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Relatório Estrutura e Dinâmica Social:

Escola de Periferia

Discentes:
Amanda Ribeiro Rios
Fernanda Silva Guizi
Fernando Henrique Gomes Zucatelli
Juliana Marin Pedro
Leonardo Marques
Matheus Ferreira Moreira
Roberto Denin Liu
Rodrigo Jacinto do Vale

Profº Dr. Marcos Vinícius Pó

Santo André, Maio 2010


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................2
1.1. Fundamentação teórica.................................................................................................2
2. OBJETIVO .........................................................................................................................4
3. METODOLOGIA...............................................................................................................4
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................................5
4.1. Visita ............................................................................................................................5
4.2. SARESP .....................................................................................................................10
4.2.1. Indicadores da escola. SARESP, IDESP. .........................................................10
5. CONCLUSÃO..................................................................................................................16
6. REFÊRENCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................................18
7. ANEXO ............................................................................................................................19
7.1. Anexo 1 – Formulário de pesquisa usado como referência........................................19
2

1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho se propõe a tentar responder a seguinte questão de âmbito
social:

Por quais razões a escola de periferia é considerada ruim pela sociedade?

Para formulação de tal resposta foram consideradas as observações da


visitação de pesquisa feita pelo grupo de autores do trabalho a uma instituição de
ensino fundamental da rede pública situada na periferia da Zona Leste de São Paulo
a qual se constituiu um microcosmo fidedigno do objeto tratado na questão central.
Os resultados dessa análise abrangeram aspectos relevantes para a
caracterização do ambiente escolar periferia como: infra-estrutura local, problemas
enfrentados pelos professores no exercício do ensino, relacionamento entre alunos
professores e demais funcionários, comportamento estudantil em horário de aula,
características da região e comunidade local onde a escola está estabelecida.
Além dos resultados apontados, também foram levados em conta alguns
conceitos de estudos sobre regiões de subúrbios e educação como também índices
de aproveitamento escolar provenientes de avaliações periódicas feitas pelo
Governo do Estado de São Paulo (SARESP) e uma matéria com o tema “Escola de
Periferia” feita pelo programa televisivo “Profissão Repórter” transmitido emissora
Rede Globo.

1.1. Fundamentação teórica


A principio o ser humano não é humano por si só, pelo contrário, ele se torna
humano pelo processo de socialização que consiste na convivência com outros
seres humanos sob uma constante aprendizagem de regras, conhecimentos e
atividades peculiares da sociedade que garantindo sua integração a esta [1].
Dois principais agentes socializadores de nossa sociedade são a escola e a
família, que transmitem aos indivíduos um patrimônio cultural para inseri-los em
determinado contexto social e época histórica [1].
A escola é representante de um tipo de educação formal e sistemática, ela
acumula em seu ambiente profissionais especializados para a realização do
processo educativo com um planejamento preestabelecido [1]. É função da instituição
3

escolar disciplinar e transmitir ao individuo a herança cultural da sociedade para que


