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Caractristicas
De acordo com os modelos grego-latinos, Antnio Ferreira no perde tempo a
mostrar os antecedentes da aco. Limita-se a enunci-los no dilogo de Ins com a ama,
no 1 acto. Depois, o autor encaminha a aco para a desgraa final com a rapidez exigida
pela tragdia: quanto mais rpido o desenlace, tanto mais a obra ganha em beleza.
A aco da pea essencialmente psicolgica: o conflito d-se entre o amor e o
dever.
O autor usa os moldes estticos italianos, baseados em modelos helnicos: verso
branco decassilbico, entremeado, nos coros, com os de 4 e 6 slabas. De vez em quando,
o verso rimado. H, pois, grande variedade mtrica e rtmica.
As personagens e os lugares no so da Idade Mdia, mas sim do sculo XVI. Os
humanistas desdenhavam a cor local e a pintura de cenrios que no fossem do seu
tempo.
Como na tragdia grega, encontramos longos recitativos corais no fim de todos os
actos: prodos, no fim do 1, stasima, nos finais dos 2, 3 e 4. Pequenas intervenes do
coro no meio das cenas lembram os chorica. Segundo a esttica grega, os coros finais dos
actos dividem-se em dois: coro e anticoro.
Os elementos trgicos: Ins e D.Pedro desafiam, com a sua conduta, a moralidade
pblica e os poderes constitudos (hibris); sobre eles, ento, gradualmente (climax), o
espectador v cair um sofrimento inevitvel, que se adensa cada vez mais (pathos); e a
lio moral do crime castigado no pode deixar de purificar a assistncia (catharsis).
Quanto s trs unidades: unidade de aco (a fbula simples), unidade de tempo
(entre o princpio e o fim da aco, o tempo no ultrapassa a tarde de um dia e a manh e
a tarde do seguinte). Apenas a unidade de lugar no observada:o 1, 3 e 4 actos
passam-se em Santa Clara; o 2 em Montemor, o 5, num ermo dos arredores de Coimbra.