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AS TERMAS DA SULFÚRIA
CONTRIBUTOS PARA A HISTÓRIA DAS ÁGUAS DE
CABEÇO DE VIDE
2010
1
1. Introdução
2
2. As águas antes das termas
3
As grandes termas apresentavam ainda uma vertente cultural e intelectual já
que algumas dispunham de bibliotecas e salas de leitura.4
Da época romana, como não podia deixar de ser, ficaram também no nosso
país abundantes testemunhos dessa paixão pela água5.
Datam desse período as termas de Lisboa, situadas no subsolo da Baixa, sob
as ruas das Pedras Negras, da Conceição e da Prata, as de Conimbriga, Vizela
e Chaves e, mais a sul, as do Milreu, de Monchique, de Bencatel e as de
Cabeço de Vide de cujos vestígios daremos notícia mais adiante.6
Estas últimas, à semelhança do sucedido com todas as outras, terão
certamente experimentado, com a desagregação do Império Romano, um
período de grande decadência do qual só viriam a recuperar no princípio do
passado século, por ocasião de um surto de renovado interesse pelo
termalismo então verificado.
Falámos atrás em decadência das termas e não no seu abandono ou
esquecimento e isto porque cremos que, de facto, a prática da utilização das
suas águas com fins medicinais não se terá perdido mas, sim, continuado, se
bem que de modo rudimentar.
Não dispomos, até agora, de quaisquer elementos que nos permitam avaliar da
sua utilização durante o período medieval. Porém, se tivermos em
consideração as propriedades terapêuticas das águas no tratamento das
afecções do foro dermatológico e a frequência e carga simbólica negativa de
que estas se revestiam no imaginário da Idade Média, é mais que provável que
o seu uso se tenha mantido com alguma intensidade, como se depreende da
designação de Fonte da Sarna, atribuída ao único nascente ainda em uso no
início do séc. XIX.7
Já na Época Moderna, a partir do séc. XVI, as nascentes minerais começaram
a ser conhecidas de modo mais intensivo e, para os séculos XVII e XVIII,
dispomos de evidências documentais que comprovam a frequência das termas
da Sulfúrea por forasteiros que a elas acorriam em demanda de alívio para os
seus padecimentos, como se depreende das Cartas de Guia passadas pela
Misericórdia de Fronteira aos transeuntes que se dirigiam, a pé ou a cavalo,
para as caldas de Cabeço de Vide.
O séc. XVIII marcou definitivamente o início daquilo a que, com propriedade,
poderemos chamar de termalismo científico, graças à fundação da Academia
4
das Ciências (1779) e ao começo da prática regular da análise das águas, de
que o professor Domingos Vandelli, da Universidade de Coimbra, foi percursor.
Do mesmo período (1726) data também a publicação da primeira obra de
grande fôlego sobre as águas medicinais portuguesas, o Aquilégio Medicinal,
da autoria do Doutor Francisco da Fonseca Henriques, médico de D. João V
que, ainda que sem fazer qualquer referência às propriedades terapêuticas das
águas, não deixou de referir duas nascentes do termo de Cabeço de Vide,
notáveis pela bondade do seu débito
No termo da Villa de Cabeço de Vide, Comarca de Estremoz, se acha huma fonte a que
chamão da Bica, cuja agoa he muy grossa, e não cose os legumes; mas he tão copiosa,
que entrando em huma ribeyra a que chmão do Pé da Vide, a faz tão abundante de
ágoas, que com ellas moem varios engenhos de farinhas, e trabalhão muytos pizoens,
sobejando ainda agoa para se regarem, e fertilizarem varias ortas, e pomares.
Ha mays no termo da dita Villa de Cabeço de Vide outra fonte, a que chamão a Fontinha,
tão abundante de agoa, que della se forma a ribeyra chamada do Vidigão, com a qual se
regão muytas ortas, e pomares, e moem varios engenhos de farinhas.8
[…] nem há nesta villa, nem no seu destricto fonte nem alagoa cellebre, nem agoas de
especial qualidade9
3. O nascimento da Sulfúria
Esta poblacion esta situada en hun otero que quasi forma huna linea paralela com la sierra
de la Ciudad de Porto-Alegre que dista de este punto quatro leguas portuguesas, i en la
estacion del imbierno se cubre con mucha frecuencia de nieblas mui densas, i mui frias,
5
por qualquier parte que se entra en esta Villa se sube laera mui empinada; en su termino a
distancia de media legua nacen dos fuentes de agua potable, i de ellas correm dos
regatos de Norte al medio dia quedando la poblacion en medio, esta rodeada de olivares,
tiene algunas huertas con arboles frutales, a saver, narangeras, limoneros, i amecheras,
se cria en su territorio todo genero de legumbres, trigo, cevada, centeno, i produce vino
para el consumo de medio año, i no es de mala qualidade, las carnes son carnero,
chibato, porco, i gallina; los aires que mas reinam son Oriente, i Norte mui inclinado a
Poniente, las aguas que beben son cristalinas, i entre las fuentes de que facem uso se alla
huna vastamente sulfurea, que por no estar bien examinada no se describem sus virtudes
medicinales; el pan que comen por la maior parte es de toda farina, su comum alimento
son favas, freixon, chicharos, navos, i cove con pocos temperos, i mui poca gordura; el
travajo en que se ocupan estos indibiduos es en todo serbicio del campo, i esto lomesmo
hombres que mugeres, i rapaces; se aligeram mucho de ropa para travagar, i no se
acautelan como debian quando concluíen su exercício: de este conocimiento de cosas tan
precisas para la vida, i su conservacion, tire alguna utilidad para el curativo de las
molestias que con mas frecuencia atacan a estos moradores.10
6
deduz da carta com data de 26 de Agosto daquele ano enviada, do Quartel-
General de Estremoz para o Presidente da Câmara de Cabeço de Vide:
Anuindo à representação que Vossa Mercê me faz no seu ofício datado de 23 do corrente,
permito que faça uso da pedra do antigo muro para reparo da fonte de água medicinal que
existe na proximidade dessa vila.14
Ora, foi durante o decurso destes trabalhos que foram postos a descoberto os
vestígios arqueológicos que apontam para a origem romana dos
aproveitamentos hídricos da Sulfúrea.
Com efeito, durante os consertos da fonte, encontrou-se um grande bloco de
pedra mármore, com buracos rectangulares, um deles cheio de chumbo e outro
que apresentava ainda o fundo de um balaústre de jaspe. Daí concluíram
alguns autores estarem em presença de parte da base de uma balaustrada,
construída com alguma grandiosidade.
Para além deste espólio, as escavações entregaram ainda diversas moedas,
de cobre, de diversos períodos, entre as quais uma do reinado de D. Sebastião
e outra em que se podia claramente ler a palavra CAESAR e que tem sido
atribuída ao reinado de Augusto.15
Recordemos que os achados monetários junto de nascentes, atestados um
pouco por todo o antigo mundo romano e com particular relevo na Gália,
testemunham a prática generalizada das oferendas rituais às divindades das
águas.16
Estes vestígios e muitos outros já inventariados na mesma zona inclinam-nos a
considerar a presumível origem romana das termas da Sulfúrea que terão sido,
originariamente, um balneum.17
Ora, a construção das primeiras e modestas instalações balneárias decorreu
lentamente e não sem algumas dificuldades.
