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A R E V I S T A D E Q U E M EDUCA

EDICÃO 3

ESPECIAL
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: docinhos :
professor : parafestas
nascido nos em geral.
Estados Unidos. Encomendas :
Falar com
: com três I
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4 n diasde : 1
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itaçáo de trabalhos escolares i
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com Kátia.

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Ler, planejar, escrever, revisar, reescrever,..=ggz;z-
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Tudo o que seus alunos precisam saber para ZS3'Lr r..& =- *

redigir com coerência, coesãi 2 criatividade E


índice

secões 3 reportagens
7 CARO EDUCADOR 12 EXREVER DE VERDADE
O que a turma precisa saber para redigir boas composições
9 FALA, MESTRE1 Mirta Torres
54 ESTANTE 18 G~NEROS,COMO USAR
Explore as caracteristicas dos diferentes tipos de texto
58 ARTIGO Márcia V. Fortunato O QUE i PARIIQUE(M)
Projetos didáticos garantem produções de qualidade
32 O QUE CADA UM SABE
Conheça o nível dos estudantes para saber o que trabalhar
t PARA ESCREVER
como bons autores podem inspirar a meninada
38 hDA REESCRT
~ u d aor narrador da nistória é um caminho para a autoria
RAIO 1
Leitura e resumo sao procedimentos essenciais para estudar
45 HORA APERFEICOI
Revisar db produções é UIII meio de conquistar a autonomia
48 DE OWO NA TELA
A utilidade do computador no processo de revisão
51 UÇAOOEMESTRE
Seguir o estilo de autores profissionais ajuda a escrever melhor
Foto Derc/li0
~GRAOECIMEMOSABEATRIZGOUVEIAE A PROFESSOU
.LAUDIA TONDATO, DA EMEF PROFESX>R ROSALVITO
:OBRA, DE SAO CAETANO W SUL, SP
................................................................................................................................................................................

Caro educador

Fundador: VICiOR C M T A
(1907-1990)
Presidente: Roberto Cinta
Diretora Executiva: Angela Dannemann
Conselheiros: Roberb CMia, G i a n d o Prancesco Civita,
V i c m Civik, RoberiaAnamaria Civila,
Maria Antonia MagalhHes Civita, Claudio de Moura Castro,
Jorge GerdauJohannpeter, José Augusto Pinto Moreira,
Marcos MagaihHa e Mauro CaiIian

Diretor de Redaçáo: Gabriel Pillar Grossi


Redatora-cheíe: Denise PeUegrini
Diretora de Aite: Manuela Novais
Coordenadora Pedag6gica: Regina Scarpa
Editores: Beabiz Vichessi, Rodrigo Ratier e Ronaldo Nunes
Editora-assistente:Bmna Nicolielo
Reoórteres: Ana Rita Maiiins. Andemn Moco. '
' Beauit Santomauro e ~ i i n c a Bibiano
Estagibria: Camila Monroe
Editora de Arte: lulia Bmwne
Designers: Alice ~asconieiiose Victor Malta
Atendimento ao Leitoi: Marina S i e o n i
NOVA ESCOLA EDIGO WEB
Editor: Ricardo Falzetia
Editoras-assistentes: Elisa Meireiies (projetas especiais),
Janaína Castro e Paula -da
Rei>Órtei: Pauia Nada1
Editor de Arte: Vdmar Oliveira
Webmastetci: núago Barbosa de Moura
NOVA ESCOLA GESTÁOESCOLAR
Editora: Paola Gentile
Editora de Arte: Renata B o m
Editoraassistente: VerBnica Fraidenraich
Rep6ttcres: Gustavo Heidrich e Noemia Lopes

Escrever mesmo
PRODUÇÃODE TEXTO A preocupação com a qualidade do
ensino 6 cada vez maior em nosso
país, certo? Em parte por causa das ava-
este especial. Entrevista, artigo e repor-
tagens sobre as pesquisas na área e expe-
riências reais de sal: de aula ajudam a
Diretor de Redaeo: Gabriel Pillar Grossi
Redatora-chefe: Denise Peiiegrini liações externas (que mostram que os entender por que 6 importante formar
Diretora de Arte: Manuela Novais
Coordenadora Pedag6gica: Regina Scarpa
alunos têm desempenho muito abaixo alunos capazes de expressar as próprias
Editora: Beatriz V i c h d
Dedgner: Alice Vaxoncellos
do esperado nas duas disciplinas), em opiniões por meio da palavra escrita e, -
Colaborou nesta edição: Paulo Kaiser (reviao) parte por causa dos indicadores de alfa- assim, construir um percurso como au-
betismo funcional (que insistem em se tor. Sem dúvida, uma das mais impor-
manter muito elevados, confirmando tantes atribuições de toda escola.
COMERCIAL
Gerente de Publicidade: Sandra Moskovich
que os brasileiros adultos não conseguem
Publicidade: Fernanda Sant'Anna Rocha ler, escrever e fazer contas com facilida-
Gerente de Marketing e Publicações:Mirian D i N i m
Gerente de Assinaturas: Rosana Berbel de), em parte por causa dos próprios in-
Gerente de Circula~SoAvulsas: Maurício Paiva
Analista de ClrculaçBo e Marketing: Eliiabeth Sachetii
dicadores internos das escolas (que reve-
Pacotes de Assinaturas: Cynthia VasconceUos lam altas taxas de repetência e um gran-
Analista de Planejamento
e Controle Operacional: Kútia Gmenes de número de crianças e jovens analfa-
Processos Gráficos: Vitor Nogueira betos ao fim do 7 O , 8 O ou 9O ano).
Ao longo de 2009, NOVA ESCOLA
NOVA ESCOLA edl@o=pedal Rodu@deTm (EAN789-3614-0689815)
e uma pubUcaç80 da Ruidaq%Maoi Chrlie üisúibuida em todo o pais pela publicou uma série de reportagens
Dlsoibuidora Nadonal de PuMig@es (Dlnap SA),São Pnulo. NOVA (acompanhadas de sugestões de ativida-
ESCOU não admite publiddade ndadonal.
des) para ajudar os professores a traba-
IMWSSA NA D m O G&KA DA EDITORA *BRIL .
Av. Otaviano Alver da U m 4400. CEP 02909.900
lhar com seus estudantes os principais
ma do 6. ao huio. SP
i conteúdos e procedimentos ligados à
MARÇO, 2010
produção de texto. Todo o material foi
I revisado e complementado para montar Diretor de Redaçâo

www.ne.org.br Especial Produqão de Texto 7


Fala, mestre!

"0 bom texto é o que cumpre


o propósitode quem o produzn
Pesquisadora argentina defende que, para trabalhar com produção
textual, os professores também precisam ser bons leitores e escritores
ANA GONZAGA novaescola@atleitor.com.br

S e ensinar as crianças a produzir tex-


tos de qualidade é um desafio, pre-
parar os educadores para realizar essas
projeto Maestro + Maestro, que, preven-
do dois professores para cada sala de au-
la, visa diminuir as dificuldades de estu-
Como definir o que 6 uma produção
de qualidade?
MIRTA TORRES O escritor tem de ter
tarefas 6 uma responsabilidade igual- dantes do l0 grau, etapa em que se con- um propósito claro que o leve a escrever,
mente complexa e instigante. E é essa centram os maiores índices de repetência tal como preparar um texto para o semi-
missão que Mirta Torres tomou para di- no sistema argentino. nário ou um convite para uma festa. O
recionar sua ,carreira. Especialista em Apesar da pouca afinidade com a lín- bom texto C aquele que cumpre o propó-
didática da leitura e da escrita, ela já foi gua portuguesa, Mirta garante que sua sito de quem o produz.
diretora de Educação primária de Bue- experiência pedagógica na Argentina po-
,nosAires e esteve à frente de vários pro- de ser bastante útil para os professores Para isso, o que é preciso ser ensina-
gramas de melhoramento pedagógico. que lidam com produ~ãode texto no do aos alunos?
Atualmente, coordena um grupo que Brasil. "Valem o raciocínio e as estraté- MIRTA Diversos aspectos colaboram pa-
trabalha com a alfabetização de alunos gias", diz ela, que concedeu esta entrevis- ra que sejam produzidos textos qualifica-
que foram reprovados ou entraram na ta por telefone ?I NOVA ESCOLA de sua dos entre aceitáveis e bons. A turma toda
escola mais tarde e tambdm integra o residência, em Buenos Aires. deve ser incentivada a escrever de e
www.ne.org.br Especial Produgão de Texto 9
Fala, mestre! MIRTA TORRES

emaneira habitual e frequente.Tal co- (CT al como um piloto em um personagem e o leitor sabe que
mo um piloto de avião precisa acumular se fala dele, não C necessário escrever seu
nome. Podemos colocar 'o', 'a', 'os', 'as"'.
horas de voo para ser hábil, um escritor
precisa somar muitas oportunidades de
de avião precisa
&crita. Na prática, que; dizer que os es-
tudantes devem ser estimuladosa elabo-
ac umu1a r horas de Para escrever bem, 6 fundamental ser
um bom leitor?
rar perguntas sobre um tema estudado e VOO para ser h bi1, MIRiA Sim. A formação leitora ajuda na
resumir a matéria para passar a um cole- formação do escritor. A familiaridade
ga que htou. são escritos menos ambi- um esc r itor precisa com outros'textos fornece modelos e co-
ciosos, porém também exigem escrever, nhecimento sobre outros gêneros e es-
ler e corrigir. Embora, em muitas situa- somar muitas truturas. Devemos ler como escritores:
ções escolares de escrita, o texto não te- voltar ao texto para verificar de que ma-
nha outro propósito a não ser o de escre- oportunidades neira um autor resolveu um problema
ver para aprender a escrita, C fundamen-
tal gerar condições didáticas com sentido
de escrita. 11 semelhante ao que temos em mãos, por
exemplo. No mais, a leitura desperta o
social. Elas devem garantir a construção desejo de escrever. Cabe 21 escola abrir
de produções contextualizadas, que ul- diversas possibilidades: oferecer titulos
trapassem os muros da escola, como uma concluíram. "Como poderíamos evitar que fascinam crianças e jovens sem refor-
solicitação por escrito para o diretor de isso?: ela perguntou. Os pequenos suge- çar o que o mercado já oferece de manei-
um museu, de permissão para uma visi- riram correções: "Pinóquio caiu no mar ra excessiva. Não precisa ofertar livros do
ta. Assim, antes de começar a escrever, e a baleia o engoliu. A baleia ficou com Harry Potter, mas obras de Robert Louis
aprende-se que C preciso saber quem é o ele em sua barriga durante três dias e Stevenson (1850-1894), como A Ilha do
leitor e as informações necessárias. depois de três dias o jogou na praia". De-Tesouro, precisam ser recomendadas. Arn-
pois disso, a professora sugeriu que o bos são valiosos, só que, se os do segundo
Por isso é ruim propor que se escreva fragmento correspondente do conto fos- tipo não forem oferecidos, dificilmente
sobre um tema livre ou aberto, por se relido, o que resultou na troca de bar-os leitores vão decidir lê-los. Mas há que
exemplo, "Minhas Ferias"? riga por ventre. Para evitar a repetição da
destacar que nem todo bom leitor d um
MIRTA A escrita nunca deve ser livre. expressão "três dias", foram propostas al-bom escritor. Muitos de nós somos exce-
Precisa ser produzida em um contexto, gumas opções: "ao final desse tempo", lentes leitores, porém somente escreve-
sempre. A psicolinguista argentina Emi- "logo","depois" e "então" As crianças es- mos de modo aceitável.
lia Ferreiro caracteriza muito bem essa ' colheram "logo". Assim que se chegou à
questão. Ela diz que "não há nada menos terceira versão, um menino disse que al- O que se espera de um educador co-
livre do que um texto livre". Muitas coi- go soava mal, repetindo a expressão que mo leitor?
sas incidem sobre qualquer texto: os pro- a docente já havia usado. Ele continuou: MIRTA Ele deve desfrutar da leitura, es-
pósitos que guiam a escrita, os destinatá- "Quando Pinóquio cai no mar, trata-se tar atento aos gostos dos estudantes e
rios e a situação comunicativa. As crian- de uma baleia, uma baleia qualquer. De- considerar sua importância como uma
ças têm de aprender que o material deve pois, quando ela carrega Pinóquio du- ponte entre eles e os textos. Pequenas, as
se refletir no leitor. rante três dias na barriga, no ventre, en- crianças não podem sozinhas e, já maio-
tão é a baleia porque não se trata de uma res, precisam de ajuda para acessar gran-
Como os educadores podem ajudar baleia qualquer".Então, foi reescrito: "Pi- des obras, que não enfrentariam por
os estudantes a refinar seus textos? nóquio caiu no mar e uma baleia o en- iniciativa própria. É válido destacar que
MIRTA Vou responder citando um caso goliu. A baleia ficou com ele em seu o docente que seja um bom leitor 6 capaz
de alunos de 7 anos que estavam reescre- ventre durante três dias e logo o jogou de descobrir a ambiguidade, a obscurida-
vendo a história de Pinóquio. Eles dita- na praia". de ou a pobreza presentes nos textos e
vam para a professora: "Pinóquio caiu no compartilhar isso com o grupo.
mar e a baleia o engoliu. A baleia ficou Como a professora fez para que os
com Pinóquio em sua barriga durante alunos incorporassem essa prática? A partir de quando os alunos devem
três dias e depois de três dias jogou Pin6- MIRTA Durante a produção, ela recor- produzir textos?
quio na praia". Ela leu em voz alta o pa- dou com a turma como e por que havia MIRTA Essa atividade pode ser anterior
rágrafo, comentou que algo soava mal e sido substituído o nome Pinóquio a fim A aquisição da habilidade de escrever. As
releu enfatizando o nome Pinóquio. de que fosse elaborada uma regra geral, discussóes entre eles e o professor sobre
"Fala-se muitas vezes o nome Pinóquio", registrada no caderno: "Quando se fala ''como fica melhor", "como se poderia

10 Especial Produgáo de Texto www.ne.org.br


dizer'', "o que falta colocar" permitem ções. O texto eleito para ser revisado co-
refletir sobre a escrita. Assim, muitos, ((AS etapas letivamente deve representar os obstácu-
antes de estarem plenamente alfabetiza-
dos, já conhecem as características da
de produ~ãode los que a maioria encontra. Uma vez
descobel-tos no texto do companheiro os
linguagem escrita por terem escutado
bastante leitura em voz alta. Quer dizer,
texto não devem aspectos que devem ser revistos, o profes-
sor pode sugerir que cada um revise sua
já podem se dedicar à produção de tex- ser enumeradas própria produção.
tos, como ditames. Lembro-me de um
projeto chamado Cuentos de Piratas, de- porque não são fixas Como ensinar gramática e as normas
senvolvido com crianças de 5 anos. A . da língua no interior das práticas de
professora lia para elas os contos e todos e sucessivas, mas leitura e escrita?
levavam os livros para casa para reler e MtRTA Efetivamente,se recorrem à gra-
folhear. Depois, juntamente com a do- um processo mática e às normas da língua quando é
cente, faziam listas de personagens, to-
mavam nota dos conflitos que apareciam
de vai e vem. 13 necessário penetrar em aspectos da com-
preensão de um texto, como "qual é o
em histórias de piratas, colocavam legen- .................................................... sujeito do parágrafo?", mas principal-
das na imagem de um barco: timão, vela, mente para revisar. De acordo com a ida-
proa, popa. Finalmente, em grupo, cria- MIRTA As situações didáticas de escrita de da garotada, alguns aspectos são reto-
ram uma história de piratas. não são todas iguais. Em alguns casos, é mados em outros momentos, dedicados
interessante observar os escritos durante s6 A reflexão gramatical.
Quais são as etapas essenciais da pro- o processo para ajudar a turma a relê-los,
dução de texto? a retomar o fio do relato e a corrigir uma É comum encontrarmos pessoas que
MIRTA A escrita propriamente dita leva expressão. Em outros, é melhor deixar dizem não saber escrever bem e se
tempo: se escreve e se relê para saber co- que escrevam sem intervir. Há alguns sentem mais seguras ao falar, o que
mo prosseguir, o que falta, se está indo anos, em um projeto com crianças de 7 leva a entender que a passagem do
bem, se convém substituir algum pará- e 8 anos, lançamos mão de um recurso oral para o escrito é o ponto de di-
grafo ou reescrever tudo. O processo de didático que deu ótimos resultados. Or- ficuldade delas. Como isso pode ser
leitura e correção não 6 posterior à escri- ganizávamos as aulas de modo que não enfrentando na escola?
ta, mas parte dela. Ao considerar termi- houvesse tempo suficiente para terminar MIRTA Não creio que isso se deva à pas-
nado, o passo seguinte é reler ou dar os textos, fazendo com que o gmpo pro- sagem do oral para o escrito. A fala per-
para outro leitor fazer isso e opinar. Fei- duzisse apenas uma parte dele. Na aula mite gestos, alusões que reforçam o peso
tas as cor:eçÕes finais, passa-se o texto a seguinte, a produção era lida para recor- do que foi dito. Temos uma grande prá-
limpo com o formato mais ou menos dar até onde haviam chegado e decidir tica cotidiana na comunicação oral e
definitivo.Contudo, as etapas não devem como continuar. Essa situação genuína muito menor na escrita. Quem considera
ser enumeradas porque não são f i a s e da releitura permite descobrir erros, pen- mais fácil se comunicar oralmente está,
sucessivas. Elas constituem um processo sar formas apropriadas de expressão, en- sem dúvida, pensando em trocas familia-
de vai e vem. fim, ajuda a tomar distância do escrito e res e não em apresentações orais formais,
retomá-lo como leitor. como as conferências, que exigem verba-
Como o educador deve escolher o que lizar e organizar todos os momentos da
enfocar primeiro na revisão? É válido que os próprios alunos revi- exposição. Nesses casos, as dificuldades
MIRTA Cada texto é único. Todavia, 6 sem os textos dos colegas? encontradas são parecidas com a de es-
ikprescindivel - sobretudo com turmas MIRTA Minha experiência mostra que crever. Ensinar a escrever e a falar de for-
que já têm autonomia na produção - fa- nein sempre é produtivo que os estudan- ma aceitável exige empenho do profes-
zer uma primeira leitura para checar a tes leiam mutuamente as produções dos sor, que deve guiar a turma com mãos
coerência. Se os alunos se concentrarem s . menores não enten- firmes e seguras.
i ~ m ~ a n h e i r oOs a
em detalhes, podem não conseguir che- dem a letra e os maiores nem sempre
car a coerência geral. sabem o que procurar, o que faz com que :8
....................
fiquem detidos em detalhes que não in- i
: Mirta Torres, mirtatorres5@Jgmail.com
Fazer intervenções enquanto os estu- terferem na qualidade final. A revisão : internet b
dantes produzem é correto?Ou é me-
Ihor deixá-losterminar e revisar só ao
fim do trabalho?
dos colegas ganha valor quando o profes- i Em abc.gov.arllainstitucion~digite na busca
: sobre enseiiar a leery escribir e acesse o texto
sor propõe revisar conjuntamente o tex- i hombnimo de ~i~ castedo (em espanhol),
to, orientando a leitura e sugerindo op- '
1 H

www.ne.org.br Especial Produqáo de Texto 11


Producão de texto
3 10aopam

tscrever
de verdade
Para produzir textos de qualidade, seus alunos têm de saber o que
querem dizer, para quem escrevem e qual é o gênero que melhor
exprime suas ideias. A chave é ler muito e revisar continuamente
THAIS GURGEL novaescola@atleitor.com.br Colaborou Tadeu Breda

N arração, descrição e dissertação. problema seja resolvido por um órgão


Por muito tempo, esses três tipos público: cada uma dessas ações envolve
de texto reinaram absolutos nas propos- um tipo de texto com uma finalidade,
exemplo, sejam conteúdos a apresentar
aos alunos sem que eles os tenham iden-
tificado pela leitura. Um risco é cair na
tas de escrita. Consenso entre professores, um suporte e um meio de veiculação tentação de transmitir verbalmente as
essa maneira de ensinar a escrever foi específicos. Conhecer esses aspectos é a diferentes estruturas textuais. Cabe ao
uma das responsáveis pela falta de profi- condição mínima para decidir, enfim, o professor permitir que as crianças adqui-
ciência entre nossos estudantes. O traba- que escrever e de que forma fazer isso. ram os comportamentos do leitor e do
lho baseado nas composições e redações Fica evidente que não são apenas as ques- escritor pela participação em situações
escolares tem uma fragilidade: ele não tões gramaticais ou notacionais (a orto- práticas e não por meras verbalizações.
garante o conhecimento necessário para grafia, por exemplo) que ocupam o cen- Ensinar a produzir textos nessa pers-
produzir os textos que os alunos terão de tro das atenções na constnição da escrita, pectiva prevê abordar três aspectos prin-
escrever ao longo da vida. "Nessa antiga mas a maneira de elaborar o discurso. cipais: a construção das condições didáti-
abordagem, ninguém aprendia a consi- Há outro ponto fundamental nessa cas, a revisão e a criação de um percurso
derar quem seriam os leitores. Por isso, transformação das atividades de produ- de autoria, como explicado a seguir.
não havia a reflexão sobre a melhor es- ção de texto: quem vai ler. E, nesse caso,
tratégia para pôr as ideias no papel", diz você não conta. "Entregar um texto para Os textos redigidos em classe
Telma Ferraz Leal, da Universidade Fe- o professor é cumprir tarefa", diz Feman- precisam de um destinatário
deral de Pernambuco (UFPE). da Liberali, da Pontifícia Universidade "Escreva um texto sobre a primavera."
Para aproximar a produção escrita das Católica de São Paulo (PUC-SP). "Para Quem se depara com uma proposta como
necessidades enfrentadas no dia a dia, o que o aluno fique estimulado com a pro- essa imediatamente deveria se fazer algu-
caminho atual é enfocar o desenvolvi- posta, 6 preciso que veja sentido nisso." mas perguntas. Para quê? Que tipo de
mento dos comportamentos leitores e O objetivo é fazer com que um leitor escrita será essa? Quem vai lê-la? Certas
escritores. Ou seja: levar a criança a par- ausente no momento da produção com- informações precisam estar claras para
ticipar de forma eficiente de atividades preenda o que se quis comunicar. que se saiba por onde começar um texto
da vida social que envolvam ler e escre- O primeiro passo é conhecer os diver- e se possa avaliar se ele condiz com o que
ver. Noticiar um fato num jornal, ensi- sos gêneros. Isso não significa que os re- foi pedido. Nas pesquisas didáticas de
nar'os passos para fazer uma sobremesa cursos discursivos,textuais e linguísticas práticas de linguagem, essas delimitações
ou argumentar para conseguir que um dos contos de fadas e da reportagem, por se denominam condições didáticas de*

12 Especial Produgão de Texto www.ne.org.br


I-
I

DESV TERM(
ASSU,. m w DESNECESSAR
O autor chama As palavras V a r u r l u ar1
'tenção para a "marginaisJ; que.0~ jove êm
'estão dos assaltos, "assa1tantes"e consciência para
1"s logo foca em "criminosos"são assumir os crimes
utras situações qt usadas com o mesmo que cometem,
r envolvem men
de idade sem s,
, propósito, o que mas não expõe
deixa a produção nada que ju que
iprofundar. com Pouca fluidez. essa ideia.
. .L.
'
, ,' J . ..
..................................
.............................................................
....................................
...................................................
qoducão de texto 3
10ao. a-

