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Nesta conformidade, são estabelecidas as regras a que aquisição directa, regulada pelo disposto no
devem obedecer a receita médico-veterinária e a requi- n.o 1 do artigo 59.o do Decreto-Lei n.o 184/97,
sição médico-veterinária para efeitos de dispensa de de 26 de Julho.
medicamentos e medicamentos veterinários sujeitos a
prescrição obrigatória, bem como de preparações medi- Artigo 2.o
camentosas, magistrais ou oficinais.
Definições
Entre outras condições que determinam a validade
da receita e requisição normalizadas, torna-se obriga- Para efeitos do disposto no presente diploma, enten-
tória a aposição de uma vinheta identificativa do médico de-se por:
veterinário prescrito ou requisitante, facilitando à
Ordem dos Médicos Veterinários o exercício da sua a) «Animais de exploração» os animais domésticos
das espécies bovina, suína, ovina e caprina e
competência de zelar pelo adequado exercício profis- os solípedes domésticos, coelhos e aves de
sional dos seus membros, a quem compete, em exclusivo, capoeira, os animais selvagens das espécies atrás
a prescrição de medicamentos destinados aos animais, referidas, bem como as espécies aquícolas, apí-
de acordo com as normas de boas práticas veterinárias. colas e avícolas, na medida em que tenham sido
O livro de registo de medicamentos, obrigatório por criadas numa exploração;
cada exploração pecuária e por espécie animal, é um b) «Livro de registo» o livro normalizado destinado
elemento fundamental para estabelecer a ligação entre ao registo de medicamentos e medicamentos
a aquisição de medicamentos e a sua administração aos veterinários utilizados em animais de explo-
animais. No livro de registo, o detentor dos animais, ração;
ou em determinadas situações o médico veterinário, c) «Receita» o documento normalizado através do
registará as condições em que ocorre a utilização de qual o médico veterinário prescreve medica-
medicamentos, mencionando designadamente a iden- mentos e medicamentos veterinários destinados
tificação dos animais, os medicamentos administrados a animais de exploração;
e o intervalo de segurança. d) «Requisição» o documento normalizado emi-
Finalmente, no âmbito do controlo, fiscalização e tido por médico veterinário para efeitos de
penalidades, para além de ser definido um regime con- cedência de medicamentos veterinários destina-
tra-ordenacional e sancionatório, é criado o Plano dos a animais de exploração pelos fabricantes,
Nacional de Controlo de Utilização de Medicamentos importadores, grossistas e entidades autorizadas
Destinados a Animais de Exploração, o qual, em arti- à aquisição directa nas condições estabelecidas
culação com o Plano Nacional de Controlo de Resíduos no presente diploma, bem como para cedência
e com o Plano Nacional de Controlo de Alimentos Com- de autovacinas e vacinas de rebanho;
e) «Vinheta» o selo identificativo do médico vete-
postos para Animais, garantirá a verificação das con-
rinário, editado pela Ordem dos Médicos Vete-
dições de utilização dos medicamentos e o tratamento rinários, destinado a validar a receita e a
indevido ou ilegal de animais. requisição.
Foram ouvidos os órgãos de governo próprio das
Regiões Autónomas, a Ordem dos Médicos Veterinários
e a Ordem dos Farmacêuticos. CAPÍTULO II
Assim:
Nos termos da alínea a) do n.o 1 do artigo 198.o da Receita e requisição médico-veterinárias normalizadas
Constituição, o Governo decreta o seguinte:
Artigo 3.o
Receita médico-veterinária normalizada
CAPÍTULO I 1 — Sem prejuízo do disposto nos artigos 61.o e 62.o
Disposições gerais do Decreto-Lei n.o 184/97, de 26 de Julho, os medi-
camentos veterinários sujeitos a prescrição obrigatória,
os medicamentos de uso humano e as preparações medi-
Artigo 1.o camentosas, magistrais ou oficinais, destinados a animais
Âmbito de exploração, apenas podem ser cedidos ao público
pelos estabelecimentos de venda a retalho, mediante
1 — O presente diploma estabelece as regras apli- receita.