Apesar do empenho do Juiz de Fora e das contribuições do povo da localidade
e de muitos forasteiros, as verbas angariadas revelaram-se insuficientes para a
conclusão do empreendimento pelo que o doutor Domingos de Macedo apelou
para a participação da autarquia à qual propôs, na vereação de 19 de Julho de
1818
que tendo concorrido para se prontificar a fonte de água sulfúrea e nela um banho para o
uso da aplicação da dita água e tendo para esta obra concorrido com o possível todos os
7
moradores deste Povo e ainda os de fora, contudo, não chega para se concluir a dita obra,
tão útil a este público, para a qual ainda este concelho não havia concorrido e por isso
deveria concorrer o que ouvido pelos mais oficiais da Câmara determinaram se
aplicassem vinte e quatro mil reis dos bens do concelho para socorro da sobredita obra.18
Nesta [vereação] foi presente um requerimento de Manuel António da Aldeia em que pedia
se lhe dessem os botelhões da ribeira que estão juntos à Fonte Sulfúrea em que moraria
de graça pagando ao Concelho com a sua assistência e trazendo tudo com grande asseio
e recato, ficando também isento do Real serviço e dando-se-lhe licença para poder vender
todo o género de mantimentos, o que se lhe deferiu atendendo à utilidade da assistência
de que necessita a dita Fonte Sulfúrea, a fim de a mesma andar com bom asseio e reparo
e mesmo para resguardo da mesma se lhe concedeu licença para desfrutar os botelhões
de que faz menção que são os do freixo para baixo, sendo por isso obrigado a assistir em
todo o ano no monte da dita Tapada e em todo o tempo trazer com asseio a dita fonte e a
repará-la à sua custa assim como os mais edifícios a ela anexos quando se mostrar que
as ditas ruínas foram causadas pela sua omissão e descuido.19
8
Deste relatório ficou registado o essencial no registo do provimento da
correição de 3 de Junho 1820, conservado no cartório da Câmara de Cabeço
de Vide, que a seguir reproduzimos
A água sulfúrea que vai produzindo bons efeitos em muita gente enferma que dela usa,
virá com o tempo a ser um poderoso motivo para felicitar esta povoação e por isso e
também pelos socorros que pode prestar à humanidade enferma merece particular
atenção desta Câmara.
Entre outras muitas providências que este negócio merece e que o zelo da Câmara deve
prestar, é necessária a de se fazer um livro em que se escrevam os nomes dos enfermos
que vêm buscar este remédio, declarando no respectivo assento quais são as moléstias
de que padecem e qual o efeito que nelas produziu o uso das águas, quer bebidas quer
tomadas em banho, para à vista desta colecção de factos se estabelecer um fundamento
fixo para a sua aplicação porque sendo a Ciência da Medicina na maior parte empírica e
resultante de experiências e averiguações de factos, só por estes factos bem observados
se poderá bem ajuizar do merecimento das referidas águas.
Além do regime médico acima notado e que deve ser arranjado pela Câmara de acordo
com os facultativos, deve a Câmara dispor de um regimento político e económico para ser
observado pelos que concorrerem ao uso das águas e por aquele que a Câmara destinar
para sustentar e fazer observar esse regimento e lembrem-se os vereadores que o bom
resultado depende sempre dos bons métodos com que os estabelecimentos são criados e
que se este estabelecimento for avante, como é de esperar que virá a ser, muito honrados
serão na posteridade se pelo seu zelo e cuidado concorrerem para que tudo se comece
logo em boa ordem.
Logo na primeira vereação serão chamados o Médico e o Cirurgião dos partidos e na
presença da Câmara e dos ditos facultativos será lido pelo escrivão este provimento de
que se fará termo por todos assinado o que o escrivão cumprirá sob pena de suspensão. 21
9
viria a ser publicada na História e Memórias da Academia Real das Sciencias
de Lisboa, em 1823, de onde extraímos o texto que de seguida se apresenta
10
que bebeu experimentou a melhora possível, que foi não o vomitar; bebeu mais, e não
vomitou nesse dia, nos seguintes continuando com o uso da água, continuou a digerir, e
conservar o alimento, e no fim de quinze dias estava nutrido, e já trabalhava segundo as
suas forças.
Nos cálculos urinários é excelente remédio; em Cabeço de Vide havia uma mulher, que
tinha sofrido a operação da extracção de uma grande pedra da bexiga, que saiu aos
pedaços, e lhe foi tirada por um Cirurgião de Estremoz; passados anos, foi acometida de
novo, e conheceu que tinha outra pedra; porém tendo morrido aquele Cirurgião, ficou
entregue à sua sorte, sem ter a quem recorrer, e esperando a morte todos os dias.
Em um violento ataque de dores, fazendo todos os esforços por urinar, saiu a pedra, que
me apresentou, e é como um ovo de pomba. Livre por algum tempo, começou a sentir que
se formava nova pedra, padecendo dores, peso na bexiga, e dificuldade em urinar.
Cheguei nesse tempo a Cabeço de Vide, e mandando-a logo usar de água mineral,
começou a sentir alívios, e no fim de três semanas não sentia o mais leve incómodo. Esta
virtude devida à soda tem sido atestada em outros casos, em que a tenho aconselhado a
alguns doentes, que se têm achado bem com as águas de Cabeço de Vide.
Não tive ocasião de poder observar os seus efeitos nas paralisias, porque enquanto ali
estive, só apareceu uma mulher hemiplégica, que poucos alívios tinha conseguido até ao
tempo que saí dali; todavia contaram casos de alguns, que se haviam restabelecido no
ano antecedente [...].
11
principalmente a nível regional do Alentejo e da vizinha Estremadura
espanhola.
Outro facto que ressalta das observações e ao qual não podemos deixar de
fazer referência, é o da opinião maioritariamente favorável dos inquiridos
quanto aos efeitos dos tratamentos.
Tal como hoje, as águas eram particularmente procuradas por pacientes dos
foros reumatológico e dermatológico sendo, porém, numerosos os que
manifestaram diversos graus de alívio em patologias tais como as dispepsias,
conjuntivites, astenias, cardialgias e hemorroidal, entre outras.
Curiosamente, naquele período, apenas um de entre as várias centenas de
utentes recorreu às águas para tratamento de uma afecção das vias
respiratórias, a asma, tendo o paciente experimentado alívio grande na
intensidade dos ataques.