....... -

BIOGRAFIA
Dados ordenados cro ogicamente e recursos linguísticas q u e asseguram a c
tem --I 'como os advérbios) são algumas das características do gêner

t
L~ . .-

,DOS 3t_F

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:ORMAÇÕES PLICAÇn -E C-
- Alguns te- ~ ~ ~ p o r t a n t e w a m ' * - ~

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, . produção textual. No que se refere ao principais notícias do momento, como o preender quais são os elementos princi-
exemplo citado, fica difícil responder às surto de dengue no Rio de Janeiro e a pais desse problemaen
perguntas,já que esse tipo de redação não discussão sobre a maioridade penal. Com
existe fora da escola, ou seja, não faz par- as características do gênero já discutidas A revisão vai além da ortografia
te de nenhum gênero. e frescas na memória, todos passaram à e foca os propósitos do texto
De acordo com Bernard Schneuwly e produção individual (7eia o texto de um dos Produzir textos é um processo que envol-
Joaquim Dolz, o trabalho com um gêne- alunos na página 13). ve diferentes etapas: planejar, escrever,
ro em sala é o resultado de uma decisão A primeira versão foi lida pela profes- revisar e reescrever. Esses comportamen-
didática que visa proporcionar ao aluno sora. "Sempre havia observações a fazer, tos escritoressão os conteúdos fundamen-
conhecê-lo melhor, apreciá-lo ou compre- mas eu deixava que os próprios meninos tais da produção escrita. A revisão não
endê-lo para que ele se torne capaz de ajudassem a identificar as fragilidades", consiste em corrigir apenas erros ortográ-
produzi-lo na escola ou fora dela. No ar- diz Maria Teresa. Divididos em pequenos ficos e gramaticais, como se fazia antes,
tigo Os Gêneros Escolares - Das Práticas de grupos, os alunos revisaram a produção mas cuidar para que o texto cumpra sua
Linguagem aos Objetos de Ensino, os pesqui- de um colega, escrevendo um bilhete pa- finalidade comunicativa. "Deve-se olhar
sadores suíços citam ainda como objetivo ra o autor com sugestões e avaliando se para a produção dos estudantes e identi-
desse trabalho desenvolver capacidades ela estava adequada para a publicação. ficar a que provoca o estranhamento no
transferíveis para outros gêneros. Eram comuns comentários como "argu- leitor dentro dos usos sociais que ela terá",
Para que a criança possa encontrar so- mento fraco" e "falta conclusão". explica Fernanda ~iberali.
luções para sua produção, ela precisa ter "Envolver estudantes de 6 O a 9 O ano na Com a ajuda do professor, as tumas
um amplo repertório de leituras. Essa produção textual é um grande desafio", aprendem a analisar se ideias e recursos
possibilidade foi dada à turma de 9 O ano ressalta Roxane Rojo, da Universidade utilizados foram eficazes e de que forma
da professora Maria Teresa Tedesco, do Estadual de Campinas (Unicarnp)."Mui- o material pode ser melhorado. A sala de
Centro de Educação e Humanidades Ins- tas vezes, eles tiveram de produzir textos 3 O ano de Ana Clara Bin, na Escola da
tituto de Aplicação Fernando Rodrigues sem função comunicativa durante a es- Vila, em São Paulo, avançou muito com
da Silveira - conhecido como Colégio de colaridade inicial e, por acreditaremque um trabalho sistemático de revisão. Por
Aplicação da Universidade Estadual do escrever C uma chatice, são mais resisten- um semestre, todos se dedicaram a um
Rio de Janeiro (Uerj). Procurando desen- tes." Atenta, Maria Teresa soube driblar projeto sobre a história das famílias, que
volver a leitura crítica de textos jomalis- o problema. Percebendo que a turma culminou na publicação de um livro,
ticos e o conhecimento das estruturas andava inquieta com a proibição por par- distribuído também para os pais. Dentro
argumentativas na produção textual, ela te da direção do uso de short entre as desse contexto, ela propôs a leitura de
propôs uma atividade permanente: a cada meninas, ela fez diko o tema de um edi- contos em que escritores narram histórias
semana, um grupo elegia uma notícia e torial do jornal mural. da própria iXancia. Os estudantes se en-
expunha A turma a forma como ela tinha "Para que algudm se coloque na posi- volveram na reescrita de um dos contos,
sido tratada nos jornais. Depois, seguia-se ção de escritor, é preciso que sua produção narrado em primeira pessoa. Eles tiveram
um debate sobre o tema ou a maneira tenha circulação garantida e leitores de de reescrevê-lo na perspectiva de um ob-
como 9s reportagens tinham sido veicu- verdade", diz Roxane. E todos saberiam a servador - ou seja, em terceira pessoa. A
ladas. Paralelamente, os estudantes tive- opinião do aluno sobre a q'uestão, inclu- segunda missão foi ainda mais desafiado-
ram contato com textos de finalidades sive a diretoria. "Só assim ele assume ra: contar uma história da infincia dos
' comunicativas diversas no jornal, como responsabilidade pela comunicação de pais. Para isso, cada um entrevistou fami-
cartas de leitores, editoriais e artigos opi- seu pensamento e se coloca na posição liares, anotou as informações em forma
nativos."O objetivo era que eles analisas- do leitor, antecipando como ele vai inter- de tópicos e colocou tudo no papel (leia
sem os materiais, refletissem sobre os pretá-lo." A argumentação da garotada foi o texto de um dos alunos à esquerda).
propósitos de cada um e adquirissem um tão bem estruturada que a diretoria re- Ana Clara leu os trabalhos e elegeu
repertório discursivo e linguístico",conta solveu voltar atrás e liberar mais uma vez alguns pontos para discutir. "O mais co-
Maria Teresa, que lançou um desafio: o uso da roupa entre as garotas. mum era encontrar só o relato de um
produzir um jornal mural. A criação de condições didáticas nas fato", diz."Recorremos, então, aos contos
A proposta era trabalhar com textos propostas para as turmas de l0 a S0 ano lidos para saber que informações e deta-
opinativos, como os editoriais. Para que segue os mesmos preceitos utilizados pe- lhes tornavam a história interessante e
a escrita ganhasse sentido,ela avisou que la professora Maria Teresa."Em qualquer como organizá-lospara dar emoção."Ca-
o jornal seria afixado no corredor e que série, como na vida, produzir um texto C da um releu seu conto, realizou outra
toda a comunidade escolar teria acesso a' resolver um problema", ensina Telma entrevista com o parente-personagem e
ele. Os assuntos escolhidos tratavam das Ferraz Leal. "Mas para isso 6 preciso com- produziu uma segunda versão. e
www.ne.org.br Especial Produgáo de Texto 15
...............................................................................................................................................................................
.....,..,
Produ~ãode texto 10ao~a.o

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J*w..

A escolha da
- -
A ararasurge sem
--
-T.
P ANALISE GERAL
expressão"era uma ser apresentada, C~~~IIU I
I CJ ter É apropriado retomar as marcas do
vez" revela que o diferentemente do cão. conseguido se livrar g@nerofábula e o significado de
aluno se confundiu O mesmo ocorre c o r da armadilha dos proverbios e ditos populares. A leitura
CI com a maneira de
comeqar textos de
outro g@nero
os caçadores e com
os outros animais.
Isso prejudica a
sem ajuda
de sua amiga arara, dos colegas pode ajudar o autor
a perceber que apresentar Os
a moral da fábula
conto, o conto. compreensão do texto. não faz sentido. personagens 6 fundamental.
e Tiveram início ai diferentesformas
de revisão - análise coletiva de uma pro-
complexo processo de transformação de
seus conhecimentos em um texto".
da história. Pediu, então, uma pesquisa
sobre provérbios e seu uso cotidiano. Com
dução no quadro, revisão individual com essa compreensão e um repertório de
base em discussõescom o grupo e revisões Ser autor exige pensar ditados populares, Edileuza sugeriu a
em duplas -, realizadas vários dias depois no enredo e na estrutura criação de uma fábula individual. Ela
para que houvesse o distanciarnentoem O terceiro aspecto fundamental no tra- discutiu com o grupo que esse gênero
relação ao trabalho. A primeira proposta balho de produção textual é garantir que geralmente tem como protagonistas ini-
foi a "revisão de ouvido". Para realizá-la, a criança ganhe condições de pensar no migos tradicionais (cão e gato, por exem-
Ana Clara leu em voz alta um dos contos todo. Do enredo à forma de estruturar os plo). Estava coiocada uma restrição. Em
para a turma, que identificou a omissão. elementos no papel: k preciso aprender seguida, relembrou provérbios que po-
de palavras e informações. Ela selecionou a dar conta de tudo para atingir o leitor. deriam ser a moral das histórias criadas.
alguns aspectos a enfocar na revisão: or- Esse processo denomina-se construção Desde o início, todos sabiam que as
tografia, gramática e pontuação. de um percurso de autoria e se adquire produções seriam lidas por outros alunos,
Quando a classe foi dividida em duplas, com tempo, prática e reflexão. o que serviu de estimulo para bolar tra-
um dos propósitos da professora era que Os estudos em didática das práticas de mas envolventes."Há uma diferença en-
uns dessem sugestões aos outros. A pes- linguagem fizeram cair por terra o pen- tre escrever textos com autonomia - obe-
quisadora argentina em didática Mirta samento de que a redação com tema livre decendo à estrutura do gênero, sem pro-
Castedo k defensora desse tipo de propos- estimula a criatividade. Hoje sabe-se que blemas o r t o ~ i c oes de coerência - e se
ta. Para ela, as situações de revisão em depois da alfabetização há ainda uma tornar autor", explica Patrícia. "No pri-
grupo desenvolvem a reflexão sobre o longa lista de aprendizagens. Foi consi- meiro caso, basta aprender as caracterís-
que foíproduzido i o r meio justamente derando a complexidade desse processo ticas do gênero e conhecer o enredo, por
da troca de opiniões e críticas."Revisar o que Edileuza dos Santos, professora da exemplo. No segundo, 6 preciso desen-
que os colegas fazem k interessante, pois EM de Santo Amaro, no Recife, desenvol- volver ideias." Para chegar lá, a interação
o aluno se coloca no lugar de leitor", veu um projeto de fábulas com a skrie com professores e colegas e o acesso a um
emenda Telma. "Quando volta para a (leia o texto de um dos alunos à esquerda). repertório literário são importantes.
própria produção e revisa, a criança tem Ela deu infcio ao trabalho investindo Do 6 O ao 9 O ano, o processo de cons-
mais condições de criar o distanciamento na ampliação do repertório dentro desse trução da autoria pode exigir desafios que
dela e enxergar as fragilidades." gênero literário. Assim foi possível obser- sejam cada vez mais complexos: a elabo-
Um escritor proficiente, no entanto, var regularidades na estrutura discursiva ração de tensões na narrativa ou a parti-
não faz a revisão só no fim do trabalho. e linguística, como o fato de que os ani- cipação em debates para desenvolver a
Durante a escrita,é comum reler o trecho mais são os protagonistas. "Escolhi esse argumentação,como fez Maria Teresa."A
já produzido e verificar se ele está ade- gênero porque ele tem começo, meio e reescrita pode vir com propostas de pro-
quado aos objetivos e às ideias que tinha fim bem marcados, algo que eu queria dução de paródias, no caso dos maiores,
a intenção de comunicar - só então pla- trabalhar com a garotada? que exigem mais elaboração", diz Roxane.
neja-se a continuação. E isso k feito por A primeira proposta foi o reconto oral Uma boa forma de fazer circular textos
todo escritor profissional. de uma fábula conhecida. "Isso envolve nessa fase são os meios digitais, como
A revisão em processo e a final são organizar ideias e pode ser uma forma blogs e o site da própria escola. Os jovens
passos fundamentais para conseguir de de planejar a escrita", endossa Patrícia podem se responsabilizar por toda a pro-
fato uma boa escrita. Nesse sentido, a Corsino, da Universidade Federal do Rio dução. Levar os estudantes a se expressar
maneira como você escreve e revisa no de Janeiro (UFRJ).Quando já dominamos cada vez melhor, afinal, deve ser o obje-
quadro, por exemplo, pode colaborar todas as informações de uma narrativa, tivo de todo professor. (3
para que a criança o tome como um mo- podemos nos focar apenas na forma de
delo e se familiarize com.0 procedimen- expor os elementos -mas esse é um gran- l OUER SABER M A I S ? I
to. Sobre o assunto, Mirta Castedo escre- de desafio no inicio da escola-idade. -i
ve em sua tese de doutorado: "Os bons Na turma de Edileuza, as propostas : Centro de Educação e
i Humanidades Instituto de Aplicação i
escritores adultos (...) são pessoas que seguintes foram a reescrita individual e i Fernando Rodrigues da Sllveira,
pensam sobre o que vão escrever,colocam a produção de versões de fábulas conhe- : tel. (21) 2333-7873, cap-uerjQhotmail.com i
i E M de Santo Amaro, tel. (81) 3232-5919 :
em palavras e voltam sobre o já produzi- cidas com modificações dos personagens i Escola da Vila, tel. (1 1) 3726-3578,

1
do para julgar sua adequação. Mas não ou do cenário. Aos poucos, todos ganha- j vilaQvila.com.br
: Fernanda Liberali, Iiberali@uoi.com.br
realizam as três ações (planejar,escrever ram condições de inventar situações. A i Roxane Rojo, rrojoQiel.unicamp.br
e revisar) sucessivamente: vão e voltam professora percebeu que os estudantes : Teima Ferraz Leal, tfleal@terra.com.br
de umas às outras, desenvolvendo um não entendiam bem o sentido da moral

www.ne.org.br Especial Produgão de Texto 17


Práticas de linguagem 10,50am '

Gêneros,
como usar
Eles invadiram a escola - e isso é bom. Mas é preciso parar de ficar só
ensinando suas características para passar a utilizá-los no dia a dia de
todas as turmas com o objetivo de formar leitores e escritores de verdade
ANDERSON MOÇO anderson.moco@abril.com.br

18 Especial Produgão de Texto www.ne.org.br


seja, se é um texto com função comuni-
cativa, tem um gênero.
Na última década, a grande mudança
nas aulas de Língua ~or&guesafoi a che-
gada dos gêneros h escola. Essa mudança
é uma novidade a ser comemorada. Po-

*
rém muitos especialistase formadores de
professores destacam que há uma peque-
na confusão na forma de trabalhar. Ex-
plorar apenas as características de cada
gênero (cartatem cabeçalho, data, sauda-
çáo inicial, despedida etc.) não faz com
que ninguém aprenda a, efetivamente,
escrever uma carta. Falta discutir por que
e para quem escrever a mensagem, certo?
Afinal, quem vai se dar ao trabalho de
escrever para guardá-la? Essa é a diferen-
ça entre tratar os gêneros como conteú-
dos em si e ensiná-los no interior das
práticas de leitura e escrita.
' Essa postura equivocada tem raízes
claras: é uma infeliz reedição do jeito de
ensinar Língua Portuguesa que predomi-
nou durante a maior parte do século
passado. A regra era falar sobre o idioma
e memorizar definilões: "Adjetivo: pala-
vra que modifica o substantivo, indican-
do qualidade, caráter, modo de ser ou
estado. Sujeito: termo da oração a respei-
to do qual se enuncia algo". E assim por
diante, numa lista quilométrica. Pode até
parecer mais fácil e econômico trabalhar
apenas com os aspectos estruturais da
língua, mas é garantido: a turma não vai
aprender."O que importa é fazer a garo-
tada transitar entre as diferentes estrutu-
ras e funções dos textos como leitores e
escritores", explica a linguista Beth Mar-'
cuschi, da Universidade Federal de Per-
nambuco (UFPE).
É por isso que não faz sentido pedir

T odo dia, você acorda de manhã e


pega o jornal para saber das últimas
novidades enquanto toma o café da ma-
te da sala e lê alguns antes de dormir. para os estudantes escreverem só para
Não C de hoje que nossa relação com os você ler (e avaliar). Quando alguém es-
textos escritos é assim: eles têm formato creve uma carta, C porque outra pessoa
nhã. Em seguida, vai até a caixa de cor- próprio, suporte específico, possíveis pro- vai recebê-la. Quando alguém redige
reio e descobre que recebeu folhetos de pósitos de leitura - em outras palavras, uma notícia, é porque muitos vão lê-la.
propaganda e (surpresa!) a carta de um possuem o que os especialistas chamam Quando alguém produz um conto, uma
amigo que está morando em outro país. de "características sociocomunicativas", crbnica ou um romance, é porque espera
Depois, vai ate a escola e separa livros definidas pelo conteúdo, pela função, emocionar, provocar ou simplesmente
para planejar uma atividade com seus pelo estilo e pela composição do mate- entreter diversos leitores. E isso é perfei-
alunos. No fim do dia, de volta h casa, rial a ser lido. E C essa soma de caracterís- tamente possível fazer na escola: a carta
pega uma coletânea de poemas na estan- ticas que define os diferentes gêneros. Ou pode ser enviada para amigos, paren- e
www.ne.org.br Especial Produgão de Texto 19
Práticas de linguagem 1°a050ano

e tes ou colegas de outras turmas; a lJl<UIJU3I A LUI<I<ILULAI<UU MUNILIIJIC


notícia pode ser diwlgada num jornal
distribuído internamente ou transfor- Dividida em semestres, cobre 1O ao 5 O ano
mado em mural; o texto literário pode e é adotada em toda a rede municipal
dar origem a um livro, produzido de for-
ma coletiva pela moçada.
Os especialistas dizem que os gêneros
são, na verdade, uma "condição didática
para trabalhar com os comportamentos
leitores e escritores". A sutileza é que eles
devem estar a serviço dos verdadeiros
conteúdos: os chamados "comportamen-
tos leitores e escritores"(ler para estudar,
encontrar uma informação específica,
tomar notas, organizar entrevistas, elabo-
rar resumos, sublinhar as informações
cantigas e adivinhas).
mais re.levantes, comparir dados entre Objetivos Desenvolver
textos e, claro, enfrentar o desafio de es- Objetivos Desenvolver ' comportamentos leitores e ler antes
coqportamentos leitores e de saber ler convencionalmente,
crevê-los)."Cabe ao professor possibilitar escritores, ler antes de saber tentando estabelecer relações entre
que os alunos pratiquem esses compor- ler e escrever sem saber o oral e o escrito.
escrever convencionalmente. Conteúdos Leitura, escrita
tamentos,utilizando textos de diferentes Conteúdos Leitura, escrita e comportamentos leitores.
gêneros", diz Beatriz Gouveia, coordena- e comportamentos leitores.
dora do Programa Alem das Letras, do
Instituto Avisa Lá, em São Paulo, e sele-
cionadora do Prêmio Victor Civita -
Educador Nota 10.

As boas opções para abordar


os gêneros em sala de aula
Existem muitas formas de trabalhar os
do sistema de escrita). Produção coletiva ou em dupla
gêneros na prática. Nos quadros que Reconto de contos conhecidos de bilhetes, convites, receitas, regras
acompanham esta reportagem, você co- com o professor como escriba, de jogos, propagandase anúncios.
preservando os elementos Reescrita coletiva de contos
nhece e compara duas propostas curricu- da linguagem escrita. conhecidos.
lares, de uma instituição privada e de urna
Objetivos Refletir sobre Objetivos Refletir sobre o
rede pública. A primeira (publicada à di- o funcionamento do sistema funcionamento do sistema de escrita
reita e nas páginas 22 e 23) é da Secretaria de escrita e apropriar-se e produzir um texto em linguagem
das caracterlsticas da escrita, recuperando os principais
de Educação de Nova Lima, na região linguagem escrita. elementos da narrativa.
metropolitana de Belo Horizonte. A se- Conteúdos Leitura e escrita Conteúdos Leitura e escrita e produção
e produção de texto oral com de texto oral com destino escrito.
gunda (da página 24 à 27) é da Escola destino escrito.
Projeto Vida, em São Paulo. Ambas co-
brem do loao 5 O ano do Ensino Funda-
mental e podem servir de exemplo para Agenda de telefones e endereços
dos alunos da turma. Coletânea de reescritas de contos
distribuir os conteúdos porque represen- Livro de parlendas preferidas ditados para o professor.
tam um passo além da chamada"norma- pelo grupo.
Objetivos Produzir um texto
tização descritiva"(a tendência de explicar ibjetivos Estabelecer um sentido em linguagem escrita, recuperando
s6 as características de cada gênero). , ara o uso do alfabeto, favorecer os principais elementos da narrativa,
situações de escrita com base em e perceber a diferença entre
Antes de detalhar como funciona a textos de memória e refletir sobre o a linguagem oral e a escrita.
abordagem que privilegia o ensino dos funcionamento do sistema de escrita. Conteúdo Linguagem escrita.
Conteúdos Ordem alfabgtica
comportamentos leitores e escritores, e leitura e escrita.
vale uma palavrinha sobre os conteúdos
clássicos da disciplina: ortografia e gra-
mática. Eles continuam sendo muito e
c ,
-1

n
Leitura diária de contos e poemas Leitura diária de textos literários Leitura diária de textos literários

I.
pelo professor. e informativos pelo professor. pelo professor.
Roda de conversa com media ão do Roda de conversa (emissão de Roda de conversa (escuta atenta
professor sobre temas diversiÁcados. opiniões pessoais). e manifestação de opiniões).
Roda de biblioteca (emprkstimo Roda de biblioteca (emprkstimo Roda de biblioteca (emprkstimo de
de livros e compartilhamento de livros com comentários, lembrança livros e apreciação de textos literários).
de impressões sobre eles). de trechos, indicação aos colegas Leitura compartilhada de textos
Leitura e escrita de textos de e apreciação de textos literários). informativos para estudar os
memória (poesias, adivinhas, Leitura e escrita de textos práticos temas tratados nas diferentes
cantigas e trava-llnguas). (bilhetes, cartões, avisos, anúncios etc.). áreas de conhecimento.
Leitura pelo aluno de diferentes gêneros
Objetivos Desenvolver comportamentos Objetivos Familiarizar-se com textos para localizar e selecionar informações.
leitores e utilizar as estratkgias de literários e informativos e desenvolver Escrita de textos práticos (bilhetes,
seleção, antecipação e verificação, o comportamento leitor. cartões, avisos, anúncios etc.)
considerando aquilo que já se sabe sobre Conteúdos Leitura, produção de texto
o sistema de escrita. e comportamentos leitores. Objetivos Desenvolver comportamentos
Conteúdos Leitura, escrita e leitores, aprender procedimentos que
comportamentos leitores. leitores experientes usam ao procurar
informações nos textos e pôr em jogo
os conhecimentos sobre a escrita,
considerando as caracterlsticas do gênero.
Conteúdos Leitura, produção de texto
e revisão (pontuação, coesão, coerência
e aspectos referentes a regularidades
e irregularidades ortográficas).

