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33.

SANTOS FILIPE E TIAGO, APÓSTOLOS


Festa

– A chamada destes Apóstolos.

– Jesus sempre esteve perto dos seus discípulos, como está agora junto de nós.

– Difundir a mesma mensagem que os Apóstolos pregaram. Contar sempre com os meios
sobrenaturais na acção apostólica.

Filipe era de Betsaida, como Pedro e André. Primeiro foi discípulo do Batista e depois
seguiu Jesus, que o chamou para fazer parte dos Doze. Do relato da multiplicação dos pães
pode-se concluir que estava encarregado dos víveres: é ele que calcula rapidamente o
dinheiro necessário para aplacar a fome das pessoas reunidas em torno do Mestre. Intervém,
junto com André, no caso dos peregrinos gregos, gentios piedosos que desejavam ver Jesus.
É considerado pela tradição como o Evangelizador da Frígia (Ásia Menor), onde sofreu o
martírio por crucifixão.

Tiago, parente do Senhor, é chamado o Menor para distingui-lo do irmão de João. Foi o
primeiro bispo de Jerusalém e desenvolveu uma intensa actividade evangelizadora entre os
judeus dessa cidade. A tradição apresenta-o como um homem austero, exigente consigo
mesmo e cheio de bondade para com os outros. Foi a “coluna da Igreja primitiva”, junto com
Pedro e João. Morreu mártir em Jerusalém por volta do ano 62. É autor de uma das Epístolas
Católicas.

I. ENTRE AQUELES GALILEUS que tiveram a felicidade de serem


escolhidos por Jesus para fazerem parte do grupo mais íntimo que o
acompanhava, encontram-se Filipe, filho de Alfeu, e Tiago o Menor.

Tiago nasceu em Caná da Galileia, perto de Nazaré, e era parente do


Senhor. O Evangelho não refere o momento em que Jesus o chamou. A
Sagrada Escritura sublinha que Tiago veio a ocupar um lugar proeminente na
Igreja de Jerusalém1. E teve o privilégio de que o Senhor ressuscitado lhe
aparecesse pessoalmente, como lemos na primeira Leitura da Missa2.

Filipe era natural de Betsaida, a terra de Pedro e André3, uma pequena


cidade próxima do lago de Genesaré. Muito provavelmente, já era amigo
desses dois irmãos. Um dia, nas margens do Jordão, encontrou Jesus que,
em companhia dos seus primeiros discípulos, se dirigia para a Galileia. O
Mestre disse-lhe: Segue-me4. Era o termo que Jesus empregava para chamar
os seus discípulos, à semelhança do que faziam os rabinos com os seus
seguidores. Filipe seguiu o Senhor imediatamente. E não demorou a fazer
com que os seus amigos conhecessem também o Senhor. Filipe encontrou-
se com Natanael e disse-lhe: Encontramos aquele de quem escreveram
Moisés na Lei e os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de José5. E como visse
que o amigo duvidava, deu-lhe o maior argumento: Vem e vê. E Natanael foi,
viu e permaneceu também com Cristo para sempre.

Jesus nunca decepciona. O apostolado consistirá sempre em levarmos à


presença do Senhor os nossos parentes, amigos e conhecidos, em limparmos
o caminho e retirarmos os obstáculos para que vejam Jesus, que nos chamou
e que sabe penetrar na alma dos que d’Ele se aproximam, como aconteceu
com Natanael. Este discípulo chegou a ser um dos Doze, apesar da aparente
incredulidade inicial e da relutância em aceitar a mensagem do amigo: De
Nazaré pode sair coisa que seja boa?, foi a sua resposta ao convite de Filipe.
Quantas vezes não teremos dito também aos que queríamos aproximar de
Deus: Vem e vê! E ninguém que se tenha aproximado de Jesus saiu
decepcionado.

Hoje, Filipe e Tiago são nossos intercessores diante de Jesus. Pomos sob
a protecção de ambos o apostolado que estamos realizando com os nossos
amigos e parentes.

II. O EVANGELHO DA MISSA6 conta-nos que Jesus, durante a Última


Ceia, comunicou aos seus discípulos que lhes estava reservado um lugar no
Céu, para que estivessem eternamente com Ele, e que já conheciam o
caminho... A conversa prolongou-se com as perguntas dos discípulos e as
respostas do Mestre. Em certo momento, Filipe interveio com uma pergunta
que todos devem ter achado insólita: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos
basta. E Jesus, num tom de censura carinhosa, respondeu-lhe: Filipe, há
tanto tempo estou convosco, e não me conheces? Quem me viu, viu o Pai;
como dizes: Mostra-nos o Pai?

Quantas vezes não terá tido Jesus que dirigir-nos a mesma censura que
dirigiu a Filipe! Tantas vezes estive junto de ti e não o percebeste! E o Senhor
poderia lembrar-nos uma ocasião e outra, circunstâncias difíceis em que
talvez nos tenhamos sentido sozinhos e perdido a serenidade porque nos
faltou o sentido da nossa filiação divina, da proximidade amorosa de Deus.
Quanto bem não nos pode fazer hoje meditar na resposta de Jesus a este
Apóstolo! Nele estamos representados todos nós.

