You are on page 1of 6

Direitos e Garantias Fundamentais na Constituição Federal de 1988

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

A Constituição Federal de 1988, em virtude de diversos acontecimentos históricos, sejam locais ou


internacionais, estatuiu um rol de Direitos e Garantias Fundamentais, compreendido do artigo 5º ao 17.

Sendo Lei Suprema do "Estado Constitucional de Direito", a Constituição vincula governantes e


governados, garantindo aos mesmos uma série de direitos e garantias com base no Princípio da
Tripartição de Poderes.

Desta feita, para que seja possível dar continuidade às breves e singelas considerações presentes neste
texto, é medida de rigor a diferenciação entre garantias e direitos.

1. Das Garantias Fundamentais

Segundo o Professor Paulo Bonavides, em sua obra "Curso de Direito Constitucional", as garantias
constitucionais podem ser tanto da Constituição (acepção lata), como serem "garantias dos direitos
subjetivos expressos ou outorgados na Carta Magna, portanto, remédios jurisdicionais eficazes para a
salvaguarda desses direitos (acepção estrita)."

As garantias constitucionais na acepção lata dizem respeito à manutenção da eficácia e proteção da


ordem constitucional contra fatores que possam colocá-la em risco, por exemplo, situações de crises do
sistema político.

Por outro lado, as garantias constitucionais em acepção estrita, buscam proteger de forma direta ou
indireta os direitos fundamentais - subjetivos através de remédios jurisdicionais hábeis a combater a
violação de direitos fundamentais.

É de importante ressalte, ainda, a existência das Garantias Institucionais, modalidade autônoma


protetiva, assim caracterizada modernamente pelo jurista alemão Carl Schimitt. Este ramo de garantias
confere proteção constitucional a algumas instituições reconhecidas como fundamentais pela sociedade,
bem como a certos direitos fundamentais de caráter institucional.

A aplicação exclusiva deste preceito ou mesmo dos anteriores à definição de garantias constitucionais é
extremamente limitada, razão pela qual há necessidade de redefinição dos conceitos dados às garantias
fundamentais (anteriormente explanados), acrescendo-se ao mesmo a definição de garantias
institucionais. Neste sentido, observa-se que garantia constitucional é um meio disciplinador e de tutela
do exercício dos direitos fundamentais, e ao mesmo tempo, de proteção adequada às instituições
existentes no Estado, dentro dos limites constitucionais.

2. Dos Direitos Fundamentais

Os direitos fundamentais, consagrados pela Constituição Federal de 1988, são direitos assegurados ao
cidadão tanto em sociedade quanto isoladamente em oposição à discricionariedade estatal ou outros
atos temerários praticados por terceiros.

Verifica-se, portanto, que enquanto as garantias são "instrumentos" da efetivação dos direitos
fundamentais e eminentemente assecuratórias, não estando necessariamente expressas no Texto
Constitucional, os direitos fundamentais, propriamente ditos, constam expressamente da Carta Magna, o
que confere aos mesmos, caráter declaratório.

Os direitos fundamentais possuem caráter de "norma constitucional", mercê de sua positivação na Lei
Maior. São direitos fundamentais na medida em que estão insertos no Texto Constitucional, tendo
passado por declaração do Poder Constituinte para tanto, com fundamento no Princípio da Soberania
Popular. A priori, tais direitos possuem eficácia e aplicabilidade imediata, situação que pode ser
mitigada conforme os critérios de razoabilidade e proporcionalidade previstos na lei ou a serem
arbitrados em determinado caso concreto.
São características dos direitos fundamentais: historicidade, inalienabilidade, imprescritibilidade,
irrenunciabilidade, inviolabilidade, universalidade, concorrência, efetividade, interdependência e
complementaridade.

A historicidade dos direitos fundamentais diz respeito ao seu nascimento, modificação e


desaparecimento no tempo, mercê dos acontecimentos históricos.

A inalienabilidade dos direitos fundamentais é caracterizada pela impossibilidade de negociação dos


mesmos, tendo em vista não possuírem conteúdo patrimonial.

São imprescritíveis os direitos fundamentais, na medida em que podem ser exercidos ou reclamados a
qualquer tempo, não havendo lapso temporal que limite sua exigibilidade.