Foram, certamente, estas as razões que levaram a que a Câmara Municipal de
Cabeço de Vide, apesar do período de turbulência política que então se vivia,
abrisse, naquele mesmo ano de 1822, aos 19 dias do mês de Maio, concurso
para provimento do lugar de enfermeiro das termas
12
claramente expresso em nota do Livro de Receita e Despesa da Câmara
Municipal de Cabeço de Vide, de 1822,
13
forma seguinte: Procuração bastante: Saibam quantos este público instrumento de
procuração bastante virem que no ano do Nascimento de mil oitocentos e dezanove aos
três dias do mês de Novembro do dito ano nesta vila de Sabugosa, e casas que servem
de Paço da Câmara da mesma aonde eu escrivão estava aí apareceu presente Dona Ana
Perpétua de Figueiredo desta mesma vila, do meu conhecimento, de que dou fé ser a
própria, e na presença das testemunhas ao diante nomeadas, e assinadas, e disse fazia
por este seu bastante procurador a António Pinho e Seixas da Gama da mesma vila, e a
cada um in solidum dá poder, quanto em direito se requer para que em nome dela
outorgante como se presente fosse possa em qualquer Juízo ou Tribunal deste Reino
defender, e requerer toda sua justiça em todas as suas causas movidas, e por mover
tanto cíveis como crimes em que for autora ou ré, e igualmente para poder assinar uma
escritura de venda de certos bens, que tem no Alentejo, e fazer a este fim o que for de
sua justiça e finalmente para tudo em geral, e com poder de substabelecer, fazendo citar,
demandar, penhorar, oferecer acções, libelos, artigos, embargos, excepções, contrariar,
dar provas, e suspeições, dar testemunhos, contraditar os das partes, jurar na sua Alma
todo o lícito juramento, e de calúnia, decisório e supletório deixá-lo na Alma das partes;
parecendo-lhe; assinar os termos, e autos necessários, protestos, e requerimentos,
apelar, agravar, embargar, e tudo seguir até maior alçada, e esta substabelecer, e dela
usar assinar termos de confissões, negações, e desistências, tirar sentença e dá-las à
sua execução, requerer sequestros, prisões, arrematações adjudicações, lançar nos bens
dos devedores na falta de lançador e deles tomar posse, requerer precatórias, assinar de
como as recebe, vir com embargos de terceiro senhor e possuidor, e jurá-los, variar de
acções, e intentar outras de novo, assinar termos judiciais nas causas crime, juntar
documentos, e recebê-los, reunindo a nova citação, e tudo feito e obrado por ele
procurador e substabelecidos in solidum, promete haver por firme e valioso por sua
pessoa, e bens assim o disse sendo testemunhas presentes o Padre Francisco Pereira
de Figueiredo, e José Cabral da Ponte desta vila, e a rogo da outorgante assinou o Padre
Manuel Simões Dinis da vila de Canas, meus conhecidos de que dou fé que assinaram, e
eu Manuel Inácio da Silva e Andrade tabelião que o subscrevi, e o assinei de meus sinais
público e raso de que uso tais são : lugar do sinal público : In veritatis testimonium:
Manuel Inácio da Silva e Andrade : a rogo o Padre Manuel Simões Dinis : Padre
Francisco Pereira de Figueiredo : José Cabral da Fonte : Substabeleceu a procuração
acima em o Senhor José Mathias de Morais Moitoso de Cabeço de Vide a quem dou
todos os poderes que na sobredita me facultam. Sabugosa vinte de Fevereiro de mil
oitocentos e vinte : António de Pinho Seixas da Gama : é o que continha a procuração,
que me foi apresentada, e aqui fielmente transcrevi, e pelo procurador da vendedora foi
dito que havia esta venda por celebrada com as condições já declaradas, e com a de ser
paga em metal a quantia retro declarada, o que tudo sendo ouvido pelo comprador a tudo
satisfez em parte, e prometeu satisfazer a tudo, e para mostrar que fazia esta compra
muito de sua livre vontade, e que desejava que esta fosse válida disse que havia pago a
competente sisa, o que fez certo pela certidão, que apresentou, que é do teor seguinte: o
Doutor Francisco José da Costa Amaral Juiz de Fora e direitos Reais nesta vila de
Cabeço de Vide e Alter Pedroso por S.M.F. que Deus guarde faço saber a todos os
senhores que a presente virem em como no livro, que de presente serve de se
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assentarem as compras e vendas dos bens de raiz nele a folhas cento e vinte e três verso
se acha o assento do teor seguinte : Aos catorze dias do mês de Dezembro de mil
oitocentos vinte e dois nesta vila de Cabeço de Vide, e no escritório do escrivão do meu
cargo foi apresentada uma petição pela forma e teor seguinte: Diz Manuel Ferreira
Tavares Salvador Ouvidor da Alfândega Grande da Cidade de Lisboa, que ele tem
comprado a Dona Ana Perpétua Coelho de Figueiredo da vila de Sabugosa, viúva de
António de Pinho Seixas da Gama pela pessoa de seu bastante procurador
substabelecido, o Major José Mathias de Morais Moitoso desta vila uma tapada com suas
oliveiras, e todas as suas mais pertenças nos subúrbios desta vila sita ao Borbolegão
pela quantia de trezentos e sessenta mil reis em que o dito procurador se há
convencionado, e porque quer pagar a competente sisa a fim de se lavrar a escritura de
seu contrato pede a Vossa Senhoria seja servido se lhe escreva a mesma sisa paga se
lhe passe certidão na forma da Lei, e estilo, e receberá mercê : E não se continha mais
em a dita petição do que tão somente o que para aqui copiei da própria, a qual vi
despachada pelo Doutor Juiz de Fora Francisco José da Costa e Amaral, e por comissão
do dito Juiz de Fora deferi o juramento dos Santos Evangelhos ao dito comprador para
que debaixo dele declarasse se na dita compra, e venda havia algum dolo, ou malícia
para pagar menos à Fazenda Nacional, e sendo por ele recebido debaixo do mesmo
declarou não ter comprado por maior quantia que em sua petição relata que é de
trezentos e sessenta mil reis de cuja quantia, por serem ambos o comprador e a
vendedora de fora pertence à sisa setenta e dois mil reis cuja quantia pôs logo o dito
comprador em depósito na mão do tesoureiro dos bens de raiz Joaquim António Parente,
que de como recebeu a dita quantia, e dela se obrigou a dar conta à Lei de Depositário, e
da cadeia, assinou comigo o dito ministro, e com o escrivão das sisas que esta passou :
eu Joaquim Manuel d´Andrade escrivão das sisas, que o escrevi, e assinei : Costa e
Amaral : Joaquim Manuel d´Andrade : Joaquim António Parente. É a fiel cópia da certidão
de sisa que pelo comprador me foi apresentada, e todo o relatado foi praticado na
presença das testemunhas. E declarou, ele vendedor, que a dita propriedade é livre, e
isenta, de vínculo, pensão, ou foro, e que não é obrigada a dar servidão a pessoa, ou
prédio algum; mas livre e desembaraçada, nem hipotecada, nem sujeita a ónus algum; e
que em nome de sua constituinte, promete fazer boa a dita venda a ele comprador, ou a
seus herdeiros ou qualquer outra pessoa, para que legitimamente possua e que desde já,
em nome de seus constituintes larga toda a posse que tem na dita propriedade, e a
transfere na pessoa dele comprador, podendo tomar dela posse judicial; mas a tome ou
não – nela o há por investido; para dispor dela como sua que é em virtude deste contrato,
que promete nunca rescindir nem anular, mas, o convencionado e declarado, e por mim
estipulado, na presença das testemunhas Timóteo José da Silveira da vila de Estremoz, e
Salvador Plácido Castilho de Queiroz Durão desta vila ambos por mim reconhecidos,
perante os quais e procurador da vendedora, e o comprador li o presente que disseram
estar conforme, e assinaram, e eu José de Sousa Gonçalves Leitão tabelião público nesta
vila que o escrevi.24
15
Referimos mais acima, muito sucintamente, os motivos que levaram esse
homem de visão e grande benfeitor de Cabeço de Vide que foi o Doutor
Manuel Ferreira Tavares Salvador a comprar a propriedade onde se situam as
termas. Vejamos agora, mais detalhadamente, as razões que ele próprio
invocou, anos mais tarde, para fundamentar o seu gesto altruísta
[...] então me lembrei, que seria de grande proveito, que este prédio fosse comprado para
a Real Fazenda, não só para remover todas as dúvidas, que poderiam recrescer pela
edificação pública, em terreno alheio, e tolhimento de qualquer dono novo, ao uso das
águas, mas também para de alguma maneira atrair a este interessante objecto o real
ânimo de Sua Majestade, ou para que, pelo menos, ficasse removida mais uma
dificuldade, incorporando-se este prédio por tão justo meio nos próprios da Coroa.
Tudo isto não podia conseguir-se sem larga demora: o estado público de então, faria
talvez depender das Cortes esta solução.