cáveis à receita, à requisição e à vinheta médico-ve- 2 — O disposto no número anterior é igualmente apli-
terinárias normalizadas, bem como ao livro de registo cável à cedência de medicamentos veterinários pelas
de medicamentos utilizados em animais de exploração. entidades autorizadas à aquisição directa aos seus
2 — São excluídas do âmbito de aplicação do presente associados.
diploma: Artigo 4.o
a) A receita de alimentos medicamentosos para Requisição médico-veterinária normalizada
animais, regulada pela Portaria n.o 327/90, de
28 de Abril; Carece de requisição a cedência de:
b) A receita médico-veterinária destinada à pres- a) Medicamentos veterinários destinados a ani-
crição de estupefacientes e substâncias psico- mais de exploração, pelo fabricante, importador
trópicas e suas preparações, regulada pela por- ou grossista, aos médicos veterinários, desde que
taria n.o 981/98 (2.a série), de 18 de Setembro; se destinem a ser administrados por si ou sob
c) A requisição do médico veterinário e do far- a sua responsabilidade aos animais a que pres-
macêutico destinada ao fornecimento de medi- tem cuidados médico veterinários, bem como
camentos veterinários pelo fabricante, impor- aos estabelecimentos de investigação ou ensino
tador ou grossista às entidades autorizadas à relacionados com a produção ou saúde animal;
6190 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 205 — 25 de Outubro de 2005
3 — Os animais não podem ser abatidos durante o d) Afixada uma cópia do plano em vigor, antes
tratamento ou o intervalo de segurança, salvo em situa- do início e durante a sua aplicação, em local
ções autorizadas por entidade oficial ou por médico vete- adequado e visível na respectiva exploração,
rinário, designadamente por razões de ordem huma- ficando outra cópia na posse do detentor dos
nitária ou sanitária, casos em que o duplicado da receita animais, pelo período e para os efeitos previstos
ou a declaração referidos no n.o 1 deve acompanhar na alínea anterior;
o animal até ao local de abate. e) Em caso de extravio, inutilização ou destruição
do plano, aplica-se com as necessárias adapta-
ções o disposto no n.o 3 do artigo 8.o
CAPÍTULO III
Registos CAPÍTULO IV
o
Artigo 8. Controlo, fiscalização e sanções
Livro de registo de medicamentos
Artigo 10.o
1 — O detentor de animais de exploração possui um Controlo e fiscalização
livro de registo por cada exploração pecuária e por espé-
cie animal. 1 — Compete à DGV, às direcções regionais de agri-
2 — No momento da aquisição, o livro de registo é cultura (DRA), à Inspecção-Geral das Actividades Eco-
sujeito à inscrição do termo de abertura, sendo necessária nómicas (IGAE) ou ao Instituto Nacional da Farmácia
a sua apresentação para efeitos de verificação oficial e e do Medicamento (INFARMED), no âmbito das res-
respectiva substituição, após o seu total preenchimento. pectivas competências, assegurar o controlo e a fisca-
3 — Em caso de extravio, inutilização ou destruição lização da observância das normas constantes do pre-
do livro de registo, o titular da exploração ou o médico sente diploma, sem prejuízo das competências atribuídas
veterinário devem, no prazo máximo de cinco dias, infor- por lei a outras entidades policiais e administrativas,
mar de tal facto a DGV, indicando as circunstâncias designadamente à Ordem dos Médicos Veterinários, em
em que o mesmo ocorreu. matéria de natureza ética e deontológica e conduta téc-
4 — O livro de registo é mantido actualizado, em bom nica dos médicos veterinários.
