos 1966, passam a vigorar com a seguinte redação: e beneficiários mencionados no “caput” deste artigo,
relativos a bens, direitos e obrigações de pessoa física ou o privilégio citado será conferido, relativamente aos
jurídica submetida ao seu poder fiscalizador. “Art. 8º -.................................................................. fundos especiais, reservas técnicas ou provisões garan-
tidoras das operações de resseguro e de retrocessão, às
Parágrafo único - O órgão fiscalizador de seguros, c) dos resseguradores; sociedades seguradoras e, posteriormente, aos ressegu-
o Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores radores.” (NR)

64
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

“Art. 88 - As sociedades seguradoras e os ressegu- a pessoa natural ou jurídica responsável às seguintes respondendo solidariamente o ressegurador ou a so-
radores obedecerão às normas e instruções dos órgãos penalidades administrativas, aplicadas pelo órgão fisca- ciedade seguradora ou de capitalização, assegurado o
regulador e fiscalizador de seguros sobre operações de lizador de seguros: direito de regresso, e poderá ser aplicada cumulativa-
seguro, cosseguro, resseguro e retrocessão, bem como mente com as penalidades constantes dos incisos I, II,
lhes fornecerão dados e informações atinentes a quais- I - advertência; III ou V do “caput” deste artigo.
quer aspectos de suas atividades.
II - suspensão do exercício das atividades ou §2º - Das decisões do órgão fiscalizador de seguros
Parágrafo único - Os inspetores e funcionários cre- profissão abrangidas por este Decreto-lei caberá recurso, no prazo de 30 (trinta) dias, com efeito
denciados do órgão fiscalizador de seguros terão livre pelo prazo de até 180 (cento e oitenta) suspensivo, ao órgão competente.
acesso às sociedades seguradoras e aos resseguradores, dias;
deles podendo requisitar e apreender livros, notas técni- §3º - O recurso a que se refere o §2o deste artigo, na
cas e documentos, caracterizando-se como embaraço à III - inabilitação, pelo prazo de 2 (dois) anos hipótese do inciso IV do “caput” deste artigo, somente
fiscalização, sujeito às penas previstas neste Decreto-lei, a 10 (dez) anos, para o exercício de cargo será conhecido se for comprovado pelo requerente o
qualquer dificuldade oposta aos objetivos deste artigo.” ou função no serviço público e em empre- pagamento antecipado, em favor do órgão fiscalizador
(NR) sas públicas, sociedades de economia mis- de seguros, de 30% (trinta por cento) do valor da multa
ta e respectivas subsidiárias, entidades de aplicada.
“Art. 96 -.................................................................. previdência complementar, sociedades de
............................................................................. capitalização, instituições financeiras, so- §4º - Julgada improcedente a aplicação da penalida-
ciedades seguradoras e resseguradores; de de multa, o órgão fiscalizador de seguros devolverá,
c) acumular obrigações vultosas devidas aos ressegu- no prazo máximo de 90 (noventa) dias a partir de re-
radores, a juízo do órgão fiscalizador de seguros, IV - multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a querimento da parte interessada, o valor depositado.
observadas as determinações do órgão regulador R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais); e
de seguros; §5º - Em caso de reincidência, a multa será agravada
V - suspensão para atuação em 1 (um) ou mais até o dobro em relação à multa anterior, conforme crité-
.................................................................. ” (NR) ramos de seguro ou resseguro. rios estipulados pelo órgão regulador de seguros.”

“Art. 100 -................................................................ VI - (revogado); “Art. 111 - Compete ao órgão fiscalizador de se-
guros expedir normas sobre relatórios e pareceres de
c) a relação dos créditos da Fazenda Pública e da VII - (revogado); prestadores de serviços de auditoria independente aos
Previdência Social; resseguradores, às sociedades seguradoras, às sociedades
VIII - (revogado); de capitalização e às entidades abertas de previdência
.................................................................. ” (NR) complementar.
IX - (revogado).
“Art. 108 - A infração às normas referentes às ati- a) (revogada);
vidades de seguro, cosseguro e capitalização sujeita, §1º - A penalidade prevista no inciso IV do “ca-
na forma definida pelo órgão regulador de seguros, put” deste artigo será imputada ao agente responsável, b) (revogada);