Leitura de várias versões do mesmo Reescrita em dupla de contos


conto para apreciar e comparar selecionados pela turma. Reescrita de contos conhecidos

a textos de qualidade.
Reconto e reescrita de uma versão
do conto escolhida pelos alunos.
Escrita em dupla de textos de memória.
Revisão coletiva das reescritas.
Leitura, com a ajuda do professor,
de textos de diferentes gêneros,
apoiando-se em conhecimentos sobre
(individualmente ou em dupla),
considerando as ideias principais do texto
e as caracterlsticas da linguagem escrita.
Escrita coletiva de brincadeiras
Revisão coletiva dos textos produzidos o tema do texto, as caracterlsticas do infantis coletadas em entrevistas
em dupla. seu portador e o gênero. e registros escritos.
Revisão coletiva (aspectos
Objetivos Conhecer e valorizar os Objetivos Participar de uma situação notacionais e discursivos).
recursos lingulsticos utilizados pelo de revisão com a ajuda do professor,
autor e considerar a importancia da visando aprimorar a escrita e ler Objetivos Produzir textos utilizando
escrita correta para ser mais bem diferentes gêneros com mais fluência. recursos de linguagem escrita e
entendida pelos leitores. Conteúdos Leitura, produção e revisão desenvolver comportamentos de escritor
Conteúdos Leitura, produção de texto de textos (aspectos notacionais (planejar, redigir, revisar e passar a limpo).
e revisão (ausência de marcas de e discursivos, considerando as Conteúdos Produção de texto oral
nasalização, hipo e hiperssegmentação, caracterlsticas lingulsticas do gênero). com destino escrito e revisão de
entre outros). textos (pontuação, coesão, coerência
e ortografia).

i Livro de cantigas de roda preferidas Leitura de contos de própria autoria Manual de brincadeiras infantis antigas
pelos alunos. para outras turmas (após o reconto, para serem desenvolvidas nas aulas
a reescrita e a revisão). de Educação Flsica.
Objetivos Escrever alfabeticamente Caderno de relatos de memórias Saraus literários (narração, reconto
textos de memória e pôr em jogo da turma com fotos e registros escritos. de contos conhecidos e declamação
os conhecimentos sobre a escrita. de poesias e trava-llnguas).

-
Conteúdo Ortografia. Objetivos Desenvolver comportamentos

rh
leitores e escritores e escrever relatos, Objetivos Desenvolver comportamentos
considerando as caracterlsticas textuais escritores (planejar o que se vai escrever,
e discursivas do gênero. escolher uma entre várias possibilidades
Conteúdos Leitura, produção e revisão de e rever após a escrita), identificar
' textos (ortografia e aspectos relacionados caracterlsticasdos gêneros orais e
3 linguagem que se usa para escrever). escritos e participar de situações de
uso de linguagem oral.
L Conteúdos Comportamentos leitores,
comunicação oral, produção de texto e
/

Práticas de linguagem 1°m50am

I
Leitura diária de textos literários, Leitura diária de textos literários, Leitura diária de diferentes
informativos e instrucionais informativos e práticos pelo professor. gêneros pelo professor.
pelo professor. Leitura compartilhada de textos Roda de biblioteca e roda de
Roda de conversa (manifestação informativos e de divulgação cientlfica. conversa relacionada aos projetos.
de opiniões). Roda de biblioteca e roda de conversa Leitura pelo aluno de gibis,
Roda de biblioteca (empréstimo de (discussões relacionadas aos projetos). enciclop6dias, jornais (para buscar
livros e comparação de livros lidos). Leitura de textos em diferentes informações, se divertir e aprender
Leitura compartilhada de textos portadores para buscar informações. sobre o tema).
informativos e discussão de temas.
Escrita de notlcias e de textos Objetivos Familiarizar-secom textos Objetivos Familiarizar-secom
publicitários (propagandas, cartazes, de diferentes gêneros e selecionar textos diferentes ggneros e selecionar
folhetos, slogans, outdoors etc.). em diferentes fontes, observando seu textos em diferentes fontes,
propósito enquanto leitor. observando seus propósitos.
Objetivos Desenvolver Conteúdo Comportamentos leitores Conteúdos Comportamentos leitores.
comportamentos leitores, aprender (seleção de informações e leitura
procedimentos que leitores experientes de textos informativos).
usam para fazer perguntas e fazer
colocações ertinentes e por em
jogo os con(ecimentos sobre
a escrita considerando as
caracterlsticas do gênero.
Conteúdos Leitura, produ ão de
texto e revisão (regularidaies e
irregularidades ortográficas,
coerência, coesão e pontuação).

*.Leitura para refletir sobre os Leitura e reescrita de contos Leitura de vários textos de um
recursos lingulsticos utilizados tradicionais tendo um mesmo autor, analisando os recursos
pelo autor (identificação nos contos personagem como narrador. lingulsticos utilizados por ele.
dos recursos e as caracterlsticas Reescrita individual ou em dupla Produ ão de textos práticos, informativos
próprias desse gênero). de textos informativos. e literjrios individualmente ou em dupla,
Produção de contos. Revisão coietiva ou em dupla utilizando procedimentos de escritor.
Revisão coletiva (ortografia (coerência, coesão e ortografia). Revisão de textos produzidos em dupla
e pontuação). e com a ajuda do professor.
Objetivos Reescrever um conto
Objetivos Reconhecer a leitura em primeira pessoa (o personagem Objetivos Conhecer caracterlsticas
como uma fonte essencial para 6 ao mesmo tempo narrador) discursivas e comunicativas desses gêneros,
produzir textos, aprender e desenvolver comportamentos saber reconhecer, organizar e utilizar
procedimentos de revisão e escritores. os recursos lingulsticos presentes nos textos
conhecer caracterlsticas discursivas ConteSidos Leitura de contos e aprender procedimentos de revisão.
e comunicativasdesse gênero. tradicionais, produção textual e Conteúdos Leitura, produção de texto e
Conteúdos Leitura, produção de revisão (ortografia, pontuação e revisão (ortografia, pontuação, concordância
texto e revisão (ortografia, pontuação, concordâncias verbal e nominal). nominal e verbal e aspectos discursivos).

Apresentação de um conto Leitura e produção de jornal mural. Roda de leitura com a participação
produzido pela turma para os alunos Indicação literária de vários livros dos pais (apresentações, apreciações
da escola. e autores ara a maior circulação
de livros biblioteca da escola.
Objetivos Recuperar os elementos
da narrativa com base na linguagem Objetivos Reescrever e produzir textos
que se usa para escrever. utilizando procedimentos de escritor.
Conteúdos Leitura e Conteúdos Leitura de jornais, Objetlvos Favorecer a troca de
produção de texto. produção de texto e revisão experiências de leitura e p8r em
(aspectos notacionais e discursivos). jogo os conhecimentos sobre a escrita
considerando as caracterlsticas do gênero.
Conteúdos Leitura, produção de texto.
e revisão (ortografia, pontuação
e aspectos discursivos).
& importantes nesse novo jeito de pla-
nejar, pois conhecê-los é essencial para
que os alunos superem as dificuldades.
Que tempo verbal usar para contar algo
que já ocorreu? Que recursos de coesão
e coerencia garantem a compreensão de
uma história? "Saber utilizar a língua é
Leitura diária de diferentes generos Leitura diária de diferentes g@neros o que mais influencia a qualidade textu-
textuais pelo professor. textuais pelo professor.
Roda de biblioteca (com emprkstimo Roda de biblioteca (emprkstimo al: ressalta Beth Marcuschi. Para alcançar
de livros). de livros). isso, porém, não é necessário colocar a
Roda de conversa (emissão de opiniões Roda de conversa, participação
sobre determinado assunto para em seminários e entrevistas. ortografia e a gramática como um fim
argumentar e contra-argumentar). Leitura pelo aluno com diferentes em si mesmo, ocupando o centro das
Leitura de textos para buscar propósitos.
informações, compreender e estudar. aulas. Assim como os gêneros, elas são
Objetivos Participar de situações um meio para ensinar a ler e escrever
Objetivos Participar de situações de intercâmbio oral, trocando cada vez melhor.
de interclmbio oral, trocando opiniões, opiniões, planejando e justificando sua
planejando e justificando sua fala, fala, e adquirir comportamentos leitores. Nas propostas curriculares da Escola
e adquirir comportamentos leitores. Conteúdos Leitura e comunicação Projeto Vida e da rede de Nova Lima,
Conteúdos Comportamentos leitores oral (seminárioe entrevista).
e comunicação oral. você vai notar que não existe uma pro-
gressão de aspectos "mais fáceis" para
outros "mais dificeis", pois qualquer gê-
nero pode ser trabalhado em qualquer
ano. "O que deve variar conforme a idade
é a complexidade dos textos", afirma Re-
gina Scarpa, coordenadora pedagógica de
NOVA ESCOLA.Alem disso, é fundamen-
* Leitura para refletir sobre a escrita Revisão de textos produzidos por tal retomar o estudo sobre determinado
(reconhecer os recursos lingulsticos alunos de outras turmas (elaborar
presentes nos diversos tipos de texto). devolutivas, fazendo algumas g&nero(em diferentes momentos, mas
Pesquisa sobre determinado assunto
(selecionar os textos de acordo com os
propósitos da leitura e fazer resumos).
- considerações sobre o texto revisado).
Leitura de artigos de opinião, noticias,
re ortagens e resenhas para desenvolver
para atender a necessidades específicas
de aprendizagem).
Produção de textos informativos. a gmiliaridade com esses eneros.
Revisão das produções escritas. Produçbo de resenhas dos!ivros lidos.
A turma deve saber que cada
Objetivos Reconhecer a leitura como Objetivos Revisar textos assumindo t i p o de texto tem um suporte
o ponto de vista do leitor e conhecer
A apresentação dos textos 6 outro ponto
informações e revisar textos assumindo essencial: eles devem ser trabalhados em
o ponto de vista do leitor. Conteúdos Leitura, produção de
Conteúdos Análise e reflexão sobre resenhas e revisão (pontuação,ortografia, seu suporte real. Se você quer usar repor-
a Ilngua, produqão de texto e revisão concord%nciaverbal e nominal, adequação tagens, tem de levar para a sala jornais e
(aspectos notacionais e discursivos). ao g@nero,coerencia e coesão textual).
revistas de verdade. Para explorar receitas,
6 preciso que os alunos manuseiem obras
de culinária. Na análise de bio@ias, é
Livro de cruzadinhas da turma Produção de jornal da turma.
com verbetes (reflexão orto ráfica Elaboração de resenhas de livros para fundamental cada um dispor de livros
considerando as regularidales apresentar a outras turmas da escola. desse tipo. E assim sucessivamente. Por-
e irregularidades ortográficas).
Elaboração de um folheto informativo Objetivos Expressar sentimentos, tanto, nada de oferecer apenas uma carta
sobre um tema estudado. ideias e opiniões com base na leitura que esteja publicada (ou resumida) nas
efavorecer a familiaridade e o uso
Objetivos Refletir sobre a escrita dos diversos gêneros textuais em páginas do livro didático.
das palavras, considerando as regularidades situações significativas. Isso posto, é hora de mergulhar nos
e irregularidades ortográficas, e p8r Conteúdo Produção de textos
em jogo os conhecimentos sobre a escrita, jornallsticos e resenhas. currículos.O fio condutor que aproxima
considerando as caracterlsticasdo genero. as duas propostas é a preocupação de
Conteúdos Ortografia e produção
de textos informativos. fazer a turina transitar pelas três posições
enunciativas do texto: ouvinte, leitor e
escritor. É nessa "viagemJ'de possibilida-
des que a garotada exercita os tais com-
portamentos leitores e escritores. Em e
Praticas de linguagem 10,50ano

e Nova Lima, todo professor lê diaria-


mente, ao longo do primeiro semestre, PROPOSTA CURRICULAR DA ESCOLA PR
contos para a turma de 2 O ano. Ao ouvir, Organizada n o l0 ano de forma semestral.
os alunos se familiarizam com diversos Do 2 O ano em dian nestral
exemplos de texto, apreciando-os e apren-
dendo a identificar as características que
cada um deles contem.
Ao mesmo tempo, eles atuam como
leitores, comparando diferentes versões
de um conto, por exemplo, com o obje- Leitura pelo professor de textos ~eiturapelo professor de uma
tivo de refletir sobre os recursos linguís- de diversos gêneros e de jornal. coletânea de textos.
Leitura compartilhada de gibis. Leitura compartilhada de contos e
ticos escolhidos pelos autores. E o profes- Roda de leitura (contos). gibis.
sor também coloca a garotada para tra- Roda de conversa (seminário de Roda de leitura (contos indianos).
apresentação dos conteúdos estudados). Roda de conversa.
balhar - pede que todos caracterizem um Leitura pelo aluno de gêneros diversos. Reconto de conto pelo aluno.
personagem e, portanto, escrevam.Nessa Leitura e escrita de textos de
Objetivos Avançar no modo como entende memória.
hora, eles vão usar termos como "bom", a escrita, a leitura e a comunicação oral.
"mau", "bonito","nervoso" etc. "S6 então Conteúdos Leitura e comunicação oral. Objetivos Avançar no modo como
entende a escrita, a leitura e a
cabe explicar que esses termos são cha- comunicação oral.
mados de adjetivos e são muito impor- Conteúdos Leitura, comunicação
oral e comportamentos leitores.
tantes em diversos textos, sobretudo os
contos e as propagandas, mas não são
adequados em outros, como as noticias",
explica Beth Marcuschi.
Nessa integração de atividades com
diferentes propósitos, os estudantes vão de memória (quadrinhas preferidas).
Escrita dos tltulos das histórias lidas
muito alem das caracteristicas de cada
gênero - e aprendem de fato a ler e es-
e dos personagens.
I
Objetlvos Refletir sobre o funcionamento
crever, inclusive fazendo uso da ortogra- do sistema de escrita e apropriar-se das
fia e da gramática em situações reais. caracterlsticas da linguagem escrita.
Contelidos Leitura, escrita e letra cursiva
Tudo isso permite dar o pontapé inicial I para os alfabkticos.
ao que os especialistaschamam de "carni-
nho da autoria'' Uma possibilidade .C
propor a reescrita (individual) de um
conto. Mas o percurso pelas três posições
enunciativas s6 estará completo quando
a garotada produzir o próprio conto (no
caso de Nova Lima, isso é feito no semes- Produção de resenhas de indicação Reescrita e reconto de
literária. contos de Ricardo Azevedo
tre seguinte, com direito a ler as produ- e Clarice Lispector (1 920.1977).
ções para outras turmas). Objetivos Refletir sobre a organização
e a produção de textos e familiarizar-se Objetivos Refletir sobre a
com alguns gêneros. organização e a produção
Organização do trabalho Conteúdos Leitura e escrita, de textos e analisar textos
comportamentos leitores, comportamentos bem escritos.
pede mescla de modalidades ?scritores(revisão. análise de texto bem Conteúdo Produção
Para integrar essa multiplicidade de pro- de texto (planejamento, escrita e
revisão - organização textual).
postas e dar conta da evolução dos con-
teiidos, o melhor caminho é organizar as
aulas conforme as modalidades propostas
pela pesquisadora argentina Delia Lemer
e dividir os trabalhos entre-atividades
permanentes, sequênciasdidáticase pro-
jetos didáticos - que podem ser interli-
gados ou usados separadamente, depen-
dendo dos objetivos a serem alcança- e
OJETUVIDA, E M 5AU W L w SY

l 0trimestre

1
IT
Roda de leitura Roda de leitura .. Roda de leitura Roda de leitura _ Roda de leitura
(apresentaçãoe (apresentação e . (apresentação e (apresentação (apresentação
apreciação de livros apreciação de livros apreciação de e apreciação de e apreciação de
lidos). lidos). livros lidos). livros lidos). livros lidos).
Roda de curiosidades Roda de curiosidades Roda de curiosidades Roda de curiosidades Roda de curiosidades
(comunicação oral de (comunicação oral de (comunicação oral (comunicação oral de (comunicação oral de
notlcias lidas em jornais , notícias lidas em jornais de notlcias lidas notlcias lidas em jornais notkias lidas em jornais
e revistas e contadas e revistas e contadas em jornais e revistas e revistas e contadas e revistas e contadas
para os colegas). 1 para os colegas). e contadas para para os colegas). para os colegas).

I
os colegas).
Dbjetivos Desenvolver Objetivos Desenvolver Objetivos Desenvolver Objetivos Desenvolver
i linguagem oral e comportamentos leitores Objetivos Desenvolver comportamentos leitores comportamentos leitores
amiliarizar-se com e a linguagem oral comportamentos e a linguagem oral e e a linguagem oral
)s gêneros. e familiarizar-se com leitores e a linguagem familiarizar-se com e familiarizar-se com -
:onteúdos Leitura, os gêneros. oral e familiarizar-se os gêneros. os gêneros.
:omunicação oral e Conteúdos Leitura, com os gêneros. Conteúdos Leitura, Conteúdos Leitura,
:omportamentos leitores. comunicação oral e Conteúdos Leitura, comunicação oral e comunicação oral e
comportamentos leitores. comunicação oral e comportamentos leitores. comportamentos leitores.
comportamentos leitores.
I

Ir t
Leitura de biografias Leitura compartilhada
de poetas brasileiros. de mitos e lendas
Leitura compartilhada indlgenas.
de poemas. Leitura compartilhada,,-
Reescrita de poemas. de textos expositivos
de ciências naturais
lbjetivos Ampliar e humanas.
) repertório de poemas,
:onhecer recursos da bietivo Ler Dara estudar
inguagem poetica
t aproximar-se do
~ênerobiografia.
régistrar informações
e diferentes fontes.
nteúdos
I
:onteúdos Leitura omportamentos leitores
!comportamentos speclficos de ler para

r
!scritores. studar: sublinhar. tomar
otas e fazer resumos.
I

1
Produção escrita Leitura, interpretação, Continuação do projeto Catálogo de leituras Leitura compartilhada
e revisão de texto reescrita e revisão sobre conto de fada (leitura compartilhada de contos popularec
autobiográfico. de contos de fada. (produção escrita de textos ficcionais Produção escrita
de diferentes gêneros e revisão de contos
3bjetivos Aproximar-se
i o gênero biografia.
Objetivos Reescrever
contos de fada respeitando I e revisão para
organização de livro). /
1
e produção escrita
e revisão de resenhas -
populares para
coletânea de textos,

II
:onteúdos Produção caracterlsticas do gênero Objetivos Escrever organizadas em forma

I
ie texto, comportamentos e a sequência de ideias um conto de fada de catálogo oferecido Objetivo: Conhecer
pscritores e revisão dos textos-referência. considerando a biblioteca de uma apreciar a leitura de
,segmentação de palavras, Conteúdos as caracterlsticas do escola visitada). contos populares,
~rganizaçãode ideias, Comportamentos gênero, a se mentação 1 Leitura de textos planejar, produzir e
iubstituição das marcas leitores e escritores, em parágrais e a 1 ficcionais de revisar um conto popular
ia oralidade e ortografia). revisão (ortografia sequência de ideias. diferentes gêneros. Conteúdos
e segmentação do Conteúdo
texto em parágrafos). Comportamentos
os livros lidos (do

I
escritores e revisão I

(ortografia, organização
de ideias e segmentação
do texto).
Comportamentos
leitores e escritores e
revisão (ortografia,
coerência e coesão, letra
iaiúscula e adjetivos).
.....................
A
I

Práticas de linguagem 1°m50am I

PROPOSTA CURRI( LAR DA ESCOLA PROJETO VIDA, E M SÃO PAULO, SP (continuação:

r 4OA
Roda de leitura
(apresentação
Roda de leitura (apresentação
e apreciação de livros).
.(apresentação
Roda de leitura
e apreciaçã"
Roda de leitura
'

(apresentação e apreciação"
'$,?-<
.?^i

1 I
de livros lidos).
e apreciação de livros).
Roda de curiosidades
(comunicação oral de
Roda de curiosidades
(comunicaçãopral de noticias
lidas em jornais
.(comunicação
de livros lidos).
Roda de curiosidades
oral de
Roda de curiosidades
(comunicação oral de
notícias lidas em jornais e revistas e contadas notícias lidas em jornais noticias lidas em jornais
e revistas e contadas para os colegas). e revistas e contadas e revistas e contadas para
para os colegas). para os colegas). os colegas).
Objetivos Desenvolver ,,
Objetivos Desenvolver comportamentos leitores -. : Objetivos Desenvolver Objetivos Desenvolver
comportamentos leitores e a linguagem oral -3 . comportamentos leitores comportamentos leitores
e a linguagem oral e familiarizar-se com - 8 e a linguagem oral e e a linguagem oral e
e familiarizar-se com os gêneros. familiarizar-se com os familiarizar-se com os
os gêneros. Conteúdos Leitura, . gêneros. gêneros.
Conteúdos Leitura, comunicação orabe . ConteCidos Leitura, Conteúdos Leitura,
comunicação oral e comportamento3 reitores. comunicação oral e comunicacão oral e

L comportamentos leitores.
.:
,E
.,
A comportamentos leitores. comportainentos leitores.

Leitura d e x s i t i v o s Leitura, anblise e reflexãz


de ciências naturais e sobre os recursos
humanas, explicitando linguisticos das narrativas
sua organização. de Monteiro Lobato

I
Produção de textos (1882-1948).
expositivos tendo como
referência textos de ciências Objetivos Ler, analisar
naturais e humanas. e interpretar textos
Leitura de textos ficcionais. variados do autor,
caracterizar personagens,
Objetivos Analisar textos identificando os modos
expositivos, refletindo de pensar e sentir, e
sobre a organização textual utilizar recursos da
(subtftulos, uso de imagens e linguagem lobatiana.
gráficos como complemento Conteúdos Produção
das informações), organizar e revisão de texto
informações e registrá-Ias usando OS recursos
para expor ideias). de escrita de Lobato
(vocabulário de época,
riqueza de detalhes
descritivos, pontuação
dentro do estilo
do autor).