A irrenunciabilidade dos direitos fundamentais, significa que mesmo não sendo tais prerrogativas
exercidas, o cidadão não pode renunciar às mesmas.

Os direitos fundamentais são invioláveis, enquanto não podem ser desrespeitados por qualquer
autoridade ou lei infraconstitucional, sob pena de ilícito civil, penal ou administrativo.

A universalidade é caracterizada pela disposição dos direitos fundamentais a todo ser humano, com
plena observância ao Princípio da Isonomia.

Os direitos fundamentais podem ser exercidos ao mesmo tempo, ainda que em um caso concreto um se
contraponha ao outro. Neste caso, aplicar-se-á critérios de proporcionalidade e razoabilidade,
configurando-se o que se chama de "cedência recíproca".

A efetividade dos direitos fundamentais é assegurada pelos meios coercitivos dos quais dispõe o Estado
para garantir a possibilidade de exercício das prerrogativas constitucionais ora aventadas.

A interdependência diz respeito à relação harmônica que deve existir entre normas constitucionais e
infraconstitucionais com os direitos fundamentais, devendo as primeiras zelar pelo alcance dos objetivos
previstos nos segundos.

Por fim, a complementaridade, refere-se à interpretação conjunta dos direitos fundamentais,


objetivando sua realização de forma absoluta.

2.1. Da Divisão Doutrinária dos Direitos Fundamentais

Os direitos fundamentais são doutrinariamente divididos em quatro categorias, sendo elas: direitos
fundamentais de primeira, segunda, terceira e quarta geração.

Os direitos de primeira geração, são os direitos de liberdade, no que tange aos direitos civis e políticos.
De titularidade individual, são oponíveis ao Estado, demonstrando caráter antiestatal. Neste diapasão,
observa-se que de fato há uma separação entre Sociedade e Estado, ficando a faculdade
intervencionista do segundo limitada de modo a não atingir as liberdades abstratas de cada indivíduo.

Os direitos fundamentais de segunda geração são os direitos sociais, culturais, econômicos e coletivos,
tendo estrita relação com o Princípio da Igualdade, porquanto trazem em seu bojo a proteção da
isonomia entre os cidadãos através das normas Constitucionais. Prima-se, portanto, pela proteção da
igualdade material.

Enquanto as categorias anteriores demonstram estrita relação com a individualidade (em especial os
direitos fundamentais de primeira geração), os direitos de terceira geração privilegiam em grande
escala a sociedade como um todo. Assentados sobre a idéia de fraternidade, tais direitos podem ser
subdivididos em cinco grupos, quais sejam: o direito ao desenvolvimento, o direito à paz, o direito ao
meio ambiente, o direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e o direito de
comunicação.

Por fim, os direitos de quarta geração abarcam a democracia, o direito à informação, auto-
determinação dos povos e ao pluralismo. Com nascedouro na globalização política, tais direitos
configuram a fase mais moderna da Institucionalização do Estado Social, visando preparar o cidadão
para uma participação social mais ativa, legitimando-o a tomar parte no sistema democrático.

3. Considerações Finais

Conclusivamente, é de importante ressalte o fato de existir plena relação entre a situação política-
econômica de um país, a efetividade de seu sistema legal e das garantias nele previstas.

Em termos de Brasil, um país periférico, caracterizado pelas grandes desigualdades sociais e,


conseqüentemente, pela carência de condições econômicas para suprir as necessidades dos cidadãos,
em que pese a Constituição Federal veementemente garantista estar às vésperas de completar 20 anos
de vigência, observa-se uma grande dificuldade na efetivação dos direitos fundamentais, apesar
existirem princípios norteadores bastante consolidados para tanto. Desta feita, há evidente
descompasso entre o plano fático do "ser" e o plano normativo do "dever ser".

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

Livros:

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 15. ed. São Paulo: Malheiros, 2004.

CANOTILHO, J.J. Gomes. Direito Constitucional. 6. ed. Coimbra: Almedina, 1993.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 28. ed. São Paulo: Malheiros, 1992.

BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal Anotada. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.

Artigo:

LIMA, Flávia Danielle Santiago. Em busca da Efetividade dos Direitos Sociais Prestacionais. in Revista Jus
Navigandi, 2001.

Legislação:

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.

