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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS - ICJ


CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

Lídia Mariana Hage Chaves


Rodrigo Souza
Amanda Hadad
Rueverton Caetano
Elizandra Cardoso

POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO: uma análise das cotas


raciais

Belém
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2010

UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA


INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS - ICJ
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

Lídia Mariana Hage Chaves


Rodrigo Souza
Amanda Hadad
Rueverton Caetano
Elizandra Cardoso

POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO: uma análise das cotas


raciais

Texto Acadêmico apresentando a


disciplina Sociologia Geral e Jurídica, sob
a orientação da Profِª Alana da Mota
Salgado, como requisito parcial para
obtenção da nota da 2ª NI da turma 1
DIM-1 do curso de Direito da UNAMA.

Belém
2010
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A essência de toda vida espiritual e a


emoção que existe dentro de você, e a sua
atitude para com os outros. Se a sua
motivação é pura e sincera, todo o resto
vem por si. Você pode desenvolver essa
atitude correta para com seus
semelhantes baseando-se na bondade, no
amor, no respeito e sobretudo na clara
percepção da singularidade de cada ser
humano.

Dalai-Lama
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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO............................................................................................................
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2. POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO: uma análise das cotas

raciais..........................................................................................................................
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3. CONCLUSÃO ......................................................................................................

REFERÊNCIAS ........................................................................................................

APÊNDICES
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APRESENTAÇÃO

Esta atividade interdisciplinar é de grande relevância para o curso de


Direito, pois visa promover maior envolvimento entre as disciplinas do curso e
facilitar na divisão dos conteúdos envolvidos, possibilitando a observação, análise,
interpretação e discussão de diversos pontos de vista relacionados às disciplinas:
Introdução ao Estudo do Direito, História Social da Amazônia e Sociologia Geral e
jurídica.
Concluímos que é possível criar estratégias interdisciplinares para buscar
maior interesse dos alunos no primeiro semestre do curso de Direito.
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1.INTRODUÇÃO

Neste texto tem-se como objetivo inicial uma breve discussão a respeito
do processo de exclusão social e dentro desta perspectiva, tem-se a pretensão de
considerar o processo de inclusão/exclusão racial inserido na educação e tendo
uma análise sobre o sistema de cotas adotado no Brasil.

(Poe esse parágrafo dentro da introdução)


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2. POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO: uma análise das cotas


raciais

O Brasil vive uma crença de que todas as raças vivem em harmonia,


sem conflitos ou segregações (como aconteceu nos Estados Unidos e na África do
sul). Por isso grande parte da população brasileira não apóia a adoção de políticas
para afro descendestes. Entretanto os negros vêm sofrendo desde o inicio da
colonização de nosso país, já que eles eram trazidos de seus países de origem em
navios em condições desumanas, para aqui servirem de mão de obra, geralmente,
para os grandes latifundiários (isso quando não morriam nas longas viagens vítimas
de doenças, fomes e maus tratos) que obrigavam os negros há trabalharem várias
horas por dia. A cada ano o Brasil importava cada vez mais escravos oriundos da
áfrica para trabalharem no país, com isso houve uma miscigenação da população, o
governo preocupado com essa miscigenação resolveu criar uma política de
“embranquecimento” da população brasileira atraindo imigrantes europeus para o
país. Depois de anos de escravidão, finalmente, no ano de 1888 é assinada a lei de
abolição da escravatura. Contudo a abolição da escravidão não alterou as condições
sociais dos ex-escravos, pois, na maioria dos casos, continuaram na pobreza, sem
acesso as escolas e sendo discriminados, já que os postos de trabalhos que lhe
eram de direito foram ocupados pelos europeus, numa clara tentativa de
“embranquecimento” do Brasil. O estado brasileiro autor e grande beneficiário da
escravidão não indenizou nenhuma vitima dessa barbárie.
Os negros que se encontraram dentro de uma categoria discriminada da
população ao longo da história do Brasil, enfrentaram enormes dificuldades para
conseguirem se inserir na sociedade e desde então, muitas lutas foram travadas
para que ocorresse a inserção do negro na sociedade e uma dessas lutas é o direito
à educação. Para que haja uma possibilidade ao acesso de negros à universidades
públicas, foi criado o sistema de cotas.
Podemos entender o sistema de cotas como uma medida do governo
para aumentar a reserva de vagas para alguns segmentos da sociedade nas
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universidades privadas ou particulares. Em qualquer sociedade, nos dias atuais,