Leitura compartilhada
I Leitura, produção escrita
4.,

de contos de aventura e revisão de poemas para


e produção escrita de compor coletânea.
livro da classe.
Objetivos Organizar Objetivos Ampliar o
Objetivos Desenvolver informaçõese registrá-Ias conhecimento sobre o gênero,
comportamentos leitores para expor ideias. analisando bons modelos de
e escritores e identificar Conteúdo Revisão diversos estilos de poemas.
caracteristicas dos Conteúdos Comportamentos
personagens que leitores e escritores e revisão,
sustentam a aventura. contemplando o uso de rimas,
Conteúdos Leitura, a escolha das palavras para
produção e revisão expressar imagens, os recursos
de texto (discurso direto associativos entre os poemas
e indireto, ortografia, e a forma de expressá-los
coesão, organizacão das no papel.
ideias e caracterlsticas
a do gênero).
dos."A chave é pensar numa progres-
são das dificuldades", recomenda a lin-
guista Vera Lúcia Cristóvão, da Universi-
dade Estadual de Londrina (UEL).
O projeto didático é a modalidade mais
indicada para trabalhar a escrita - afinal,
ao criar um produto final com público
Roda de leitura
definido, a turma aprende a focar em um
(apresentação e gênero e saber o quê, por que e para quem
apreciação de escrever. Num projeto didático sobre pro-
livros lidos).
Roda de curiosidades pagandas, por exemplo, a exibição das
(comunicação oral de criações para outros estudantes permite
reproduzir o que ocorre com a publici-
dade na vida real. Alem disso, a tarefa
adquire outro sentido, pois o aluno sabe
e a linguagem oral que escreve para que outros leiam e, por-
e familiarizar-se com tanto, passa a prestar mais atenção na
os gêneros. necessidade de se fazer entender.
Conteúdos Leitura,
comunicação oral e Já as sequências didáticas são ideais
r comportamentos leitores.
para a leitura de diferentes exemplares
de um mesmo gênero, de obras variadas
de um mesmo autor ou de diversos textos
sobre um tema. Elas garantem uma pro-
Cku e Mar (Amyr Klink, Produção escrita e gressão que respeita o objetivo a ser al-
cançado. Ao planejá-las, é importante
colocá-las antes dos projetos de produção
textual. No município de Nova Lima, os
de diversos gêneros. textos informativos são explorados antes
da criação de um jornal mural. E as ati-
vidades permanentes têm como meta
criar familiaridade com os diversos com-
portamentos leitores.
Conteúdos Na Projeto Vida, os alunos do 2 O ao
e escritores, leitura, 5 O ano realizam semanalmente rodas de
curiosidades,em que contam para os co-
legas o que leram nos jornais. Com isso,
são estimulados a comentar as notícias.
Por fim, vale destacar que, quando os
gêneros são ensinados como um instru-
mento para a compreensão da língua,não
importam quantos ou em quais você tra-
balha, desde que o objetivo seja usá-los
como um jeito de formar alunos que
Objetivos Identificar
diferentes propósitos de aprendam a ler e escrever de verdade. (J
relato pessoal e o narrador

:-
: Beatriz Couveia, biagouveia@uol.com.br i
j Escola Projeto Vida, tel. (1 1) 22361 425, .
atendimento@projetovida.com.br
recursos de linguagem
e ortografia).
: Secretaria Municipal de Educação
i de Nova Lima, tel. (31) 3541-4855
:Vera Lúcia Cristóvão, I
...................................................................................................................................................................................
Propostas de escrita 3" ao õoano

O que e para que(m)


Propostas de escrita devem ter intenqão comunicativa e gênero e
destinatário claros. Projetos didáticos ajudam a conjugar esses fatores
TATIANA PINHEIR 0 novaescola@atleitor.com.br

ou duas linhas e desistem? Não dizem


nada com nada? Misturam gêneros -
pior, ficam sempre no mesma, ou, pior
ainda, não têm a menor noção do que se S PROF! .MAS DO TEXTO DE TEMA LIVRE
trata? Para resolver isso, um caminho 6 '-:~&ênero,
r. destinatário i -0pósitoclaros fazem muita fal
refletir sobre sua prática em sala. Mais
especificamente, sobre suas propostas ,,a m.ISTAS E
MAIS LISTAS
de produção de textos. É bem provável l k
Há muitos ite-
que esteja nelas a raiz da maior parte das ! enfileirados u
após o outro.
queixas citadas. % "Quando não
O argumento é simples: uma boa :se sabe o que a

I, escrever, mas se
proposta de texto precisa ter propósitos ,: sabe que é preciso -
comunicativos claros. Trata-se, segundo preencher a página, -
recorrer a lista é
os estudiosos, de garantir as chamadas uma tábua de
condições didáticas da escrita: o que es- salvação", analisa
Emilia Ferreiro.
crever? Para que escrever? E, finalmente,
para quem escrever? Somente respon- diSTpREBA
dendo a essas perguntas 6 possivel de- DE CENEROS
A partir deste ponto,
terminar como escrever (aqui entram os o texto, que até
gêneros específicos: conto, fábula etc.). então poderia ser
considerado uma
Textos de tema livre costumam des- descrição, se
considerar esses requisitos básicos. O re- transforma er
receita culinária.
sultado, quase sempre, 6 desastroso. Em Para completar
seu livro Passado e Presente dos .Verbos a composição,
o aluno recorre
Ler e Escrever, a pesquisadora argentina aos modos de
Emilia Ferreiro demonstra claramente preparo d o frz i.

a diferença que uma boa proposta de FIM


escrita faz. Enquanto uma redação de DESCONEXO
tema livre sobre o frango (por incrível Na última f r a ~ -
Ramón revela ALUNO ~ a m 6 n7, anos.
que pareça, a proposta era essa) gerou aliviado por COM A LINGUA E s C R m
uma composição pobre de conteúdo terminar a escrita
Você consegue vive em uma comunidade V r a i Pequena
e de forma indefinida, outra - em que dizer se este texto e is0iada. Na ~ s c o \ sua
~ , P~~~~~~~~
destinatários, tema e motivo da escrita é bom? Sem gênero, i acha perda de tempo ler*
destinatário e pR~pOSTADE ESCRITAEscrever um
estavam explicitamente definidos - deu propósito claros, i
origem a um texto, com diversas marcas é impossível ter i . texmlivre sobre 0 frango.
ritérios para aval^
doigênero, muito mais coerente e coeso
(leia o quadro à direita).

28 Especial Produgèo de Texto www.ne.org.br


estamos falando. Vamos supor que a in-
tenção seja propor um projeto didático
sobre a vida dos dinossauros para alunos
de 4 O ou S0 ano. O produto final pode ser
um livro, com uma coletânea de textos
A2 GOLUCOES DO TEXTO DE PROJETO DIDATICO infolmativos, que ficará disponível na bi-
Encaminhamentosclaros e corretos fazem toda a diferença blioteca. Nesse caso, os propósitos didáti-
cos - aprender a reconhecer e a produzir
i MARCAS
textos expositivos - e o propósito social
DO GÊNERO
A aluna conhece
as construções
ou comunicativo - produzir um livro so-
típicas que são bre dinossauros para a consulta dos de-
.
usadas em um
conto, tanto
mais alunos - são do conhecimento de
nício ("era uma todos desde o início das atividades. Isso
') como no fim aumenta o entusiasmo para participar
veram felizes
. ,-. 3 sempre", que das tarefas. Quando sabem que aquela
......i registra como produção terá leitores reais, o empenho
: "e estavam
muito feliz"). e o cuidado em todas as etapas da produ-
-.-
ção são redobrados.
4%~ /UM
e 4 ,/e, rn-R
NO RITMO Outro aspecto que diferencia o projeto
CORRETO
I.." Apesar de didático é a duração. De acordo com a
tropeçar no quantidade de conteúdos,ele pode ser fei-
início do texto,
dg5*.*e h < a h b , ~ h V,, . ela logo resolve to durante um bimestre ou um semestre,
O 4d;Ãs Ihes d;sçe
AYIAO -.
.
o problema e faz seguindo um planejamento detalhado
, I .
a história evoluir a
. ~
. a r t i deste
r ponto, das atividades: como serão feitas, quanto
i criando uma tempo levarão, qual a meta de cada uma
i sequência de fatos
i que confere, e como serão avaliadas. Nos projetos de
bom rit produção de texto, C essencial considerar
compos
que cada etapa deve conter práticas de
leitura e escrita ou de análise e reflexão
GANIZAÇAO
EQUADA sobre a língua (leia o projeto didático na
- ----.':
ALUNA Teresa, 6 anos.
CONTATO COM A LINGUA ESCRITA
constante, Unto em casa como na escola.
-
g .

--7-
.
,>

.
;L
I A maneira como
Teresa constrói O
texto demonstra
conhecimentos das
página seguinte).

Interdisciplinaridade e
Nas aulas, escuta a leitura de contos mdo dia L. - 42d
3
-*r
A
particularidades
da língua escrita culminância, palavrões a evitar
PROPOSTA DE ESCRITA O fim de cada Se a intenção principal for trabalhar pro-
Criar um conto que ser5 transformado fragmento, por
exemplo, 6 dução de texto, é preciso tomar cuidado
num Ilvrinh0 Para OS colegas. Teresa escolhe *
c0fIIo tema o arco-(ris. - . retomado e para não exagerar na interdisciplinari-
. - i reelaborado para dade. A tentação de querer ensinar de
FONTE A(SUW EPRÈSENTEwsVERBQ( iniciar o seguinte.
Ix FERREIRQOS T m o u * A ~E EscRNER
~ T A W ~
EMv E w m ~ ~ ~ ~ íCORREÇ&Z
c m ORTOCIL(F,~)
0 WRNCUe5 I - c tudo um pouco, forçando a barra para
misturar diversas áreas, não costuma dar
bons resultados. Para ficar no exemplo
dos dinossauros, não precisa quebrar a
I cabeça para inserir a qualquer custo um
conteúdo de Matemática, por exemplo.
Essa clareza de propósitos precisa estar os especialistas chamam de transposição
presente em todas as propostas de escrita. didática dos usos sociais da escrita por co- TarnbCm não vale pedir tarefas que a
Mas há alternativas de trabalho que acen- locar o aluno diante de uma prática que turma já sabe e achar que a missão está
tuam essas características.A principal de- considera a função comunicativa da lin- cumprida. Voltando aos dinos mais uma
las C o projeto didático,uma modalidade guagem",diz Beatriz Gouveia, formadora vez, imaginemos que os estudantes já
organizativa composta de sequências e de professores do Instituto Avisa Lá, na possuem alguma familiaridade com a lei-
atividades que culminam num produto capital paulista, e selecionadora do Prê- tura de mapas. Pedir que eles localizem
final com destinatário definido."O pro- mio Victor Civita - Educador Nota 10. os bichos num mapa-múndi, defínitiva-
jeto 6 a melhor forma de realizar o que Um exemplo ajuda a esclarecer do que mente, não C um bom exemplo de e
www.ne.org.br Especial Produgão de Texto f9
Propostas de escrita 3Oaobo ano

e como abordar Geografia nesse pro- qual as crianças partiram de um estágio os alunos escrevam mais. O ideal é que
jeto didático. Não se pode perder de vista menor de conhecimento e chegaram a escrevamtodo dia, em todas as situações
que um b o m projeto deve levar o aluno um maior. "Em nenhum momento da que surgirem e complementem o proje-
a aprender coisas que antes desconhecia. execução do projeto, o propósito social t o principal: tomar nota e m situação de
Trata-se de fazê-lo colocar e m jogo seus e a culminância devem superar os objeti- estudo, escrever cartas e bilhetes, traba-
conhecimentos para resolver umo,iadfel vos didáticos. Não se pode perder noites lhar outros gêneros e assim por diante.
perceber que o que sabe é insuficiente e, de sono pensando n o que servir de lan- E m todas elas, vale a regra de ouro: você
com a ajuda do professor, encontrar ca- chinho n o dia d o sarau o u matutando deve deixar b e m claro para a turma as
minhos para reorganizar suas hipóteses e m que tipo de papel o livro de poesias perguntas essenciais - o quê, para quem
e seguir avançando. das crianças será impresso", alerta Silvia e para quê escrever. [J
Outro pecado muito comum nos pro- Carvalho, especialista em Educação e co-
jetos é a atenção demasiada ? chamada
i ordenadora do Instituto Avisa Lá.
"culminância", o produto final das ativi-
dades. A ideia é que a apresentação o u a
entrega do projeto concluam uma cami-
'nhada permeada pelo aprendizado, n a
E C sempre válido lembrar que não va- - i
: Beatriz Couveia,
le apostar apenas nos projetos didáticos. j biagouveia@uol.com.br
Apesar de bons, é preciso mesclá-losa ou- : Silvia Carvalho, siivia@avisala.org.br
tras modalidades organizativas para que
I
Ob)etlu# que o desafio é organizar, em fichas de escrita tanto em grupo como
iFamiliarizar-se com o gCnero técnicas, o que sabem sobre o assunto individualmente. A comparação
expositivo. para apresentar 2 comunidade da escola e a referência a bons exemplos de

-
iAprender procedimentos de revisão. e As famflias. fichas técnicas, assim como o retorno
Reconhecer as caracterlsticas aos textos para recuperar e ampliar
de fichas técnicas e produzi-las para m 2' etapa as informações são sempre Úteis.
um mural a ser exibido na escola. Para que os estudantes escrevam um
texto informativo, precisam antes iSa etapa
se familiarizar com ele. Aborde esse Organize uma ou mais sessões de
iProdução textual (textos aspecto pedindo que eles levem livros, revisão-coletivaque sirvam de modelo
informativos). fotos e reportagens que julguem para a atuação dos alunos. Destaque
r Procedimentos de pesquisa. interessantes sobre animais em extinção. todos os aspectos que podem ser
Revisão. Amplie esse acervo com enciclopédias, revisados: organização da linguagem,
livros, revistas e sites sobre o assunto, ortografia e informações.
cuidando para incluir fichas técnicas,
pois elas serão uma referência para o i6' etapa
lkapo Três meses. trabalho da turma. Organize situações Traga exemplos para que a turma saiba
de leitura, conversando sobre como o como montar um mural. Alerte para
rmrdrb Enciclopédias texto 6 escrito, qual tipo de informação a necessidade de ilustração, de tftulo
e revistas de informação, tesoura, cola, ele traz, de que modo os dados são e do tamanho das letras das fichas

-
cartolina, canetinhas e papéis. descritos e quais os termos mais usados. para a leitura, tendo sempre em vista
as especificidades do público.
8 3" etapa
I Para trabalhar com alunos com Depois da familiarização com os -tliul
i deficiência auditiva, acesse materiais, é hora de se debruçar Mural de fichas técnicas.
i www.ne.org.br e digite na busca sobre eles para selecionar informações.
i mural de animais em extinção. Divida a garotada em grupos e distribua
-i
os materiais para pesquisa. Aborde
procedimentos como busca, seleção e
Durante todo o desenvolvimento do i
projeto, avalie, nas falas e nas produções i
i 8 1 a etapa anotação das informações relevantes, das crianças, se elas conseguiram obter i
I Inicie compartilhando com? turma rediscutindo-os ate que o resultado da informações corretas e suficientes em i
como será o produto final. E o pesquisa seja satisfatório. tabelas e esquemas, transpondo-as
i momento de dividir com os alunos o adequadamente para o mural.
i que vão aprender, a razão de estudar i4" etapa
o conteúdo, o que vão produzir e para Momento de usar as informdções Consultoria BEATRIZ COUVEIA e
DÉBORA RANA (deborarana@ajato.
i quem vão apresentar. NOcaso do levantadas para a elaboração das fichas com,br), formadoras do instituto
i hural de animais em extinção, conte I técnicas. Para isso, preveja situações I Avisa Li, em São Paulo, SI?
Diagnóstico 30m50ano

O que cada um sabe


Analisar detalhadamente a forma como os alunos escrevem é a primeira
providência para determinar os pontos que devem ser ensinados
ANDERSON MOÇO anderson.moco@abril.com.br
T m de letras
por dexouikimento
de q u l a r i d d a r .

A plicar atividades de diagnóstico C


algo fundamental para dar o pon-
tape inicial ao trabalho de qualquer con-
Uma lista para mapear .
as dificuldades da turma
Antes de começar a atividade, é preciso
prouosta Enfatlze
I
as rcpularidaber
ortogtdfic~r,analisando,
por meia de listas, a
poryEo da ktra na
teúdo. Sobretudo do 3 O ao S0 ano do
Ensino Fundamental, a prática é indis-
pensável porque, enquanto alguns estu-
dantes demonstram mais familiaridade
montar uma lista com os itens que serão
analisados. Não podem faltar aspectos
relacionados aos padrões de escrita e às
características do texto. Do 3 O ao S0 ano,
1, palavra ,"C'( por exemplo,
u n a ocorre no inkioh I

j-&lema CcmmdAnc
com os conteúdos gramaticais e a organi- o foco deve recair sobre a ortogr&a e a ertml.
zação textual, outros, recém-alfabéticos, pontuação e é essencial verificar se a tur- ~ 0 l ~ 3 9 Refletir
ta shre
que é erro na norma
ainda enfrentam dificuldadesbásicas em ma conhece e respeita os traços do gêne- ulta e na linguagem
questões de ortografia, que precisam ser ro escolhido (veja no quadro à direita um ihda pela comparagiío
e texto3 dê alunos
sanadas com o passar do tempo. É claro exemplo de diagndstico com base em alguns om reportagens (Neles
que nada disso é problema: erros desse dos erros mais comuns nessafase). n>curozr>deve dar lugar
tipo são parte do processo de apropna-
ção da linguagem. Mas às vezes as difi-
Em seguida, você já pode pedir que os
alunos escrevam. Não há segredo: como
I
TAVAm
culdades são tão alarmantes e variadas em qualquer proposta de produção escri-
que fica a sensação de que não há nem ta, os alurios precisam saber para que vão I r o M c m interferência
a fala m radial.
E!Rma ULSQI,
por onde começar... Por isso, organizar escrever (ou seja, a intenção comunica- preciso memorizar
atividades para descobrir o que a turma tiva deve estar bem definida), o que vão palma e aprender
já sabe é tão importante. escrever (o gênero selecionado) e quem ue as deriwaqiks

1
artem sempre do
A sondagem inicial serve justamen- vai ler o material (o destinatário do tex- =mo i?Edbl (em ven
te para mostrar - com o perdão do tão to)."Também C importante explicar que e YwanIaestwa~que
surrado ditado - 'que o diabo não 6 tão essas produções servem para mostrar ao
feio quanto se pinta. "Nos diagnósticos professor como ajudá-los a ser escritores
bem feitos, o objetivo não 6 contabilizar cada vez mais competentes", afirma So-
os erros um a um. O foco deles deve ser raya Freire de Oliveira, professora da EE pgg&jTrabalhar
agrupar problemas semelhantes para Carvalho Leal, em Manaus. Em sua clas- ~ f e w n p entre
s a filo
adta.AaqeSBoc
direcionar o planejamento de ativida- se de S0 ano, ela prop8s que a garotada transcrever Mras de
des que vão ajudar a corrigi-los e fazer a produzisse uma autobiografia, gênero
garotada avançar maisn,explica Cláudio que vinha sendo trabalhado desde o ano
Bazzoni, assessor de Língua Portuguesa anterior - uma opção válida, já que os em wz de "chego").
da prefeitura de São Paulo e seleciona- estudantes tinham familiaridade com o
dor do Prêmio Victor Civita - Educador tipo de texto. Contudo, os especialistas
Nota 10. Em outras palavras, isso signifi- apontam que pode ser ainda mais produ- &lema Uso de sílabas
iferentcs do padrao
ca que entender as principais dificulda- tivo sugerir que os alunos recriem, com >nroante-vogal.
des da turma é fundamental para saber suas próprias palavras, histórias conheci- ropasta Reflexa0 sobre
alwras com sllabas de
o que é mais importante ser ensinado das, como uma fábula (leia mais no plano .&sktras ("resol-WU").
ma opçso C destaca-lar
e também para definir as melhores pro- de aula da página 34). "Assim, você pode rn textos para que
,
póstas didáticas e as abordagens mais se concentrar nos aspectos que têm de ser , escubram o que elas
eficazes a serem aplicadas em sala. melhorados para aproximar o texto e I
5m em comum.

32 Especial Produgáo de Texto www.ne.org.br


.........................,...................................................................................................
......................

Diagnóstico 30w~ano Vdia3-

d ~ b ttn,o
-I

*que os alunos fazem daquilo que é


considerado bem escrito", recomenda o
professor Bazzoni.
robmb <I
r>>Ir< rrJJ,<IsJJ/I<ssJ>,<IgJJ I
<I
guJ;"m>T'nn)
Com as produções e m mãos, Soraya, i iIdentificar o domlnio de cada por desconhecer as regularidades
a professora de Manaus, partiu para a J aiuno em relação aos padrões contextuais do sistema ortográfico.
análise, anotando na lista de aspectos i da linguagem escrita. i Troca letras ("cJT<ç"l"s"/"ssJJ/"xJ~
« JJ I# JJ « >I
I< JJ ll JJ I<'JJ
sondados quantas vezes cada tipo de s / z , x l c h , g / )por ~
erro se repetia nas produções. N o fim,
I- desconhecer as múltiplas
I iProdução de texto. representações do mesmo som.
descobriu que muitas crianças não utili- I. iFábulas. Realiza trocas de consoantes
zavam sinais de pontuação. "Percebi que surdas (produzidas sem vibração
esse deveria ser o conteúdo prioritário I Aiiar 3 O ao 5O. das cordas vocais, como "pJJe "t")
naquele início de ano", ressalta. e sonoras (com vibração das cordas,
i uaaw- como "b" e "d").
i Folhas para escrever, i Revela problemas na
Do 3 O ao 5 O ano, a ortografia i lápis e borracha. representação da nasalização
é um dos problemas comuns ("ãJJ/"an").
O resultado do diagnóstico de Soraya é iFMwlrqa i Não domina as regras básicas
bastante comum: ai farg
otro e pontuação i Para trabalhar com alunos de concordância nominal e verbal
costumam ser os pontos mais criticos pa- i com deficiência ffsica, acesse da lingua.
I www.ne.org;br e digite na busca i Não segmenta o texto em frases
ra as crianças dessa faixa etária. "Muitos i diagndstico inicial produção texto. usando letras maiúsculas e ponto
alunos escrevem d o jeito que falam e (final, interrogação, exclamação).
ate inventam palavras", conta Bazzoni.- i i Não emprega a vlrgula em frases.
Mesmo assim, dizer que a turma t e m f Converse com a turma sobre iNão segmenta o texto

problemas com "oro tgraaif e pontua- i a atividade, explicando que ela será em parágrafos.
ção" é vago demais. Quais problemas, es-
: importante para o planejamento i Não dispõe o texto (margens,
i das próximas aulas e que vai ajudar parágrafos, tltulos, cabeçalhos)
pecificamente? Faltam vírgulas? Muitos a escrever com mais segurança. A de acordo com as convenções.
trocam letras? Poucos sabem dividir os i tarefa é reproduzir por escrito uma
parágrafos? Mais u m a vez, a sondagem i fábula (de conhecimento de todos) Características do gênero
pode ajudar: se os itens analisados forem i que será contada em sala. Depois de iModifica o conflito principal
i recitá-la, converse sobre o enredo da história.
bem determinados, você saberá com bas- i para que as crianças se familiarizem i Não evidencia a relação entre
tante precisão que pontos atacar. i com a história. Você pode solicitar os personagens.
É importante lembrar, ainda, que cada i que contem a fábula oralmente i Não constrói o clímax.
conteúdo deve ser abordado p o r meio para ter a certeza de que todos @Transformao desfecho da história.
de novas propostas de textos, sempre i têm condições de reproduzi-la por i Não constrói o texto de modo
com etapas de revisão. Refletir sobre os
i escrito. Por fim, peça que os alunos a retomar ideias anteriores para
i a escrevam por conta própria. dar unidade de sentido (coesão
aspectos notacionais (relativos As regras referencial).
de uso da língua) e discursivos (relativos i ~ w ~ ~ i ~ b i Não usa marcadores temporais.
ao contexto de produção) 6 o jeito mais i O diagnóstico é feito ao analisar Depois de verificar quantas vezes
eficaz de levar os alunos a aprender os i os textos de acordo com uma os problemas listados aparecem
padrões de escrita e superar os proble-
i lista de problemas e dificuldades no texto de cada criança, registre
i previamente estabelecida, que o total de vezes que esse problema

- i
mas que enfrentam ao escrever. [3 considere tanto padrões de escrita aparece na classe. Com base nesse
i como caracterfsticas do gênero diagnóstico, liste os problemas
I............. ....... i escolhido. No caso das fábulas, uma principais que precisam ser
i sugestão posslvel é a seguinte: trabalhados com toda a turma,
: ~1áud10Bazzoni, bazzoni@uol.com.br tratando-os como conteúdos
i EE Carvalho Leal, tel. (92) 32169053, i Padróes d e escrita prioritários para o semestre
: eecleal@seduc.am.gov.br
i Soraya Freire de Oliveira,
: @Apresentamuitas dificuldades para em curso.
i
soraya.oliveira@yahoo.com.br
:IIIOLIIIL
i Em educacao.prefeitura.sp.gov.br,
i
i
representar sllabas cuja estrutura
seja diferente de consoante-vogal.
i Apresenta erros por interferência
I Consultoria CIAUDIO BAZZONI,
assessor de Llnaua Portuauesa
da prefeitura dé São ~ a u eb
i na seção Biblioteca Pedag~ígica, selecionador do Prêmio Victor Civita - i
I
da fala na escrita em fim de palavras.
: o documento Aprender os Padrões da i i Apresenta erros por interferência Educador Nota 10, com base no
Linguagem Escrita de Modo Reflexivo, documentoAprender os Padrões da
I sobre como realizar um diagnóstico i da fala na escrita no radical. Linguagem Escrita de Modo Reflexivo,
:'de produção de texto. i iTroca letras ("c"/"ç", "cJJ/"quJ', da prefeitura de São Paulo.