este possa ser favoravelmente integrado exercendo sua cidadania [1].
De certa forma a educação também está ligada ao desenvolvimento humano e
econômico de um país na medida em que ela gera conhecimento, promove a
difusão de cultura, cria tecnologia, capacita especialistas para o mercado de
trabalho, movimentando a engrenagem do capital além estabelecer gradativamente
o bem – estar social para todos [2].
Contudo o desenvolvimento social e econômico e a integração plena a
sociedade do individuo só serão efetivas se a educação fornecida tiver qualidade [3].
O conceito de periferia geralmente é utilizado para designar áreas próximas
regiões limítrofes de metrópoles sendo estas caracterizadas pela presença de
graves problemas social-urbanos [4, 5].
As áreas periféricas urbanas foram formadas pelo constante fluxo migratório de
trabalhadores rurais compelidos a deixar sua terra devido a crescente mecanização
agrícola e a atração de emprego nos centros urbanos industrializados. Esses
trabalhadores se fixaram nas áreas periféricas dos centros urbanos sub-valorizadas
economicamente [4].
Mesmo com o passar das décadas estas regiões não evoluíram muito em
termos de desenvolvimento econômico e de infra-estrutura, diferentemente da região
central da cidade, tornaram-se áreas sub-urbanizadas agregando a si deficiências e
carências em serviços básicos como: meio transporte, saúde, educação, distribuição
de energia elétrica, saneamento básico, entre outros [4].
Essas regiões continuaram a ser expandir com a constante vinda de indivíduos
atraídos pela proposta de emprego na metrópole, entretanto, grande parte desse
contingente não foi absorvido pelo mercado de trabalho o qual passou a exigir uma
maior capacitação da mão-de-obra. Isto levou a uma concentração massiva de
subempregos e desempregados nas periferias [4].
O descaso das autoridades governamentais somadas as dificuldades de
emprego presentes nos subúrbios deu espaço para a acentuada incidência da
violência, miséria e narcotráfico [4].
Diante de tal cenário, encontramos uma população sem muitas perspectivas de
evolução social desmotivada do exercício de sua cidadania e centrada na aquisição
de meios para a subsistência seja por meio do exercício de profissões licitas de
4

baixa remuneração e qualificação ou por meios ilícitos envolvendo o comércio ilegal,


o tráfico de drogas e a violência [4].
Uma reportagem do programa televisivo “Profissão Repórter” (dirigido pelo
repórter Caco Barcelos e apresentado pela emissora Rede Globo) intitulada de
“Escola de Periferia”, visitou uma escola pública de ensino médio da periferia da
Zona Leste de São Paulo retratando o estado precário da infra-estrutura da
instituição de ensino, o desinteresse na aprendizagem, a dificuldade da maioria dos
alunos durante as aulas e as situações vividas pelos mesmos: casos de gravidez na
adolescência, alcoolismo e drogas dentro da família, pobreza, emprego em período
integral para contribuir com a baixa renda da família. Também foram mostrados os
problemas enfrentados pelos professores na atividade do ensino [6].
Portanto, dada a caracterização de periferia, espera-se que as instituições de
educação pública situada nesta região sejam deficitárias em termos de ensino e
infra-estrutura, recebendo desta forma uma conotação negativa pela sociedade dado
o estado de marginalização do local onde as instituições de ensino estão situadas
que contribuem para um ensino de má qualidade.

2. OBJETIVO
Fazer a observação de um fato social, no caso uma escola de periferia,
analisando as situações observadas tendo como base a fundamentação teórica, a
fim de responder a seguinte questão: Por quais razões a escola de periferia é
considerada ruim pela sociedade?

3. METODOLOGIA
Os métodos aplicados durante a visitação à escola pública consistiram na
observação de infra-estrutura do recinto escolar e do relacionamento entre os
indivíduos que utilizam ou trabalham na instituição.
Alguns exemplos das características de infra-estrutura observadas foram as
condições do prédio que abriga a escola, a existência de meios de acesso a
portadores com necessidades especiais, a existência de materiais pedagógicos
(livros, brinquedos, recursos multimídia), limpeza local, entre outros detalhes.
O relacionamento dos participantes do processo educacional, ou seja, alunos,
professores, e inspetores foram visto sob a ótica de uma análise comportamental de
5

cada um dos indivíduos indicados em determinadas ocasiões do período letivo:


entrada e saída, horário de aula e recreio.
A visitação também incluiu entrevistas, em uma forma mais informal e natural,
mas tendo algumas perguntas pré-estabelecidas como foco, com funcionários da
instituição cujos depoimentos descreveram o cotidiano individual.
Todas as observações apontadas visaram encontrar elementos que pudessem
justificar a afirmação da questão central acerca das escolas de periferia.
Uma cópia do questionário de pesquisa utilizado durante a visitação segue em
anexo ao final deste documento (Seção 7.1).
Os resultados obtidos com a visitação foram refletidos juntamente com as
considerações sobre educação e periferia tratadas na fundamentação teórica de
forma a sintetizar conclusões que auxiliaram na elaboração da resposta para a
questão central.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Visita
Inicialmente, eis um panorama sobre a infra-estrutura da escola.
O prédio no qual a instituição de ensino está alocada dispõe de estrutura
mínima suficiente para abrigar a escola. Porém, uma das salas de aula possui
infiltração no teto, obrigando a turma a ter aula na sala de informática, que não
possui nenhum microcomputador.
A escola inteira possui desenhos dos personagens da Turma da Mônica pelos
corredores e quadra. Na sala de informática estavam sendo guardados os recém-
chegados livros novos, de todas as matérias (língua portuguesa, alfabetização,
matemática, geografia, história e ciências sociais). No entanto, em uma das
conversas com as professoras, uma delas comentou sobre ter reutilizado os livros
do ano anterior após ela própria ter apagado as respostas dos alunos e encapado os
livros.
Não há uma biblioteca na escola, desse modo os livros são mantidos nas salas
de aula, sendo que os alunos podem pegá-los durante a aula ou ao terminarem suas
atividades.
Todas as salas de aula possuem seu próprio armário com materiais usados em
aula. Elas são decoradas com as letras do alfabeto e números, tabuadas, mapas do
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sistema solar, kits de “letrinhas” para as aulas de alfabetização, além de tabelas com
os fonemas básicos e atividade de recorte e cole de letras, essenciais para a
compreensão de como as letras se juntam para formar as palavras.
É compreensível que a prioridade na educação das crianças seja a
alfabetização e o ensino da matemática, mas não se pode desprezar a necessidade
de algum tipo de educação digital para os alunos das 3ª e 4ª séries (9 e 10 anos),
afinal, sabe-se que o uso de computadores nas diversas atividades da sociedade é
tão comum quanto o da escrita ou da fala. Entretanto, deve-se dizer que a secretaria
possui computadores novos e em boa conservação para suas atividades.
A limpeza do local é realizada regularmente sendo esta muito bem feita pelos
funcionários responsáveis pela faxina da escola. O local como um todo é muito bem
higienizado a se destacar os banheiros.
Há uma quadra esportiva para as aulas de educação física, porém, nota-se que
ela não possui certos padrões seguros para a execução de alguma brincadeira ou
esporte. Mesmo que a quadra e os materiais esportivos não estejam em excelente
quadro de conservação, é possível a realização de atividades esportivas e
recreativas. Foi relatada por uma funcionária que é comum a utilização da quadra
pela comunidade em dias sem aulas, mesmo sem autorização da direção.
Observou-se que alguns adolescentes da comunidade invadiram a quadra logo após
os términos de uma das atividades esportivas no período da tarde.
Sobre os professores foram analisados diversos aspectos inerentes à sua
profissão, como a habilidade de manter a sala de aula sob seu controle e o interesse
e a atenção das crianças na aula.
Percebeu-se que o nível da aula, tal como a aprendizado do aluno é altamente
dependente do professor, mais do que a estrutura da escola, todavia, o
comportamento coletivo dos alunos também é condicionado aos seus possíveis
comportamentos em casa. Assim, quando se formam grupos de alunos
desinteressados, o nível da aula acaba sendo muito afetado se o professor não
conseguir focalizar a atenção deles. Por exemplo, em uma das 3ª série já na
chegada, 2 alunos foram levados pelo inspetor, pois estavam brigando em aula. Em
nenhum momento houve concentração coletiva na professora. Diversos alunos
mantinham-se mais concentrados em andar pela sala, correr e se jogarem no chão,
como se dessem “carrinho” num jogo de futebol, ou simplesmente importunar e/ou
conversar com o colega do outro lado da sala. À medida que a professora fazia
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perguntas referentes à atividade, eram sempre os mesmos mais atenciosos que