existe uma meta para atenuar a desigualdade social existente entre determinados
grupos que estão à margem da sociedade. Isto é visto como uma forma de inclusão
social, pois existem grandes disparidades com relação à esses grupos
marginalizados.Esta é a política de cotas.
O conceito de cotas se aplica aos grupos excluídos como étnicos ou
“raciais”, imigrantes, deficientes físicos, classes sociais e etc. A justificativa para o
sistema de cotas é que por algum motivo histórico, essas pessoas foram
discriminadas e por isso têm maior dificuldade para entrar no mercado de trabalho e
se socializar com os demais grupos por isso é considerada uma ação afirmativa. (As
ações afirmativas visam combater os efeitos acumulados em virtude das
discriminações ocorridas no passado.)
De acordo com o art. 205 da constituição federal, “A educação, direito de
todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Este artigo
mostra que além de a educação ser um direito de todos, existem condições para que
os objetivos pessoais sejam alcançados, estes são: o pleno desenvolvimento da
pessoa, o preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho.
Esses objetivos os negros buscam atingir com a ajuda da sistemática de cotas, pois
a lei diz que todos estão incluídos na educação, mas eles ainda não estão em um
plano de igualdade com o restante da população.
“Pesquisas na área educacional apontam que um terço dos brasileiros
freqüentam diariamente a escola (professores e alunos). São mais de 2,5 milhões de
professores e 57 milhões de estudantes matriculados em todos os níveis de ensino.”
Este dado indica que a educação brasileira está progredindo
paulatinamente, porém ainda não é suficiente, apesar de pesquisas do IBGE
mostrarem uma queda no índice de analfabetismo no país, isto ainda é muito
presente. (Ver no apêndice A)*****
Com relação às cotas, surge a questão se o ensino fundamental e
médio de escolas públicas no país fossem realmente bons que pudessem ser
equiparados ao particular e todos pudessem usufruir deles, seria necessária uma
política de cotas? Já que o governo não dá uma assistência à educação básica e
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pública existe necessidade de se criar políticas como a de cotas para vedar essa
lacuna existente em nosso país.
Esta é uma questão já política, pois podemos supor que são uma forma
do governo esconder o problema educacional do país oferecendo cotas as classes
menos favorecidas.
Essa medida para muitos é uma forma de discriminação para com os
estudantes negros, carentes, indígenas, brancos e pardos, pois segundo o artigo 5º
da Constituição Federal Brasileira; “Todos somos iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade”.
Entretanto, é preciso criar métodos para que esta igualdade realmente aconteça.
O sistema de cotas é muito polêmico devido às questões que surgem
em torno dele, uma vez que as opiniões divergem. Este é um assunto bastante
discutido academicamente, embora o intuito seja ter um consenso para diminuir a
desigualdade social.
Uma das controvérsias é como saber quem está incluído nas cotas.
Geralmente são os negros, ou pardos que se declaram negros, porém existem
grupos que se mobilizam contra. Contudo, o sistema de cotas não abre vagas
apenas para negros, pois apenas para aqueles que se auto afirmarem negros e de
escolas públicas podem entrar no sistema, ou seja, a questão está ligada mais à
educação pública que não tem condições suficientes de competir com alunos de
escolas particulares, mostrando assim, o governo “assinando um atestado” de não
ter investido o necessário na educação pública.
O primeiro passo dado para o inicio de uma “compensação” com o
objetivo de acabar com as desigualdades sociais existentes no Brasil foi à ratificação
da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial, onde tratavam da questão da necessidade de se adotar
medidas para a ascensão de certos grupos sociais ou étnicos. Uma dessas ações foi
a polêmica política das cotas para negros, já citada acima, nas universidades
publicas de nosso país. Esta ação está baseada nos dados do IBGE que indicam
que os negros são desprivilegiados quando o assunto é educação, pois os negros
têm em media 2,2 anos a menos de escolaridade em comparação aos brancos,
mesmo sendo a maioria da população (cerca de 50,6%). Um fato que ratifica a
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desigualdade entre as raças é que, dos 53 milhões de brasileiros que vivem na