Currículo do articulista:

Acadêmica de Direito, cursando o 6º período no Centro Universitário Curitiba (PR), estagiária de esc

conhecida tabem como magna carta é a suprema lei do estado brasileiro da qual
nemhuma lei ou código está acima
criada após a ditadura estabelece os direitos e deveres de todos os cidadões brasileiros, e
a formação de nosso governo

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é a lei fundamental e suprema


do Brasil, servindo de parâmetro de validade a todas as demais espécies normativas,
situando-se no topo da pirâmide normativa. É a sétima a reger o Brasil desde a sua
Independência


Para demonstrar a mudança que estava havendo no sistema governamental
brasileiro, que saíra de um regime autoritário recentemente, a Carta Magna de
1988 qualificou como crimes inafiançáveis a tortura e as ações armadas contra o
estado democrático e a ordem constitucional, criando assim dispositivos
constitucionais para bloquear golpes de quaisquer natureza.
Com a nova constituição, o direito maior de um cidadão que vive em uma
democracia foi conquistado: foi determinada a eleição direta para os cargos de
Presidente da República, Governador de Estado (e do Distrito Federal), Prefeito,
Deputado (Federal, Estadual e Distrital), Senador e Vereador. A nova
Constituição também previu uma maior responsabilidade fiscal. Ela ainda
ampliou os poderes do Congresso Nacional, tornando o Brasil um país mais
democrático.
Pela primeira vez uma Constituição brasileira define a função social da
propriedade privada urbana, prevendo a existência de instrumentos urbanísticos
que, interferindo no direito de propriedade (que a partir de agora não mais seria
considerado inviolável), teriam por objetivo romper com a lógica da especulação
imobiliária. A definição e regulamentação de tais instrumentos, porém, deu-se
apenas com a promulgação do Estatuto da Cidade em 2001.
A Constituição de 1988 está dividida em 10 títulos (o preâmbulo não conta
como título). As temáticas de cada título são:
Preâmbulo - introduz o texto constitucional. De acordo com a doutrina
majoritária, o preâmbulo não possui força de lei.
Princípios Fundamentais - anuncia sob quais princípios será dirigida a República
Federativa do Brasil.
Direitos e Garantias Individuais - elenca uma série de direitos e garantias
individuais, coletivos, sociais, de nacionalidade e políticos. As garantias ali
inseridas (muitas delas inexistentes em Constituições anteriores) representaram
um marco na história brasileira.
Organização do Estado - define o pacto federativo, alinhavando as atribuições de
cada ente federativo (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Também
define situações excepcionais de intervenção nos entes federativos, além de
versar sobre administração pública e servidores públicos.
Organização dos Poderes - define a organização e atribuições de cada poder
(Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário), bem como de seus
agentes envolvidos. Também define os processos legislativos (inclusive para
emendar a Constituição).
Defesa do Estado e das Instituições - trata do Estado de Defesa, Estado de Sítio,
das Forças Armadas e das Polícias.
Tributação e Orçamento - define limitações ao poder de tributar do Estado,
organiza o sistema tributário e esmiuça os tipos de tributos e a quem cabe cobrá-
los. Trata ainda da repartição das receitas e de normas para a elaboração do
orçamento público.
Ordem Econômica e Financeira - regula a atividade econômica e também
eventuais intervenções do Estado na economia. Discorre ainda sobre as normas
de política urbana, política agrícola e política fundiária.
Ordem Social - trata da Seguridade Social (incluindo Previdência Social),
Saúde, Assistência Social, Educação, Cultura, Desporto, Meios de Comunicação
Social, Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Família, além de dar atenção
especial aos seguintes segmentos: crianças, jovens, idosos e populações
indígenas.
Disposições Gerais - artigos esparsos versando sobre temáticas variadas e que
não foram inseridas em outros títulos em geral por tratarem de assuntos muito
específicos.
Disposições Transitórias - faz a transição entre a Constituição anterior e a nova.
Também estão incluídos dispositivos de duração determinada.