respondiam. Raramente, os alunos que não prestavam atenção participavam da
aula. A mudança de comportamento em relação ao professor ficou nítida com a
entrada da professora de educação artística, que, além das crianças gostarem mais
dessa aula, a professora consegue impor sua autoridade de forma mais efetiva,
dizendo os nomes das crianças que não estão prestando atenção durante a
explicação para trazê-las de volta a aula.
Outro exemplo, em uma das 2ª séries do período da tarde, foi durante a
segunda parte do período de aula após o recreio que foi dedicado à disciplina de
matemática. Apesar da enorme dedicação nesta disciplina dirigida pela professora,
verificou-se um baixo desempenho da sala uma vez que os alunos demoravam
muito para fazer uma atividade e, além disso, os alunos se comunicavam entre si
num diálogo de ajuda mútua para resolverem os exercícios. Assim gastava-se muito
mais tempo para fazer uma atividade do que o ensino do conteúdo. Porém, notou-se
o controle rígido da cobrança das tarefas para casa feita pela professora, o que
demonstra a preocupação pela aprendizagem do aluno. Por outro lado, em outra
sala da 2ª série, por exemplo, notou-se uma grande participação dos alunos nas
atividades feitas. Quando perguntados referentes aos resultados das operações
matemáticas que estavam sendo feitas, a maioria dos alunos queria dar a sua
opinião sobre como resolveu a operação. Muitos alunos dessa sala não queriam a
ajuda da professora para resolver suas atividades, ou seja, eles queriam tentar
resolverem sozinhos e depois conferir suas respostas com a professora.
As professoras encontram dificuldades quando os alunos chegam na 1ª série
sem estarem alfabetizados. Isso, de certa forma, atrasa o cronograma previsto para
a 1ª série, já que a professora ao invés de estimular a produção de textos e a leitura,
ela necessita ensinar a ler e a escrever.
Em uma das 4ª séries, por exemplo, houve a construção de um instrumento
musical de sopro com uso de materiais como mangueira de plástico e fita adesiva.
Durante a construção do mesmo, a professora enfatizou o experimento dizendo que
“A Ciência é um negócio complicado, o experimento pode dar certo ou pode dar
errado”. Assim, nota-se que existe um esforço dos docentes para incentivar o ensino
da Ciência na escola (principalmente a partir da 4ª série) e demonstrar que os seus
resultados são obtidos empiricamente, podendo dar certo ou não.
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Quando perguntadas sobre o que mais as desanimavam em sala de aula, as


professoras respondiam principalmente sobre a falta de interesse do aluno aliado à
dificuldade de se conversar com os pais nos casos mais complicados.
Algumas citam que os pais não são bons contribuintes para o processo e a
vontade das crianças em estudar, seja por serem violentos com as crianças ou não
darem o apoio necessário para que a criança se sinta estimulada a estudar. Esta
ausência dos pais na participação da educação dos filhos pode estar ligada tanto à
falta de instrução dos próprios pais (analfabetismo e semi-analfabetismo), que os
impede de ajudar os filhos em suas lições já que não conseguem compreender o
conteúdo transmitido pela escola, como também a falta de disponibilidade de tempo,
devido à jornada de trabalho de muitos pais. Em situações mais graves, a omissão
dos pais na educação dos filhos pode estar ligada ao alcoolismo e drogas, tendo
consequências mais severas para a vida escolar do aluno.
Alguns relatos de professores demonstraram que muitos alunos nunca tiveram
brinquedos para interagir e que alguns deles não conheciam um simples quebra-
cabeça, tendo contato com alguns brinquedos somente na escola. Além disso, para
alguns alunos, a escola é muito mais do que um lugar para aprender, mas também
um lugar para fazer talvez sua única refeição do dia.
Todas as professoras eram formadas em pedagogia. Algumas responderam
claramente que as crianças são o maior motivador do trabalho, mais que dinheiro ou
outra coisa.
Por último, tem-se o aspecto comportamental dos atores do cenário escola em
seus diversos atos (Entrada, saída, aula e recreio).
O relacionamento entre os alunos é bem dinâmico, desde brigas, perseguições
(em sala de aula) e xingamento por ter pegado a borracha do outro ou chutado a
mochila, até brincadeiras (em geral pega-pega e suas variações em um local que
não oferece muito espaço) e ajuda em sala de aula com os deveres.
Entre eles, também é possível perceber expressões como: “E aí mano?
Firmeza?”, “Fala maluco?”. Gírias comumente associadas às regiões de periferia.
Um garoto, por exemplo, que chamou a atenção foi um que não parecia
entender que estava numa sala de aula, ele andava desnorteadamente pela sala de
aula para falar com outros coleguinhas ou fazer as brincadeirinhas, ele não
demonstrava o menor interesse nas atividades escolares.
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O relacionamento entre os alunos e os professores é em função do carisma do


