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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SAO PAULO

ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA
REGISTRADO(A) SOB N°

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


Apelação n° 994.05.047233-3, da Comarca de Mairiporã,
em que são apelantes DOMINGOS CARROZZA FILHO, VANDA
FROLDI CARROZZA e JOAQUIM REIS LARANJEIRA FILHO sendo
apelados JOAQUIM REIS LARANJEIRA FILHO, GLORIA QUEDAS
LARANJEIRA, ANTÔNIO REIS LARANJEIRA e DOMINGOS
CARROZA FILHO.

ACORDAM, em I a Câmara de Direito Privado do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte
decisão: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO DOS RÉUS,
PREJUDICADO O DO AUTOR, V.U.", de conformidade com o
voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos


Desembargadores ELLIOT AKEL (Presidente), LUIZ
ANTÔNIO DE GODOY E PAULO EDUARDO RAZUK.

São Paulo, 02 de fevereiro de 2010,

ELLIOT AKEL
PRESIDENTE E RELATOR
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PRIMEIRA CÂMARA DA SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO

APELAÇÃO CÍVEL n° 994.05.047233-3 (382.830.4/0)


MAIRIPORÃ
Apelantes: DOMINGOS CARROZZA FILHO E OUTROS
Apelados: JOAQUIM REIS LARANJEIRA FILHO (Espólio por seu
inventariante) E OUTRO
Voto n° 23.699

DEMARCATÓRIA - USUCAPIÃO - MATÉRIA DE DEFESA -


ADMISSIBILIDADE - SÚMULA 237 DO STF - PRESCRIÇÃO
AQUISITIVA CONFIGURADA NOS AUTOS - CLÁUSULA DE
INALIENABILIDADE - IRRELEVÂNCIA - PRECEDENTES DO STJ -
AÇÃO IMPROCEDENTE - RECURSO DOS RÉUS PROVIDO,
PREJUDICADO O DOS AUTORES.

RELATÓRIO

A sentença de fls. 237/239, cujo relatório é adotado,


julgou procedente em parte ação demarcatória "para definir a linha
divisória entre as partes pelo traçado de fls. 188/189, julgando
improcedente o pedido de reintegração de posse", condenando os
autores ao pagamento das custas, despesas processuais e
honorários advocatícios, estes fixados em 15% (quinze por cento)
do valor da causa.
Manifestaram apelo os autores, sustentando, em
resumo, que a posse exercida pelos apelados não é tão longeva
quanto concluiu o MM. Juiz, nem era passível de ensejar a
prescrição aquisitiva, de modo a impedir a reintegração da área de
seu domínio, até por ser o bem comprovadamente gravado com
cláusula de inalienabilidade até 18/02/94.
Também apelaram os requeridos, argumentando
haver sido comprovada a posse ad usucapionem, apta a impedir o
Voto n° 23.699
m* PODER JUDICIÁRIO
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exercício da presente demanda. Postularam, assim, seja declarada


a usucapião em seu favor e decretada a carência da ação.
É o relatório.

VOTO

Observe-se, inicialmente, que o agravo retido (autos


apensados ao primeiro volume) não foi objeto de reiteração, de
modo que tal recurso não pode ser conhecido.

Quanto aos apelos, ambos buscam discutir o


preenchimento dos requisitos da usucapião, existindo diferença no
que tange à natureza do direito reclamado: os autores postulam a
reintegração da posse, afastada pela sentença em face da
usucapião; os réus pleiteiam a extinção do processo, sem
julgamento do mérito, por força do reconhecimento da usucapião.

Nada impedia os requeridos de invocarem em seu


favor, já na contestação, a ocorrência de usucapião, como matéria
de defesa na ação demarcatória.
Nesse sentido, a Súmula 237 do Supremo Tribunal
Federal, a teor da qual "o usucapião pode ser argüido em defesa". A
propósito, confira-se, ainda:

USUCAPIÃO - Extraordinário - Argüição em preliminar


de contestação de ação demarcatória cumulada com
queixa de esbulho - Admissibilidade - Dispensa da
boa-fé e do justo título, bastando que a posse seja
contínua e incontestada - Exceção que deve ser
apreciada a final, com o mérito - Recurso provido para
esse fim (JTJ 111/309)
APELAÇÃO ClVEL n° 994.05.047233-3 - MAIRIPORÃ - Voto n° 23.699 - SFT/PMBC/TFV
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PRIMEIRA CÂMARA DA SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO

No caso em exame restou suficientemente


demonstrada a prescrição aquisitiva, dando conta a sentença,
"especialmente pelos documentos de fls. 55, de que a posse do réu
data mais de 20 anos", não se podendo "pretender a recuperação
da área com base no direito de posse" (fl. 238).
A essa conclusão chegaram os peritos nomeados pelo
Juízo, conforme expuseram em bem elaborado laudo, no qual, com
base não apenas nos documentos encartados aos autos, apontam
que a ocupação é anterior a 1977 (fls. 181/196).
Por outro lado, já se decidiu no Superior Tribunal de
Justiça, em mais de uma oportunidade, que a existência de cláusula
de inalienabilidade não obsta o reconhecimento da usucapião, que
constitui modalidade de aquisição originária do domínio (REsp
27513/SP; REsp 207167/RJ e REsp 418.945/ SP).

Contudo, realçada a posse longeva exercida pelos


réus, sem idônea oposição, por mais de 20 anos, sobre a área
objeto da demarcatória, o caso não é de carência e sim de
improcedência da ação, por se acolher defesa de mérito indireta
(oposição de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor).

Em tais circunstâncias, não conhecido o agravo retido,


meu voto dá provrnento aò\ recurso dos réus para julgar
improcedente a ação, prejudicado o apelo dos autores.

KEL, relator.

APELAÇÃO CÍVEL n° 994i)5*W7233-3 - MAIRÍP^RÃ - Voto n° 23.699 - SFT/PMBC/TFV

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