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E não se esqueça de apagar a luz

Em praticamente todos os setores da sociedade e da economia os planejamentos, programas


e políticas realizadas na década de 1990 ou anteriores tiveram que ser abandonadas devido a
uma condição superveniente que modificou o mundo: a Internet e sua configuração gráfica a
Web. No meio acadêmico esta nova condição afetou, em alguma forma, todos os campos de
conhecimento, mas atingiu primeiro e mais forte aqueles que lidam com informação,
comunicação, documentos e documentação.

A velocidade nas transações causada pela Internet e a rápida socialização da web foram a
razão para isso. A informação que ajusta nossa vida vinha na cadência do navio e depois do
cavalo. As mensagens chegavam a amplos territórios como o do nosso país de navio e
adentrava ao interior alastrada pelo trilhar do cavalo. Nesta época poucos, por aqui, tinham
acesso a uma universidade. No nordeste do Brasil, conta a minha oralidade familiar, era mais
fácil e barato ir estudar na Europa que vir em um Ita arriscar no Rio de Janeiro.

No início do século passado estudar na universidade, era para os mais abastados, uma
decisão familiar ou um entretenimento erudito: o primeiro filho ia estudar direito, o segundo
ia ao monastério e a filha, quando estudava, era destinada para a história da arte aos ofícios
de cuidar dos livros. Mas, ingressavam na academia como amador e não por ofício ou
obrigação, sem um forte compromisso de exercer a profissão após receber o grau.

Porém, todas estas condições mudaram com os tempos modernos e a alforria das mulheres.
A competição e o consumo impeliram os jovens discípulos para um realizar um curso superior
como uma forma seguir ou de mudar de vida; para permanecer ou entrar no sistema de
benefícios instituído para os mais instruídos. Estudava-se, agora, para exercer uma pratica e
com ela ter subsídios para uma vida mais confortável. Os currículos acadêmicos eram
direcionados para facilitar a vida dos egressos no mercado que possibilitaria estas trocas.

A Internet ao se estabelecer se imiscuiu em todas as atividades relacionadas à condição


humana e mudou praticas e configurações de fazer coisas como eram feitas por tradição.
Esta ingerência aconteceu direta e forte nas formações relacionada com a geração,
distribuição e uso da informação. Contudo, os responsáveis pelos ensinamentos da
formação acadêmica não conseguiram focalizar com um preciso dimensionamento a
aproximação e a importância destas novas configurações para fundamentar o saber fazer
em seus cursos.
O conhecimento que marcou a profissão durante 50 anos continua preponderante impedindo
que fossem engendradas as praticas necessárias para lidar com os novos contornos de
evolução do ofício. A profissão continuou a desempenhar sua arte com a ideologia tradicional
e apaixonada de uma ocupação que cativa o mundo desde Alexandria. Poetas escritores e
violeiros cantam que a instituição é eterna e possui as respostas para todas as questões do
universo. Mas como explicar tamanha atração pelo fogo.

As condições atuais deste ensino profissionalizante estão finando e mostrando aos ainda
discípulos que existem pontes que precisamos cruzar e outras que necessitamos queimar. “O
homem é uma corda estendida sobre um abismo é perigoso parar e olhar para trás; há que
viver como se extinguindo e atravessar de um para o outro lado.”

As acomodações das palavras de Zaratustra de Nietzsche são uma referência de


posicionamento para qualquer pessoa colocada em um ponto no presente entre o passado e
o futuro. Há que ter um certo olhar para ver ir tarefas tradicionais e para entender que é
preciso atravessar para realidade onde já foi o futuro.

Aldo de A Barreto
Maio 2010

Ver postada em http://aldobarreto.wordpress.com/

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