professor com os alunos, da disciplina do momento e da formação de grupinhos que
fortalecem traços individuais de cada um que podem ser interpretados como
herdados de seu ambiente familiar.
Existe extremos na escola, desde uma turma com brigas, desatenção, correria,
gritaria, baderna, indisciplina, falta de educação (palavrões e xingamentos em alto e
bom tom) até as salas com turmas de bom comportamento dentro do que espera
para crianças.
Entre os professores parece haver um clima de cooperação profissional,
apesar dos desentendimentos corriqueiros entre eles. No dia da visita, houve uma
leve discussão entre duas professoras, sobre uma vaga mal utilizada no
estacionamento.
Os professores e demais colaboradores que trabalham na escola também se
tratam com respeito esperado entre as relações profissionais.
Contudo, um traço marcante da linguagem informal da criança com os adultos
não pertencentes à família, ou que não exerçam posição hierárquica sobre eles
(professor, diretor) é o uso do “Tio (a)”. (inclusive conosco, éramos chamados por “Ô
Tio”).
Pode-se esperar que algumas crianças vão a escola pela merenda (como
citado anteriormente) devido à carência de alimentos dentro de seus lares. Na
escola visitada, notou-se que no período da manhã, o número de crianças nas
merendas era maior que no período da tarde. Um dos funcionários explicou que a
razão disto é que no período da manhã as crianças sentem mais fome. No período
da tarde, as crianças já vão almoçadas, assim, a presença das crianças na merenda
deste período é menor.
Vale ressaltar o fato de a escola ter uma forte inclusão social. Na sala da
primeira série, por exemplo, possuíam dois alunos com necessidades especiais. Um
era autista e outro possuía uma paralisia cerebral. Mesmo os alunos tendo
dificuldade em acompanhar a turma e a professora da sala não ter qualquer tipo de
curso especializado na educação de pessoas especiais, os alunos parecem bem à
vontade na sala de aula. Não sofrem qualquer tipo de preconceito em aula e
recebem ajuda e atenção dos seus colegas de sala. A professora mesmo sem uma
graduação adequada, se esforça para que os alunos aprendam algum conceito
básico, como contar até 10, ou escrever o nome. Em contrapartida, na aula de
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reforço, realizada após o período normal de aula, notou-se o despreparo de uma


outra professora em lhe dar com um aluno com deficiência mental. Segundo a
própria professora, deveria haver um trabalho conjunto com uma equipe de
psicólogos, fonoaudiólogos, oftalmologistas junto com os pedagogos da escola no
desenvolvimento de todas as crianças. Assim, esse aspecto já é responsabilidade
do Estado em fornecer condições para que as escolas públicas tenham esses
profissionais no quadro de colaboradores.

4.2. SARESP
4.2.1. Indicadores da escola. SARESP, IDESP.
A escola é de 1ª a 4ª série (7 a 10 anos, alguns alunos mais velhos com 11
pois entraram depois, e alguns repetentes com 12). Como o Estado está
implantando os 9 anos, ela tem 1º e 2º ano, e 2ª, 3ª e 4ª série, mas a avaliação é
feita sempre no fim dos ciclos (4ª, 8ª série do fundamental e 3º do médio).

Eis uma breve explicação sobre como funciona o cálculo do IDESP. A priori
deve-se considerar a defasagem calculada pela equação:

(1)
Sendo que AB (Abaixo do Básico), B (Básico), Ad (Adequado), e Av
(Avançado) são as porcentagens dos alunos em cada um destes segmentos.
A defasagem varia de 0, quando todos os alunos estão no nível Avançado até
3, quando todos estão no nível Abaixo do Básico.
O índice j indica a disciplina (Matemática e Português) e o índice s a série (4ª
EF, 8ª EF e 3ª EM).
O Indicador de Desempenho (ID) é calculado como 1 menos a defasagem
dividida por 3, isto para cada disciplina e cada série conforme mostra a equação .

