Os dogmas ideológicos hoje veiculados pela Comissão Europeia , contra
todas as evidencias da grave crise económica global que estamos a viver, pressionam os estados-membros para uma contenção rápida do défict público e para a privatização generalizada das empresas na órbita do Estado. O Governo Português, com o PEC que apresentou ao país, mostrou que partilhava da mesma visão. Ao elencar uma extensa lista de empresas a privatizar, o Governo anunciou, satisfeito, que poderia arrecadar cerca de 6 mil milhões de euros e assim reduzir o déficit em igual montante. O facto de o Estado perder algumas empresas públicas enquanto instrumentos importantes para a concretização de políticas públicas, económicas, sociais e ambientais, parece não ser nada importante. Mas se as privatizações degradam a democracia e atacam o serviço público são também economicamente prejudiciais, pois as receitas extraordinárias conseguidas à custa da venda de activos que são de todos, não compensam no médio prazo a perda dos dividendos que esses activos geram. É neste contexto que são particularmente chocantes as privatizações dos CTT e de empresas do sector ferroviário (a EMEF, a CP Carga e algumas linhas lucrativas da CP, particularmente em zonas suburbanas). Importa salientar o seguinte: -Os CTT como empresa pública, são uma importante fonte de receita para o Estado, contribuindo para reduzir o défice, mas ao mesmo tempo são um instrumento fundamental de integração e coesão territorial. Os CTT têm sido reconhecidos, nacional e internacionalmente como uma empresa -modelo do ponto de vista da gestão e da qualidade do serviço e nenhuma empresa privada prestará com a mesma qualidade ou o mesmo preço alguns dos serviços dos CTT, menos rentáveis mas socialmente fundamentais; - O sector ferroviário é tradicionalmente público, mesmo em regimes conservadores, pois essa é a única forma de garantir a homogeneidade dos transportes no conjunto do território nacional e o acesso a esse serviço em regiões afastadas dos grandes centros; - A submissão estratégica dum sector vital para o desenvolvimento regional equilibrado e sustentável a objectivos de lucro rápido e imediato traduzir-se- á inevitavelmente pelo fecho de estações de correio e linhas de comboio, agravando em particular uma tendência que já se vinha a verificar nos últimos anos e acelerando o processo de desertificação do interior.
Assim, a bancada do Bloco de Esquerda propõe que a Assembleia
de Freguesia de Alcântara reunida no dia 28/04/010, delibere o seguinte: 1 – Manifestar a clara discordância à privatização destes dois importantes sectores de comunicações e transportes e solicitar ao governo a preservação do mais alto interesse público que estes dois sectores de actividade pública representam.
Esta moção deve ser enviada ao Sr Primeiro Ministro, Grupos Parlamentares, publicada no site da Junta e afixada nos placards da Junta.