1) O documento analisa a tese do autor Marcy Norton de que os europeus tentaram recriar a experiência do chocolate mesoamericano na Europa ao invés de modificar o chocolate para seu gosto.
2) Norton refuta as versões biologizantes e ideologizantes do desenvolvimento do gosto europeu por chocolate, argumentando que foi um "acidente contingente do império".
3) Esse acidente ocorreu quando os espanhóis se tornaram "aprendizes da cultura indígena" ao se apropriarem do mercado de cacau no Nov
Original Description:
Resenha crítica desse texto historiográfico de Marcy Norton sobre as condições históricos que tornaram possível o gosto europeu pelo chocolate.
Original Title
Resenha Crítica do texto "Chocolates Para El Imperio", de Marcy Norton
1) O documento analisa a tese do autor Marcy Norton de que os europeus tentaram recriar a experiência do chocolate mesoamericano na Europa ao invés de modificar o chocolate para seu gosto.
2) Norton refuta as versões biologizantes e ideologizantes do desenvolvimento do gosto europeu por chocolate, argumentando que foi um "acidente contingente do império".
3) Esse acidente ocorreu quando os espanhóis se tornaram "aprendizes da cultura indígena" ao se apropriarem do mercado de cacau no Nov
1) O documento analisa a tese do autor Marcy Norton de que os europeus tentaram recriar a experiência do chocolate mesoamericano na Europa ao invés de modificar o chocolate para seu gosto.
2) Norton refuta as versões biologizantes e ideologizantes do desenvolvimento do gosto europeu por chocolate, argumentando que foi um "acidente contingente do império".
3) Esse acidente ocorreu quando os espanhóis se tornaram "aprendizes da cultura indígena" ao se apropriarem do mercado de cacau no Nov
Resenha crtica do texto "Chocolates para el imperio: la interiorizacin europea de
la esttica mesoamericana", de Marcy Norton
Marlon B. Cardozo Em "Chocolates para el imperio", podemos encontrar dois momentos onde o autor sintetiza suas suspeitas e hipteses a respeito de como e por que os europeus desenvolveram o gosto por chocolate, o que envolve tambm reflexes sobre a noo de gosto: no incio e no fim do texto. Antes de apresentar a tese central do autor, caberia destacar a verso corrente sobre esse gosto europeu por chocolate, que surgiu por volta do sculo XVIII, e afirma que os europeus consideraram desagradvel o chocolate, inclusive na forma como os indgenas o preparavam, de forma que 'resolveram' corrigir o seu sabor 'ruim' atravs da eliminao das especiarias acrescentadas bebida no Novo Mundo, e acrescentando acar. A tese do autor parece ser o inverso desta, e a de que os europeus teriam tentado recriar a experincia indgena do chocolate da Amrica na Europa, ou, para dizer de outro modo, eles teriam internalizado "inadvertidamente la esttica mesoamericana y no modificaron el chocolate para que se acomodara a su gusto existente"(p.60), gerando, assim, a demana do Velho Mundo por bebidas estimulantes. Como Norton certamente no foi o primeiro a refletir sobre a questo do gosto do chocolate entre os europeus, ele resolve contrapor a sua hiptese s hipteses de autores anteriores a ele. Segundo Norton, as explicaes levantadas at ali tentavam explicar o fenmeno de forma biologizante e/ou de forma ideologizante. Sua hiptese seria explicar o fenmeno atravs de sua dimenso autnoma e contingente. O gosto, como fenmeno social, seria para ele "una fuerza autnoma que, ms que reflejar el discurso, lo afecta". (p.63) O autor refuta as verses biologizantes e ideologizantes do gosto com base numa explanao demorada, onde ele se prope a apresentar as vrias argumentaes dos dois lados, suas verses correntes e os autores mais destacados das mesmas. Uma das tradies refutadas pelo autor a tradio do cultural-funcionalismo, cujo mote seria: "o gosto como construo social", e que pode ser representada por Colin Campbell, que defendeu que o comportamento do consumidor estaria atrelado a um ethos predominante. Porm a afinidade dos europeus com o chocolate no imediata nem premeditada para Norton. Segundo ele, o gosto europeu por chocolate surgiu como um "accidente contingente del imperio". Que tipo de acidente teria sido este? Ele pode ser explicado pela forma como os espanhis, supostamente os "diseminadores de la civilizacin", teriam se tornado algo como "aprendices de la cultura india". A prpria organizao imperial teria sido responsvel por isso, ao apoderar-se do mercado consumidor indgena, que tinha o cacau (uma das matrias primas do chocolate) como moeda de troca. Logo, os europeus residentes no Novo Mundo no poderiam deixar de ser afetados pela bebida de chocolate, que, como descreve um relato, era tomada at pelos padres durante a missa. E esse uso da bebida no meio do rito mais sagrado do catolicismo mostra como essa aculturao foi verdadeira, uma vez que a bebida de chocolate estava envolvida com feitiarias e "idolatras indias", ou seja, com a linhagem cultural indgena. A concluso de Norton, e que resume sua posio, a de que ao invs de explicar o novo gosto dos europeus por chocolate atravs de uma "ideologa imperial monoltica", seria preciso focar em como ele pode chamar "la atencin sobre sus contradicciones internas".