Sua Real Majestade, ainda que fosse servido anuir a esta proposta, assim mesmo pela
natureza do negócio se havia de despender considerável tempo: o dono queria vender; os
concorrentes queriam comprar, e a demora traria consigo a perda da ocasião.
Nestas circunstâncias, me determinei a cortar por mim próprio todas as dificuldades, o que
fiz, comprando o prédio pelos 360$000 [trezentos e sessenta mil reis] para o passar
depois da minha mão à de Sua Real Majestade, e incorporá-lo nos próprios da Coroa,
sem receio, e com o vagar e formalidades que o negócio pedisse.
Assim o fiz; celebrei imediatamente a compra; paguei o preço a seu dono, ao público a
competente sisa; e logo se lavrou escritura na nota do Tabelião Leitão, da dita vila.
Feito já senhor do prédio, instei com o Médico José Inácio da Costa, para que pusesse em
ordem as suas observações; que me indicou, pedindo-lhe, que me as enviasse a Lisboa,
porque tudo eu queria fazer presente a Sua Real Majestade. Chegado que fui a Lisboa, no
princípio do ano de 1823; me apresentei ao Ministro de Estado dos Negócios do Reino,
expondo tudo o que havia acontecido; mas para que o negócio subisse à consideração de
El Rei Nosso Senhor, com a devida clareza, reduzi tudo a escrito, oferecendo o prédio
como tinha tencionado, e apresentando alguns apontamentos, não só para criar este
estabelecimento, mas ainda indicando os meios, que havia, para ter para isso dinheiro
suficiente, e para lhe ficar de futuro algum rendimento anual, para sua conservação, e
aumento. [...]
De todos estes meus trabalhos, porém, nada resultou, porque novas convulsões públicas,
tais quais, se observaram até ao meado do ano de 1823, impediam o tratar destes
objectos menores; até que aparecendo melhores dias foi Sua Real Majestade servido
resolver, que se incorporasse nos próprios da Coroa o prédio, que eu lhe havia oferecido;
o que assim se fez, lavrando-se a competente escritura, entre mim e o Procurador da Real
Fazenda, mandando-me o mesmo Real Senhor, satisfazer o dinheiro do preço da compra,
e sisa, tudo da mesma forma, que eu o havia pago.
Assim é hoje da Real Coroa, quanto pertence ao estabelecimento da Água Medicinal de
Cabeço de Vide, e para seu melhoramento, e proveito comum, não resta senão, que Sua
16
Real Majestade, se digne o lançar mais positivamente as suas paternais vistas, e pias
intenções, sobre este objecto de consolação de uma parte infeliz dos seus fieis vassalos,
que ali podem vir a ter remédio a seus males. [...]25
17
ainda - conflitos de interesses pessoais e, sem dúvida, políticos que iriam
causar graves perturbações no seu normal funcionamento.
O primeiro destes incidentes, tal como ficou registado nas actas das sessões
da Câmara Municipal de Cabeço de Vide, viria a ocorrer logo na abertura da
época balnear de 1823, lançando os membros do executivo uns contra os
outros, num lamentável exemplo do que a política não deve ser.
Vejamos, então, o que de acordo com os registos da época que se terá
passado
Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1823. Aos 24 de Maio nesta vila de
Cabeço de Vide, em Casas da Câmara, onde se achavam os vereadores Joaquim António
Parente, João Velez de Almeida e o Procurador substituto Joaquim António de Azevedo,
logo mandaram ao porteiro Francisco António que trouxesse em pregão a quem mais
desse as chaves dos Banhos Sulfúreos, o que ele fez trazendo-as em pregão na forma do
estilo, não achando quem mais lhe desse que Basílio José Galhardo, da cidade de Elvas,
que lançou 72.000 rs. metálicos e deu fé não haver quem mais desse, dando por fiador a
Miguel Ferreira dos Reis, desta vila.
Nesta mesma vereação os oficiais da Câmara requereram ao Presidente da mesma que
entregasse as chaves das Águas Sulfúreas que em seu poder tem para se entregarem ao
novo arrematante, o que já por diversas vezes lhe tinham pedido pelo Contínuo desta
Câmara.
Respondeu que não as queria dar pelo que a Câmara se lhe dirigiu segunda vez dizendo-
lhe que entregasse as chaves, quando não irá a mesma pessoalmente, com um oficial de
carpinteiro, arrancar as fechaduras para se mandarem fazer chaves novas e não estarem
aquelas águas desarranjadas, sem fecho nas portas e que requeria um ofício ao Doutor
Juiz de Fora para que fosse servido mandar um dos seus escrivães conhecer na dita fonte
o que nela se fazia, o que de facto aconteceu, indo todos assistir ao arranque das ditas
fechaduras e mandaram fazer chaves novas para se restituírem as fechaduras aos seus
lugares e a nada disto o Presidente se resolveu, é sempre o mesmo.
E para contar fizeram este termo.27
18
acesso aos banhos cuja utilização ficava, deste modo, sob um controle mais
apertado.
Como contrapartida destas medidas de que eram, no fundo, os principais
beneficiados, os médicos dos partidos ficavam obrigados a elaborar e manter
um ficheiro dos utilizadores, sob pena de não lhes serem satisfeitos os
ordenados devidos em caso de incumprimento.
Se bem que estas medidas se afigurem aos nossos olhos perfeitamente
justificadas pela necessidade de uma racionalização da gestão das termas, o
facto é que, a curto prazo, elas se tornaram em instrumento de abuso por parte
dos clínicos que pretenderam chamar a si, na totalidade, a administração e os
proventos do estabelecimento, exorbitando largamente das suas funções e
competências e descurando, por outro lado, as obrigações a que estavam
estatutariamente sujeitos, como veremos,
Em esta mesma [vereação], sendo presente que o médico dos Partidos desta vila
arrogava a si a autoridade sobre a administração dos banhos e águas sulfúreas em toda a
sua extensão e verificando-se este facto pela informação do encarregado das chaves
daquele Estabelecimento, acordaram que para ser resolvido aquele abuso se ordenasse o
seguinte:
Que se estranhe ao médico a usurpação que pretende fazer de uma autoridade que só é
privativa desta Câmara ou daquele a quem ela a confia,
Que ao mesmo se advirta que a ele só pertence passar os competentes bilhetes a quem
lhos pedir, sendo moléstias da sua competência, devendo nos mesmos bilhetes marcar o
número de banhos de que cada doente deve usar cada dia, a extensão do tempo de cada
um, os que ao todo deve tomar, quantos gerais e quantos parciais, notando igualmente
nos mesmos bilhetes aquelas moléstias que pela sua qualidade e natureza só devem
entrar no banho em último lugar.
Acontecendo porém achar-se presente nas entradas dos banhos e observando que a
algum dos doentes que o consultar é nocivo entrar no banho naquela ocasião, lhe
designará o tempo em que dele deve usar, fazendo-o constar ao encarregado das chaves.
19
Finalmente, que o dito médico fique na inteligência que nenhuma outra competência tem
naquele estabelecimento além da sobredita aplicação na forma prescrita porque a
abertura e encerramento dos banhos compete à administração da Câmara.
Que isto mesmo se faça público por um edital em que se incorpore o já determinado sobre
este assunto em Câmara de 14 de Junho do corrente ano e que o encarregado daquele
estabelecimento igualmente o observe dando execução ao que pela Câmara ou pelo seu
Presidente lhe for determinado, aplicando os banhos na forma que nos bilhetes for
designado, a qualquer hora do dia em que o banho tenha água susceptível de se poder
usar, não sendo daquela em que já tenham entrado moléstias exceptuadas.28
Dom João, por Graça de Deus Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, daquém
e dalém Mar em África, Senhor da Guiné, etc.