estado de conservação e à disposição das autoridades 2 — É criado o Plano Nacional de Controlo de Uti-
oficiais para efeitos de controlo e fiscalização, durante lização de Medicamentos Destinados a Animais de
a sua utilização e por um período de cinco anos a contar Exploração, a elaborar anualmente pela DGV, ouvido
da data da sua substituição por novo livro de registo o INFARMED, no prazo de 15 dias, com a finalidade
ou após cessação de actividade. de, por amostragem, verificar, designadamente:
a) As condições de utilização e registo;
Artigo 9.o b) As condições de cedência de medicamentos para
Registo de medicamentos e medicamentos veterinários efeitos de aplicação do presente diploma;
c) O tratamento indevido ou ilegal de animais.
1 — Após a utilização de medicamento ou medica-
mento veterinário, incluindo as pré-misturas medica- 3 — O plano de controlo a que se refere o número
mentosas, o detentor dos animais tem o dever de preen- anterior deve ser articulado com o Plano Nacional de
cher, de modo legível, todos os campos que fazem parte Controlo de Resíduos e com o Plano Nacional de Con-
do livro de registo. trolo de Alimentos Compostos para Animais.
2 — No caso de medicamentos ou medicamentos 4 — Sempre que solicitado pela entidade competente
veterinários cuja utilização seja especial, de acordo com para o controlo e fiscalização, nos termos do n.o 1, as
a legislação em vigor, ou que tenham sido administrados demais entidades previstas no mesmo preceito devem
directamente por médico veterinário ou sob sua res- prestar toda a colaboração necessária e adequada ao
ponsabilidade, designadamente os cedidos nos termos desenvolvimento das acções previstas nos n.os 2 e 3.
das alíneas a) e b) do artigo 4.o, é a este que incumbe 5 — As empresas ou quaisquer outras entidades, públi-
o dever de preencher o livro de registo.
cas ou privadas, que desenvolvam actividades de qualquer
3 — O registo dos medicamentos e medicamentos
forma relacionadas com os termos e procedimentos cons-
veterinários contendo na sua composição substâncias
tantes do presente diploma devem prestar todas as infor-
com efeitos hormonais e substâncias beta-agonistas é
mações necessárias e facultar o acesso a qualquer esta-
efectuado pelo médico veterinário.
4 — O livro de registo pode ser substituído por um belecimento ou local, bem como a veículo parado ou
plano de tratamento profiláctico, excepto nos casos pre- em trânsito, às entidades competentes previstas no n.o 1,
vistos nos n.os 2 e 3, desde que seja: para os efeitos do disposto no presente artigo.
no artigo 3.o, sem prejuízo de outras sanções tamento profiláctico pelo período estabelecido
previstas em legislação própria; no n.o 4 do artigo 8.o e na alínea c) do n.o 4
b) A cedência ao público de medicamentos vete- do artigo 9.o, respectivamente;
rinários sujeitos a prescrição obrigatória ou de t) A administração de medicamentos e medica-
preparações medicamentosas, magistrais ou ofi- mentos veterinários a que se referem os arti-
cinais, por entidades não autorizadas para o gos 3.o e 4.o a animais de exploração para os
efeito; quais não tenham sido emitidas receita ou
c) A cedência de medicamentos veterinários ou requisição;
autovacinas e vacinas de rebanho a entidades u) A oposição ou a criação de dificuldades ao
ou em condições diferentes das previstas no acesso previsto no n.o 5 do artigo 10.o;
artigo 4.o; v) A utilização, a qualquer título, de modelos de
d) A cedência de medicamentos veterinários com receita, requisição, livro de registo, plano pro-
receita ou requisição que não cumpra integral- filáctico e vinheta não aprovados nos termos
mente os requisitos estabelecidos no presente do disposto no artigo 16.o
diploma;
e) A prescrição de medicação superior ao neces- 2 — A negligência e a tentativa são sempre puníveis.