(2)
A Tabela 1 permite uma rápida visualização da relação entre a defasagem e o
ID, onde se veem as faixas criadas pelos conceitos AB, B, Ad e Av da avaliação. É
esperado que ocorra uma distribuição normal (curva gaussiana) no desempenho,
11

todavia, para termos ilustrativos, foi colocada a faixa de defasagem como se todos
os alunos tivessem o mesmo desempenho.
Tabela 1 – Defasagem (x) implica em ID (y).
Matematicamente é com se todos os
Defasagem (x) ID (y)
alunos estivessem:
0,00 Avançado 10,00
1,00 Adequado 6,66
2,00 Básico 3,33
3,00 Abaixo do Básico 0,00

A meta de longo prazo do Estado para as escolas com 4ª série, é de 7,0 até
2030, ou seja que a maioria dos alunos esteja no nível Adequado e que aqueles no
nível avançado sejam suficientes para compensar os do nível Básico, além de
reduzir ao máximo a quantidade Abaixo do Básico.
O ID geral de cada série é a média simples entre os ID’s de matemática e
língua portuguesa.
Outro índice usado no cálculo do IDESP é o fluxo, este é a razão entre a
quantidade de alunos aprovados sobre o total de alunos matriculados (considera-se
a matrícula final, pois alguns podem trocar de escola no meio do período). Um fato a
ser observado sobre o fluxo é que ele é importante índice pois mede a desistência
ou abandono da escola. Porque não é interessante para o Estado que para que as
crianças sejam aprovadas elas tenham que repetir o ano letivo diversas vezes, isso
acaba gerando problemas como falta de vagas e alunos muito velhos para a faixa
etária, contudo, deve-se lembrar que a “progressão continuada” tem como efeito
colateral o fato de que diversas crianças chegam a 4ª série sem serem devidamente
alfabetizadas.
O IDESP final por série é o ID geral da série multiplicado pelo fluxo da série.
Por fim, utiliza-se uma meta calculada com base na meta geral a longo prazo
(2030) e o índice inicial da escola (este é calculo é um pouco mais complexo para
ser explicado). Com a nota do IDESP e a meta para o ano calcula-se a porcentagem
(Índice) de cumprimento (IC) desta meta. No caso do cumprimento ser maior que
100%, este valor será igual a 120%. Isso se deve ao fato deste indicador ser usado
para repasses de recursos e afins.
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4.2.1.1. Índices 2007

Tabela 2 – IDESP 2007. Meta 2008.

Tabela 3 – IDESP 2007. Língua portuguesa.

Tabela 4 – IDESP 2007. Matemática.

4.2.1.2. Índices 2008


Em 2008 mais dados estão disponíveis para consulta.
A escola atingiu 43,80% da meta (Tabela 8) para este ano de acordo com a
meta calculada em 2007 (Tabela 2).
O IDESP de 2,20 é menor que o de todas as outras divisões de ensino em
especial a do estado 3,25, por se tratar de uma escola estadual (Tabela 8)).
Neste ano foram avaliados 165 alunos, mesmo que a porcentagem de alunos
no nível Abaixo do Básico seja alta (42% em Português e 55% em Matemática) é
interessante notar que existem alunos no nível Avançado (1% dos alunos = 1,65
aluno) em ambas as disciplinas (Tabela 5).
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Nas tabela a partir de 2008, foram omitidas as linhas referentes à 8ª série e ao


3º EM porque a escola em questão na possui índice para estas séries.

Tabela 5 – IDESP 2008. Distribuição de níveis de desempenho.

Tabela 6 – IDESP 2008. Indicadores da Escola.

Tabela 7 – IDESP 2008. Comparativo entre as divisões de ensino.

Tabela 8 – IDESP 2008. Cumprimento da meta.

Tabela 9 – IDESP 2008. Meta 2009.