Faço saber a vós, Juiz de Fora da vila de Cabeço de Vide que em virtude do Régio Aviso
de 4 de Agosto próximo passado, expedido a este Tribunal pelo Conselheiro, Ministro e
Secretário de Estado dos Negócios do Reino, para se celebrar escritura de venda do
prédio rústico em que se acham as Águas Medicinais nessa vila, de cujo prédio
denominado a Tapada da Fonte Sulfúrea era actual proprietário o Doutor Manuel Ferreira
Tavares Salvador e sua mulher, D. Ana José Rita Margarida da Cunha de Abreu Pinella
Tavares que o ofereceram à Real Fazenda para nele se construírem os indispensáveis
edifícios para bem e cómodo dos concorrentes, satisfazendo-lhe o preço do seu custo.
Tendo-se efectuado este contrato por escritura pública de 9 do corrente mês de Setembro
do corrente ano de 1823 entre o Conselheiro procurador da mesma fazenda e o sobredito
vendedor e procurador bastante da referida sua mulher, sou servido ordenar-vos que sem
perda de tempo tomeis posse, com todas as formalidades da lei e estilo, do mencionado
20
prédio e de todas as suas pertenças por parte da minha Real Coroa e Fazenda, para na
mesma ficar tudo incorporado, fazendo lavrar o respectivo auto com a precisa legalidade e
clareza, sendo no mesmo descritas todas as suas pertenças, limites e confrontações, o
qual remetereis ao Conselho da minha Fazenda, com duas certidões autênticas dele, para
serem remetidas às instâncias competentes, ficando na inteligência que os ditos autos
devem ser acompanhados de conta vossa em que miudamente dareis todas as notícias
que puderdes alcançar a respeito do dito prédio, suas vantagens e circunstâncias. 29
Não demorou, como se viu, a Coroa a tomar posse do imóvel, o que é bem
revelador do interesse manifestado por D. João VI pela situação das termas.
Tão pouco demorou a Câmara de Cabeço de Vide a remeter para a Secretaria
dos Negócios do Reino todos os elementos que lhe haviam sido solicitados, de
modo a permitir ao soberano uma eficaz apreciação da situação e a correcção
dos excessos até então verificados por parte de alguns membros da
governança da localidade, pertinazes em fazer do bem público um negócio
privado.
Para acautelar o escândalo da repetição de tão lamentáveis situações, o
monarca, por provisão de 15 de Julho de 1824, decidiu adoptar medidas mais
drásticas para exemplo dos prevaricadores
21
provisão acima, supostamente gratuita. Deduz-se, contudo, do sucedido que as
verbas voluntariamente doadas pelos utentes constituiriam uma importância
não despicienda, o que motivaria a cupidez dos responsáveis pela sua
administração.
Para obviar a tal inconveniente a que, aparentemente, ninguém até então
quisera dar remédio, tomou a Real Fazenda a simples medida permitir à
Câmara tabelar o preço dos banhos, introduzindo deste modo um factor de
rigor antes inexistente na contabilidade das termas.
Para além desta prova de manifesto interesse no futuro das Águas Sulfúreas,
Sua Majestade autorizou ainda a construção de mais dois banhos e a
prospecção de água para reforço dos caudais disponíveis.31
Face a estas providências, a situação do estabelecimento experimentou
evidentes melhoras que se traduziram não só na nomeação, logo no ano
seguinte de 1825, de um tesoureiro dos bens da Sulfúrea32 mas também no
início das obras de construção dos novos banhos.
Dessas obras não ficaram quaisquer registos nos livros da receita e despesa
da Câmara mas temos testemunhos, como o que se segue, provas do
continuado interesse do povo comum no desenvolvimento das termas
[...] foi presente João do Rosário, rendeiro do campo que foi desta vila e apresentou duas
sentenças contra José Telles do Couto que importavam em 26.244 rs., quantia essa que
ofereceu em benefício do Estabelecimento dos Banhos Sulfúreos.33
22
REGULAMENTO DOS BANHOS E ÁGUAS SULFÚREAS
Art.º 1º
1. Todo o doente que queira fazer uso das águas Medicinais desta vila, em qualquer forma
que seja, deve apresentar-se munido de atestado de Facultativo que lhas indique, sem o
que não será admitido a elas nem, em caso algum, as poderá usar de forma diferente
daquela em que lhe foram indicadas.
2. Se for de fora o Facultativo que a qualquer doente aconselhar estas águas, deve este
apresentar o seu atestado a qualquer dos Facultativos da terra ao qual pela natureza da
moléstia competir e sem que tais atestados vão rubricados por algum deles, não serão os
doentes que os tiverem admitidos ao uso das águas.
3. Todo o doente que quiser fazer uso das referidas águas em forma de banhos, quer no
estabelecimento deles quer em casa particular mandando buscar a água para eles, deve
antecipadamente ter pago na mão do tesoureiro do Estabelecimento, Joaquim António de
Azevedo, o imposto de 60 rs. por cada banho que houver de tomar, estabelecido pela
Provisão de 15 de Julho de 1824 para benefício do estabelecimento e do dito tesoureiro
receberá uma certidão do seu pagamento que apresentará ao escrivão João António da
Silva Froes o qual lançará a dita quantia em débito ao Tesoureiro e rubricará a nota dada
por este, sem a qual os doentes não serão admitidos aos banhos.
4. São exceptuados desta regra, na forma da citada Provisão, todos os doentes desta vila
e os que não tiverem meios de pagar aquele imposto e estes, em lugar daquela nota,
receberão do escrivão uma outra que os declare dispensados de a apresentar, a qual irá
assinada pelo Doutor Juiz de Fora ou por quem fizer as suas vezes.
5. Aos doentes que deixarem, por qualquer circunstância, de tomar alguns dos banhos
que tiverem pago, será restituída a importância dos que não tomaram.
6. Para usar das águas em forma potável é suficiente o atestado do Facultativo tendo os
requisitos acima expostos.
Art.º 2º
1. Ambos os Facultativos desta vila, cada um nas moléstias de sua competência, são
obrigados a dar aos doentes que se lhes apresentarem e lhos requererem, escritos em
que declarem o uso que devem fazer das águas medicinais.
23
2. Nos escritos que derem aos doentes a quem aconselharem banhos, devem designar o
número deles e a duração de cada um e, nos daqueles que somente deverão usar as
águas em forma potável, a quantidade, a hora do dia, e por quanto espaço de tempo.
3. Devem ver e rubricar os escritos que lhes apresentarem alguns doentes de Facultativos
de fora e nem por estas rubricas, nem por aqueles escritos poderão exigir dos doentes
emolumentos alguns.
4. Nos escritos que passarem aos doentes afectados de moléstias contagiosas que
poderiam comunicar-se a outros, se com eles concorressem ou tomassem banho na
mesma água em que estes tivessem já entrado, deverão os facultativos declarar essa
qualidade por um sinal que convencionarão e que farão conhecer ao enfermeiro.
Art.º 3º
2. Não pode admitir ao uso das águas doente algum que não lhe apresente atestado de
algum dos Facultativos da terra ou rubricado por algum deles, sendo de Facultativo de
fora, em que se aconselhe o uso delas, nem consentir que as use de forma diferente
daquela em que lhe foram aconselhadas.
4. Findos os banhos da manhã é obrigado a lançar fora a água que neles tiver servido, a
lavar os tanques e a prepará-los para receberem nova água para os banhos da tarde.