pobreza, 63% são negros.
Apesar das cotas não estarem inseridas na constituição federal, elas
estão implicitamente "respaldadas" pelos seus artigos, entre eles o Art. 5° que diz:
Todos são iguais perante a lei [...]. Devem-se tornar todos os brasileiros iguais não
se restringindo apenas as leis, e sim nas oportunidades. Já que a educação é um
direito de todos como diz o Art. 205 da constituição federal podemos analisar o Art.
206, I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; que diz
respeito aos princípios que devem ser seguidos nessa educação.
Mas como podemos tratar todos iguais se alguns são "mais iguais" que
outros? Para isso devem-se sanar as desigualdades com desigualdades, não ferindo
os direitos do resto da população, e sim, retirando prerrogativas de alguns.
No âmbito da sociologia, as cotas raciais não são somente reformas ou
medidas de emergência que buscam melhorar a sociedade capitalista, mas também
fazem parte de um compromisso com a igualdade social, visto que as cotas são
criadas para aproximar as condições das diferentes classes sociais, no caso do
negro, que a maioria é de baixa renda devido sua ancestralidade nos
acontecimentos históricos, no qual a maioria dos escravos no Brasil era negra. Karl
Marx percebia que os homens eram, ao mesmo tempo, iguais e desiguais. Ele
entendia que a sociedade era diversa, ou seja, os homens tinham objetivos
diferentes, porém as necessidades eram iguais, os direitos e garantias deveriam ser
iguais. A sociologia elevou o direito ao trabalho, à moradia, educação, transporte,
lazer como direitos fundamentais da vida civilizada e onde ao longo da história,
devem valer a pena lutar.
Quando os ex escravos deixaram de ver o trabalho como algo que os
castigasse, e passasse a ver como uma necessidade, algo prazeroso e um
comprometimento com a nação, foi difícil implementá-los no mercado de trabalho
devido sua baixa escolaridade, visto que tinham pouca oportunidade pelo
preconceito de terem sido escravos. As cotas raciais buscam favorecer essa
população e seus descendentes a ingressarem na faculdade, onde se dá o primeiro
passo para a formação de nível superior, uma vez que a educação é direito a todos,
em compensação aos seus direitos que foram negados naquela época. Os que
tiveram melhores condições de preparação para o vestibular, logo não estariam num
plano de igualdade com os de renda menor, pois seriam privilegiados devido à
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oportunidade de seus acessos e seus níveis sociais que lhes permitia serem mais
instruídos. As cotas possuem papel importante na sociedade capitalista Brasileira,
pois é um país marcado pela herança da escravidão negra, onde os negros foram a
parcela mais explorada e os que realizaram os trabalhos mais mal remunerados.
Marx buscava criar propostas imediatas e viáveis para os problemas do
momento a respeito das medidas educacionais adequadas de sua época. Tendo em
vista o Brasil, o processo de reprodução de desigualdade entre as classes do
pensador Karl Marx é associado ao processo de representação da desigualdade
entre as raças.
Do ângulo do marxismo, não devemos partir dos próprios indivíduos vivos
e reais para pensar nas relações sociais do Brasil, deve-se analisar os interesses
em comum na sociedade. As cotas para alunos negros nas universidades compõem
medidas práticas e efetivas que levam o fim das desigualdades raciais na sociedade
brasileira.
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3.CONCLUSÃO

Concluímos que o sistema de cotas surgiu com base de uma “dívida” que
o Brasil entende ter com os negros pela história de escravidão e preconceito que foi
apresentado contra eles. Entretanto, existe por trás uma forma de esconder a
grande deficiência da escola pública usando esse sistema. A importância desse
tema para o curso de direito está com base nos grandes debates que surgem na
sociedade, que gera conflitos contra e a favor, e acaba gerando conceitos
diversificados que, para os estudantes, é uma forma de conhecer melhor o tema
proposto e formar opiniões mais embasadas na realidade.

A conclusão não ta completa, tentem colocar mais coisas.

REFERÊNCIAS
Cláudio Souto e Joaquim Falcão. Sociologia e Direito 2ª Edução Editora
Pioneira. São Paulo. 1999
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LOPES, José Reinaldo de Lima, 2ª Edição. Edutora Max Limonad, 2002, São
Paulo.

APÊNDICE A – Tabela de cor na Universidade : Número de formandos por


cor/2000, em % *

BRANCOS PRETOS PARDOS


CURSOS
Administração 83,3 1,6 10,9
Direito 84,1 2,0 10,8
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Engenharia Civil 81,2 1,8 12,4


Engenharia
82,8 1,8 11,0
Química
Medicina
84,9 1,1 9,5
Veterinária
Odontologia 85,8 0,7 8,4
Matemática 73,4 3,5 20,0
Jornalismo 81,5 2,9 11,5
Letras 70,9 3,9 21,6
Engenharia
79,8 1,5 12,0
Elétrica
Engenharia
81,0 1,9 11,6
Mecânica
Medicina 81,6 1,0 12,3
Economia 77,9 2,9 15,7
Física 72,8 3,5 18,5
Química 75,0 3,6 17,9
Biologia 74,9 2,5 19,2
Agronomia 83,3 1,6 11,8
*Fonte/INEP, dados dos questionários dos formando no Provão 2000 e
elaborados pelo DIEESE.

APÊNDICE B – Ilustrações da pesquisa de campo realizada nas dependências da


escola......

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