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E-mail: marquessar@gmail.com
RESUMO:
Esse artigo tem por objetivo trazer uma breve reflexão acerca da interculturalidade
tão presente em nosso dia a dia. Como surgiu a questão da interculturalidade e
porque ela existe e tem sido tema de discussões no meio acadêmico, religioso e
político. Analisaremos o livro de Luís Puntel, Missão no Oriente, que relata com
muita propriedade a vida e os costumes Japoneses, assim como a vida dos
Dekasseguis, estrangeiros descendentes de Japoneses que chegam ao Japão em
busca de uma vida melhor. Refletiremos sobre esse encontro de gerações, culturas
e costumes diferentes, que por muitas vezes é tão impactante. Veremos como a
literatura infantil tem contribuído para o conhecimento de culturas tão diferentes e
milenares como é o caso do Japão. A literatura intercultural tem sim, contribuído e
muito para que crianças e jovens conheçam não apenas a geografia de um país,
mas que se tenha uma visão real da forma de pensar de determinado povo, levando-
nos a uma verdadeira conscientização e respeito à individualidade de cada um.
Essa interculturalidade, no entanto, não é algo recente, ela tem inicio desde
os tempos da Grécia Antiga e o Império Romano que com suas invasões tinham
contato direto com povos, culturas, religiões e línguas diferentes. É claro que, neste
período de constantes invasões prevalecia a cultura e a língua da nação dominante,
mas não podemos negar a grande contribuição, que esses povos dominados deram
a tais nações e suas culturas.
Luiz Puntel é um autor que se preocupa muito com a realidade do nosso país
e, procura abordar temas atuais em seus romances. Dentre eles temos “Açúcar
Amargo” que conta a história de trabalhadores rurais, bóias-frias que enfrentam a
dura realidade de ter que trabalhar num serviço tão pesado e sentem a dificuldade
de ter que trabalhar e estudar. Em “Menino sem Pátria”, outro livro do escritor a
história baseada em fatos reais se passa durante o golpe militar de 1964 e, retrata
bem a difícil tarefa de adaptação em outros países, os jovens personagens exilados
do Brasil são obrigados a conviver com culturas distintas, tendo que aprender
palavras que não lhe faziam o menor sentido, comendo comidas que para ele eram
esquisitas.
Como vemos esse mineiro que hoje reside em Ribeirão Preto além de ser
professor de português, literatura e redação, dedica-se a escrever livros infanto-
juvenis com temas que retratem a realidade social em que vivemos e abordando
assuntos que nos leva a conhecer a diversidade cultural que há em outros países e
no nosso. Luiz Puntel é também diretor da Oficina Literária Puntel, onde se dedica
ao ensino de língua portuguesa para jovens e adultos.
Puntel defende que “para formar cidadãos mais críticos é necessário começar
pelo incentivo à leitura e a educação multidiciplinar e que esse incentivo é
determinante para se criar uma sociedade melhor”. Esse escritor brasileiro escreveu
muitos livros para coleção vaga-lume da editora Ática, inclusive o livro “Missão no
Oriente” publicado em 1997, que será abordado aqui.
Diante dessas e outras realidades existentes num país como o Japão que tem
uma cultura milenar e que preserva essa cultura de maneira a manter viva a cultura
e os costumes de seu povo, os migrantes brasileiros sentem-se chocados. Mas a
narrativa de Puntel nos traz algumas lições. Com ela aprendemos que devemos
estar sempre abertos a conhecer novas formas de pensamento e que é importante
preservar certos costumes de nosso povo. Apesar de todo avanço tecnológico,
sendo o Japão um país economicamente e tecnologicamente tão avançado seria
comum pensar que não há necessidade de preservar valores tão antigos como os
que o Japão tem, no entanto, os japoneses sentem orgulho de sua história e de suas
raízes, desde a segunda guerra mundial o Japão tem dado mais abertura aos
costumes ocidentais e apesar de terem uma disciplina bastante rígida, hoje o país é
governado por um regime democrático.
REFERENCIAS:
PUNTEL, Luiz. Missão no Oriente. 4 ed. Editora Ática. São Paulo, 1999.