4.2.1.3. Índices 2009


Com o mesmo padrão de dados de 2008, nota-se um incrível aumento do
índice da escola.
O índice de 3,29 é ainda menor que a média das divisões e em especial do
Estado de 3,86, entretanto a diferença em 2008 era de 1,05 diminuiu para 0,57 em
2009. Também se deve destacar o cumprimento da meta com folga, a meta era
14

2,37. No caso sempre que a escola supera a meta lhe é dado IC = 120 (%).
Independente de quanto tenha sido cumprido da meta.
Neste ano foram avaliados 181 alunos (1% = 1,81 alunos) o que significa que 1
aluno obteve desempenho Avançado em matemática e 10 alunos em Português
(Tabela 10). Também se nota uma redução do número de alunos Abaixo do Básico
(de 42 para 22 por cento em Português e 55 para 36 em Matemática) estas
porcentagens de alunos Abaixo do Básico representam aproximadamente 52 % do
ano anterior em português e 65% em matemática. Esta evolução é notória.
Analisando o avanço de 2008 para 2009 é possível entender porque uma das
professoras comentou que a escola havia se saído bem nos indicadores.

Tabela 10 – IDESP 2009. Distribuição de níveis de desempenho.

Tabela 11 – IDESP 2009. Indicadores da Escola.

Tabela 12 – IDESP 2009. Comparativo entre as divisões de ensino.


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Tabela 13 – IDESP 2009. Cumprimento da meta.

Tabela 14 – IDESP 2009. Meta 2009.


16

5. CONCLUSÃO
Analisando a escola de periferia como um todo, é possível ver que a estrutura
da escola não é um fator primordial para o bom desenvolvimento escolar do aluno,
ou mesmo para concluir que a escola de periferia não é boa.
A escola tem pouco mais de 5 anos de existência e suas instalações estão em
boas condições e permitem que as aulas sejam dadas, mesmo tendo salas com
infiltração e quadra poliesportiva em condições mínimas de uso. A falta de uma
biblioteca e de uma sala de informática são pontos importantes que viriam para
acrescentar o conhecimento do aluno, mas não são necessariamente essenciais
para a formação de um aluno de 1ª a 4ª série.
Pode-se concluir que o principal fator que influencia no aprendizado de um
aluno é o professor. O trabalho dos professores ganha maior dificuldade quando os
alunos ingressam na 1ª série sem estarem alfabetizados, além disso, ainda existe o
desinteresse dos alunos pela matéria atrelado à falta de apoio dos pais nos estudos
dos filhos. Todos esses fatores fazem com que o rendimento do aluno na escola
seja baixo, como é visto pelo resultado do IDESP nos últimos anos. O mau
desempenho da escola no IDESP mostra, de certa forma, que o nível de
conhecimento dos alunos da escola observada é baixo, e esse é um ponto
importante que contribui para explicar porque a escola de periferia é considerada
ruim.
No entanto, a rede pública de educação como um todo deixa a desejar na
qualidade de ensino fornecida pela maioria de suas instituições, dado os índices
avaliativos do IDESP.
A meta do IDESP para 2010 na escola estudada é de 3,45, o que significa que
boa parte dos alunos ainda estará no nível abaixo do básico estipulado pelo
SARESP.

Por mais que os professores deem aula por gostarem de lecionar, é preciso
mais que isso para tornar o ensino, da escola de periferia ou qualquer outra, de
qualidade. Para que isso ocorra é necessária uma grande mobilização, tantos dos
pais em incentivar o estudo dos filhos, quanto dos professores em se esforçarem
mais para elevar o nível de conhecimento dos alunos.
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A formação de valores e hábitos é adquirida em sua maior parte na Educação