Rigidez
- a Constituição exige um processo legislativo mais elaborado, consensual e
solene para a elaboração de emendas constitucionais de que o processo comum
exigido para todas as demais espécies normativas.
O artigo 60 da constituição estabelece as regras que regem o processo de criação
e aprovação de emendas constitucionais. Uma emenda pode ser proposta pelo
Congresso Federal (um terço da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal),
pelo Presidente da República ou pela maioria das assembléias dos governos
estaduais. Uma emenda é aprovada somente se uma maioria absoluta (três
quintos) da Câmara dos Deputados e Senado Federal aprovarem a proposta.
As emendas constitucionais devem ser elaboradas respeitando certas limitações.
Há limitações materiais (conhecidas como cláusulas pétreas, art. 60, §4º),
limitações circunstanciais (art.60, §1º), limitações formais ou procedimentais
(art. 60, I, II, III, §3º), e ainda há uma forma definida de deliberação (art. 60,
§2º) e promulgação (art. 60, §3º).
Implicitamente considera-se que o art. 60 da CF/88 é irreformável pois
alterações no art. 60 permitiriam uma revisão completa da Constituição. Nos
casos não abordados pelo art. 60 é possível propor emendas. Os órgãos
competentes para submeter emendas são: a Câmara dos Deputados, o Senado
Federal, o Presidente da República e de mais da metade das Assembléias
Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela
maioria relativa de seus membros.
A emenda constitucional de revisão, conforme o art 3º da ADCT (Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias), além de possuir implicitamente as
mesmas limitações materiais e circunstanciais, e os mesmos sujeitos legitimados
que o procedimento comum de emenda constitucional, também possuía
limitação temporal - apenas uma revisão constitucional foi prevista, 5 anos após
a promulgação, sendo realizada em 1993. No entanto, ao contrário das emendas
comuns, ela tinha um procedimento de deliberação parlamentar mais simples
para reformar o texto constitucional pela maioria absoluta dos parlamentares, em
sessão unicameral e promulgação dada pela Mesa do Congresso Nacional.
A Constituição brasileira já sofreu 61 reformas em seu texto original, sendo 55
emendas constitucionais e 6 emendas constitucionais de revisão. A única revisão
constitucional geral prevista pela Lei Fundamental brasileira aconteceu em 5 de
Outubro de 1993.
A Constituição de 1988 incluiu dentre outros direitos, ações e garantias, os
denominados "Remédios Constitucionais". Por Remédios Constitucionais
entende-se as garantias constitucionais, ou seja, instrumentos jurídicos para
tornar efetivo o exercício dos direitos constitucionais.
Os Rémédios Constitucionais previstos no art. 5º da CF/88 são:
Habeas Data - sua finalidade é garantir ao particular o acesso informações que
dizem ao seu respeito constantes do registro de banco de dados de entidades
governamentais ou de caráter público ou correção destes dados, quando o
particular não preferir fazer por processo sigiloso, administrativo ou judicial (art.
5º, LXXII, da CF).
Ação Popular - objetiva anular ato lesivo ao patrimônio público e punir seus
responsáveis art. 5º, LXXIII, da CF e Lei n.º 4.171/65).
Habeas Corpus - instrumento tradicionalíssimo de garantia de direito, assegura a
reparação ou prevenção do direito de ir e vir, constrangido por ilegalidade ou
por abuso de poder (art. 5º, LXVIII, da CF).
Mandado de Segurança - usado de modo individual (art. 5º, LXIX, da CF). Tem
por fim proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data.
Mandado de Segurança Coletivo - usado de modo coletivo (art. 5º, LXX, da
CF). Tem por finalidade proteger o direito de partidos políticos, organismos
sindicais, entidades de classe e associação legalmente constituídas em defesa dos
interesses de seus membros ou associados.
Mandado de Injunção - usado para viabilizar o exercício de um direito
constitucionalmente previsto e que depende de regulamentação (art. 5º, LXXI,
da CF).
Entre outros elementos inovadores, esta Constituição destaca-se das demais na
medida em que pela primeira vez estabelece um capítulo sobre política urbana,
expresso nos artigos 182 e 183. Até então, nenhuma outra Constituição definia o
município como ente federativo: a partir desta, o município passava
efetivamente a constituir uma das esferas de poder e a ela era dada uma
autonomia e atribuições inéditas até então.
Com isso Constituição de 1988 favoreceu os Estados e Municípios, transferindo-
lhes a maior parte dos recursos, porém sem a correspondente transferência de
encargos e responsabilidades. O Governo Federal co
o

You might also like