34 Especial Produgão de Texto www.ne.org.br


...............................................................................................................................................................................

~~~5~~~~ Leitura

Ler para escrever


Bons leitores são bons escritores? Nem sempre. Para enfrentar o desafio
da escrita, é preciso investigar as solucões de autores reconhecidos
RODRIGO RATIER rratier@abriI.com.br

T odo mundo já ouviu (e provavel-


mente também já repetiu) a ideia
de que, para escrever bem, é preciso ler
para escrever bem exige outra pergunta:
de qual leitura estamos falando? Para
fazer avançar a escrita, a prática tem de
É um trabalho que destaca a forma (es-
tamos falando de intenção comunicativa
e estilo, portanto), um tema relacionado
bem. A primeira vista, parece um prin- ser um ato de compromisso e com foco a inquietações que tiram o sono de rnui-
cipio básico e indiscutível do ensino da (as ilustrações desta reportagem mostram tos docentes: por que as composições dos
Língua Portuguesa. Tanto que a opção alguns exemplos). Pelo contrário: exige alunos têm tão poucas linhas? Por que
de nove entre dez professores tem sido intenqão e um encadeamento definido eles não conseguem transmitir emoção
propor aos alunos a tarefa. Ler muito, de atividades, que tenham como objetivo ou humor? Por que as descriçõesde luga-
ler de tudo, na esperança de que os mostrar como redigir textos específicos res e personagens não são detalhadas?
textos automaticamente melhorem de (leia a sequência didática na página 37).
qualidade. E, muitas vezes, a garotada "A leitura para escrever 6 um momen- Trechos de contos trazem
de fato devora página atrás de página, to que coloca os estudantes numa posi- 6timas sugestões para os textos
mas - pense um pouco no exemplo de ção de leitor diferente. A tarefa deles será A ideia do trabalho é analisar os efeitos e
sua classe - a tal evolução simplesmente encontrar aspectos do texto que auxiliem o impacto que cada obra causa em quem
não aparece. Por que será? a resolver seus próprios problemas de es- a lê. Sensações, claro, são subjetivas, va-
Antes de mais nada, ninguém aqui crita'',afirma Débora Rana, formadora de riando de pessoa para pessoa. Mas, quan-
vai defender que não se deva dar livros professores do Instituto Avisa Lá, em São do lê diversos textos bons, com expres-
às crianças. A leitura diária é, sim, uma Paulo, e selecionadora do Prêmio Victor sões e características recorrentes,a turma
necessidade para o letramento. Mas ler Civita - Educador Nota 10. consegue, aos poucos, entender que é e

FONTE D E INSPIRAÇAO
Confira como usar a leitura a serviço da produção de texto

L VAMOS VER COMO O AUTOR


"OS PEDACINHOS DE GENGIBRE FEZ? "LENTAMENTE,
SE CONVERTERAM EM CRIANÇAS!' OS PEDACINHOS DE GENGIBRE
ESSE VERBO É RAPIDO. COMO
POSSO FAZ~?-LO
LENTO?

"SE CON-VER-TE-RAM?"
Leitura 3. ao s0 ano
I

a linguagem que gera os tais efeitosquando ainda aconteciam encantamen- o velho castelo. Mais adiante estendiam-
,-2 nos comovem ou divertem. Nesse tos, viveu um rei que tinha uma porção se o bosque e um lindo jardim florido.
sentido, o conto, um dos tipos de texto de filhas, todas lindas". Naquele lugar sossegado, a pata agora
mais usuais nas classes de 3 O a S0 ano, ofe-
iDescrição psicológica. Trazendo ele- aquecia pacientemente seus ovos".
rece excelentes recursos para enriquecermentos importantes para a compreensão iRitmo. É possível controlar a veloci-
produções de gêneros literários. da trama, a explicitação de intenções e dade da história usando expressões que
Cabe ao professor, no papel de leitorestados mentais ajuda a construir as ima- indiquem a intensidade da passagem do
mais experiente, compartilhar com a gens de cada um dos personagens, apro- tempo ("vagarosamente", "após longa
turma as principais preciosidades, ilumi-
ximando ou afastando-os do leitor. Em espera", "de repente", "num estalo" etc.).
nando onde está o "ouron de cada obra. O Soldadinho de Chumbo, Hans Christian Outros recursos mais sofisticados são
Abaixo, listamos alguns dos principais Andersen (1805-1875)desvela em poucas recorrer aflashbacks ou divagações dos
pontos a ser observados e trabalhados linhas os traços da personalidade tímida, personagens (para retardar a história) ou
nos textos da garotada. Também elenca- amorosa e respeitosa do protagonista:"O enfileirar uma ação atrás da outra (para
mos exemplos de como os contos podem soldadinho olhou para a bailarina, ainda acelerar). Charles Perrault (1628-1703)
ajudar a melhorá-los. mais apaixonado:ela olhou para ele, mas combina construções temporais e enca-
iLinguagem e expressões caracterlsti- não trocaram palavra alguma. Ele deseja- deamento de fatos para gerar um clima
cas de cada gênero. Cada tipo de texto va conversar, mas não ousava. Sentia-se agitado e tenso neste trecho de Chapeu-
tem uma forma específica de dizer de- feliz apenas por estar novamente perto zinho Vermelho: "O lobo lançou-se sobre
terminadas coisas. "Era uma vez", por dela e poder contemplá-la". a boa mulher e a devorou num segun-
exemplo, 6 certamente a forma mais iDescrição de cenários. O detalhamen- do, pois fazia mais de três dias que não
tradicional de dar início a um conto de to do ambiente em que se passa a ação comia. Em seguida, fechou a porta e se
fadas (note que ela não seria adequada 4 importante não apenas para trazer o deitou na cama".
para uma composição informativa ou leitor "para dentro" do texto mas tam- mCaracterização dos personagens. Mais
instrucional). Alem de colaborar para bém para, dependendo da intenção do do que apelar para a descrição do tipo
que a turma identifique essas constru- autor, transmitir uma atmosfera de mis- lista ("era feio e medroso"), feita geral-
ções, a leitura de contos clássicos pode tério, medo, alegria, encantamento etc. mente por um narrador que não parti-
municiá-la de alternativas para fugir do Em O Patinho Feio, Andersen retrata a cipa da ação, que tal incentivar a garota-
lugar-comum. O Príncipe-Rã ou Henrique tranquilidade do ninho das aves: "Um da a explorar diálogos para mostrar os
de Ferro, na versão dos Irmãos Grirnrn, cantinho bem protegido no meio da principais traços dos personagens? Nesse
começa assim: "Num tempo que já se foi, folhagem, perto do rio que contornava aspecto, a pontuação e o uso preciso de

FONTE ADAPTAGO DA AmIDAOE PRIMEIRA REESCRITA DE CONTO DITADO A PROFESSORA.REALIZADAPOR ALEJANDRAPAIONE,ACUSTINA P E d E Z E MIRTAWTEDO.
colocado os estudantes para ler e ter di-
verbos declarativos e de marcas da orali-
dade exercem papel fundamental. Nes- recionado a atividade para melhorar os
mimniaimnmr
. . .. .........,....,.:
ic.rut.
te trecho de Rumpelstichen, os Irmãos textos, mas o trabalho não para por ai. : D6bora Rana, deborarana~ajato,com,br
G r i m m dão voz à protagonista para que Eles precisam ter a oportunidade de pôr wmnet
i Em practicaslenguajeprimaria.
ela se lamente: 0 conhecimento e m prática. Ainda que : goog1epages.com/primaria-i-cicio-
"- Ah! - disse a moça, soluçando. - O a leitura seja essencial para impulsionar
rei m e mandou fiar toda esta palha de a escrita, não se desenvolve o comporta-
ouro. Não sei como fazer isso!" mento de escritor sem enfrentar os desa-
Por fim, um lembrete: você pode ter fios do escrever.

iOb)CtDYg o' 2 etapa tentando estabelecer com eles


i iReconhecer a leitura como uma Analise com os alunos as produções criterios de organização. Redna,
i fonte essencial para produzir textos. feitas por eles. A ideia, nessa fase, é por exemplo, expressões que podem
i i Saber reconhecer, organizar e listar os problemas que podem ser ser usadas para se referir ao tempo:
i utilizar nas produções os recursos resolvidos recorrendo a outros textos passo a passo, rapidamente, com
i lingufsticos presentes nos textos. e outros autores. No quadro, organize muita cautela, apressadamente
os problemas encontrados, criando etc. Faça o mesmo para as outras
C#r#bo uma classificação que ajude a tornar categorias criadas. Em seguida,
iProdução textual. mais observável o que buscam: recomende que voltem ao texto para
marcas caracterlsticas de cada gênero, iniciar a produção de novas versões
como indicar estados de espfrito e (elas serão as inermediárias, já
emoções, descrever cenários, usar com a incorporação de tudo que
Tcnp- Cinco aulas. palavras para expressar rapidez ou aprenderam nas leituras).
lentidão e a pontuação para destacar
M a d a i necesdrlo falas. Para organizar o trabalho, em i sa etapa
Lápis, borracha, papel e livros vez de atacar todos os problemas Volte aos textos produzidos,
ou textos selecionados como de uma só vez, prefira colocar em escolhendo um deles para ser
referência (indicações em evidência o que mais atender 2s revisado coletivamente - dessa vez,
www.ne.org.br: digite na busca: necessidades do grupo. considerando o apoio dos recursos
leitura para refletir escrita). encontrados nas leituras. Por fim,
i3a etapa oriente que todos façam a própria

-
i- Retome os livros lidos nas atividades revisão e realize uma nova avaliação
i Para trabalhar com alunos de ampliação,de repertório e ajude do texto, chamando a atenção para
com deficiência visual, acesse os estudantes a buscar meios para outro foco e mostrando como é
i www.ne.org.br e digite na busca resolver os problemas tistados. possfvel avançar com a composição
i leitura para refletir escrita. Uma possibilidade 6 reler algum atacando outros problemas.
texto, mas dessa vez pedindo
i- que a turma ouça, com atenção,
: ilaetapa o modo como o autor desenvolve Observe a participação de cada aluno
i Para um bom trabalho da leitura a história: como ele apresenta os com base nos seguintes aspectos:
i direcionada para a melhoria da fatos e os personagens, como faz comentários sobre a qualidade
escrita, promova a ampliação do descreve o cenário, quais expressões do que lê? Percebe o que torna
i repertório, selecionando obras destacam emoções - trata-se aqui os textos claros ou bem escritos?
i que sirvam de referência para de identificar os recursos que dão Utiliza recursos que auxiliam na
escrita? Identifica textos e autores
i o momento da produção. Ler ao texto o status de boa qualidade.
I diversos textos de um mesmo Eleja alguem do grupo para ser o que possam ajudá-lo numa questão
i gênero ou autor colabora para redator de um cartaz com o resultado especffica? Para os que apresentam
i que os alunos se apropriem dessa reflexão, cujo tftulo pode maior dificuldade, recorra sempre ao
i de mais elementos para a produção ser "Elementos que podemos usar trabalho em parceria -se for o caso,
i de composições. Procure garantir para dar qualidade a um texto'! realize junto com o estudante esta
i que a leitura enfatize como sequência didática.
i se diz determinada coisa dentro i4' etapa
i de um gênero, discutindo a Com base na lista de elementos do Consultoria DÉBORA RANA, formadora
linguagem usada e o efeito cartaz, discuta como os itens podem de professores do Instituto Avisa Ld, em
São Paulo, e selecionadora do Prêmio
i que ela provoca. ser utilizados nos textos dos alunos, Victor Civita - Educador Nota 10.

www.ne.org.br Especlal Produ~ãode Texto 37


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Reescrita Pao6Oano

Além da reescrita
A tarefa é mais que pôr no papel uma história conhecida. Modificar
o narrador da trama encaminha a garotada para a autoria de verdade
RODRICO RATIER e TATIANA PINHEIRO novaescola@atleitor.com.br

\1 o jargão da didática de leitura e


1 \ escrita, reescrever um texto não 4
\
corrigi-lo ou revisá-lo, como faz supor o A REESCRITA N A PELE DE UM PERSONAGEM
senso comum. É contar, com as próprias PROPOSTA Reescrever o conto Chapeuzinho Vermelho
palavras, uma história, com a qual a tur- do ponto de vista do Lobo Mau
ma já está familiarizada.É bem provável ALUNO Fernando, 9 anos
que você já saiba disso e utilize a estra-
tegia com a garotada. Uma novidade,
porem, 6 que a reescrita pode ir alem de Primeira versão
sua forma pura - ou seja, a versão pessoal
de um texto-fonte. O que os estudiosos L-p rn d e repente v i
da área descobriram recentemente 6 a Chapeuzinho (...) ela] M V ~ U a casa da minha vovozinha com este
que existe um tipo específico que leva cestinho de comida onde fica a casa da sua vovozinha eu d o
os alunos a colocar em jogo uma enorme outro lado da flore eu fui correndo a menina
quantidade de conhecimentos e a avan- foi pelo outro cami eu o mais curto meninm
çar ainda mais. @S%I?iFdo e i primeiro e bati na porta
São os relatos com a mudança de nar- a avó q u e m Chapeuzinho Vermelho
rador (leia a sequência diddtica no quadro (...) rapidamente pulei na cama e a comi de uma vez pela janela vi a
da página 40). Em histórias infantis,seria
algo como a bruxa malvada de A Bela
1 Chapeuzinho me disfarcei de vovozinha quando ela bateu na porta
me enfiei na cama fiz uma voz doce E
- luem 6 m e s o u a
Adormecida, uma das irmãs de Cinderela
ou um solitário anão de Branca de Neve
Chapeuzinho (...) Chapeuzinho entrou ,,,-a que olhos tão grandes
você tem são para ver você melhor minha pequena que nariz tão
contar tudo no lugar do narrador onis-
ciente - aquela voz externa ao desenro-
lar dos fatos e que sabe o que se passa
na cabeça dos personagens, com livre
acesso a sentimentos e pensamentos. É
o tipo mais comum nos contos clássicos,
por exemplo. PES!
Há excessiva
NOS trechos Como o texto d6 Deslizamentos
Parece simples, mas, na verdade, a tt, destacados em a entender que de ponto de vista repetição do verbo
refa 6 bastante complexa. Por isso, 6 mais são passagens que dizer para
adequada para turmas a partir do 3 O ano.
amarelo, o aluno
se confunde quanto caminho mais
ffatalhd'é o
um narrador em
primeira pessoa
introduzir as falas
nove vezes, ao todo.
-
ao foco narrativo, longo, 6 posslvel
As pesquisadoras argentinas Emilia Fel contando a história que o aluno tenha não poderia saber: E a pontua ão surge
em terceira pessoa, só reproduzido o lobo nâo vê apenas no k n a ~
reiro e Ana Siro dedicaram um livro in- em vez da primeira. a palavra, que Chapeuzinho do texto. Faltam
teirinho a ela (Narrarpor Escrito Desde un ~ u i t comum
o aparece em várias colher flores, sinais gráficos
verdes do conto, o lenhador que indiquem
Personaje - Acercamiento de 10s Nifios a 10 nesse tipo de
sem realmente na floresta ou onde começam
reescrita,
L$erario, lançado em 2008 e ainda inddi o problema aparece entender seu o banquete no fim e terminam
no inlcio e no fim. significado. da composição. os diálogos.
to no Brasil). Logo na introdução,. Emi- ,

liaw dimensionao tamanho da saudável P FONTE NLRRAR FOR ESCRITUDESDE UN PERSDWE -ACERC4MIENTO DE WS Nl#OSA L 0 LITER4RIDDDE EMILIA
8 FIRREIRO E ANASIRO.OSTWOS FOW AOAFTAWS PARAOWRTUCU~S
encrenca que a turma vai ter em mãos:
como quem escreve em primeira pessoa
resolve o problema de ser personagem
e, ao mesmo tempo, narrador? "Contar
baseado em um 'eu' protagonisp su-

I
põe que o personagem e o narrador
somente podem acessar sua própria
Segunda versão interioridade e aquela que inferem dos
Em um belo dia eu vi uma menina com um cestinhc demais personagens com base em seu
E eu pergunted comportamento ou suas exterioriza-
3 que você faz nesta floresta çÓesn,ela explica.
ilou 2 casa da minha vovozinha para levar este cestinho com No vocabulário da disciplina, signifi-
comidas.4 Onde C a casa de sua a v a a ~ outro
o lado da floresta ca que o aluno-escritorprecisa enfrentar
IBern, você vai pela estrada e colhe flores e eu vou por outro dois desafios. O primeiro deles 6 a focali-
caminho1 Bem. zação - a perspectiva ou o ângulo de visão
Corri até cheaar à casa da vovozinha. Bati na porta. de quem conta a história. O Lobo Mau
de Chapeuzinho Vermelho, por exemplo,
intre Chapeuzinho a porta está abertdEntão entrei correndo não sabe de antemão o nome da menina
pulei na cama e comi a vovozinhd , e desconhece a presença do lenhador que
deitei na cama até que vi a Chapeuzinho pela janeid~ateuna vai salvá-la até que ele apareça, de fato,
porta Disse quem é na casa da av6. Diante dessa restrição,
SOU a Chapeuzinh Entre Chapeuzinho a porta está aberta é natural que muitas crianças, lá pelo
introu p8s o cesto em uma cadeira, se aproximou do meu l a d d meio do relato, acabem apelando para o
Jue orelhas tão grandes você t e r d narrador "sabe-tudo" em terceira pessoa
São para ouvir você m e l h o r 1 ~ u e
olhos tão grandes você t e 4 para que a história mantenha a lógica
- jão para ver você melhor1 E que boca tão grande você tem( (leia o exemplo das produções de um aluno
É para comer você melhod E comi a Chapeuzinhd que ilustra estas páginas). É uma mistura
De repente entrou um caqador com um machado e me cortou própria de quem está descobrindo novos

-
a barriga! E-eu - f caminhos para escrever mais e melhor.
B t ó r i a do além1 Mostrar o problema - chamado de desli-
zamento de ponto de vista - e discutir as
possíveis soluçóes 6 o seu papel.
I
Nem tudo 6 avanço Aqui, um dos Na segunda versão Embora ainda Aprender as palavras certas
na revisão. O lobo maiores ganhos do texto, o aluno persistam alguns
perde um pouco da segunda versão consegue eliminar problemas, o uso para definir a voz do narrador
de sua astúcia: do texto. Fazendo quase todos dos sinais grtíficos O segundo desafio 6 o da modalização, a
ele não finge uma o lobo relatar os os desllzamentos 6 muito maior que
voz doce, não fatos "de outro de ponto de vista. na primeira versão. voz de quem conta a história. Diferente-
chama a menina de mundo"ou "do Persiste apenas Uma pesquisa da mente do narrador onisciente, que qua-
"minha pequena" a16m1; o aluno um: o lobo não argentina Mirta
nem a engana constrói uma salda pergunta 21 menina Castedo mostrou se sempre é neutro, o narrador em pri-
na floresta para engenhosa para como ela se chama, que a pontuação meira pessoa tem objetivos muito bem
chegar antes. Sua justificar que mas, ao chegar 6 um dos temas em
caracterização se a história seja a casa da av6, que os alunos mais definidos (afinal de contas, ele participa
reduz ao essencial contada por assume o nome se concentram do desenrolar dos fatos). No caso do Lo-
para fazer avançar um narrador da personagem no processo
a ação da trama. que j6 morreu. principal. de revisão. bo, 6 interessante que a turha perceba
e utilize no texto alguns dos artificios a
que o bicho recorre para enganar Cha-
peuzinho - fingir a voz doce da vovó,
por exemplo. Trata-se, fundamental-
mente, de mostrar que as palavras com
que o personagem-narrador conta uma
história buscam provocar determinados
efeitos no leitor: convencê-lo de alguma
coisa, buscar sua cumplicidade ou e
..........................................................................................................................................................................
Reescrita 3O ao 6' ano

iQ compaixão, despertar humor o u ate palavras interessantes ele usou para ex- atividade 6 ajudar a turma a evoluir em
mesmo causar repulsa. pressar sensações e emoções, como ele direção A autoria, "O trabalho de revisão
Para trabalhar essa proposta mais descreveu cada personagem, com que rit- faz justamente isso, permitindo As crian-
complexa, a sequência de atividades 6 a m o as ações se encadeiam, como a trama ças superar obstáculos de modalizaçáo e
mesma que para as outras modalidades terminou etc. Esse tipo de reflexão sobre focalização que nem sequer haviam sido
de reescrita. D e início, 6 necessário au- o uso da linguagem vai ajudar a garo- percebidos na primeira versão:' D
mentar o repertório dos estudantes sobre tada a reunir os principais elementos e
o gênero que serA abordado, lendo para expressões que serão usados depois, n o ....................
(ou com) eles várias versões da narrativa. momento de dar vida aos relatos. :-
i Em www.buenosalres.gov.ar/areas/
Depois de cada leitura, algumas cmcte- E m seguida, 4 hora de deixar escrever. e ~ u c a ~ ~ ~ ~ ~ u r r ~ ~ u ~ ~ / ~ o ~ U
rísticas da estrutura do texto devem ser Não se esqueça de reservar espaço para i acesseo QOCumentodeTrabalho
: da Secretaria de Educação da Cidade
destacadas e m u m a roda de conversa: a revisão. Como explicam Emilia Ferrei-
como o autor começou a história, que r o e Ana Siro, o mais importante nessa

r- de um mesmo conto, privilegiando i5' etapa


i iReescrever um conto tradicional os que expandem episódios da trama No quadro, realize a revisão coletiva
i tendo um personagem como narrador. ou detalhem as caracterlsticas de do texto de um dos estudantes. Para
i iTrabalhar focalização (ponto um dos personagens. direcionar a atenção da classe sobre
i de vista do narrador) e modalização a focalização e a modalização,
j (voz narrativa). i2" etapa distribua cópias do texto digitado
Reserve algumas aulas para ler as com espaçamento duplo (o que abre
-i versões de cada conto. Discuta com espaço para comentários, perguntas e
: iProdução textual (reescrita os alunos aspectos que vão ajudá-los reformulações por parte dos revisores).
i de contos tradicionais). a escrever os próprios textos: quem Enfatize os problemas discursivos do
i n Focalização e modalização. está contando a história? O aue ele texto: deslizamento de ponto de vista
sabe sobre a vida dos personagens? (mudança de primeira para terceira
Quais as caracterlsticas deles? Que pessoa) ou passagens mal explicadas.
mudanças seriam necessárias para
i ~rillndo16aulas. que um deles fosse o narrador? Essas o 6' etapa
perguntas são importantes para Proponha uma segunda etapa
I mecu&b Cartolinas, apresentar o conceito de focalização, de revisão - dessa vez, em duplas,
i pinc6is atbmicos e coletânea o ângulo de quem conta a história. . pedindo que os alunos repitam o
I de contos (indicação em processo que aprenderam na etapa
i www.ne.org.br: digite na i3' etapa anterior. Pode tambem haver correção
busca reescrita com personagem- Apoiado nas sessões de leitura, ortográfica e de pontuação, com você
: narrador). construa com a classe um painel circulando pela classe e discutindo
coletivo com as caracterlsticas dos as modificações que devem ser feitas.
i- principais personagens. No caso de
i Para trabalhar com alunos Cinderela, por exemplo, pode-se dizer knWIClo
i com deficiência visual, acesse que a madrasta 6 arrogante e m6 e que Nos debates durante a leitura, na
www.ne.org.br e digite na a fada madrinha 4 bondosa e solidária. produção de texto e nos processos i
I busca reescrita com personagem- Transcreva os resultados em um cartaz de revisão, verifique se cada
i narrador. e deixe-o h vista dos estudantes. Isso aluno compreendeu e utilizou
vai ajudar os alunos a escolher um adequadamente os conceitos de
personagem para contar a história e focalização e modalização. Atenção 2s i
i m l a etapa a saber quais as intenções de cada um, mudanças entre a primeira e a segunda i
i O primeiro passo 6 familiarizar algo fundamental para determinar a versão do texto, avaliando que pontos i
i a turma com o gênero que vai modalização (a voz narrativa) com que precisam ser reforçados por meio
i ser trabalhado. Selecione quatro a trama deve Ser construlda. de novas revisões e do retorno
contos tradicionais da coletanea aos textos-fonte para confirmar
i para a leitura e explique a proposta: i4" etapa os recursos dos autores.
i conhecer bem as histórias para, Peça que cada um selecione um conto
i depois, reescrever uma delas na pele e um personagem como narrador, Fonte Atividades adaptadas do livro
Narrar por Escrito Desde un Personaje -
I de um dos personagens. Inclua na orientando a reescrita da história Acercamiento de 10s Nitios a 10 Literario, i
i cbletânea diferentes versões de acordo com as opções realizadas. de Emilia Ferreiro e Ana Siro.

40 Especial Produgão de Texto www.ne.org.br


50 e B anos Textos informativos

Raio X na notícia
Saber ler para estudar e dominar procedimentos como sublinhar
e resumir é o caminho para a autoria de textos informativos
BEATRIZ SANTOMAURO bsantomauro@abril.com.br

O s textos informativostêm a função


de abordar algum fato, transmitir
dados, atualizar conceitos e ensinar sobre
Esmiuçar cada texto para retirar
os dados que mais interessam
Decidir quais estratégias usar -se é mais
liar o que é mais importante? A quanti-
dade de rochas trazidas pelos astronautas
à Terra? A distância do nosso planeta até
um tema. Isso é o que ocorre em repor- adequado resumir do que fazer esque- a Lua? Teria sido mais adequado falar
tagens de revistas, verbetes de enciclopé- mas, por exemplo - depende do tipo de sobre as missões enviadas pelos Estados
dias, notícias de jornais, artigos de divul- texto e da informação que se quer obter Unidos? Para orientar o aluno nesse tipo
gação científica e livros didáticos. A com base na leitura. A aluna Sara Laiane de escolha, você tem de ajudar a delimi-
maioria dos leitores, ao ter um texto in- Oliveira Souza, que cursava o 5" ano da tar o que vai ser sublinhado e não so-
formativo em mãos, quer saber o que EMEF Victor Civita, em São Paulo, foi mente dizer "grife o mais importante".
está sendo dito e aprender algo com a orientada pela professora Pnscila Barbo- Uma opção é mostrar suas próprias estra-
leitura. Ok, é sempre gostoso ler um tex- sa Arantes a sublinhar e tomar notas em tégias, fornecendo a referência de um
to com um estilo inventivo e bem escri- tópicos de diversos textos-fonte de jor- leitor experiente. Essas dicas valem sem-
to. Mas, no caso dos gêneros informati- nais e revistas com um objetivo claro: pre que alguém estiver vacilante sobre a
vos, não resta dúvida: a ênfase é sobre o procurar informações que pudessem ser escolha de informações.
conteúdo que se escreve. úteis para o momento de escrever para o Já no momento de resumir um texto,
Ter isso em mente ajuda a lembrar as jornal mural da escola sobre os 40 anos a turma terá de se preocupar em conden-
habilidades de leitura a ser trabalhadas da chegada do homem à Lua, efeméride sar fielmente as ideias lidas. É possível
com esse tipo de gênero. Usando textos comemorada em julho de 2009 (leia o iniciar pelo reconhecimento dos blocos
informativos, você deve levar a turma a quadro na prígina seguinte). significativos - os conceitos que unem
buscar dados específicos, tomar notas, Com a ajuda da professora, Sara en- cada grupo de frases, períodos e parágra-
comparar fontes de informação e inter- tendeu rapidamente a utilidade dos pro- fos. Em textos curtos, os alunos podem
pretar a linguagem da diagramação. Em cessos intermediários à escrita propria- numerar os parágrafos, delimitar os blo-
poucas palavras, é preciso saber ler para mente dita."A maneira de registrar o que cos significativos e, só depois disso, escre-
estudar. Além de fundamentais para a mais se destaca permitiu que ela tivesse ver o resumo, de modo a ressaltar a cor-
vida cotidiana, essas competências são em mãos a síntese de sua Ieitura e suas relação entre as partes.
essenciais para que os alunos se tornem, notas de apoio, podendo recuperá-las
de fato, autores de textos informativos (e pais rapidamente do que se ela tivesse Diagramação e hierarquia,
não meros copiadores de trechos de refe- de reler tudo'', diz Claudio Bazzoni, asses- uma dupla inseparável
rências, como costuma ocorrer em mui- sor de Língua Portuguesa da Secretaria Nos textos informativos, a intervenção
tas pesquisas). Municipal de Educação de São Paulo e do professor é essencial para orientar
Há diversos procedimentos de leitura selecionador do Prêmio Victor Civita - a turma a notar qual o tratamento
para organizar informações e facilitar o Educador Nota 10. da informação dada pelos veículos de
entendimento: sublinhar os trechos es- Grifar o que importa ou fazer um apa- comunicação.Em jornais, revistas e sites,
senciais para apresentar as ideias, resu- nhado dos conceitos mais relevantes não o texto quase nunca aparece em sua for-
mir o texto, mostrando o que 2 mais é coisa simples."No caso do sublinhado, ma "pura". Tome as páginas desta repor-
importante, e fazer registros em tópicos por exemplo, muitas vezes os alunos es- tagem como exemplo: além do chamado
(leia a sequência didática na página 44). colhem o parágrafo inteiro ou apenas texto principal, há título, subtítulos e
Quando o estudante cumpre essas etapas palavras isoladas, ou seja, fazem a ativi- chamadas no meio do texto. Esses e ou-
de estudo, as informações fundamentais dade sem definir um critério claro do tros elementos de diagramação, como
são destacadas, o que facilita a retomada que é o principal",explica Bazzoni. Esse fotos e ilustrações,não têm como objeti-
para o momento da escrita. foi um dos conflitos de Sara. Como ava- vo deixar a reportagem mais bonita: e
www.ne.org.br Especial Produgão de Texto 41
Textos informativos 5 0 ~ 6 0 ~ ~ ~ ~

e eles ambicionam guiar a leitura, en-


fatizando determinados pontos de vista
e opiniões. Espera-se, por exemplo, que ANTES DE COMEÇAR A ESCREVER, E PRECISO LE
Confira o processo d e produção d e u m texto sobre a chegada do homem A Luz
o título explicite o assunto principal, o
subtítulo o complemente e os primeiros ATIVIDADE 1 PROPOSTA A ALUNA
parágrafos funcionem como um resumo Aqui estão três textos sobre a Lua. Com canetas coloridas, destaque nos
textos 1 e 2 as informações sobre o satklite natural, a Terra e as crateras
dos dados mais relevantes. O mesmo va-
lunares. No texto 3, encontre falas significativas dos astronautas.
le para as fotografias: se são grandes e
estão localizadas na parte superior da
página, tendem a ser mais importantes.
Uma boa maneira de levar a turma a re- Com um diãmevo de 3 476 quiibmevos (meqosde um terco do 613-
fletir sobre essa relação entre diagrama- em da Terra).mrsso satéiiie não tem atmosfera.nem kgu.. nem vfde
ção e hierarquia 6 estimular o debate: o
que dizem titulo, subtítulos, fotos e le- utas crmerr

gendas de determinada reportagem? Há nlisdes contra corpos celestes derreterem rol


outro elemento na diagramação, como ue esfriaram e aparecem como drees escuras
ldâ. Essas regcões íoram chamadas mares Veja a iiçura 21 3
um quadro com alguns itens ou um tre- nbncia média da Lua a Terra e de 364 400 auildmetros e 8 tam-
cho colocado em destaque? Quais pala- %aturado satelir
155"C _( noml
vras dão pistas das opiniões do autor? A Lua possui um m*n>
-,mimdame
- - -...
de v s n s ~ ao
o redor da Terra de
mmm de rotac8o so-

bre O w6p(a
Leituras feitas, a turma vai para w E O único planeta c o n h ~ i d oa
a sistematização e a produção Td 1
i combinaq80
b r i ~ que floresceu aqui graq.
de vários fatores, como a SO -v" r-u-zuua uatip~iio
Depois da leitura e da discussão sobre o massa da Tem e sua distância^^ re~qao 11. Neil Armstrong e Buzz Aldrin, que
ao "1. Se estivesse mais peno OU c h e a u ~ em 20 de julho de 1969,
conteúdo, C hora de sistematizar as carac- 10' exemplo, n&oteria outras cinco missaes ApoUo pousaram
terísticas de cada um dos diferentes gêne- LMANAQUE ABRIL -
luido essencialpara a na Lua Aúftima foi a ApoUo V,em 1972.
Ela encontra dados S Se fosse menor. Essas Viagens trouxerampara a Terra um
ros informativos. Quais os termos recor- sobre a distancia e &feragasosa que man- t 0 d de382 quilos de amostras de rochas
rentes? Os estudantes percebem que es- as crateras com na CemPentura media para ~ á l i - Sem a protecso de
facilidade. E destaca s Protege da queda de qxrfkic lunar é rec
ses textos, normalmente escritos em a chegada dos no nde maioria deles se
america Ihar na camada gasosa wultantes do impt,, ,
terceira pessoa, não costumam trazer
ingiro solo.
- ?roide3 e cometas. OS c i m t i s t ~
uma opinião pessoal explícita? Veem
que as informações tendem a ser rigoro-
sas, com números retirados de fontes
Ilco satelic
I quilòmetros ie distinc
fila .. .Por muito m'npo a g m a e meta da
i Ter

corrida espacial travada entre osgovernos


-a---- -
'"m que algurnts, nc- -I--
'dar igua na forma d
,14 c,
-

ssa possibilidade
@zcom que os exploradores do espaço
como estudos e pesquisas de universida- norte-americano e soviitico d u m t e o tenham esperança de que um dia façam
des e entidades internacionais?
Unindo os dados sobre o formato do
gênero e o conteúdo apresentado, C hora I
auge da Guerra Fria, entre as decada
960.0s soviéticos foram os
visitá-la cc-
Luna 2, em 1959. m --- S.-- 1

i
do satélite uma base de lan~amentopa-
m.hgens a destinos mais distantes. A
~nncipalvantagemsena a.. economia de
combustivel,~ i ios
~~~