Jesus revela o Pai; a Santíssima Humanidade de Cristo é o caminho para


conhecermos e chegarmos ao trato íntimo com Deus Pai, Deus Filho e Deus
Espírito Santo. Em Cristo temos a suprema revelação de Deus aos homens.
“Ele, com a sua presença e manifestação, com as suas palavras e obras,
sinais e milagres, e sobretudo com a sua Morte e gloriosa Ressurreição, com
o envio do Espírito de Verdade, leva à plenitude toda a Revelação e a
confirma com testemunho divino, isto é, que Deus está connosco para nos
livrar das trevas do pecado e da morte, e para nos fazer ressuscitar para uma
vida eterna”7. Ele preenche completamente a nossa vida. “Ele é suficiente
para ti – afirma Santo Agostinho –; fora d’Ele, nenhuma coisa o é. Bem o
sabia Filipe quando dizia: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta”8.
Vivemos com essa convicção?

III. NA PRIMEIRA LEITURA da Missa destes Apóstolos, lemos as palavras


que São Paulo dirigiu aos primeiros cristãos de Corinto: Eu vos transmiti em
primeiro lugar aquilo que eu mesmo recebi: que Cristo morreu pelos nossos
pecados, segundo as Escrituras, que foi sepultado, ressuscitou ao terceiro
dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Cefas...9

Paulo recebeu dos Apóstolos uma mensagem divina que por sua vez
transmitiu aos que o seguiam. Foi o que fizeram também Filipe e Tiago, que
deram a vida em testemunho dessa verdade. Como o Apóstolo das gentes,
sabem muito bem qual deve ser o núcleo da sua pregação: Jesus Cristo,
caminho para o Pai. É a Boa Nova que se transmite de geração em geração:
Um dia transmite ao outro a mensagem, e uma noite sussurra-a a outra 10,
lemos no Salmo responsorial. Nós não temos coisas novas que dar a
conhecer. É sempre a mesma Boa Nova: que Cristo morreu pelos nossos
pecados..., que ressuscitou..., que vive ao nosso lado..., que nos ama como
nunca ninguém será capaz de fazê-lo..., que nos destinou a uma eterna
felicidade junto d’Ele..., a quem veremos cara a cara.

Este é o nosso apostolado: proclamar aos quatro ventos e de todas as


maneiras possíveis a mesma doutrina que os Apóstolos pregavam: que Cristo
vive e que só Ele pode saciar as ânsias da inteligência e do coração humano,
que somente junto de Cristo se pode ser feliz, que Ele revela o Pai...

Os Apóstolos, como nós, depararam com dificuldades e obstáculos para


estender o Reino de Cristo; mas não ficaram à espera de ocasiões propícias
para fazê-lo, pois nesse caso não nos teria chegado provavelmente essa
mensagem que dá sentido à nossa existência. É possível que, diante da falta
de meios e da resistência das pessoas, os Apóstolos – e especialmente Filipe
– recordassem aquele dia em que se tinham encontrado com o grande
compromisso de alimentar uma multidão, sem terem provisões nem meios
para adquiri-las11. Jesus viu aquela multidão que o seguia e disse a Filipe:
Onde compraremos pão para dar de comer a estes? E Filipe fez os cálculos e
respondeu ao Mestre: Duzentos denários de pão não seriam suficientes para
que cada um comesse um pouco. Fez as contas, e os meios de que
dispunham estavam muito longe de cobrir as necessidades.

Jesus sente-se comovido e, mais uma vez, enche-se de sentimentos de


misericórdia perante aquela multidão tão necessitada de compreensão e
alívio. Mas, além disso, quer que os seus discípulos não esqueçam que
sempre o terão ao seu lado. Eu estarei convosco eternamente12, dirá no final
da sua vida aqui na terra. Filipe, estou há tanto tempo convosco e ainda não
me conheces?

Deus é a parcela indispensável com que devemos contar para fecharmos


as nossas contas. Na nossa acção apostólica pessoal, temos de contar com
os duzentos denários – os meios humanos, sempre insuficientes –, mas não
devemos esquecer que Jesus está sempre ao nosso lado com o seu poder e
a sua misericórdia. Agora também o temos bem junto de nós. Quanto maiores
forem as nossas dificuldades pessoais, as nossas necessidades na actividade
apostólica e as nossas preocupações com a educação e a formação religiosa
dos filhos, maior será a ajuda que Jesus nos prestará. Não deixemos de
recorrer a Ele.

A Virgem, nossa Mãe, pela sua poderosa intercessão diante de Deus,


jamais deixa de facilitar-nos o caminho.

(1) Gal 1, 18-19; At 21, 15-18; Gal 2, 19; (2) 2 Cor 15, 7; (3) Jo 1, 44; (4) Jo 1, 43; (5) Jo 1, 45;
(6) Jo 14, 6-14; (7) Conc. Vat. II, Const. Dei Verbum, 4; (8) Santo Agostinho, Sermão 334, 4;
(9) 1 Cor 15, 3-5; (10) Sl 18, 3;Salmo responsorial da Missa de 3 de Maio; (11) cfr. Jo 6, 4 e
segs.; (12) cfr. Mt 28, 20.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

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