Estes começarão às 6 horas até ao fim do mês de Agosto e daí por diante às 5 e na
maneira de destinar esses banhos observará o encarregado o mesmo que para os da
manhã ficou disposto.
24
5. Quando os doentes houverem de entrar para os banhos, exigirá deles os bilhetes de
pagamento declarados no n.º. 3 do Art.º. 1º. E neles irá marcando os banhos que cada um
for tomando e findo o número dos que tiverem pago, deixará na sua mão esse bilhete para
o apresentar quando se lhe pedir.
6. Os doentes que padecerem de moléstias contagiosas, o que ha.-de constar dos bilhetes
dos Facultativos, só entrarão no banho quando já todos os outros que de tais moléstias
não padecerem tiverem tomado os seus banhos e nunca antes.
7. Dará ou consentirá que dos banhos se tire água para banhos particulares contanto que
os que os pretenderem se achem legitimados por escritos que tenham os requisitos acima
marcados. Esta água, porém, nunca será extraída da arca, que fica exclusivamente
reservada para se usar em forma potável e o encarregado das chaves fica obrigado a
subministrá-la aos doentes que dela carecerem, não consentindo que sejam eles a extraí-
la da arca, para o que conservará esta constantemente fechada, não podendo porém
dificultá-la a qualquer que ali a queira beber ou transportá-la para esse fim.
Art.º 4º
Das Penas
1. Os doentes que não se habilitarem para o uso das águas na forma que acima fica
estabelecida, não serão admitidos ao uso delas.
2. Ao Facultativo que faltar a qualquer das obrigações que lhe ficam impostas se
suspenderá o vencimento do seu ordenado.
25
Ora, durante o período de que agora nos ocupamos (1826/1827) as obras de
construção e prospecção das águas lá foram continuando não sendo, porém,
os melhores os resultados alcançado. Não obstante, continuava a ser visível o
interesse da Coroa pela evolução das termas, como se verifica pela Portaria de
26 de Junho do último daqueles anos, ordenando que a Câmara passe a
indagar as águas termais descobertas no distrito desta vila, consultando hábeis
professores que declarem a sua denominação e mais esclarecimentos
necessários36.
No ano seguinte, o interesse do poder central pela Sulfúrea viria a manifestar-
se no envio de um inquérito destinado a avaliar a evolução da situação das
mesmas desde 1823 até então.
O regresso de D. Miguel a Portugal e a consequente fuga do bispo de Elvas
para Gibraltar, onde veio a falecer, vieram interromper temporariamente as
obras que só voltariam a ser reatadas em 1830, no seguimento de uma
exposição sobre o estado das termas enviada pelo Juiz de Fora de Cabeço de
Vide ao Conselho da Fazenda, que o rei absoluto despachou da seguinte forma
Dom Miguel por Graça de Deus rei de Portugal e dos Algarves daquém e dalém Mar em
África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia,
Pérsia e da Índia, etc.
Faço saber a vós, Presidente e mais Vereadores da Câmara da Vila de Cabeço de Vide
que em consulta do Conselho da Fazenda na data de 17 de Agosto de 1829 me foi
presente a carta do Juiz de Fora da mesma vila a respeito do estado de ruína em que se
achava o prédio rústico denominado Tapada da Fonte Sulfúrea, desde que fora cometida
a administração das obras do dito prédio ao Bispo de Elvas por aviso de 3 de Novembro
de 1825 e das providências que se faziam indispensáveis para o seu melhoramento.
Tendo em consideração todo o exposto na mesma consulta e porque desejo promover os
estabelecimentos públicos em benefício da Humanidade sofredora que tão digna se faz da
minha Real Comiseração e Piedade, houve por bem pela minha Real Resolução de 17 de
Agosto do corrente ano [1830], tomada na sobredita consulta e conformando-me com o
parecer do Conselho determinar:
1. Que se aplicasse para esta obra e sua manutenção o rendimento da referida Tapada
da Fonte Sulfúrea assim como o produto das condenações das rezes extraviadas nas
Reais Manadas, visto constar que por costume antigo se aplicavam a alguma obra de
interesse público.
2. Que o existente rendimento da referida Tapada, que mostrou ser a quantia de
83.780 rs., se empregasse nos trabalhos que era de primeira necessidade fazerem-se
26
já, os quais, segundo as informações, importavam pouco mais ou menos em 120.000
rs.
3. Que se observasse o que fora ordenado pela Provisão da Mesa do Desembargo do
Paço de 15 de Julho de 1824 sobre o receber-se por cada banho o subsídio de 60 rs.
4. Finalmente que esta administração e inspecção fosse encarregada a essa mesma
Câmara, como anteriormente acontecia, com a proibição de fazer escavações para
descobrir a nascente da água ou obter maior porção dela, o que se praticara durante a
administração do dito Bispo, com ruína das mesmas águas.
Em virtude pois do que determinei pela citada Resolução, sou servido encarregar-vos
da inspecção das obras do prédio rústico denominado Tapada da Fonte Sulfúrea,
procedendo a respeito dela na forma ordenada pela sobredita Régia Resolução em
todos os seus artigos que terão plena execução, dando a mesma Câmara conta a este
Conselho, de 3 em 3 anos, do estado e melhoramento das obras que lhe foram
cometidas, das receitas que houverem e das despesas que tiver feito.37
pedindo que lhe seja concedida a propriedade de uma Tapada que há naquele concelho
pertencente à Fazenda Nacional onde existem uns banhos sulfúreos, os quais por sua
óptima qualidade, sendo bastante frequentados pelos povos vizinhos precisam de
melhoramentos, que se não podem concluir sem que o rendimento da dita Tapada lhes
seja aplicado e cumpre-me dizer a V.ª Ex.ª que a pretensão da mencionada Câmara é
digna de toda a consideração, porquanto além de ser exacto tudo quanto a mesma alega
a respeito dos sobreditos banhos, acresce que a Fazenda Nacional pouco prejuízo pode
sofrer em uma semelhante concessão, visto que a propriedade pedida está avaliada na
diminuta quantia de cem mil reis.38
27
Poucos meses volvidos, a propriedade viria, com efeito, a ser cedida à Câmara
39
Municipal de Cabeço de Vide, por carta de lei de 12 de Novembro de 1839
como decorre do seu artigo terceiro
escasseia dos conhecimentos químicos, e mais recursos científicos para bem exercer tal
lugar, acrescentando ainda, e documentos tenho neste Governo Civil que provam menos
filantropia no suplicante, que não a bem da Humanidade, mas meio lucrativo o fazem
implorar uma semelhante graça.40
É certo que para o período que, agora nos ocupa, a documentação escasseia
até ao meio do século, surgindo-nos então o funcionamento das termas muito
melhor organizado, com contabilidade montada e supervisionada pelas
instâncias competentes.