s foguetes teriam de
i
de planejar o que vai ser escrito, prestam
do atenção para não somente copiar, 1
~ .venceruma f m a mvitacional seis vezes
"Or que a da ~érra.

transcrever trechos longos na íntegra ou


levantar um s6 aspecto da questão. O ide- i
a1 6 que o aluno consiga criar outra pro- I
I
dução, se descolando, de fato, dos textos
que serviram de base, construindo sua
i ,mm
,m
Fduin %Una. Jc 78
C uni d<n m m m s krds

própria hierarquia dos dados com o que i,& luno ele r i t u ales Ycll

selecionou das leituras. Ele deve ter claro


para quê, para quem e o que escrever, ic qw i",,,"dilsni
inin& auin c p h n u a h;
a carquiua '-1:
informações essenciais que o professor I m p c q u e ~p s U ~ ~ M L UIninein. ma5
@ ul1n p"a ' kwrrwn,M.
precisa fornecer logo no início do traba-
lho. Com uma bagagem razoável sobre o .
tn> I& in>prdjuq t r r\lláin sep hh4e
ao kuitraia qu"10 ck te hcin mi*
p, tamim mgtailbe da wu&

-
w1- Ci>lliii\. <rie nia clsgm a
tsma, espera-se que a garotada tenha nn Lu,.Aldrin prep a idéia*
v. mù* qw ~ 1 I d a oI ep";"o h"
condições de cruzar dados, relacioná-los 1 .t\miw-u nele. L? enw
I RESUMO eo r m o I