Infantil em conjunto com a criação familiar. É de extrema importância que todo
educador tenha a consciência de transmitir princípios para seus alunos, inclusive
colocando seu ponto de vista diante de uma determinada situação. Para exercer sua
real função, o professor precisa aprender a combinar autoridade, respeito e
afetividade, isto é, ao mesmo tempo em que estabelece normas, deixando bem claro
o que espera dos alunos, deve respeitar a individualidade e a liberdade, para neles
desenvolver o senso de responsabilidade.
Além disso, um outro fator que dificulta o trabalho do professor e a
aprendizagem do aluno é a falta de suporte didático, como livros e materiais
educativos.
Foi possível ver na escola que existiam turmas com bons alunos e que na
maioria das vezes, os pais desses alunos estavam presentes nos estudos do filho.
A relação pai e filho também é importante, pois muitas vezes o mau
desempenho de um aluno na escola se deve a problemas familiares.
Observando todos esses aspectos, é possível concluir que a escola pública de
periferia possui fatores pontuais que dificultam a atingir com êxito o ensino de
qualidade, o que faz com que a maioria da população olhe para a escola pública de
periferia com certo descaso, pois se supõe que neste tipo de escola o aluno terá um
rendimento cognitivo baixo.
Trabalhar para elevar o nível de conhecimento dos alunos é fundamental para
que a escola seja mais bem vista pela sociedade. Mas esse trabalho é árduo,
demorado e necessita de total dedicação dos alunos, pais e professores.
A escola pública de periferia conseguirá reverter a imagem ruim que desperta
na população, quando a mesma oferecer aos seus alunos um ensino de qualidade.
Por fim, a escola de periferia recebe conotação ruim por causa da
caracterização do local em que ela está: ”A periferia”. O ensino pode ser satisfatório
mas a localidade no subúrbio já contribui para que ela seja considerada ruim pelas
características atreladas ao adjetivo periferia.
18

6. REFÊRENCIAS BIBLIOGRAFICAS

[1] OLIVEIRA, Rita C.S.; RODRIGUES, C.A.F.;SCHIMDT, Elizabeth S. et al.


Sociologia: Consensos e Conflitos. Editora UEPG , 2001. p.9-10, 19-20.
[2] MOURA , Paulo C. A crise do emprego – uma visão além da economia. 4.ed.
MAUAD. p.66.
[3] DEMO, Pedro. Educação e qualidade / Qualidade e desenvolvimento. 11. ed.
Papirus 2007. p.13-20.
[4] MARTINS, Carlos A. Violência, Educação, Subcidadania e democracia na
periferia da grande metrópole. Mestrado em Geografia Humana – Universidade de
São Paulo. 2007. p.25-36.
[5] CARRIL, Lourdes. Quilombo Favela e Periferia – A longa busca pela cidadania.
1.ed. Anna Blume, 2006. p.88
[6] ESCOLA DE PERIFERIA. Barcelos, Caco. Gravado na zona leste (periferia) de
São Paulo. Rede Globo de Televisão, 2009. Disponível em
<http://especiais.profissaoreporter.globo.com/programa/2009/05/18/escola-de-
periferia/>. Acesso em 18 de fev. 2010.
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7. ANEXO
7.1. Anexo 1 – Formulário de pesquisa usado como referência.
Questionário de Pesquisa

Tema Central: Por que a escola de periferia é considerada ruim pela sociedade?

Área 1 - Professores:
O que mais desanima um professor em sala de aula?
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Qual o desempenho da escola em sua última avaliação?
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___________________________________________________
O que esse resultado representa para você?
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Qual sua formação acadêmica? Qual sua perspectiva da profissão? Qual sua motivação para lecionar
nesta escola?
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Observações Gerais:________________________________________________________________
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_______________

Área 2 – Infra-estrutura:
O que falta para melhorar as aulas?____________________________________________________
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__________
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Qual a situação da estrutura:


o Esportiva - __________________________________________________________
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_____
o Acadêmica - __________________________________________________________
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_________________________________________________________________________________
__________
Observações Gerais:________________________________________________________________
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Área 3 – Relacionamentos:
Como é o relacionamento entre alunos?________________________________________________
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Como é o relacionamento entre aluno e professor? _______________________________________
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Entre professores? ________________________________________________________________
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Entre professores e funcionários?_____________________________________________________
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Entre alunos e funcionários?_________________________________________________________
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Observações Gerais: _______________________________________________________________
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