Também sintomática da crescente projecção da Sulfúrea a nível nacional é a
multiplicação de estudos sobre as águas verificada durante a década de
1840/1850. Neste período foram dados à estampa quatro trabalhos relativos às
águas de Cabeço de Vide.41
A administração do estabelecimento, confiada à autarquia, viria,
inclusivamente, a revelar-se de grande utilidade para a Câmara que, por
diversas vezes, recorreria aos lucros da exploração das termas para se
financiar, como sucedeu em 1851, ocasião em que o município contraiu junto
do estabelecimento das termas um empréstimo gratuito de 217.567 rs.42 Por
essa altura, as termas dispunham já de dois enfermeiros, vencendo
28
anualmente 2400 rs., cada um, pelos serviços prestados aos doentes que
tinham já à sua disposição banhos de água fria e quente.43
A melhoria das condições sanitárias foi, com toda a certeza, um dos factores
que mais terá contribuído para a crescente afluência de aquistas então
verificada o que, por seu turno, iria motivar os responsáveis locais para a
construção de novas instalações mais adequadas à crescente procura das
águas, iniciativa secundada pelo Governador Civil do distrito que, em 31 de
Dezembro de 1852, oficiava ao Ministério do Reino
Não posso deixar de tratar, neste logar, de três vertentes de águas medicinais, que se
encontram neste Distrito, e cujas virtudes estão experimentadas. Muito proveitoso seria
que destas águas se mandasse fazer uma análise competente, que não há; e depois
desta análise se estudassem os meios de melhor e devidamente aproveitá-las. As águas
nascidas em, e conhecidas com o nome de, Cabeço de Vide, estão sendo presentemente
muito visitadas para banhos em moléstias cutâneas, e são também aplicadas com
proveito aí mesmo em Lisboa, nas doenças crónicas do estômago. Estas águas ainda há
pouco tempo tinham menos crédito, por constar que por desleixo se achavam misturadas;
hoje porem parece terem-se reabilitado44.
Pelo mandado de pagamento n.º 16 da despesa feita com um sinete amarelo que há-de
servir para pôr a legenda no lacrar das garrafas que se lacrarem para exportação.47
29
principais cidades do país tendo sido, além disso, premiadas nas exposições
universais de Paris e do Rio de Janeiro.48
Os melhoramentos nas infra-estruturas balneares continuaram no ano
seguinte, apesar das dificuldades financeiras experimentadas pela comissão
administrativa. Face à escassez dos meios disponíveis, a referida comissão
contratou com a Confraria das Almas de Cabeço de Vide um empréstimo, com
a aprovação do Conselho Administrativo do distrito que
30
Edital de todas as pessoas que se julgarem com direito às campas para que o venham
deduzir no prazo que se designar devendo o produto desta venda ser aplicado para se
ladrilhar a Igreja obra que o seu mau estado urgentemente reclama.51
Chegámos, assim, aos meados do século XIX, limite cronológico deste trabalho
ao qual esperamos, logo que as circunstâncias o permitam, poder vir a dar
continuidade, concluindo desse modo a breve e forçosamente imperfeita
monografia histórica das Termas da Sulfúrea, para cuja escrita se revelam
doravante imprescindíveis, mais que as do pesquisador de bibliotecas e
arquivos, as palavras do discurso arqueológico.
31
Antecipando, porém, o trabalho futuro, aqui se oferece ao leitor um último
documento que assinala o fim de um longo ciclo de iniciativas das autarquias
de Cabeço de Vide no sentido de garantir, definitivamente, àquela localidade e
aos seus habitantes os benefícios decorrentes da exploração do seu mais
precioso recurso. Trata-se da escritura de registo das nascentes da Sulfúrea a
favor da Junta de Freguesia de Cabeço de Vide
Aos dezassete dias do mês de Fevereiro do ano de mil novecentos e trinta e quatro nesta
vila de Fronteira e Secretaria da Câmara Municipal deste Concelho, foi-me apresentada às
quinze horas uma nota do manifesto de quatro nascentes de água de natureza sulfurosa
situadas nos subúrbios de Cabeço de Vide, a qual é do teor seguinte: “ José Alves de
Matos, casado, comerciante, de cinquenta e seis anos de idade, natural de Cabeço de
Vide, onde reside, Concelho de Fronteira, ao abrigo do artigo 4º do Decreto número
quinze mil quatrocentos e um de dezasseis de Abril de mil novecentos e vinte e oito,
manifesta na qualidade de Presidente da Junta de Freguesia de Cabeço de Vide e a favor
da mesma Junta, para assegurar o seu direito à exploração, quatro nascentes de água de
natureza sulfurosa existentes: uma, numa propriedade conhecida por Horta da Azenha da
Sulfúrea, por nela existir uma azenha situada nos subúrbios de Cabeço de Vide, Concelho
de Fronteira, pertencente aos herdeiros de Dona Ana Mota Dona, e que confronta do
Norte com a Ribeira de Vide; do Sul com a herdade da D´Ordem; do Nascente com a
tapada de Noé [?] Velez Basófia; do poente com a horta de Rafael Mendes Calado. Estas
nascentes distam trinta metros da referida azenha, medidos do quinal voltado para o Norte
e nessa direcção, e vinte e três metros da Ribeira de Vide medidos na perpendicular à sua
margem esquerda; as outras três nascentes que se manifestam, num terreno conhecido
por Tapada da Sulfùrea situada também nos subúrbios da vila de Cabeço de Vide, e que
pertenceu à extinta Câmara Municipal desta vila, à qual foi cedida pelo Estado por carta
de Lei de trinta de Julho de mil oitocentos e trinta e nove, e que confronta do Norte com
azinhaga pública; ao Sul com a Ribeira de Vide e levada da azenha da Bica; Nascente
com azinhaga do Bolgão e Ribeiro do Fernandinho; ao Poente com a horta de Rafael
Mendes Calado, Tapada de André Campos e dita de Joaquim António Velez. Para
identificar e localizar melhor as últimas três retro citadas nascentes, acrescento mais, que
uma delas, conhecida publicamente por nascente da Capa se acha situada no Páteo da
Sulfúrea no ângulo do lado da Ribeira da Vide, fronteira ao Estabelecimento da Sulfúrea, à
distância deste de nove metros e meio. Outra das últimas três mesmas retro citadas
nascentes, conhecida publicamente por Nascente da Ermida de Nossa Senhora da
Saúde, encontra-se também situada no mesmo Páteo, no meio da parede fronteira ao
supracitado Estabelecimento, e à distância deste de nove metros e meio. A terceira das
últimas três retro citadas nascentes está situada entre a margem esquerda da Ribeira de
Vide e levada da Azenha da Bica, a vinte metros de distância do Estabelecimento da
Sulfúrea [...]. 55
32
Bibliografia e Notas
1
VASCONCELOS, José Leite de. Religiões da Lusitânia, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda,
imp. 1989, vol. II
2
HODGE, A. Trevor. Roman Aqueducts & Water Supply. London: Duckworth, 2002
3
The History of Plumbing [http://www.theplumber.com/eng.htm], Maio 2000
4
YEGüL, Fikret. “Bath and Bathing in Classical Antiquity”, [http://www.vroma.org/~bmcmanus/baths.htm],
Maio 2000
5
Sobre a ocupação romana do território em questão v. CARNEIRO, André. Povoamento romano no
actual concelho de Fronteira, Colibri, 2004.
6
ACCIAIUOLI, Luiz de Menezes Correa. Le Portugal Hydromineral, Lisbonne, Direction Generale des
Mines et des Services Geologiques, 1952-1953, 2 vol.
7
PIMENTA, Francisco Xavier de Almeida. «Investigações sobre a Natureza, e Antiguidade das Águas
Minerais de Cabeço de Vide, Comarca de Avis», História e Memórias da Academia Real das Sciencias de
Lisboa, Lisboa, 1823, Tomo VIII, Parte II
8
HERIQUES, Francisco da Fonseca. Aquilegio Medicinal, Lisboa Occidental, Na Officina da MUSICA,
MDCCXXVI. [http://books.google.pt]
9
Memórias Paroquiais, vol. 8, nº 14, p. 83 a 88 [http://digitarq.dgarq.gov.pt?ID=4239371]
10
MIRA, Gabriel. «Observaciones Medicas, hechas por el Medico D. Gabriel Mira, en la Villa de Cabeza
de Vide», Jornal de Coimbra, Lisboa, Na Impressão Régia. 1817, Num. LI, Parte I, f. 167
11
PIMENTA, op. cit.