I
Terral aplmcrn
I n f o n n y i k s mim o
processo da fcmna@a
das crateras lunares

~~~-
TA& 2.

1 &','lLste*d pucPer9-

I
e
--
-**v
Tlerl e 3
@-in
-
0
-
IESUMO DO TEXTO I
)O verbete do
Llmanaque Abril,
lestaque para o t<
le amostras de rocha!
nzidas Terra para
I analise científica

JW-
@- do-
I -Feito com ajuda
da professora,é o
que mais obedece
h proposta.
O restante do
texto tende a
informação
copiada - em
seu texto, a
-1
O termomessas São três linhas
viagens" indica sobre as
caracterlsticas
da Lua sem uma
relaçao ent~e
aluna menciona o primeiro e o
t
. .

Boa escoin'a?
mas a autora
não percebe qu
a frase citada é
de Edwin Aldrii
. e não dele cpe
"

escapar dela. só uma viagem. terceiro parágrafo.' , Neil Arpstcphg


cr*
Y - s x i . a

LUMtN IAKIU Ut LLAUUIU U U U N I


RESUMO DO TEXTO 3 "Por ser o primeiro texto informativo escrito pela aluna,
Da entrevista de Veja, .-*r
o trecho escolhido pela
aluna cita detalhes da I ocorrem alguns problemas bastante previsíveis. O principal
deles é a falta de autoria, com cópia dos trechos grifados na ' _ i"
d

chegada do homem ao leitura para estudo. Por isso, é fundamental que o professor ir .
u, * . :233.2
' c

satélite terrestre na
missão Apolo 11 realize revisões e proponha novas produções para permitir _ c.6
que seja criada a familiaridade com o gênero." -- i r > w
, .&?5
7
, ..
..
Textos informativos 5Oe6Oanos

e refletir sobre o que foi proposto e,


então, reorganizar as informações sele-
cionadas para serem arquitetadas e m
i- Com outra, ressaltar as informações ;
uma nova estrutura. i iBuscar dados em textos
informativos. que tratam das crateras na superficie. I
Essa postura não significa jogar para o I iSublinhar informações especlficas. Diga que escrevam quais são
alto todo o estudo anterior. A turma po- i iResumir um texto para estudar. semelhantes e diferentes, citando
de continuar consultando os textos que i Produzir um artigo para o jornal
mural da escola.
as fontes e a autoria de cada texto. E
já leu, quando necessário, para confirmar
i4' etapa
uma @ia, ver como uma definição 6 i- Proponha que os alunos façam
usada, qual o verbo empregado para in- ; iLeitura e escrita de textos um resumo do texto do livro didático i
dicar uma ação presente o u um aconte- informativos. para que estudem o tema com mais i
cimento passado etc., mas evitando co- i iRevisão e edição de textos. profundidade. Para evitar que eles i
piá-los, 6 claro. Quando o aluno lida com façam cópias, você pode propor
i Alo 5 O e 6O. uma estrutura como a seguinte:
mais de uma fonte, 6 possível que ele se "O texto A Lua, retirado do livro
depare com informações conflitantes. O i l è m p o u t b d o Cinco aulas. didático ,trata
que fazer com elas? N o caso dos textos de .Ele pode
utilizados por Sara, isso ocorreu com a u#npiaaedrb ser dividido em duas partes. Na
distância da Terra à Lua. Em um, aparece i Textos sobre a Lua (indicações primeira (parágrafos 1-4)) o autor
apresenta várias informações sobre
ii
i em www.ne.org.br: digite na busca
380 mil quildmetros. E m outro, 384,4 i textos informativos leitura escrita). a Lua, dentre as quais vale destacar i
mil. Nessas ocasiões, o melhor a fazer C . Na segunda parte i
buscar mais informações em outras fon- iRadWlh.Fi0 (parágrafos 5-1 7), o autor explica por
tes confiáveis para confirmar uma das i Para trabalhar com alunos com que a Lua muda de aspecto ao longo i
versões ou sugerir outra alternativa mais i deficiência intelectual, acesse do mês. Segundo o autor, isso ocorre ;
i www.ne.org.br e digite na busca porque O autor
confiável. Entretanto, se o a l u o resolver i textos informativos leitura escrita. finaliza o texto informando * .
escolher um dos dados o u mesmo usar que
>I

os dois, deve saber que precisa sempre- i


citar as fontes em seu texto, indicando de : iIaetapa i5* etapa
onde os dados foram retirados. "Com a I Convide os alunos a escrever um Oriente os estudantes a produzir i
i artigo sobre os 40 anos da chegada um artigo com o tema "40 anos
ajuda do professor, a turma acaba perce- ! do homem h Lua, avisando que as da chegada do homem a Lua",
bendo as limitações, as imprecisões e ate produções serão publicadas no jornal utilizando as informações retiradas i
mesmo a presença de furos de notícias e i mural. Apresente os textos-fonte dos três textos lidos. Elas devem I

-
reportagens", explica Bazzoni. i selecionados e peça que os leiam, ser organizadas e inseridas em um f
Como ocorre com os demais gêneros, i dizendo que eles servirão de base para novo texto, coerente e coeso. Quando
i ampliar o conhecimento para a escrita. trechos forem inteiramente copiados, i
os informativos podem (e devem) ser devem aparecer entre aspas e
retomados em diferentes momentos da i i2" etapa com a indicação da fonte utilizada.
escolarização. O que precisa variar na i Tire as dúvidas que aparecerem
abordagem do professor C a complexida- i após as leituras: quais informações
de dos textos apresentados aos estudan- novas sobre a Lua eles gostariam Organize uma tabela com os
i de apontar? Em qual se I@ mais sobre a conteúdos de leitura e de produção
tes e a profundidade das discussões feitas i chegada do homem h Lua? Peça que os escrita trabalhados nas atividades Z
em classe. Quanto mais familiarizados i estudantes, em cada texto, sublinhem propostas e assinale os conteúdos i I
com essas práticas, mais eles serão capa- i as caracterlsticas fornecidas sobre a atingidos plenamente, parcialmente I i
- zes de localizar informações, ler para i Lua. Eles tem de perceber que não ou não atingidos pelos estudantes. i
saber mais e escrever sobre o que conhe- é preciso sublinhar tudo e que vale Com base nela, decida o que deve i
i destacar informações que não são ser retomado, verificando o grau
cem - habilidades essenciais para o bom i caracterlsticas flsicas lunares. de autoria dos alunos, se as ideias I
desenvolvimento da vida academia. Oi estão bem ligadas, se o texto está i
: i3" etapa adequado ao que foi proposto e se i
Sugira que releiam o texto do livro tem desfecho.
:- didático indicado e o verbete do
! Claudlo Bazzoni, bazzoni@uol.corn.br i Almanaque Abril para sublinhá-los Consultoria CLAUDIO BAZZONI,

C
e

i EMEF Victor Clvita, tel. (11),3941-1906, i com cores diferentes. Com uma cor, assessor de Llngua Portuguesa da
: ernefvcivita@ig.com.br Secretaria Municipal de Educação de i
I Prlscila Barbosa Arantes, i devem marcar 0s dados que aparecem São Paulo e selecionador do Prêmio
j arantes.priscila@gmail.com i sobre a distância entre a Lua e a Terra. Victor Civita - Educador Nota 10.

44 Especial Produgão de Texto www.ne.org.br


Hora de aperfeicoar a
Textos de qualidade precisam passar por diferentes revisões. Pontuação
e coerência estão entre os itens a serem abordados durante a produção
BEATRIZ SANTOMAURO bsantomauro@abril.com.br

F oise o tempo em que corrigir na es-


cola significava apenas uma caça a
erros ortográficos e de pontuação nos
A C A M I N H O D A AUTONOMIA
Em diferentes momentos e com focos específicos, os alunos
aprimoram o texto. Confira como isso foi feito num processo individual
textos dos alunos feita pelo professor. I

Ainda bem! Hoje, sabe-se da importân-


cia de desenvolver comportamentos es-
critores e o processo de revisão se inclui
aí. Por isso, ele também deve ser direcio-
nado para os pontos que colaboram com
os aspectos discursivos, como clareza e
coerência na hora de contar uma histó-
ria, e ser feito sempre com a participação
das crianças (leia o quadro à direita, com
trecho de uma produção individual e, na
página seguinte, textosfeitos em dupla e em
grupo por alunos do 3' ano). "Elas preci-
sam fazer uma leitura crítica do próprio
material",diz Liamara Salamani, coorde-
nadora pedagógica do Colégio Santo
Arnérico, em São Paulo.
6 importante desconstruir em sala o
mito de que revisar 6 uma etapa final da
produção. Em sua tese de doutorado Pro-
cesos de Revisidn de Textos en Situacidn Di-
dáctica de Intercambio entre Pares, a pes-
quisadora argentina Mirta Castedo res-
salta que "os bons escritores não realizam
as ações de planejar, escrever e revisar de
maneira sucessiva, mas vão e voltam de
uma a outra. Eles escrevem partes, rele-
em e modificam, detectam expressões
incompreensíveis e corrigem erros".

Como iluminar os aspectos


que precisam ser revistos ...............................
PALAVRA AUS~NCIADE
Para que todos os procedimentos que INADEQUADA PONTUAÇAO
visam o aprimoramento do texto possam 2 termo A fala, marcada
resmungando" com travessão,
ser feitos pelo estudante com competên- foi considerado está na mesma
cia e autonomia, é preciso trabalhar em impróprio e linha. E não h6
grupo, em duplas e individualmente substituldo ponto de
por "reclamando", interrogação para
(leia o projeto didcítico na página 47). No mais preciso. marcar a pergunta.
................................................................................................................................................................................

Revisão 3O s0ano

TRABALHO EM CONJUNTO
A revisão também pode ser realizada em dupla ou com a turma toda reunida.
Assim, a PlpdtqhC analisada por outros aluna que não o autor do texto

I *avia um reino que morava uma princesa muito bonita.


Um dia apareceram 3 moços que queriam cada qual se
I ii casar com ela.Para decidir a ocasião o rei disse que
quem trouxesse o presente que mais encantasse a pnn-
cesa, se casaria com ela. O rCu anunciou:
0 ~ 6vamos s marcar o dia de shbado Bs 8 horas e 5
i minutos.Seguiram seus caminhos.
I O primeiro moço foi parar num lugar muito distante
I i ouviu um homem gritando:

3
-Quem quer comprar uma rosa? E o moço falou:
-Meu caro, que virtude tem essa rosa?

I ir
i
rosa tem a virtude de ressuscitar qud quer pessoa.
ravo! Sou eu que me caso com a princesa.8 comprou
rosa.0 segundo moço também
Quando-

seI
L

o primeiro ~ O Ç Se
O apresentou
-A chegou no P
v. do moço se

apresentou e
-#eu tap

repente ela

I
IDENTIFICAÇAO FALTADE
DE PERSONAGEM
Falta revelar o Apesar de o autor
nome da mãe do citar o ~ a ( se a
autor do texto. cidade, ele não
Elaparticipa da explica que a história
DE P A U W U I história junto com Se passaem uma
O verbo dizer sua irmã Susi. estação de esqui.
~witílvezer,
con, difkaw5
mmaym
um trecho muito
curtodo-

PROFESSORAANACIARA BIN E ALUNOS CATARINA CILENTO, PEDRO


A W T A R A , MURA BRATKE E PEDRO GAMMARDEL4 DA ESCOLA DA
V I U EM SdO PAUL0,AVTOREI DOS TEXiüSACIMA
Mirta C; .-ire
revisão de texto.
Digite na busca .
mirta.pd,

e processo coletivo, a turma deve se fazer o autor mudar suas escolhas. Esse 6 jam mais avançáuu3 corli u CF~IU. Por
debruçar sobre um texto produzido por u m momento rico para avaliar como ca- isso, é importante saber o que os alunos,
u m dos alunos e apontar o que precisa da uma delas defende seu posicionamen- já aprenderam e o que deve ser conside-
ser repensado, como palavras repetidase to. Lembre-se de que, em qualquer situ- rado dali em diante", diz Liamara. E o
mudanças na posição do narrador. É na- ação, a revisão fica mais proveitosase u m processo tem de ser estendido, pois u m
tural que, às vezes, a garotada não iden- aspecto for ressaltado de cada veT. escritor que sabe o que precisa ser altera-
tifique à primeira vista os problemas e as do em seus textos o u nos de terceiros
soluções satisfatórias. É papel do profes- Revisar sempre para ser passa a ser u m leitor mais exigente. R
sor dar alternativas, alem de trazer à tona um leitor competente
questões já analisadas. O ato de rever o que foi feito deve per-
Ao trabalhar em duplas, revisando o mear todos os anos da escola. O que mu- :Coirwa
i Liarnara Salamani,
texto de outro colega, as crianças exerci- da é a abordagem e os conteúdos desta- i liamara@csasp.gl2.corn.br
tam o poder de argumentação a fim de cados. "O esperado é que os textos este-

*mresenhas literárias.
iProduzir
por outras pessoas. Na primeira
vez, a produção será coletiva, e você,
não se ocupem'com essa correção).
Explicite os procedimentos para
i
iSaber reconhecer num texto os o escriba. A revisão deve ocorrer que todos pensem sobre a adequação i
aspectos discursivos que necessitam durant? a construção do próprio das palavras e considerem outras i
de revisão e aprimorar o material. texto, priorizando os aspectos formas de escrever. Questione se i
discursivos (repetição de palavras e a organização do texto respeita o i
catlteaor pontuação, por exemplo). genero. O autor deve ter a palavra i
iProdução de texto. final sobre as mudanças sugeridas. i
iRevisão. i etapa
Em duplas, os estudantes devem i7" etapa
escolher outras obras e produzir Cada aluno deve revisar o
novas indicações. Ressalte que no próprio texto (feito na Sa etapa),
TLispo estimado Três meses. início do texto deve haver as marcas usando como referência os
desse gênero: o tltulo, o autor, a aspectos j á destacados em outras i
MatUwn«trdrk, editora e o nome de cada criança. etapas, e reescrevê-lo.
Resenhas literárias publicadas
na mldia e livros já lidos pela turma. idaetapa Rmdumfkisl
Reúna os aiuhos em duplas para Mural de indicações literárias.
FkxlMliw que revisem o texto feito por
Para trabalhar com alunos com outra dupla na 3a etapa. Eles terão -ll;lCk
deficiencia visual, acesse de discutir os aspectos j á vistos Observe as alterações dos textos,
www.ne.org.br e digite na busca coletivamente para que o material o resultado da produção em dupla
mural de indicações literdrias. seja mais bem compreendidoe e os aspectos modificados na
sinalizar as sugestões com bilhetes. produção individual. Nas revisões,
Desmddimntrr Após a revisão, devolva as resenhas os estudantes devem ter usado
iIa etapa a seus autores, que podem ou não elementos dos textos de referência
Entregue as resenhas para os alunos acatar o que os colegas sugeriram. para agregar qualidade As novas
e explique que a função delas é produções. É essencial que tenham
apresentar livros ao público. Reúna- i5" etapa conseguido se colocar no lugar
os em trios para que analisem o É hora da produção de mais uma de um leitor e avaliar se
que os textos têm em comum, como indicação literária, dessa vez, comunicaram o que pretendiam.
o tema e o ndmero de páginas. individual, levando em conta as No caso de textos que apresentem
Reserve o material para ser usado experiências coletiva e em dupla. muitos problemas, retome a
como uma referência no futuro. revisão e discuta os aspectos que
iGa etapa precisam ser melhorados.
m 2" etapa Eleja um texto individual, avaliado
Proponha que as crianças escrevam pelo grupo como bom, para ser Consultoria DÉBORA RANA
indicações de tltulos de que gostem. revisado coletivamente. Transcreva-o (deboraranaQajato.com.br),
formadora do Instituto Avisa Lá, em i
Diga que os textos serão colocados no quadro-negro (sem os erros São Paulo, e selecionadora do Prêmio
no mural da escola para serem lidos ortográficos para que os alunos Victor Civita - Educador Nota 10.
i

www.ne.org.br Especial Produgaio de Texto 47


Revisão no computador 6. ao 9 O ano

De olho na tela
Na hora de revisar, o computad,or é o melhor instrumento para a turma
explorar várias maneiras de aperfei~oarum texto sem perder tempo
BEATRIZ VICHESSI e TATIANA PINHEIRO novaescola@atleitor.com.br

E m vez do lápis e da borracha, o mou-


se e o teclado. Essa 6 uma troca van-
tajosa para explorar vários aspectos da
primeiros ganhos que a máquina pro-
porciona é a liberdade para trabalhar as
questões relacionadas ao formato da pro-
todo o material. É possível pedir a eles,
por exemplo, que transformem u m con-
to em uma peça teatral (leia a sequência
revisão. Basta um computador com um dução de acordo com o gênero, sem que didática na página 50). TambCm é válido
editor de texto, como o Word. Um dos para isso os alunos tenham de reescrever propor revisar u m conto conhecido por -
. .

TECNOLOGIA A FAVOR DA ESCRITA


Ao indicar ferramentas do programa que auxiliam na revisão e inserir
comentários no fim do texto, o professor mostra o que deve ser alterado

TEXTO 1
5
9

-#a, ora, ora! Então você veio! - I 10 fim

-k
S... Ficarei com o ainheiro? -h..-~
I

- Ora, ora, ora! Então você veio! -


(Deixe'o narrador contextualizar os diálogos. Assim, os leitores disse ele com um ar de desafiador.
se envolverão com a narrativa. Cuidado com a repetição das
palavras sinalizadas com a marcação V e r i f i q u e se esse -Você fez uma promessa e terá de
problema ocorre em outras passagens do texto com a cumpri-la - disse o homem que cada
ferramenta Localizar e Substituir, do Word. Revise a pontuação vez se aproximava mais da luz de um
nos locais com a indicação (ponto). Por fim, renasse os inícios
de frase e a palavra Proença, destacados em( - Mas... Ficarei com o dinheiro? -
perguntou o garoto de branco.
- Não posso lhe prometer isso! -
respondeu o homem que já estava
debaixo do poste.

48 Especial Produgão de Texto www.ne.org.br


todos, que tenha sido,reescritopor outra em seu próprio texto e das que forem do as primeiras versões são comparadas
turma e esteja sem a paragrafação corre- sugeridas por você. Esse 4.um dos bene- à final", explica Junqueira.
ta, apresentando falhas de pontuação ou fícios explorados por Luis Junqueira, que
muitos termos repetidos.Assim, como si- leciona Língua Portuguesa para o 6 O e o Com o computador, a
nalizam as pesquisadoras Emilia Ferreiro 7O ano na Escola Castanheiras, em San- revisão fica mais profissional
e Sonia Luquez no texto La Revisidn de tana de Parnaíba, na Grande São Paulo. Trabalhando com o micro, os estudantes
un TextoAjeno Utilizandoun Procesador de Depois que os alunos finalizam uma podem experimentar,fazendo inserções
Palabras, C possível analisar onde e como produção, ele registra comentários nos e substituições diversas vezes, sem deixar
a garotada intervém (e se intervém, já arquivos, parágrafo a parágrafo (leia os as marcas do processo - como rasuras -
que identificar o que está bem colocado quadros abaixo, com trechos de produções no produto final. Eles tambdm lucram
tambCm t uma parte importante da revi- individuais de alunos do 6 O ano). Sem in- com o trabalho realizado pela própria
são), quais termos incorpora ao material tervir diretamente no material, o educa- máquina, que destaca termos digitados
ou se insere modificações em relação aos dor sugere aos autores adequar trechos, incorretamente e trechos com proble-
aspectos discursivos. melhorar a pontuação, detalhar a des- mas gramaticais, sugerindo que sejam
O trabalho com ocomputador tam- crição de uma cena e eliminar palavras alterados e, em alguns casos, fornecendo
bdm confere praticidade à execução das repetidas, entre outras modificações. "A opções de mudanças. A primeira vista, há
revisões que o autor julga serem válidas evolu~ãode cada texto fica nítida quan- quem pense que essas ferramentas Q

TEXTO 2
I

no cardápio! Comecei a pensar como iria


escapar daquele lugar, mas isso era um
teste que minha mãe me mandou para eu

campo em volta de toda a USAR MAGIA, é


n e s s a s b que eu quero

Ias. Utilize o revisor

CRI= VERMELHOS
0-

k-
e a mislw nuSliun
e aprimoram o taúo

Cinco dias se passaram e eu, preso de novo em uma gaiola. Tédio. Mas como eles estavam preparando o
jantar, e eu estava no cardápio, comecei a pensar como iria escapar daquele lugar. Isso era um teste que minha I
mãe me mandou para eu não usar magia, tudo bem que eu acho que ela não pensava que ia acontecer isso, mas

(&imo uso da pontuação. A palavra tédio entre pontos ficou particularmente interessante. Excelente evolução!)

www.ne.org.br Especial Produgão de Texto 49


..................................................................................................................................................................................
Revisão no computador ó0m90ano

e podem tomar os jovens preguiçosos do muito alem da correção de questões


e escravos da tecnologia. Mas uma aná- ortográficas quando lançam mão dos -i
lise atenta da aprendizagem revela que recursos tecnológicos. : Colegio Santa Cruz, tel. (11) 3024-5199,
i colegio@santacruz.glZ.br
essas facilidades fazem com que eles se Apesar de o uso do processadorde tex- : Escola Castanheiras, tel. (11) 4152-4600,
tomem mais autônomos como autores e tos ser algo bastante técnico, não 4 reco- i castanheiras@escolacastanheiras.com.br
revisores, pois trabalhando assim podem
i Luis Junqueira,
mendado programar uma aula somente : luis.junqueira@escolacastanheiras.com.br
dedicar tempo ao material propriamente para abordar as ferramentas h disposição, i Renata Pontual Ikeda,
renata@ikeda.com.br
dito e deixá-lo mais bem acabado. como ressalta Renata Pontual Ikeda, pro- :-
Em suma, o educador pode avaliar se fessora do Coldgio Santa Cruz, em São I Em www.goog~e.com.br,digite na
I busca revisión texto ajeno pracesador
os estudantes estão desenvolvendo sabe- Paulo. "O correto é falar dos atalhos de :palabras. O primeiro resultado indica
res para atuar como fazem os revisores acordo com as demandas que surgirem, i o texto La Revisidn de un TextoAjeno
: Utilizando un Procesador de Palabras
profissionais, se estão se aprimorando enquanto a garotada desenvolve seus tex-
em relação aos aspectos discursivos e in- tos", ela ressalta. 8

iobjauua conto em uma peça teatral. Sugira sugerir outras mudanças, inclusive
i iTransformar um conto que todos releiam o texto, dessa no aspecto gráfico (recorra aos
': em uma peça teatral. vez j á com vistas 2s mudanças que textos de teatro como um exemplo)
i iUtilizar os recursos de programas imaginam ser necessáriaspara a e levar o grupo a revisar o material,
de edição e de texto como o Word para adaptação ao novo gênero. adequando os trechos. Quando
i organizar a produção e revisá-la. surgirem marcações automáticas do
2=etapa computador, indique o uso do corretor
irr-ilrilru Distribua cópias dos textos de teatro de ortografia e discuta com os
I iProdução de texto. indicados e peça que os alunos leiam estudantes se as opções da máquina
i iRevisão. destacando as caracterlsticas do são realmente adequadas. Todos
gênero, como a divisão da história devem salvar as produções para que
i Anos 6 O ao 9O. em cenas, as marcas que indicam sejam revisadas pelos colegas.
as falas dos personagens e as que
aiClrils Seis aulas. descrevem os cenários. i6' etapa
Distribua os arquivos entre as duplas
i mrwrrik. i3' etapa e explique que, para revisar o texto
i Computadores com o processador Os estudantes devem retomar de outra dupla, devem ser usados
i de textos como o Word ou similar oconto de Poe, listando os personagens recursos que não alteram o conteúdo
i instalado, cópias do conto e descrevendo os cenários para começar da produção - como a inserção de
i O Cato Preto, do livro Histbrias a organizar a adaptação. comentários parágrafo a parágrafo.
i Extraordinárias (Edgar Allan
i Poe1272 págs., Ed. Companhia das i4' etapa m ;laetapa
i Letras, tel. 1113707-3501,20 reais), É hora de selecionar os momentos Ao receber de volta suas produções
i e de textos de teatro (indicações em mais representativos do conto para revisadas, os autores devem analisar
i www.ne.org.br: digite na busca a adaptação. Para issol em duplas, os comentários deixados pelos colegas
i adaptação conto peça teatral). os alunos precisam decidir qual será e decidir se vão acatá-los ou não. ,
o cenário principal e os secundários,
-i os diálogos mais importantes e as A#lbFlo
: Para trabalhar com alunos passagens essenciais.A tarefa seguinte
6 seiecionar os traços necessários
Analise se as produções possuem
i com deficiência auditiva, acesse as marcas do gênero teatro e se
i www.ne.org.br e digite na busca para preservar a narrativa literária a história manteve o sentido do
adaptação conto peça teatral. no formato teatral. original de Poe. Isso tamb6m pode
ser feito no computador, aproveitando
iOl##Mnenao m 5' etapa as ferramentas do programa para
: i l aetapa A transformaçãodo texto de Poe deve fazer marcações e sugerir outras
i Oriente a leitura de O Cato Preto ser feita no computador conservando as adequações aos autores.
I e convide a turma a prestar mesmas duplas da etapa anterior. Circule
i atenção no foco da narrativa e pela sala, orientando os alunos a utilizar Consultoria LUIS JUNQUEIRA,
i na personalidade do narrador. as marcas do texto de teatro, como o professor de Lfngua Portuguesa
i. ,A seguir, questione o grupo sobre travessão para representar o discurso na Escola Castanheiras, em Santana
as possibilidades de transformar esse direto. Esse 6 um bom momento para de Parnafba, SF!

50 Especial Produgáo de Texto www.ne.org.br


Licão de mestre
a
Ao conhecer as características de estilo de autores profissionais, os alunos
aprendem diferentes maneiras de estruturar um texto e abordar um tema
ANDERSON MOÇO anderson.moco@abriI.com.br

I nspirar-se em textos escritos por no-


mes de sucesso da literatura, como
Clarice Lispector (1920-1977), para se
taria Municipal de Educação de São Pau-
lo e selecionador do Prêmio Victor Civi-
ta - Educador Nota 10.
o jeito de finalizar as histórias pode ser
interessante quando os alunos sempre
mostram que os personagens vivem feli-
apropriar das marcas de estilo deles e zes para sempre. Trabalhar com Oscar
desenvolveras próprias, é um comporta- Situações de produção Wilde (18541900) ajuda a garotada a to-
mento escritor importante, que colabora com sentido e propósito claros mar gosto pelos fins trágicos (leia os qua-
com o processo de produção textual. O primeiro passo C escolher as obras de dros abaixo e nas páginas seguintes, que
Mas, para que ele seja colocado em cena um autor a serem dissecadas de acordo mostram a análisefeitapor estudantesdo 6"
pela turma, o professor tem de ensinar a com as necessidades de aprendizagem da ano de contos do autor e trechos das produ-
detectar as características de determina- turma. Não se trata, então, de eleger tex- ções que realizaram). O emprego do dis-
do escritor profissional em vários textos tos ditos fáceis ou difíceis, assinados por curso direto e do narrador onisciente
e usá-las em suas produções. . nomes consagrados. Por exemplo, focar tarnbtm pode fazer parte da lista. #
"É importante que os estudantes se-
jam levados a observar as criações e as
transgressões literárias para que possam
enriquecer suas produções", diz Cristina
Zelmanovitz, pedagoga e pesquisadora k-Li,e:&:
do Centro de Estudos e Pesquisas em r AS MARCAS DE ESTILO DE OSCAR WILDE .
Educação, Cultura e Ação Comunitária
(Cenpec), em São Paulo. Clarice Lispec-
I Durante a leitura de alguns contos do autor, os alunos encontraram
algumas características que definem seu
' .
tor, por exemplo, escreve usando os sen-
"í....), Ela s6 tinha ~ermissáoDara brincar : ABISMO SOCIAL
timentos e os detalhes da vida dos perso- com crianças da sua condição (...) Mas ,...i0 s personagenstem
nagens como fios condutores da história. i origens sociais diferentes.
(...) o Rei deu ordens para que ela i Um 6 sempre nobre, c
Ela rompe com o que C considerado nor- convidasse quaisquer crianças amigas (...)" j e o outro, plebeu.
Conto O Aniversário da Infanta
mal e correto ao começar o texto Uma
Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (158
págs., Ed. Rocco, tel. 2113525-2000,50 o- "'O meu jardim é s6 meu', berrou ic o ~ ~ ~ x ~ u ~ u z
o Gigante (...) Ele era um gigante •........:i Antes ou depois das falas dos
ais) com uma vírgula e terminar com muito egoísta. (...) Veio então a : personagens,o narradar conta
.
dois pontos. Há muito que observar tam- i detalhes, acrescenta opinides e
Primavera e por toda parte havia flores i ernocões ou d6 mais infmrnacões. -'
bém nos escritos de Machado de Assis em botão e passarinhos (...)"
Conto O Gigante Egoísta
(1839-1908). Ele é famoso por ser ir6nico
ao retràtar a sociedade do século 19 e
"A Lua de cristal gelado i PERSONIFICAÇAO

I
fazer com que o narrador da história ma- debruçou-separa escutar." ....................i Seres irracionais, objetos
nipule os acontecimentos. Sabendo des- Conto A Cotovia e a Rosa i inanimados e elementos
i da natureza têm sentimenta
sas e de outras marcas, é possível coman- i e realizam ações.
dar um bom trabalho de leitura e apurar
o olhar dos jovens. "Essas características "Ele beijou o Príncipe Feliz nos i FINAL T R ~ I C O
são como moldes", diz Claudio Bazzoni, lábios e caiu morto aos seus pés!' i As histórias nunca
Conto O Príncipe Feliz i terminam bem, mas
assessor de Língua Portuguesa da Secre- i com mortes, separações
: e toda sorte de desgraça.
CONTOS PUBLICAWS NO LIVRO HIST~RIASPARA APRENDERA SONHAR, OSCAR WILDE, 64 PACS.,
ED. COMPANHIA DAS LETRINHAS,TEL. (11) 3707-3500,35,50 REAIS
.................................................................................................................................................................................
i

Estilo do autor S0aoTano

-
I APROPRIACAO DAS CARACTER~STICAS DE OSCAR WILDE
Conhecendo as. marcas estilísticas d o escritor, a t u r m a produziu seus próprios textos

'I I
C

UM AMOR IMPOSS~VEL
Por Maria J u l i a V. R. Carvalho

"Em Londres morava uma

-
dos lábios vermelhos feito rosas do campo, a pele
branca feito a neve e os cabelos marrons feito as
terras frescas dos bosques.
(...) Enquanto andava, passou
uma calça rasgada, blusa amassada com s a m
a
>.-.di~O homem tinha olhos azuis
feitos os rios cristalinos, sua pele também era
branca, pois não dava para ver porque estava

-
coberta pela sujeira de todo dia. (...)"

"( ... ......................................


se aproximou o homem perguntou:'Quem és
tu, uma moça tão bonita que eu nunca vi pelas
vizinhanças ' (...)".

"( ...) Nesse momento pulounos ....................................... e


. - . ombros de seu d o n o ~ ~ r i n c e s a ! ! ' ( . . . ) " e
?-
"(...) E muito infeliz a cachorrinha deitou ‘?-
. . - em cima do túmulo de seu amado dono CI
4%
e
- ----

_, . .
,

> . - - - . .
,
4
C

Depois da leitura, é importante sobre como chegou a essa resolução e conhecê-lo mais a fundo. Mas, quando
conversar bastante com os alunos para por que fez essa opção também é uma partem para a produção, embora se apro-
que eles percebam as características que possível pauta de debate antes da produ- priem de certas marcas, têm de ter liber-
marcam os textos. Alguns recursos nem ção propriamente dita (leia a sequência dade para desenvolver seus escritos",
sempre ficam explícitos depois da pri- didática no quadro da página seguinte). destaca Cristina.
meira análise: é preciso levar a garotada No entanto, esse tipo de atividade não A proposta tamb6m não pode tangen-
a percebê-los. Para isso, questione algu- deve ter como pretensão, em hipótese ciar a escolarização da leitura. O real ob-
-j
mas decisões do autor. Enxergar as ma- alguma, criar Clarices, Machados, Wildes jetivo de focar os traços de um escritor,
néiras com que ele resolve problemas e outras cópias. "Ao ler várias obras de além de fazer com que os estudantes co-
acerca da forma e da linguagem e refletir um mesmo autor, os alunos passam a nheçam mais sobre a cultura escrita para
'AGRADECIMENTO AO PROFESSOR LUISJUNQUEIRA EAOSALUNOS MARIAJÚLIAY. R-CARVALHO
E ANDRÉS VALLARTAÂNGULO, DA EXOIACASTANHEIRAS, EM SANTANA DE PARNAIIA,
SP
Marcas de estilo
i3a etapa

-
i iIdentificar os traços estilisticos Indique cada um dos sete capftulos
k de um autor especffico. para um grupo de alunos e
A VIDA E A MORTE iElaborar um texto usando oriente-os a anotar individualmente
'Or Andres Vallarta ftngulo as caracterlsticas identificadas. no caderno as caracterlsticas
que percebem. Recomende que,
ao lado de cada uma delas, copiem
iLeitura. o trecho correspondente. Instrua-os
rProdução de texto. a anotar também as caracterlsticas
que se repetem no texto, como
a presença do discurso direto.

-
'r(...) Então a Princesa levou 0 rapaz a
um lago Perto de onde eles esgvam, m c r l t r i r l o Dez aulas. i4' etapa
Eles começaram a conversar: #EUsou Organize o conhecimento da
a Princesa deste reinoJ (...) - ~~ garotada, expondo no quadro
lhe Cr8nica Os Díferentes Estilos, de as marcas observadas. Todos '
Paulo Mendes Campos (publicado devem, mais uma vez, anotar

-
B em Crônicas 4, vários autores, 104 as informações no caderno.
I págs., Ed. Ática, tel. 1113990-2100,
26,90 reais), e IivroA Professora de D Sa etapa
Desenho e Outras Histdrias (Marcelo E hora de escrever. Convide a turma i
Coelho,48 págs., Ed. Companhia a compor textos individuais que
das Letrinhas, tel. 11f3707-3500, poderiam fazer parte do livro
32,50 reais). de Coelho. Recomende que, para isso,
além de respeitar o gênero adotado i
pelo autor (relatos da infância),

-
i para trabalhãr com alunos com a composição precisa manter as
i deficiência intelectual, acesse marcas de estilo dele e o clima geral i
i www.ne.org.br e digite na busca do livro. Por fim, esclareça que,
marcas estilo plano aula). embora seja preciso se apropriar das i
"(...I De repente marcas de que o escritor lança mão, i
Hora o rapaz tremeu de os alunos são os autores das histórias i
"*medo- 0 Rei então OS levo" h pra,-a ilaetapa e por isso têm liberdade para criar i
Para que lutassem. (...)" Leia a cr8nica de Paulo Mendes e conduzir os fatos.
Campos para a turma e destaque a
"(...) Aia jovem se deitou do , Iado variedade de estilos que podem i etapa
i

-
e lhe deu um beijo que provocou uma ser empregados para narrar Organize a revisão. Cada estudante
! ~ enorme
z que iluminou 0 reino o mesmo fato. Explique que a será responsável pelo próprio
inteiro, dando vida a tudo que esQva palavra estilo 6 originária do latim texto. Destaque que é preciso
no seu caminho, e todos os doentes se srilu, a ponta de metal usada na atentar para as questões ortográficas, I
curaram. Antiguidade para escrever na as marcas do gênero relato e, é claro, i
I madeira. Ressalte que o termo o estilo do escritor do livro.
está associado a algo que deixa
uma marca. Peça que os alunos w
. identifiquem o que caracteriza cada
um dos estilos representados no
texto - um recurso de pontuação
Durante todo o processo,
verifique se a turma reconhece
os traços marcantes nas histórias
redigir melhor,6 ajudá-los a perceber ! por -
e que de coelho. Analise as produções
individuais e busque as marcas
f
i é transmitido ao leitor.
que seguir um escritor, acompanhando : de estilo do autor. Elas devem fazer
os marcos de sua trajetória profissional, i i2' etapa parte do texto de modo coerente. Nas
4 u m a saborosa aprendizagem. .(J i Apresente o livro A Professora produções em que isso não ocorrer, i
i de Desenho e Outras Histdrias. retome a lista das marcas estillsticas i
) Q U E R SABER M A I S ? 1 .................... : Pro~onhaaue todos leiam a obra . - .
enumeradas elo armo.
: para identikcar as caracterlsticas
i- que marcam o estilo do autor e, no Consultoria MIRELLACLETO t

i Claudio Bazzoni, bauoni@uol.corn.br (mirellac@uol.com.br), professora


i Cristina Zelrnanovitz, fim, produzir um texto ficcional se do Ensino Fundamental e coautora
: rncristinasz@terra.com.br apropriando de tais caracterfsticas. de livros didáticos.

wwinr.ne.org.br Especial Produgão de Texto 53


....................................................................................................................................................................................
I

Estante Editado por BEATRIZVICHESSI bvichessi@abril.com.br

..........................
i ENTREVISTA
................................

E mbora seja papel social da escola for- guagem clara, na compreensão do que i
mar leitores e escritores aut6n0m0S, precisa ser ensinado quando se quer i
a instituição ainda não consegue desen- formar leitores e escntores de fato. De- i
volver essa tarefa com plenitude. Prova lia tambbm explicita a importância de o i
disso 4 O índice de alfabetismo rudimen- professor criar condi~óespara que 0s alu- i
tar e básico, que permanece bastante alto nos participem de forma ativa da cultura i
em todo o Brasil e na Arndrica Latina há escrita desde a alfabetização inicial, uma :
,

tempos. Apenas a minoria da população vez que constroem simultaneamente co- i


:m
6 plenamente alfabetizada - quer dizer, nhecimentos sobre o sistema de escrita e i
tem a capacidade de ler e compreender a linguagem que usamos para escrever. i
textos complexos e expressar 0 que Pensa Com prefácio escrito pela psicolin- i
de forma escrita. i
guism argentina Emilia Ferreiro, a obra A educadora fala sobre o processo
Em a r e Esmaer Escola 0 Reab 6 uma leitura obrigatória para quem tra- de elaboração do
la
i
ivro ler e Ercrever
0 Possível e 0 Necessário (128 P&., Ed. balhacom Educação Infanti1,professores na e os reflexos que a obra
Artmed, tel. 080@703-3444,37 reais), a alfabetizadores e de Língua Portuguesa
argentina Delia Lemer discute as ten- do Ensino Fundamental, estudantes.de i
i promoveu na Educação.
s ó s envolvidas nessa questão e propõe Pedagogia e formadores de professores
foi a motiva~ãopara
S O ~ U Ç Õ para
~ S transf0ITnar esse cenário. alfabetjzadores.
i este livro?
Com embasamento teórico consistente,
REGINA SCARPA, autora desta resenha, 6 i A consciência de que era preciso
ela ajuda 0s educadores, com uma lin- coordenadora pedag6gica de NOVA ESCOL* i U>Iocarem primeiroplano a
I--
-#-- .................................................... i das possibilidades e das dificuldades
d
i da escola em assimilar projetos de
FW4,"ek i ensino de 1eitura.eescrita.
É um excelente ponto de partida i
$
para promover as práticas de leitura i Surgiram dúvidas'enquanto
bfd y e escrita nas escolas. i trabalhava o texto?
í; m Porque os comportamentos leitor i Como elas poderiam não surgir?
e escritor são conteúdos de ensino. i Escrever C se comprometer com o
y
.
1,.

Propõe fazer da escrita mais que


um objeto de avaliação.
m Explicita a importância de
i
i
i
que C dito. Porem o mais importante
durante a elaboração do livro foi
analisar o real - as condições em que
o professor ser um leitor i se trabalha na escola, a função social

- -- /
--amAnnA
i

#
C:
frequente
8
e habitual.
m Permite a compreensão do processo
i e as características da instituição - e
i ao mesmo tempo prioritar o possível,
5r de alfabetização inicial como acesso
ii cultura escrita.
i com a missão de transformar o ensino
i para favorecer a formação dos alunos
Revela a necessidade da formação i como leitores e escritores plenos.
7 continuada, mas ressalta que
ela, por si só, não C suficiente i E possivel ver avanços nessa área
! v
para provocar mudanças de i depois que o livro foi publicado?

- _ .,
,rd<propostas didáticas.
i Esclarece o quanto a produção
i
i
Não creio que ele tenha produzido
efeitos mágicos. Lamentavelmente,
'
4
escrita tem a colaborar para que i acho que nenhuma obra consegue
o aluno se descubra praticante i tal feito. Mas espero que já tenha
aut6nomo e independente e explica i esclarecido alguns problemas e
como ela deve ser trabalhada na i ajudado educadores a encontrar
escola, com revisão e rascunhos, i caminhos para avançar na difícil
I por exemplo. I tarefa de ensinar.
Propostas didaticas ,,,, ,n,..r,,, f!SCrI?Vf!r

. Boas ideias para ensinar melhor Aprendizagem sem dificuldades Como se classificam os textos
Este livro é uma coletânea de artigos Explorar sempre o que a criança j6 O foco principal das autoras 6 apresentar
assinados por vários educadores e tem construiu e deixar de lado a avaliação uma tipologia dos textos de acordo com
como linha mestra a "Pedagogia por baseada no que ainda falta ser aprendido. as funções da linguagem e as tramas
projetas'! Enquanto os capítulos iniciais Pensando assim, as autoras contam que neles predominam. Porém, atentas
oferecem um enfoque teórico sobre como trabalharam com alunos que, ao contexto escolar, elas não se atêm
as diferentes concepções do ensino da segundo as instituições escolares em apenas 2 teoria: revelam em detalhes
linguagem escrita, o restante da obra que estudavam, tinham dificuldades sete propostas didáticas realizadas em
apresenta 15 trabalhos realizados com na aprendizagem da leitura e da escrita. escolas de Buenos Aires, na Argentina,
estudantes de diferentes faixas etárias. Ilustrada com os textos produzidos apresentando tabelas e fichas de análise.
Um deles trata da organização de um pelos estudantes, a obra reforça a ideia Nas Últimas páginas, um glossário,
grupo de alunos espanhóis de e ea de que é preciso considerar que um sobre comunicação, lingulstica e
séries convidados a elaborar um estfmulo s6 é significativo se puder gramática, interessante e útil.
romance policial. ser reconstrufdo pela turma. Sobre as autoras Ana María se dedica
Sobre a organizadora É membro Sobre as autoras Organizaram o livro h pesquisa da psicogênese da escrita
do departamento de Didática de Língua analisando um conjunto de pesquisas e Maria Helena estuda o uso dos
e Literatura da Universidade Autônoma feitas na Venezuela. textos escolares.
de Barcelona, na Espanha. Compreensão da Leitura e Expressão Escrita - Escola, Leitura e Produção de Textos,
A Experiencia Pedag6gica, Alicia Palacios de Ana Marla Kaufman e Marla Helena
Propostas Didáticas para Aprender a Escrever, Pizani, Magaly Muiíoz de Pimentel, Delia Lerner Rodrlgues, 179 pigs., Ed. Artmed,
Anna Camps (org.), 220 pigs., Ed. Artmed, 52 reais de Zunino, 172 psgs., Ed. Artmed, 49 reais 45 reais

A língua solta e a escrita presa


Quando começar a trabalhar ortografia? O que e como
ensinar? Como descobrir o que os alunos j á sabem a respeito?
É preciso considerar os erros para avaliar a turma? Levando
essas e outras questões em consideração, o autor discute
uma série de princfpios e encaminhamentos didáticos sobre
o conteúdo. Na primeira parte do livro, ele explica o que
é e para que serve a ortografia, o que o estudante deve
compreender e o que deve memorizar e como ele aprende
as normas. Na segunda, analisa as práticas usuais, define
princípios norteadores para o ensino e explora situações
e
que envolvem o ensino a aprendizagem-do conteúdo.
Sobre o autor É ~rofessorda Universidade Federal de
Pernambuco ( U ~ P Ee) tem pós-doutorado em Psicologia
pela Universidade de Barcelona, na Espanha.
Ortografia: Ensinar e Aprender, Artur Comes de Morais, 128 pigs.,
Ed. Atica, tel. (11) 3990-2100,39,90 reais

www.ne.org.br 55
Especial Produgão de ~ e x t o
Chega de dúvidas
Explicar questões básicas e fundamentais, como o que são
gêneros e qual o melhor jeito de organizar o trabalho com
eles ao longo do currlculo, é a proposta desta obra, que reúne
diversos artigos assinados pelos autores em parceria com
alguns colaboradores. Eles discorrem sobre as questões que
envolvem escrita, oralidade, sequências didáticas eficientes
e validade do trabalho com gêneros de circulação escolar
e extraescolar. A apresentação da obra, assinada por Roxane
Rojo e Clafs Sales Cordeiro, tradutoras e organizadoras do
livro, é uma aula sobre a concepção e a prática do trabalho
com gêneros.
Sobre os autores Ambos são pesquisadores de didática da
lingua materna.
Gêneros Orais e Escritos na Escola, Bernard Schneuwly eJoaquim Dolz,
320 pigs., Ed. Mercado das Letras, tel. (19) 3241-7514,58 reais

I
ette Jolibert

crianças
Produtoras d(
Textos

Escrevendo é que se aprende Como estudar Iíngua? Escrever desde cedo


Com o propósito de afirmar que Essa é uma das principais questões Durante toda a escolaridade,
é muito importante a escola proporcionar que norteiam o autor ao longo de todo a criança deve perceber a utilidade
uma variedade de oportunidades o livro. Bastante focado na teoria da das diferentes funções da escrita, a
de uso da linguagem, esta obra produção textual, ele aborda o histórico importância de dominá-las e o prazer
esmiuça o trabalho com a escrita de da linguística no século 20, o ensino de atuar como autor. Para isso, os
nomes e de títulos, a reescrita de textos da noção de sujeito, subjetividade, educadores devem estar preparados
narrativos e a redação de poemas e discurso, texto e gênero sob a perspectiva para atuar como leitores e produtores
de notícias com crianças de 5 a sociointeracionista da Iíngua e faz uma de textos em desenvolvimento e exercer
8 anos de uma escola municipal de análise dos gêneros textuais no contínuo o papel de estimuladores, observadores
Barcelona, na Espanha. Uma ajuda fala-escrita. A obra é fruto dos materiais e criadores de situações de ensino e
e tanto para o educador interpretar usados na graduação em Letras da aprendizagem. É com essas ideias que
as respostas dos alunos e programar Universidade Federal de Pernambuco a autora e seus colaboradores
situações de ensino. (UFPE), onde o autor leciona. apresentam projetos realizados
Sobre a autora É doutora em Psicologia Sobre o autor É doutor em filosofia com estudantes franceses, para que
pela Universidade de Barcelona e da linguagem e tem pós-doutorado eles entrassem em contato com
pesquisadora da psicogênese da Iíngua em questões da oralidade e da escrita. a produção de texto.
escrita e da teoria sociocultural. Produção Textual, Análise de
Sobre a autora É especialista em didática.
Psicopedagogia da Linguagem Escrita, Gêneros e Compreensão, Luiz Antônio Formando Crianças Produtoras
~ n Teberosky,
á 152 phgs., Ed. Vozes, Marcuschi, 206 phgs., Ed. Parábola, de Textos - vol. Z,)osette)olibert,
tel. (24) 2233-9000, 30,30 reais tel. (11) 5061-9262,40,90 reais 324 pAgs., Ed. Artrned, 64 reais

56 Especial Produ~áode Texto www.ne.org.br Com resenhas de ANA GONZAGA


.........................................................................................................................................

Artigo MARCIA V. FORTUNATO


v,
=Auforr
'Wi~agern
da
crita, de MA^^
....,

mMaDigite IMilV

--
='fMUmto.pdf.
vw.ne.org.br

Ensinar a escrever
para formar autores'
Quando o tema em questão é produção
de texto, a escolha do gênero é uma entre as
muitas decisões que o autor precisar tomar

A té meados do século 20, as aulas de


redaçáo eram momentos de treino
de caligrafia e não havia a preocupação
possibilidades de comunicação e de so-
cialização se ampliam. Ao mesmo tem-
po, conforme sua participação avança
em explorar os aspectos discursivos do pelas esferas sociais letradas, ele constrói
texto. Depois, e até bem pouco tempo uma imagem de si associada aos textos
atrás, ensinar a escrever estava relaciona- que escreve, elaborando assim sua iden-
do somente ao trabalho com a gramática. tidade de autor. Para entender isso com
Acreditava-se que ela, por si s6, gerava os mais clareza, basta pensar nos escritores
saberes de que os estudantes necessita- profissionais. Quando vemos o nome de aprendiz reformula, de modo singular, a
vam para produzir e interpretar textos. um deles na assinatura de um texto, reco- demanda feita, adequando-a às suas pos-
De lá para cá, muita coisa mudou e nhecemos essa identidade antes mesmo sibilidades de resposta. Assim, ajusta o
hoje o trabalho com a escrita é focado de começar a ler o material. que foi solicitado ao possível, iniciando
nos diversos gêneros. Mas eles não po- Sendo assim, ao ensinar os alunos a uma série de negociações, entre o que ele
dem ser usados como substitutos da escrever, o educador não ensina uma téc- sabe e o que é pedido, no desejo de to-
gramática. A exploração dos gêneros é nica, mas como eles devem fazer para se mar decisões quanto ao conteúdo sobre
importante, claro, porque as crianças se projetar como autores e usar seu discur- o qual vai escrever, à natureza do texto
colocam em situação de comunicação e so para manifestar posições em situações solicitado,à sua posição como autor e ao
aprendem a escrever textos que circulam de comunicação. Sugerir uma produção leitor com quem vai se comunicar.
socialmente. Porém ensinar a escrever à turma significa propor um problema Nesse processo, à medida que avançam
é ainda mais proveitoso se elas forem cuja resolução vai exigir o empenho em em sua produção, os alunos vão estabe-
orientadas a aperfeiçoar ?da vez mais o uma série de atividades cognitivas. lecendo um diálogo com outros textos e
processo de produção do texto. Pesquisadoresjá constataram que para com o material que estão desenvolvendo.
Descobrir como fazer isso é o que que- responder à solicitação do professor cada É fundamental que durante esse tempo
rem muitos leitores, que, como você, não o educador observe em que momento
sossegam frente a perguntas como "O
que significa, de fato, formar escritores
((sugerir uma do processo se localizam as dificuldades
deles e atue para que as negociações evo-
competentes?",não é mesmo? Natural e
compreensível,já que essa é uma área
produgão a turma luam, com atividades de planejamento,
de escrita e de revisão. Essas, aliás, devem
que pede muita preparação, estudo e in- significa propor ser revisitadas constantemente durante a
tervenções constantes para acompanhar escrita, pois os estudantes que alternam
e guiar o caminho dos alunos. Mesmo um problema cuja com mais frequência esses passos obtêm
com um trabalho bem dirigido, é bom melhores resultados que aqueles que
frisar: nem todos eles apresentarão os resolugão vai exigir mantêm o processo linear e homogêneo.
mesmos resultados, o que toma dificil Mãos à obra e bom trabalho! B
dar o trabalho por encerrado e bem-suce- o empenho em uma
dido. Por isso, proponho pensarmos um MARCIAV. FORTUNATO
POUCO no estudante como autor e como
série de atividades (mvfortunato@ig.com.br)6 doutora em

C O n~it ivas. >>


Educação pela Universidade de São Paulo
se dá o processo de sua construção. , (uw) e professora dos cursos de graduaqão
- A medida que um indivíduo passa a e pós-graduação do Instituto Superior de
utilizar a escrita para criar textos, suas Educação Vera Cruz (ISE Vera Cruz).

58 Especial Produgão de Texto www.ne.org.br


Informe Pul-..-.--..-

Producão textos cidadania


Contrariando essa concepção, a a produção e o uso de textos tanto no
proposta de produção textual pela pers- interior da escola quanto na vida social.
pectiva dos gêneros do discurso vê no Nessa dinâmica, o espaço da sala
antigo modelo um conjunto de práticas de aula transforma-se então numa ver-
de ensino cristalizadas e distantes da dadeira oficina de textos de ação e inte-
realidade social. Entende que cada tex- ração social, o que é viabilizado e con-
to, cada gênero possui características cretizado pela realização de projetos e
próprias e únicas e, por isso, requer um pela adoção de estratégias como enviar
tratamento específico. Entende tam- cartas a destinatários reais, entrevistar
bém que a escola deve se abrir para as profissionais, participar de debates, fa-
práticas de linguagem, orais e escritas, zer um jornal, representar, declamar,
existentes na sociedade e, efetivamen- etc. Essas atividades, além de envolver
te, preparar os alunos para uma vida os alunos em situações contextualiza-
cidadã. das de produção textual, diversificam e
O trabalho com produção textual,
organizado a partir da concepção
de gêneros do discurso, é relativamente
Quando um jovem, por exemplo,
aprende como fazer uma carta argu-
concretizam os leitores das produções,
que agora deixam de ser apenas "leito-
mentativa de solicitação ou de reclama- res virtuais".
recente em nosso país. Ganhou fôlego
ção, uma carta de leitor ou um abaixo- A avaliação dessas produções
na última década, após o impulso ini-
assinado, ele não apenas se apropria abandona os critérios quase que ex-
cial dado pelos Parâmetros Cumcula-
de informações sobre o conteúdo, a clusivamente literários ou gramaticais
res Nacionais (1997), oferecendo inú-
estrutura e a linguagem próprios desses e desloca seu foco para outro ponto: o
meros desafios a educadores em geral.
textos, mas também toma consciência bom texto não é aquele que apresenta,
O modelo de ensino que ele vem
da função social desses gêneros, bem ou só apresenta, características literá-
suostituir é o tradicional "ensino de
como do seu próprio papel social como rias, mas aquele que é adequado à si-
redação" - centrado no tripé narrar-
cidadão, isto é, o cidadão que tem o di- tuação comunicacional para a qual foi
descrever-dissertar -, que se baseia
reito de reclamar, de solicitar providên- produzido. A avaliação deve levar em
numa concepção generalista de pro-
cias, de interferir, de transformar. Ou conta, portanto, aspectos como: estão
dução textual, fortemente influenciada
seja, verdadeiras aulas de vida... Aulas o conteúdo, a estrutura e a linguagem
por parâmetros quase exclusivamente
de cidadania! adequados ao próprio gênero, ao inter-
literários. Escrever bem, segundo essa
O professor, até então visto como locutor e à situação como um todo? O
concepção, é basicamente ser capaz
mero "professor de redação", profis- texto cumpre plenamente a finalidade
de fazer um texto com começo, meio
sional distante da realidade e da priti- que motivou sua produção?
e fim; de escrever certo, isto é, de acor-
ca textual dos alunos, ganha agora um Por fim, pela perspectiva dos gêne-
do com as regras da língua padrão; e,
novo papel, o de especialista em lin- ros, o ato de escrever é dessacralizado
quando possível, de empregar um bom
guagem, capaz de orientar e aprimorar e democratizado: todos os alunos têm
vocabulário e alguns recursos de estilo.
a oportunidade de aprender a escrever
todos os gêneros textuais. É possível
Coleção Todos os Textos
4! William Cereja e Thereza Cochar
até que um aluno, ao se apropriar dos
procedimentos que envolvem a produ-
É uma obra que promove a leitura e a ção de uma crônica, não apresente tanta
, produção dos mais variados gêneros
textuais, desenvolvendo o trabalho tanto
habilidade quanto outro aluno, mas ele
poderá, por exemplo, produzir textos
com os gêneros orais, como a discussão publicitários muito criativos ou ser um
ótimo argumentador, tanto em debates
em grupo, o seminário, o debate regrado
públicos quanto em textos argumentati-
, e o debate deliberativo, quanto com os
vos escritos. Em síntese, gêneros como
gêneros escritos, como a reportagem,
meio de "inclusão textual". i
O conto, O poema, o texto dissertativo-
~7 argumentativo, entre outros.
William Cereja
PARA MAIS INFORMACÕES:
www.editorasaraiva.com. br Editora
atendprofQeditorasaraiva.com.br Saraiva
0800 01 1 7875 - 2% 66"das8h30 as 19h30 A

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