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Pra raios
O prefcio poderia ter como ttulo:
o pra raios (Lichtenberg)
meia noite que so One Million Dollars e Animal Crakers, bem como essas
excurses s profundas grutas mentais de Fingal e de Pouzzoles, que so
Un Chien Andalou e Lge dOr de Buel e Dali, passando por Entracte,
de Picabia.
Vai sendo tempo diz Freud
de nos familiarizarmos com
algumas das caractersticas do
humor. O humor tem no s
alguma
coisa
de
libertador,
analogamente ao esprito e ao
cmico, mas tambm algo de
sublime e elevado, traos que se
no descortinam naquelas duas
ordens de aquisio ao prazer
atravs da atividade intelectual. O
sublime est evidentemente ligado
ao triunfo do narcisismo,
invulnerabilidade do ego que se
afirma vitoriosamente. O ego
recusa deixar se pr a nu, no
deixa que o obriguem a ter que
sofrer a realidade exterior, no
admite que os traumatismos do
mundo exterior o possam atingir.
Pelo contrrio, verifica que tudo
isso pode ser ocasio de prazer. Freud d nos como exemplo, grosseiro
mas suficiente, o caso do condenado levado forca, numa segunda feira,
que afirma: Aqui est uma semana que comea bem. Sabemos que no
final da anlise por ele realizada sobre o humor ele declara ver no humor
um modo de pensar que tenta poupar se ao desgaste exigido pela dor.
Atribumos a este to frgil prazer, nem sabemos bem porqu, um
carter de alto valor; ele para ns um meio particularmente capaz de
nos libertar e exaltar. Segundo ele, o segredo da atitude humorstica
residiria na extrema possibilidade que certos seres tm de, em caso de
alerta grave, deslocarem o acento psquico do ego, passando o para o
superego, sendo este geneticamente concebido como o herdeiro da
presso paterna (ele mantm muitas vezes o ego debaixo de uma severa
tutela continuando a trat lo da forma como anteriormente os pais ou
o pai tratavam o filho.) Pareceu nos interessante confrontar com esta
tese um certo nmero de atitudes particulares que revelam do humor, ou
de certos textos em que literariamente o humor foi levado ao mais alto
grau de expresso. Com vista a reduzir tudo a um nico dado
fundamental comum, julgamos poder, sem prejuzo das reservas que se
fazem em Freud distino necessariamente artificial entre o id (soi), o
ego sujeito (moi) e o superego (surmoi) usar do vocabulrio freudiano para
maior comodidade de exposio.
No queremos desculpar nos pelo fato de nesta escolha termos usado
de grande parcialidade, pois que semelhante disposio nos parece ser a