65
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

c) (revogada); essas empresas a substituição do prestador de serviços negócios de retrocessão no exterior e demais aspectos
de auditoria independente. provenientes da alteração do marco regulatório decor-
d) (revogada); rente desta Lei Complementar.
§4º - Apurada a existência de irregularidade cometi-
e) (revogada); da pelo prestador de serviços de auditoria independente Art. 30 - Esta Lei Complementar entra em vigor na
mencionado no “caput” deste artigo, serão a ele aplicadas data de sua publicação.
f) (revogada pela Lei nº 9.932, de 20 de dezembro as penalidades previstas no Art. 108 deste Decreto-lei.
de 1999; §5º - Quando as entidades auditadas relacionadas no Art. 31 - Ficam revogados os Arts. 6º, 15 e 18, a
“caput” deste artigo forem reguladas ou fiscalizadas pela alínea “i” do “caput” do Art. 20, os Arts. 23, 42, 44 e
g) (revogada); Comissão de Valores Mobiliários ou pelos demais órgãos 45, o §4º do Art. 55, os Arts. 56 a 71 a alínea “c” do
reguladores e fiscalizadores, o disposto neste artigo não “caput” e o §1º do Art. 79, os Arts. 81 e 82, o §2º do
h) (revogada); afastará a competência desses órgãos para disciplinar e Art. 89 e os Arts. 114 e 116 do Decreto-lei nº 73, de
fiscalizar a atuação dos respectivos prestadores de ser- 21 de novembro de 1966 e a Lei no 9.932, de 20 de
i) (revogada). viço de auditoria independente e para aplicar, inclusive dezembro de 1999.
a esses auditores, as penalidades previstas na legislação
§1º - Os prestadores de serviços de auditoria indepen- própria.” Brasília, 15 de janeiro de 2007;
dente aos resseguradores, às sociedades seguradoras, às 186º da Independência e 119º da República.
sociedades de capitalização e às entidades abertas de pre- “Art. 112 - Às pessoas que deixarem de contratar os
vidência complementar responderão, civilmente, pelos seguros legalmente obrigatórios, sem prejuízo de outras José Alencar Gomes da Silva
prejuízos que causarem a terceiros em virtude de culpa sanções legais, será aplicada multa de: Guido Mantega
ou dolo no exercício das funções previstas neste artigo. Álvaro Augusto Ribeiro Costa
I - o dobro do valor do prêmio, quando este
§2º - Sem prejuízo do disposto no “caput” deste arti- for definido na legislação aplicável; e (DOU de 16.01.2007 – páginas 1 a 3 – Seção 1)
go, os prestadores de serviços de auditoria independente
responderão administrativamente perante o órgão fisca- II - nos demais casos, o que for maior entre
lizador de seguros pelos atos praticados ou omissões em 10% (dez por cento) da importância segu-
que houverem incorrido no desempenho das atividades rável ou R$ 1.000,00 (mil reais).”
de auditoria independente aos resseguradores, às socie-
dades seguradoras, às sociedades de capitalização e às Art. 28 - (VETADO)
entidades abertas de previdência complementar.
Art. 29 - A regulação de cosseguro, resseguro e re-
§3º - Instaurado processo administrativo contra trocessão deverá assegurar prazo não inferior a 180
resseguradores, sociedades seguradoras, sociedades de (cento e oitenta) dias para o Instituto de Resseguros do
capitalização e entidades abertas de previdência com- Brasil se adequar às novas regras de negócios, operações
plementar, o órgão fiscalizador poderá, considerada de resseguro, renovação dos contratos de retrocessão,
a gravidade da infração, cautelarmente, determinar a plano de contas, regras de tributação, controle dos

66
N úme ro 1 • Abr il d e 2 0 0 9

PG. Siglas
4 ABRAPP Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar
3 AIDA Associação Internacional de Direito de Seguros
10 ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar
4 BTN’S Bônus do Tesouro Nacional A revista eletrônica Opinião.Seg é editada
10 CNSP Conselho Nacional de Seguros Privados pela Editora Roncarati e distribuída
10 CONSU Conselho de Saúde Suplementar gratuitamente.
11 CVM Comissão de Valores Mobiliários
15 EPC Entidades de Previdência Complementar
6 ERISA Employee Retirement Income Security Act EDITORA RONCARATI LTDA.
21 FENAPREVI Federação Nacional de Previdência Privada e Vida Fone: (11) 3071-1086
24 OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico www.editoraroncarati.com.br
6 PBGC Pension Benefit Guaranty Corporation contato@editoraroncarati.com.br
31 PIC Provisão de Insuficiência de Contribuições
11 SPC Secretaria de Previdência Complementar
10 SUSEP Superintendência de Seguros Privados
44 VGBL Vida Gerador de Benefício Livre

Os textos publicados nesta revista são de


responsabilidade única de seus autores e
podem não expressar necessariamente a
opinião desta Editora.

67

You might also like