12
idem. Sobre canalizações romanas em argila v.t. PONTE, Salete da [red.], Villa Rustica S.Pedro de
Caldelas-Tomar, Tomar, Centro de Estudos de Arte e Arqueologia, 1988
13
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Registo de Leis, Ordens, Alvarás, etc., 1803-1820, f. 206
14
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE, Livro de Registo de Leis, Ordens, Alvarás, etc., 1803-
1820, f. 206 v.º
15
PIMENTA, Francisco Xavier de Almeida, op. cit.
16
DIEZ DE VELASCO, Francisco. Termalismo e Religión. La sacralización del agua termal en la
Peninsula Ibérica y el norte de África en el mundo antiguo, [http://www.ull.es/proyectos/aguarel/libro3.htm],
Maio 2000
17
Para além das evidências arqueológicas dos sítios de São Pedro, da Horta da Torre e da Herdade de
Santo Cristo, comprovativas, as duas últimas, de aproveitamentos hidráulicos do período romano, convirá
ainda referir a hipótese adiantada por alguns autores segundo a qual uma lápide dedicada às Ninfas,
encontrada em Monforte, estaria, provavelmente, relacionada com as nascentes da Sulfúrea . cf.
Encarnação, José da. Inscrições Romanas do Convento Pacensis: subsídios para o estudo da
romanização, Coimbra, Instituto de Arqueologia da Faculdade de Letras, 1984, inscr. N.º 569
18
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE, Livro de Actas das Vereações, 1811-1812, f. 193 v.º
19
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE, Livro de Actas das Vereações,1811-1812, f. 204 v.º
20
Sobre as estruturas preexistentes v. CARNEIRO, op. cit.., p. 94 e ss.
21
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE, Livro de Actas das Vereações, 1822/23, f. 8
22
SALVADOR, Manuel Ferreira Tavares. Mappa Geral dos Enfermos, que no anno de 1822, concorreram
a fazer uso da ágoa medicinal sulfuria da villa de Cabeço de Vide[...],Lisboa, Na Nova Typografia Silviana,
anno de 1824, p. 5
23
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE, Livro de Actas das Vereações, 1820-1823, f. 90
24
CARTÓRIO NOTARIAL DE CABEÇO DE VIDE. 1.º ofício. Livro de Notas do tabelião José de Sousa
Gonçalves Leitão, 1816-1822, ff. 4vº. e ss. Escritura pela qual D. Ana Perpétua Coelho de Figueiredo da
Vila de Sabugosa por seu procurador o Major José Matias de Morais Moitoso desta vila, vende ao Doutor
Manuel Ferreira Tavares Salvador, Ouvidor da Alfândega de Lisboa uma tapada denominada da Fonte
Sulfúria sita nos subúrbios desta vila.
25
SALVADOR, Manoel Ferreira Tavares. Op. cit., p. 5
26
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro de Actas das Vereações, 1820-1823, f. 115 v.º
27
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro de Actas das Vereações, 1820-1823, f. 150
28
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro de Actas das Vereações, 1820-1823, f. 160 v.º
29
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro de Registo de Leis, Ordens, Alvarás, etc., f. 111
30
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro de Registo de Leis, Ordens, Alvarás, etc. f. 129 v.º
31
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro de Actas das Vereações, 1824-1830, f. 25
32
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro de Actas das Vereações, 1824-1830, f. 46
33
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro de Actas das Vereações, 1824-1830, f. 52
34
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro de Actas das Vereações, 1824-183, . f. 66
35
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro de Actas das Vereações, 1824-1830, f. 57
36
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro de Actas das Vereações, 1824-1830, f. 120
33
37
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro de Registo de Leis, Ordens, Alvarás, etc., 1818-
1834, f. 201
38
GOVERNO CIVIL DE PORTALEGRE. Correspondência expedida para diferentes autoridades, 1837-
1839, f. 316, Mç. 005
39
SERRAS, Augusto. Cabeço de Vide: vila: memórias de um povo de hoje e de ontem, 2ª ed., Cabeço de
Vide, Junta de Freguesia de Cabeço de Vide, 1997, p. 135. Na escritura de registo de manifesto das
nascentes da Sulfúria, exarada em 17 de Fevereiro de 1934, o instrumento de cedência da tapada da
Sulfúria à C. M. de Cabeço de Vide é referido com a data de 30 de Julho de 1839.
40
GOVERNO CIVIL DE PORTALEGRE, 1ª. Repartição, Correspondência com o Ministério do Reino,
1843-1844, of. 24, f. 87
41
GUEIFÃO, António de Oliveira. Memoria da Agua Mineral de Cabeço de Vide, Lisboa, Na Imprensa
Nacional, 1842; ASSUMPÇÂO, Francisco d´. «Noticia de Algumas Águas Minerais na Provincia do
Alentejo», Gazeta Médica, Lisboa, 1845; GUSMÂO, F. A. Rodrigues de. «Hidrologia de Cabeço de Vide»,
Gazeta Médica, Lisboa, 1846; LOPES, P. J. «Cabeço de Vide», Gazeta Médica, Lisboa, 1846.
42
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro da Receita e Despesa do Estabelecimento dos
Banhos desta villa de Cabeço de Vide, 1847-1854, f. 51 v.º
43
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro da Receita e Despesa do Estabelecimento dos
Banhos desta villa de Cabeço de Vide, 1847-1854. f. 36
44
GOVERNO CIVIL DE PORTALEGRE.Correspondência expedida para o Ministério do Reino,1862-1867,
f. 236 vº.
45
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro da Receita e Despesa do Estabelecimento dos
Banhos desta villa de Cabeço de Vide, 1847-1854. f. 55
46
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro da Receita e Despesa do Estabelecimento dos
Banhos desta villa de Cabeço de Vide, 1847-1854. f. 57
47
CÂMARA MUNICIPAL DE CABEÇO DE VIDE. Livro da Receita e Despesa do Estabelecimento dos
Banhos desta villa de Cabeço de Vide, 1847-1854. f. 58
48
SERRAS, Augusto, op. cit., p.142
49
CONSELHO ADMINISTRATIVO DO DISTRITO DE PORTALEGRE. Actas, 1854-1856, sessão nº. 47, f.
101
50
CARTÓRIO NOTARIAL DE CABEÇO DE VIDE. 3.º ofício. Livro de notas do tabelião Mariano Pedro
Garcia, 1853-1856, f.39 e ss. Escriptura de dívida de 400$000 reiz que a Juro de Ley, toma a Comissão e
Administradores do Estabelecimento dos Banhos sulfurios desta villa
51
CONSELHO ADMINISTRATIVO DO DISTRITO DE PORTALEGRE. Actas, 1854-1856, sessão nº. 57, f.
127
52
GOVERNO CIVIL DE PORTALEGRE. 1ª. Repartição. Correspondência expedida para autoridades
diferentes, 1846-1861, f. 110 vº. e ss.
53
SERRAS, Augusto, op. cit., p. 136
54
CONSELHO ADMINISTRATIVO DO DISTRITO DE PORTALEGRE. Actas, 1862-1867, f. 236 vº.
55
CÂMARA MUNICIPAL DE FRONTEIRA. Livro para registo dos manifestos de minas, nº 1, 1906-1942, f.
4 vº
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