sário para um mês de tratamento;
f) O não cumprimento, pelo fornecedor do medi- Artigo 12.o
camento veterinário, das obrigações previstas no
n.o 3 do artigo 5.o; Sanções acessórias
g) A não manutenção em bom estado de conser- 1 — Consoante a gravidade da contra-ordenação e
vação do original, do duplicado e do triplicado a culpa do agente, podem ser aplicadas, cumulativa-
da receita e da requisição durante o período mente com a coima, as seguintes sanções acessórias:
estabelecido no n.o 4 do artigo 5.o;
h) A prescrição ou requisição de medicamentos a) Perda de objectos pertencentes ao agente;
veterinários em incumprimento do disposto no b) Interdição do exercício de uma profissão ou acti-
n.o 1 do artigo 6.o; vidade cujo exercício depende de título público
i) A cedência de preparações medicamentosas, ou de autorização de homologação de autori-
magistrais ou oficinais em desrespeito pelas con- dade pública;
dições estabelecidas na alínea a) do n.o 2 do c) Encerramento do estabelecimento cujo funcio-
artigo 6.o; namento esteja sujeito a autorização ou licença
j) A cedência de autovacinas ou vacinas de reba- de autoridade administrativa;
nho em desrespeito pelas condições estabele- d) Suspensão de autorização, licenças e alvarás.
cidas na alínea b) do n.o 2 do artigo 6.o;
l) A alteração de detentor de animais que se 2 — As sanções acessórias referidas nas alíneas b) a
encontrem nas condições previstas no n.o 1 do d) do número anterior têm a duração máxima de
artigo 7.o sem que estes sejam acompanhados dois anos contados da decisão condenatória definitiva.
do duplicado da receita ou, quando seja apli-
cável, de declaração onde constem os medica- Artigo 13.o
mentos que lhes foram administrados nesse Processos de contra-ordenação
período;
m) A não manutenção do duplicado ou cópia da 1 — A instrução dos processos de contra-ordenação
receita nas condições previstas no n.o 2 do compete às DRA ou ao INFARMED consoante a com-
artigo 7.o; petência para os decidir seja do director-geral de Vete-
n) O abate de animais durante o tratamento ou rinária ou do presidente do conselho de administração
o intervalo de segurança em condições diferen- daquele Instituto.
tes das previstas no n.o 3 do artigo 7.o; 2 — Compete ao director-geral de Veterinária ou ao
o) A não comunicação à DGV dos casos de extra- presidente do conselho de administração do INFAR-
vio, inutilização ou destruição, total ou parcial, MED, consoante as respectivas competências, a apli-
de qualquer receita, requisição, livro de registo cação das coimas e sanções acessórias.
ou plano de tratamento profiláctico nas con-
dições previstas no n.o 5 do artigo 5.o, no n.o 3 Artigo 14.o
do artigo 8.o e no n.o 5 do artigo 9.o;
p) A não existência na exploração pecuária de um Destino do produto das coimas
livro de registo por espécie animal nos termos O produto das coimas é distribuído da seguinte forma:
do disposto no n.o 1 do artigo 8.o ou de um
plano de tratamento profiláctico nos termos do a) 10 % para a entidade que levantou o auto;
disposto no n.o 4 do artigo 9.o; b) 10 % para a entidade que instruiu o processo;
q) O não preenchimento de todos os campos do c) 20 % para a entidade que aplicou a coima;
livro de registo nas condições previstas nos n.os 1 d) 60 % para os cofres do Estado.
e 2 do artigo 9.o;
r) A substituição do livro de registo pelo plano Artigo 15.o
de tratamento profiláctico quando não se veri-
Regiões Autónomas
fiquem as condições previstas no n.o 4 do
artigo 9.o; 1 — Nas Regiões Autónomas dos Açores e da
s) A não manutenção em bom estado de conser- Madeira, as competências cometidas à DGV, às DRA
vação do livro de registo ou do plano de tra- ou ao INFARMED pelo presente diploma são exercidas
N.o 205 — 25 de Outubro de 2005 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 6193